sexta-feira, 30 de maio de 2008

E A PRIMEIRA MOTO? NÃO CONTEI? (Samuel Rangel)




Quando escrevi o texto contando do meu primeiro carro, aquele mesmo que pegou fogo, ele poderia ter sido o segundo. Sim. Eu havia tido a oportunidade de comprar meu primeiro carro uns dois anos antes, quando vi no Alô Negócios (leitura de cabeceira do universo pobre), um anúncio que dizia: “Vendo DKW precisando de reparos. Aceito troca também”.

Disquei o número do anúncio e pedi informações sobre o bólido. Depois de três ou quatro ligações, o vendedor me dá um retorno informando que aceitava minha proposta, algo em torno de R$ 150,00, um som 3 em 1 Gradiente com Tape Deck, e um violão Giannini modelo Signorina.
Guto, meu amigão, cansado de me emprestar a Brasília para minha noites “calientes” no Verde Batel, passou em minha casa, carregou o carro com os badulaques da barganha, e fomos felizes para a Vila Tingui para efetivar o negócio da China.

Lá chegando, um DKW, motor 3 cilindros e 3 bobinas, mas só dois tempos, vermelho ao que se via por baixo da poeira. Enquanto verificava o funcionamento do DKW, fui interrompido pelo Guto para perceber um pequeno detalhe. Enquanto o motor funcionava, eu não havia percebido que por trás do DKW, havia sido construído um muro.

Por mais incrível que pareça, o carro estava ali há tanto tempo, que construíram um muro atrás do carro, trancando-o entre a casa e o próprio muro, com não mais de 20 cm na frente e atrás. Quando perguntei ao vendedor como faria para retirar o carro, ele me disse que seria necessário derrubar o muro.

Até aí sem problemas, mas quando o vendedor me disse que a recontrução do muro seria por minha conta, descobri que eu estaria pagando pelo DKW o preço de uma Vemaguet. Como eu não tinha a grana para reconstruir o muro, desisti da compra e dei adeus ao DKW.

Com o som no carro, o violão e a grana no bolso, voltei para casa triste, e Guto ainda incomodado com o lance dos empréstimos do carro.

Como eu precisava me libertar daquela situação, resolvi então desistir de comprar um carro, e resolvi comprar um meio de locomoção.

Com alguma grana a mais, não demorou para aparecer a oportunidade de comprar uma moto Honda CB350. O vendedor veio com a moto até a minha casa, o que significava que ela realmente era um meio de transporte (e não estava dentro presa entre um muro e uma casa). Duas horas de negociação como que jogando bafo na frente da minha casa, e a moto era minha. E o Guto se mandou com o vendedor dentro da Brasília, levando o som, o violão, e uma luneta.


Fiquei radiante, e aquele foi meu meio de transporte durante um longo tempo.

Até aí não há nada de engraçado, porém, há detalhes a esclarecer.

A CB 350, é uma moto com motor 2 cilindros, dois carburadores e duas bobinas, apesar de ser 4 tempos. Era uma moto extremamente difícil de regular, e por causa disso, eu era cliente assíduo do “Sujeira”, um mecânico excelente mas com um humor de inspetora de colégio. Com 3 visitas por semana, o mecânico acabou me expulsando de sua oficina me dando um simples conselho: VENDA ESSA MERDA!!!!

Como não havia comprador, continuei com ela ainda durante um bom tempo. O defeito era simples. A moto era tão temperamental quanto o Sujeira. Como o motor era dois cilindros, raros eram os momentos onde os dois trabalhavam em harmonia. Normalmente eu tinha uma moto 350, funcionando como uma 175, e consumindo como uma 700. Até aí tudo bem.

O grande problema era quando eu, acostumado a acelerar com um cilindro só, via o outro voltar a funcionar sem aviso. Quando isso acontecia, a moto 175 dobrava a potencia e empinava, quase jogando para fora esse condutor que lhes escreve. Passei a ser conhecido então como o “louco da motocicleta da Campina do Siqueira”. Esse apelido não me caía bem, pois era injusto. O certo seria o “cara da motocicleta louca”.

Com o passar do tempo, os dois cilindros começaram a fazer greve juntos. Então eu andava pela rápida do Campo Comprido quando simplesmente o motor desligava sozinho. Como não dá para fumar andando de moto (eu sei por que queimei algumas vezes os cílios e as sobrancelhas tentando), eu descia da moto e acendia meu Carlton para esperar a boa vontade da motocicleta. Após normalmente um cigarro, mas as vezes dois, a moto voltava a funcionar e eu podia seguir para a minha casa.

Numa dessas vezes, o Guto vinha acompanhando com sua Brasília, até que, na curva do pinheiro, a moto desligou. Acendi o cigarrinho e pronto. Após o último trago, a moto pegou, e o motor parecia roncar forte. Quando arranquei, descobri que havia algo errado, pois a moto empinou e saiu em alta velocidade. Um motoqueiro que havia passado por mim muito rápido, viu com espanto quando eu e a maluca motorizada passamos por ele a mais de 140 km/h. Quando eu já me sentia dono de uma potente moto, ela morreu novamente, e o motoqueiro passou por mim rindo.

Em outra oportunidade, dois moleques montados em uma RDZ 135, me provocavam para uma corridinha de uma quadra. Quando arranquei, qual não foi minha surpresa de saber que apenas um cilindro funcionava. Tomei uma surra de dois moleques, montados em uma moto com um terço da potência. Senti-me um tanto envergonhado, mas como a Batel, em pleno domingo, começou a rir e coro, eu acabei percebendo que eu tinha futuro como comediante. Já como motoqueiro? Motoqueiro não.

