sábado, 22 de setembro de 2007

NOITE DE AMOR (Samuel Rangel)

É sábado. Os amigos se reúnem para uma costela e um torneio de truco. Não pude ir, pois meus compromissos com os textos da peça, e o jogo do Coritiba e Ceará, impediam esse vivente de se fazer presente na chácara do amigo.

Então, pouco antes do apito que iniciou o jogo, cheguei ao Bar do Ítalo, para ver meu glorioso verdão se virar nos dois a zero contra a equipe do nordeste. Mas valeu muito a pena, apesar das tolices desse e daquele jogador.

Ao final do jogo, chacoalho as calças para me retirar do recinto, pois a turma da noite começava a chegar. Não acho que deve enfrentar outra maratona como a de ontem, onde gravando o CD a cerveja havia me acompanhado durante a noite inteira. Então, pelo juízo, vou-me embora para minha casa, pois lá sou amigo do dono, terei em minha cama as cobertas que escolherei.

Quando estou ao balcão, chega a turma do churrasco. Meu Deus!!!!!! Parecia uma bandinha entrando no circo. Um mais torrado do que o outro. E antes que eu pudesse parar de rir, me convidaram então a sentar-se à mesa. Era difícil conversar dentre tantas gargalhadas. Quando perguntei quem ganhou o torneio, não souberam me responder. Então vi que o caldo tinha menos galinha do que eu imaginava. Francamente, a coisa foi feia. Nunca havia visto alguns deles em tal condição.

Então um deles, após me contar que a maratona havia começado na padaria as oito horas da manhã, diz que vai embora. Como educado, perguntei sobre sua esposa, e ele me disse que estava tudo bem. Perguntei então se ela estava viajando.

Essa pergunta foi sim reflexo da experiência que tenho em relação aos meus amigos, pois quando suas esposas viajam, eles ficam mais risonhos, mais soltos, e normalmente, mais embriagados. E ele me disse que ela não havia viajado. Ela estava em casa, esperando.

Sem que pudesse segurar, soltei o meu famoso “Meu Deus”.

O amigo então questionou o motivo de tal frase. Como a sinceridade me conduz, inclusive nos momentos que eu adoraria que ela me abandonasse, disse a ele: E você vai chegar em casa nesse estado? A noite não vai ser Fácil.

Então comecei a rir em conjunto com algumas testemunhas que se dizem meus amigos.

Ele então disse: Nada. Vou para a casa e ter uma longa noite de amor.

A resposta pareceu saltar da minha boca antes que eu pudesse pensar.
Realmente, vai ser uma noite de amor.
Sua mulher vai passar a noite dizendo:
Amor, pare de roncar!
Amor, não mije na geladeira!
Amor, eu acho que você exagerou!
Amor, teu bafo esta de matar!
Amor desista, isso não vai funcionar!
Amor, pare de cantar essa música. A letra não é assim!
Amor, se você passar a mão na bunda do cachorro mais uma vez eu vou ficar brava!

Então, na minha filosofia pequena e despretensiosa, descobri que o tanto de vezes que uma mulher te chama de amor, não significa o quanto ela te ama. As vezes esta mais relacionado ao número de cervejas que você bebeu e a paciência que a sua “Madre Tereza” tem com a sua criatura.

As mulheres são complicadas, e isso é bem verdade, mas também não podemos lhes fazer as críticas de costume, pois se elas tivessem alguma razão, não gostariam de homens.

Ao ouvir um “Meu Amor”, tente olhar para os olhos dela para saber o que isso significa. Nem sempre quer dizer "Eu te amo".

Entendeu? Não?

Então leia amanhã quando acordar.

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