Após algum tempo troquei a moto por um casal de papagaios, mas que acabei descobrindo ser um casal homossexual. Tudo bem. Eu não queria tirar cria mesmo.

Se duvidar de algo, pergunte para o Guto.

terça-feira, 27 de maio de 2008

20 MIL VEZES OBRIGADO (Samuel Rangel)


Ao alcançar vinte mil acessos em nossa página, lembro-me do final do ano passado, quando a minha amiga, quase irmã Adriane Wollmann, me aconselhou a criar um blogue. Drica me disse na época que os textos que eu andava escrevendo ultrapassavam, e as vezes em muito, os 2.048 caracteres disponíveis nas mensagens do Orkut.


Lembro-me também de Italo Bovo Junior, ensinando-me a criar um marcador para as visitas, com uma paciência típica do grande enxadrista que ele é. Lembro-me do texto de Analice, ultrapassando os oitocentos acessos em um apenas um dia de publicação. Lembro muito especialmente dos dias que não escrevi durante a apresentação da peça Encanto dos Cantos na Bahia. Lembro da Hiperfilmes me apoiando no início, e da Crisley remetendo aos seus amigos as minhas publicações. Lembro de Lili com os seus comentários bem postos, e de tantos outros amigos que nem imaginava ter feito por uma simples página na internet.

E lembro-me muito especial do dia 30 de janeiro, quando atingimos os dez mil primeiros acessos.
Agora já são vinte mil. Para muitos blogues, um número inexpressivo, mas para mim, no mínimo, a certeza de vinte mil sorrisos, discretos ou alardeantes disparados em meio a um escritório. Para mim a certeza de dez mil reflexões sobre os momentos insanos que andamos vivendo onde padres se penduram em bexigas e meninas são jogadas das janelas.

Depois da página de textos, a Agenda, o Elenco, o Blogue da Vanessa Pampolini, até a nossa última criação, a coluna PAPO DE ANJOS, rápida e disponível à divulgação da arte e do artista paranaense, sem contar que ANALICE EM BUSCA DO HOMEM PERFEITO já é uma deliciosa realidade para 1086 pessoas e para a Companhia Anjos Boêmios.


Para mim a certeza de que devo agradecer vinte mil vezes pela atenção que me foi dedicada.

Vinte mil vezes obrigado.

O PORTUGUÊS, O BOLINHO DE BACALHAU E A HORTELÃ (Samuel Rangel)

Joaquim Manoel era o proprietário de um restaurante no Sítio Cercado. Dentro das possibilidades, vivia com certo conforto, pois fazia sucesso com o “Bolinho de Bacalhau com Hortelã” que vendia em dúzias. O sabor de tal bolinho era garantia de clientela e sucesso.

Certo dia, quando atravessou a cidade de bicicleta para buscar a Hortelã no Bairro Alto, na casa de Dona Maria, que lhe vendia os maços, recebeu a notícia de que o preço havia dobrado. Sem ter como contornar o problema, aceitou o novo preço, e não conseguiu repassar o custo ao seu Bolinho em virtude da clientela que já tinha.

Passados dois meses, ao encostar a sua Barra Forte no muro da Dona Maria, viu Dona Maria bem vestida sorridente trazendo uma nova notícia. A Hortelã havia dobrado de preço novamente. Joaquim Manoel não teve como fazer nada, pois a hortelã que tinha em seu quintal, não crescia como a hortelã da Dona Maria. E Joaquim arcou com o custo, sem poder repassar aos seus clientes novamente o aumento.

Assim foi sucessivamente até que um dia, quando a Hortelã da Dona Maria era mais cara do que o Bacalhau, Joaquim Manoel teve que repassar o custo à sua clientela. Os clientes não gostaram nada do aumento, e começaram a boicotar o portuga que já não vendia mais os seus bolinhos.
Então, Joaquim Manoel resolveu baixar o preço do bolinho novamente, e para conseguir seguir no ramo, começou a faturar para trinta dias a hortelã da Dona Maria. Pagou a primeira, mas já na segunda fatura, não conseguiu o dinheiro. Dona Maria, que já vestia calça de marca e usava perfume Gucci, continuou fornecendo a hortelã e faturando, mesmo sabendo que não receberia pela venda.

O tempo passou, até que Joaquim Manoel recebeu a visita do advogado de Dona Maria, com um punhado de papéis, cálculos e anotações. Dona Maria havia entrado com uma ação de cobrança, e o valor total era maior do que o que valia o próprio restaurante do portuga. Já na audiência inicial, fizeram um acordo, e o portuga deu o restaurante em pagamento à Dona Maria pela dívida da hortelã.

Passados quase dois anos, o portuga passou na frente daquele que havia sido seu restaurante, e viu uma fachada nova, garçons de avental, e uma bela caixa contabilizando o lucro de uma fila de clientes.

Ao final daquela noite, quando o estabelecimento estava fechando, o portuga resolveu entrar e conversar com o caixa. Tão logo entrou, viu constrangido Dona Maria descer de seu carrão importado e vir buscar o lucro do dia.

Ela o cumprimentou e perguntou como ia. Iniciaram uma conversa rápida, e logo sentaram-se a mesa sem nenhuma pressa, conversando sobre o restaurante e a nostalgia que ele trazia ao português.

Quando já se levantavam para ir embora, ele comentou com ela sobre sua tristeza.

- Eu perdi esse restaurante por uma vontade caprichosa do destino. Este restaurante só não é mais meu, porque a hortelã do Bairro Alto é melhor que a hortelã do Sítio Cercado. A senhora continua trazendo a hortelã da sua casa?

Dona Maria respondeu que não. Ela usava as mudas que tinha no fundo do seu quintal.

Então Joaquim Manoel não se conteve:

- Se a Dona Maria me permite, tenho uma curiosidade. De onde veio essa sua hortelã que durante tanto tempo fez meu sucesso, e agora faz de seu restaurante essa maravilha de empreendimento?

Dona Maria respondeu:

- Daqui mesmo do Sítio Cercado. Eu levei uma muda para minha casa há muito tempo, e ela cresceu muito. Ocupou todo o meu quintal.

Joaquim não entendeu:

- Mas como? Durante muito tempo eu tentei cultivar a hortelã aqui no meu quintal e nunca cresceu tanto e nem tinha o mesmo gosto.

Dona Maria o levou até os fundos do restaurante, e mostrou a ele uma horta enorme, com uma hortelã verde e bonita espalhado por todo o terreno.

Ele então estranhou e perguntou a ela qual era o segredo, pois nunca havia conseguido fazer tal horta.

Ela simplesmente respondeu:

- Não há segredo. É só regar todas as manhãs e no final da tarde também. Elas crescem muito bem aqui.

Joaquim, desconsolado, envergonhado de sua tolice, finalizou:

- Eu não sabia que precisava regar.
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A história que se conta acima, tem o simples propósito de se fazer refletir sobre como tratamos as “coisas” do nosso quintal. Será que estamos dando o tratamento justo? Será que estamos dedicando o cuidado necessário?

Ou será que tanto quanto alguns, estamos indo buscar do outro lado da cidade, do estado, do país ou do mundo, aquilo que temos em nosso próprio quintal. Bastaria a nós, dedicar o mínimo cuidado para ver florescer aquilo que nasce em nosso quintal.

A gratuidade do que temos, não quer dizer que o que é nosso não tem valor.

Quantas são as empresas que gastam milhares de reais para contratar trabalho de artistas dos grande centros, para estampar em suas propagandas e em suas marcas, o rosto daqueles artistas?

Bastaria que, aqui se desse melhores condições, e poderiam essas empresas contar com os talentos de seu próprio quintal, não tendo que ir buscar fora, aquilo que tem de sobra por aqui.

Lembro-me que aos sete anos, fiquei revoltado ao ouvir de meu pai que o Brasil vendia a Borracha para o exterior, e depois tinha que comprar o Pneu que não fabricava por aqui. E eu tinha apenas sete anos e já me questionava por que o Brasil não fabricava seu próprio Pneu.
Entre a matéria prima, e o produto final, existe a necessidade de se dar o devido trato.

O que se faz com o artista paranaense, é mais ou menos isso.

Como não se dá o devido valor por aqui, exportamos de graça a nossa arte para os grandes centro, para que depois eles nos vendam a preço de ouro aquilo que não tratamos bem.

Apenas uma reflexão.

E se você é empresário e está lendo este texto, lembre-se que administrar suas riquezas faz parte do sucesso de sua atividade.

Apóie, incentive e patrocine o artista paranaense, para não ter que pagar dezenas de vezes mais, por algo que você tem em seu próprio quintal.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O PRIMEIRO CARRO A GENTE NUNCA ESQUECE (Samuel Rangel)


Eu, que não costumo me dar muito bem com a aquisição de veículos automotores, conversando com o Adriano do Ice Beer Hot Bar, fui tomado pela seção nostalgia. E na seção nostalgia, tenho a incrível capacidade de me transportar no tempo. Lembrei do tênis “Bamba” de sola de plástico que me fazia escorregar como se fossem patins na cancha poliesportiva da Praça Oswaldo Cruz. Lembrei-me dos sarais no salão de madeira azul aos domingos no Clube 3 Marias, reduto de minhas primeiras paixões de adolescência. E fui lembrando, fui lembrando, até chegar aos meus dezoito anos.

Lembrei-me então da história do meu primeiro carro.

Como já era músico gozando de certo conceito na noite curitibana, fui convidado a tocar em um bar que estava sendo aberto em plena Santa Felicidade, justamente a frente do Restaurante Veneza.

Fui aconselhado por Ivo Rodrigues a cobrar bem o cachê, pois tinha que manter um preço justo de mercado, sob pena de desempregar algum bom músico, ou mesmo colocar-me em situação de desvalorizar meu próprio trabalho.

Chegando no bar, adotei o preço sugerido por Ivo como um preço justo para desempenho em Voz e Violão. O Dono do bar me informou que não podia pagar aquele valor, e eu, ouvindo ecos da voz de Ivo, virei as costas e me retirei do ambiente de forma educada mas decidida.

Após uma semana, o telefone de casa toca, e o dono do bar quer conversar. Retornei, já tentando contabilizar o bom cachê como forma de comprar aquela calça Pierre Balman e um tênis Adidas.

Quando cheguei lá, descendo do ônibus, o dono do bar já foi logo disparando uma contra proposta. Lembrei-me de Ivo e disse que não aceitaria outra proposta. Então o dono do bar me leva até o fundo do bar, abre a garagem, e mostra um Dodge Charger RT dourado. Sim, era um carro com motor 8 cilindros, câmbio em cima, e dourado nas partes onde a ferrugem foi derrotada. Onde a ferrugem ganhou, o dojão era cor de vão de cerca mesmo.

Então o dono do bar, vendo meus olhos brilharem com a oportunidade de abandonar o transporte coletivo, e parar de dividir a brasília em dois casais no Verde Batel, fez a proposta de tocar no bar de terça a domingo, durante 3 meses, e o carrão seria todo meu.

Como era de se esperar, aceitei o negócio na hora, e como parte do acordo o dono do bar assinou o documento do carro, reconheceu firma e me passou, condicionando a retirada do carro do páteo após a metade do contrato. Aceitei, até porque não teria dinheiro para colocar gasolina na banheira, pois na época, o carro da moda era o Fiat 147.

Toquei com incrível afinco durante aqueles 45 dias, e por sorte, surgiram alguns casamentos para cantar na igreja Pio X, permitindo assim uma economia de dois ou três tanques para a banheira.

No dia combinado, chego ao bar e sou recebido pelo simpático dono com a chave na mão. Antes de tocar, liguei o carro curtindo o som do motor V8, e fui até o posto. Com a arrogância de um garoto que come caviar pela primeira vez, encostei no posto e mandei encher o tanque.
Voltei ao bar e comecei a cantar com enorme orgulho. Surgiu uma menina com belos olhos admirando meu trabalho, e pela primeira vez eu via a possibilidade de sair com uma menina em meu próprio carro. Em meus intervalos, sentei com a menina que mandava muito bem na cerveja. Eu a acompanhei, mas não tinha muito preparo hepático na época, pelo que, ao final da noite, quando a menina me convida para ir embora, percebo que estou sem condições de dirigir. Ela sorridente me oferece uma carona, e justamente em um Fiat 147 Rally.

E por ironia do destino, na minha primeira noite de carro, eu estava de carona com uma mulher. Mas tive juízo e aceitei a situação naquela sexta-feira.

No sábado, pouco antes do almoço, resolvi ir buscar o V8.

Desci do ônibus como se desse adeus ao motorista que nunca mais veria, ao cobrador deselegante, e aos companheiros de calvário coletivo.

Caminhei pelas britas do estacionamento do bar curtindo o som dos meus passos em direção ao meu primeiro carro. Minha vida finalmente havia mudado.

Liguei o carro com orgulho, acelerando de forma a mostrar que o tanque estava cheio, e arranquei com aquela barca pela Manoel Ribas. Lembrei-me então que era uma bela oportunidade de passar em frente a casa das ex-namoradas. Quando comecei a desfilar pelos bairros, lembrei que era melhor ainda visitar aquelas meninas que não quiseram namorar comigo.

Cheguei a casa de uma menina, cujo nome deixo no anonimato, e qual não foi a surpresa dela de ver-me motorizado.

Então ela perguntou se poderia ir comigo a noite no bar, e lógico que respondi que sim, já pensando em um Verde Batel depois do bar. Com a agenda combinada e a noite prometendo, sai da casa da menina, e resolvi ir mostrar o veículo ao meu grande amigo Guto, mas não sem antes desfilar pela Av. Batel e estacionar por cerca de duas horas no Parque Barigui.

O interessante quando a gente tem o primeiro carro, é que quer mostrar para os outros mas não quer parar de dirigir. Entra no bar com vontade de sair, só para dirigir uma pouco mais.

Após o Barigui, fui até Campo Comprido para mostrar o Dojão para o Guto.

Quando encosto na frente da casa de Guto, e começo a acelerar a barcaça, vejo ele sair correndo acenando os braços e gritando para que eu desligasse o veículo. Quando desliguei, percebi que um calor enorme vinha dos meus pés, mesmo com o motor desligado.

Quando vejo guto correndo com um balde d'água, sai do carro rapidamente e pude ver as primeiras labaredas saindo pelas bordas do capô e pelos cantos dos para-lamas. Fiquei atônito. Guto mandou que eu abrisse o capô. Quando abri o capô percebi uma labareda subir como de uma fornalha, enquanto Guto despejava inutilmente o balde d'água sobre o motor.

E não teve jeito. Eu tinha metade de um Dojão pegando fogo. Vizinhos apareceram de todo lugar com extintores e conseguiram apagar o fogo antes que ele invadisse o interior do carro.

Sentado no meio-fio, vi ali meu meio primeiro carro, e quando a voz retornou, preguntei ao Guto se daria para arrumar os estragos do fogo. Guto disse que sim, mas eu teria que tocar um ano para conseguir o dinheiro.

Contabilizei o prejuízo e a perspectiva de lucro, percebi que não vali a pena.

Então liguei para o dono do bar e informei o ocorrido.

Ele aceitou um acordo. Ele receberia de volta o Dojão, e me dispensaria do restante do contrato. Então aceitei o acordo, após ele combinar que eu tocaria só mais dois dias para pagar o guincho para levar o carro novamente ao bar.

A menina que iria sair comigo me ligou a noite, mas pedi a minha mãe que dissesse que eu não estava, e não sabia a hora que eu ia voltar. Se ela insistisse, pedi que minha mãe dissesse que eu não morava mais lá.

Peguei o ônibus e cumprimentei novamente o motorista, o cobrador e meus companheiros de linha Santa Felicidade, sabendo que desta vez, eu só embarcaria mais duas vezes naquele ônibus.

O FILHO, O PAI E OS DOIS COBERTORES (Samuel Rangel)

Como não é difícil de acontecer, ele também separou-se de sua esposa por problemas de relacionamento. Aquilo que antigamente chamavam de incompatibilidade de gênios, mas hoje alguns chegariam a chamar de psicose matrimonial bipolar. Psicose em virtude de que, quando brigam, nem ele nem ela conseguiam enxergar um palmo além do nariz. Matrimonial, pois antes do casamento, eles faziam sexo 3 vezes por semana falhando em média a cada três meses, e depois que casaram, fazem sexo a cada três meses depois da terceira falha. E bipolar em virtude de que não existe briga de casal em que exista um só culpado.

Mas após o divórcio, depois de alguns meses de ferpas trocadas com a ex-mulher, ele conseguiu levar o filho para dormir em sua casa pela primeira vez. Feliz, foi ele buscar o picorruxo na casa da mãe, embarcou-o na cadeirinha, e foi feliz da vida para sua casa, não sem antes desfilar orgulhoso o seu pequeno herdeiro no Parque Barigui. Depois de babar sobre o menino até quase mata-lo afogado, foi convidado a jantar na casa de amigos. Lá chegando, serviu ao menino um macarrão delicioso acompanhado de um suco de uva.

Consciente de sua tarefa de pai, na hora certinha, pouco depois das nove da noite, embarcou novamente no seu carro e resolveu ir para a sua casa.

Banho no menino de dois anos e meio em plena banheira de hidromassagem, que o moleque adorou aliás (parecia uma piscina), mamadeira com todinho, pijaminha de pelúcia e cama. Para curtir mais aquele momento, o pai colocou o menino para dormir em sua própria cama. Ao ver aquele menino começando a fechar os olhinhos cansados, enquanto ouvia a história mais esdrúxula que o pai conseguiu inventar na hora, o silêncio tomou conta do ambiente. Então os olhos do pai ficaram deitados sobre a face de seu filho, como se fossem admiradores incondicionais da divina arte da vida.

Enquanto olha a criança, lembranças se alternam em alegria e tristeza colocando-o a meditar sobre o casamento, as brigas e a separação ao final do relacionamento. Mas entre lágrimas e sorrisos, o pai então percebe que se casar foi um erro, aquele filho, mostra que daquele erro surgiu um maravilhoso milagre, um maravilhoso acerto, uma benção para toda a vida.

Curvado sobre a criança durante horas, quando já passa da meia noite, o pai retira-se de seu próprio quarto para ajeitar a cozinha, após o que, vai até a sala para assistir um pouco de televisão antes de juntar-se ao seu filho em sono.

Perto da uma hora da madrugada, um choro vem do quarto, fazendo com que o pai levante-se com a agilidade de um esportista, transponha as barreiras da sala como um saltador, dobre a esquina do corredor como um piloto de Fórmula 1 e entre no quarto com os olhos assustados. Quando olha a cena, vê o molequinho sentado na cama chorando, e sobre o cobertor, uma quantidade enorme de macarrão e suco de uva.

O pai, sentido pelo choro do menino, consola-o, retira o cobertor decorado como um jogo americano de mesa, troca o pijama e o coloca para dormir novamente após algum tempo. Ao ver que o menino se acalmou, o pai retira o cobertor do quarto e vai até a lavanderia. Lá chegando, tem a atitude normal de colocar o cobertor de molho no tanque. Quando já saia da lavanderia, olhou para trás, e como se alguém lhe tivesse dito algo, volta, passa uma água no cobertor ainda no tanque, leva à máquina de lavar.

Após o processo de lavagem, o pai então resolve colocar o cobertor na secadora, que por sorte é 220 volts. Após rodar na máquina por cerca de uma hora, o cobertor é retirado, e a felicidade do pai é enorme, pois o mesmo está seco e quentinho.

Quando coloca o pé para fora da lavanderia, ouve novamente o choro do filho. Sem a energia da primeira corrida, ele corre até o quarto, quando vê a cena repetir-se em frente aos seus olhos. O moleque sentado na cama, o cobertor jogo americano, o macarrão e o suco de uva. Naquela hora, o pai percebe que aquele cobertor quentinho em suas mãos, é de grande serventia. Acalma o menino, coloca nele um moletom, pois pijama não tem mais, e faz com que o menino se deite.

Pensando de onde teria vindo tanto macarrão, o pai resolve repetir a operação. Passa uma água no tanque, coloca na máquina, e agora lembra de estender algumas toalhas sobre a cama. Volta à lavanderia, coloca o cobertor na secadora, e após o tempo de secagem, retira o cobertor seco e quentinho e vai até o quarto.

Seus ouvidos crescem para tentar perceber se algum choro vem do quarto. Não. O silêncio impera. O pai entra no quarto e olha novamente para a criança dormindo como um anjinho de moletom.

Então ele se deita, e quando os olhos estão quase fechando, um som característico de mais macarrão voador sobre o cobertor é ouvido, mas dessas vez não poupa o pai. O pai agora fazia parte do jogo americano. A criança chora, o pai consola, e aquele cobertor quentinho novamente está a serviço do acaso, pois o menino mostra ter boa mira. Acertou exatamente onde não estava a toalha.

Então o pai coloca novamente a criança para dormir com o carinho prórpio da paternidade, e volta a lavanderia para repetir o procedimento, apesar de não acreditar que o menino teria mais macarrão para dispensar. Se isso acontecesse, ele começaria achar que era pai de uma família italiana inteira.

Após os quarenta minutos de procedimentos, lá está o pai novamente entrando no quarto. Desta vez o pai olha para o filho com um certo medo. Será que vem mais macarrão por aí?
Quando o pai percebe, são quase seis horas da manhã. Ele não agüenta e sucumbe ao lado da criança. O pai finalmente dorme.

Com a velocidade de um flash, os seus olhos se abrem assustados, após sonhar com um inferno de macarrão. Ao acordar, vê os olhos gigantes de seu filho a pouco menos de dez centímetros de seu rosto. Ainda com medo do milagre da multiplicação do macarrão, tenta compreender o que o seu filho está falando.

Pai! Pai! Pai!

O filho repete insistentemente com o pequeno dedinho cutucando o rosto do pai.

O pai pede para que o filho o deixe dormir mais um pouco. É justo que o pai descanse um pouco mais. A noite não foi nada fácil, mas a resposta vem:

- Pai. Você tem que acordar. Você é o pai!

Então ele abre os olhos, e vê seu filho renovado, com toda a energia do mundo, sorridente, e sem nenhum macarrão sobre as cobertas.

Ser pai é assim mesmo, mas máquina de lavar e secar, são imprescindíveis para os pais divorciados. Alguns cobertores extras também ajudam bastante.

sábado, 10 de maio de 2008

SOB A SOMBRA DO ABSURDO (Samuel Rangel)

A imprensa tem se dedicado quase exclusivamente ao Caso Isabella, dando vulto ao absurdo, e algumas por vezes, ainda conseguem ampliar o amargo emaranhado de emoções que a notícia passa, ao colocarem uma trilha sonora acompanhado as imagens do caso.

Atônitos, sem saber como olhar ou falar a nossos filhos sobre o caso, testemunhamos o gigante absurdo tomando proporções ainda maiores, colocando toda uma sociedade em luto, calando alguns, enfileirando outros em portas de delegacia que as vezes parecem transformar-se em festa de quermesse. E a sombra estende-se fétida e doente sobre todos.

Mas o que chama a atenção, é quando um absurdo desta magnitude estende sua sombra e esconde outros tantos absurdos.

Assim, a aqueles que sorridentes gritam “assassino” na porta da delegacia, era de se perguntar qual o nome do menino que morreu ao ser arrastado pelo carro roubado no Rio de Janeiro. Qual a solução dada ao caso?

E por que não lembrar do caso da criança, de um mês, que foi espancada pelo pai, dando entrada no pronto socorro com as pernas fraturadas, onde morreu pouco depois. Qual o nome desta criança?

O caso da menina que vivia acorrentada na área de serviço. Como anda?

E o caso de crianças mortas em rituais de magia negra?

E a sombra do absurdo se estende e amplia, fazendo com que tantos outros casos fiquem esquecidos pelos já esquecidos brasileiros.

Esquecidos brasileiros. Tanto os brasileiros que se esquecem quanto os que são esquecidos. Na festa do horror dos maus tempos que se anunciam, cada um consegue enxergar um pouco além de seu nariz, não conseguindo se preocupar com algo maior que seu próprio umbigo
.
Esquecidos brasileiros. Aqueles que morrem e aqueles que deixam morrer. Os sem sorte e os de pouca sorte.

Esquecidos brasileiros. Aqueles que publicam e aqueles que compram o jornal.

João Hélio Fernandes, Evandro Caetano, Jussara da Silva Bernardo.

O leitor se recorda destes nomes?

Quantos mais haveremos de esquecer?

E quando o inimaginável absurdo maior colocar à sombra o nome de Isabella Nardoni?

Ao invés de festejar prisões nas portas da delegacia, é momento de se refletir o motivo destas delegacias estarem em evidência.

E isto somente ocorrerá quando a imprensa deixar de capitalizar a tragédia, e tomar seu papel legítimo à frente deste movimento, propondo a reflexão e discussão sobre os reais motivos desta patologia coletiva que afeta a sociedade.

Quanto aos políticos?

Quando estes se desocuparem de seu cargos eletivos e das manobras para se manter neles, e resolverem finalmente exercer seus mandatos, quem sabe a Lei se preste a nos retirar desta segunda idade das trevas.

Quanto aos brasileiros, apenas esperamos que não se esqueçam.

Nem mesmo estando à sombra do absurdo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O CRAQUE E SEUS TRAVESTIS - Sugestão de nome de banda de pagode (Samuel Rangel)

Então o menino pobre desenvolve um talento especial, e alguns olhos atentos o descobrem. Com o seu talento ele consegue o que?

Ganhar algum dinheiro para sair com aquela bela garota que nunca lhe deu bola.

Mas o menino vai crescendo e cresce também seu talento. Então ele começa a ganhar mais dinheiro. Ele consegue enxergar que aquela primeira menina não é tão interessante.
Como mais dinheiro ele consegue o que?

Consegue uma menina muito melhor que já chega lhe dando bola.

E o destino é generoso com o menino. Então ele começa a ganhar muito dinheiro, e consegue o que?

Consegue ter quase toda a mulher que deseja.

Mas então ele se torna o melhor do mundo, o maior salário do mundo, e o mundo inteiro aos seus pés. Ele consegue o que então?

Ele consegue sair com as melhores mulheres do mundo.

Mas as melhores mulheres do mundo não são a melhor mulher do mundo. E como ele tem muito dinheiro, ele consegue o que?

Sair com travestis.

Sabe por que?

Para ter certeza de que estes não lhe darão uma gravidez indesejada que custe milhões de reais.

CASO ISABELLA? A RESPOSTA COM PERGUNTAS (Samuel Rangel)

Enquanto muitos oscilam entre a certeza e a dúvida, o sim e o não, a imprensa bate recordes de audiência usando essa tragédia na estampa dos telejornais. Melhor seria se subsistisse por trás desta imprensa ao menos a intenção de informar, mas ao que se vê, a própria dúvida da população, busca notícias sobre o assunto.

Imagino que parte desta população, tente tanto quanto eu, encontrar uma resposta capaz de mostrar que tudo aquilo não aconteceu. Quem sabe muitos pais tentem se convencer de que o pai não fez aquilo com a menina. E o motivo disso, é por que a brutalidade e a covardia que se vê neste caso, no fundo o ato desmoraliza a imagem do pai como instituto social.

Então, como não se pode acusar antes da certeza, a resposta vem em forma de perguntas. Fica a cargo do leitor responder as perguntas e tirar suas próprias conclusões. A única certeza é que as 23:36´:11”, o carro foi desligado, e que as 23:49´:19”, ocorria o primeiro telefone comunicando o fato para as autoridades.

Levando-se em conta este lapso temporal de exatamente 13 minutos e 11 segundos, surgem algumas indagações.

1) Considerando o tempo médio para um cidadão normal realizar as seguintes tarefas:
a) desligar o carro;
b) sair pela porta do carro;
c) abrir a porta de trás;
d) retirar a filha dormindo;
e) ir até o elevador;
f) aguardar a chegada do elevador;
g) deslocar-se até o sexto andar;
h) ir até a porta do seu apartamento;
i) abrir a porta;
k) ir até o quarto de sua filha;
l) deixá-la na cama;
m) sair do apartamento;
n) trancar a porta;
o) entrar no elevador.
Quanto tempo levaria a execução de todas estas tarefas?


2) Considerando que a suposta terceira pessoa teria começado a agir apenas após este lapso temporal, ela teria que:
a) arrombar a porta;
b) localizar o cômodo onde a menina dormia,
c) asfixiar a menina durante cerca de 3 minutos,
d) levar a menina até a sala,
e) ir até a cozinha,
f) encontrar uma faca,
g) iniciar o corte da tela,
h) perceber-se da dificuldade,
i) voltar a cozinha,
j) pegar uma tesoura,
k) acabar de romper a tela de proteção,
l) voltar a sala, pegar a menina,
m) retornar com ela até o quarto,
n) fazer o corpo da menina passar pela tela de proteção,
o) lançar a menina,
p) encontrar algo para limpar o sangue que ficou no apartamento,
q) limpar o apartamento,
r) perceber-se da fralda molhada de sangue,
s) ir até a área de serviço,
t) encher o balde com água,
u) colocar a fralda de molho,
v) sair do apartamento,
x) descer até o térreo e sair sem percebido.

Quanto tempo levaria?

E ainda.

3) Considerando a suposta terceira pessoa, por qual razão esta teria interesse de limpar o local do crime?

4) Considerando a suposta pessoa, por qual razão ela se ocuparia de cobrir os ferimentos da menina com uma fralda?
5) Considerando a suposta terceira pessoa, por qual razão ela movimentaria a menina dentro do apartamento, asfixiando-a em um lugar, levando-a até a porta, retornando para a sala e somente depois escolhendo o quarto dos meninos para executar o crime?

São apenas perguntas que cada um pode responder adotando critérios médios, e com as repostas que alcançar, deixar de lado o sensacionalismo da imprensa.

Pois restariam outras perguntas:

6) Quantas crianças morreram depois de Isabela?

7) Quantos Alvarás de Soltura foram expedidos depois de Nardoni?

8) Quantos erros e acertos judiciários ocorreram depois disso?

9) Quantos inquéritos foram arquivados?

10) Quanto custa um segundo de mídia em meio a um telejornal?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O sonho virou realidade - Parte 2 (Vanessa Pampolini)

As vezes, o apoio de um amigo nos deixa sem palavras. Quando o apoio vem de 563 amigos, parece que as palavras jamais retornarão. Emocionado pela presença do público na apresentação de sábado, confesso que não tenho ainda condições de escrever algo à altura desse apoio.

Em meu socorro, surgiram então as palavras da estrela desta Companhia, Vanessa Pampolini, que além do talento que despeja no palco, desponta como apoio na liderança destes anjos.

Samuel Rangel
___________________

"Aconteceu!

Mais uma vez sonhamos. Mais uma vez realizamos. Mais uma vez nos divertimos. E mais uma vez com um público maravilhoso e que lotou o Teatro Fernanda Montenegro.

Houve medo, ouve debate, houve desentendimento, houve opiniões divergentes, mas houve respeito, carinho e cumplicidade. Sonhamos o mesmo sonho. Terminamos a noite de noite, a manhã de hoje, e até agora ainda há um sorriso nos rostos cansados.

Pelo empenho, os ensaios deveriam ser cansativos e estressantes, mas com a energia destes anjos, ele se tornou divertido. Parece um encontro de amigos pra falar besteira, mas é uma brincadeira bem séria que nos leva a sonhar cada vez mais alto. E dessa vez sonhamos tão alto quanto o padre, até balões usamos, mas não nos perdemos. Não mesmo. Cada dia nos encontramos mais, cada dia temos mais certeza que estamos fazendo o certo, de uma forma que muitos julgam errado. Quem nos diz se é certo ou não é o público. E pelas páginas escritas na Revista Gláucia me emociono e agradeço, por ter certeza que o trabalho atendeu as expectativas. Cada depoimento é um abraço apertado, um olhar de aprovação.

Anjos, hoje eu já falei que amo vocês?

Obrigada Evelise Miranda. A garçonete LU que teve um espaço nesta edição para mostrar um pouco do seu muito talento. Sua energia é descomunal. Sua presença é fundamental.

Obrigada Michelle Rodrigues. A nossa capa da Revista Gláucia. Uma menina mulher, linda, linda mesmo, por dentro e por fora. Seus sorrisos abertos e sinceros antes nos pedindo confiança, hoje nos passa esta.

Obrigada Valdo Souza. O Antonio, que aparece no finalzinho da peça, pra uma pequena cena, mas que está integralmente ao nosso lado, do início ao fim. Um anjo companheiro, que sabemos que podemos contar a qualquer momento. Parabéns mais uma vez pelo desafio abraçado.

Obrigada Gustavo Stella. Nosso queridinho. Uma pessoa que apóia a idéia e aprendeu a sonhar conosco. Seja mais uma vez bem vindo.

Obrigada Flavinho Banderat, que desabrochou um talento artístico. Além de cantar maravilhosamente agora nos dá o ar de sua graça misturando a música com o teatro. Agora acho que o medo passou né? Mas, se Deus permitir você terá por longa data o friozinho de expectativa.

Obrigada João Carlos Jardim. Pára com isso. Obrigada BOI. Você chegou aqui por um caminho, mas a sua permanecia foi você quem agarrou. Esteja certo de que o pouco que você realiza é gigante, e saiba que muito, mas muito em breve, estará realizando muito mais do que você imagina. Fica tranqüilo que vamos tentar respeitar e não o colocar em cenas de afogamento.

Obrigada Mariana Portilho. Realmente um susto, hein? Mais rápido que sua entrada em ensaio para o palco é um raio! E se isso aconteceu não foi só pelas roupas maravilhosas roubadas da sua mãe, mas foi pelo seu brilho. Seja muito bem vinda.

Obrigada Janaina Pereira, mais uma vez do meu lado. Em todos os sentidos, obrigada. Falar de você é falar um pouco de mim. Não é qualquer amizade se entende num olhar, se respeita a ponto de sonhar com a sua aprovação. O teatro além de tudo me trouxe amigos maravilhosos, e você, que nem sei como definir. Amizade ainda é uma palavra muito fraca pra definir meus sentimentos por você. Obrigada.

Obrigada Déia Truppel. Obrigada mesmo. Pelos questionamentos e críticas que me fazem parar pra refletir. Obrigada pela admiração. Espero poder fazer jus à ela. Obrigada pela confiança, e não estou só falando de Analice. Por conta do céu estrelado dos anjos boêmios, você me deu um presente maravilhoso. Trinta e oito criaturinhas que eu amo tanto quanto você. O teatro nos traz muitas alegrias, e juntar essa alegria à energia das nossas crianças é magnífico. Anjinha, eu te amo, eu confio em você. Jamais eu deixaria você por fora das minhas fofocas!

Obrigada Luiz Aguiar Jr. Pereba, eu já to ficando emocionada e falar de todos você, então, traz mais uma pra mim! O seu carisma é surpreendente. Seu sucesso não é à toa. Hoje 563 pessoas entenderam porque de você estar sempre rodeado de amigos. Queridão, esteja sempre com a gente, em Curitiba ou Paranaguá!

Obrigada Oliver Hautsch. Pela paciência, por saber ouvir as críticas construtivas, que por acaso trouxeram o Cal mais para a realidade que gostaríamos. Vamos largar o padre alemão, continue subindo como o padre doido. Se quiser, estaremos aqui pra encher seus balões.

Obrigada Fábio Alegretti. O ator mais pilhado dessa companhia nos dias de apresentação. Só sentimos sua falta nos ensaios, porque realmente alegria deveria ser mesmo seu apelido. Um sorriso constante existe neste rosto, que acreditou e viveu conosco desde o primeiro projeto de Analice.

Obrigada Cleiton Amorim. Tirando a cachaça, o Pudim é você. Carismático. Todo publico aos seus pés. Mas aguarde... A Analice um dia te desmonta! Obrigada pelo carinho e pelo apoio. Além de estar atuando, pra quem não sabe esse doido nos ajuda a dirigir. Obrigada pelas risadas.

Obrigada Pilo. Talvez você nem saiba, mas já consideramos você um anjão! Cara, nem vou falar nada. Sou sua fã pra caramba! O primeiro cara que me fez parar de ouvir vozes e violões para prestar atenção em percussão. O que você faz é lindo! Você é um iluminado.

Obrigada Superness. Sejam bem vindos. Obrigada por pegar nosso público no colo logo na entrada do teatro. Vamos sonhar e realizar juntos daqui pra frente. Eu quero fazer parte do sucesso dessa banda que esta bem pertinho de chegar.

É. Deixo para agradecer por último, Obrigada Samuel Rangel. Por duas vezes, em menos de um mês, me fez ter mais certeza de que o caminho é esse. Depois de 10 anos de teatro muito bem trabalhado, mas nem tão bem reconhecido, hoje durmo com um sorriso gigante de gratidão no rosto. O carinho do público conosco é para mim um sentimento inenarrável. Eu sei, você diz, que todos nós fazemos isso acontecer. Se não tivéssemos todos os nossos anjinhos, nada disso tudo teria se concretizado, mas antes dos anjinhos, um anjo doido teve algumas idéias malucas e começou tudo isso. Obrigada sempre. Obrigada 563 vezes. Sua energia abraça o elenco inteiro. Seu sonho não é mais um sonho. É uma realidade. Eu quero continuar vivendo isso. Quero cada dia mais me surpreender com o resultado dessa nossa loucura, que está dando tão certo. Sua música, seus textos, sua voz.... tudo me encanta. Você é um iluminado. Deus gosta muito de você, porque abençoa tudo aquilo que passa pela tua mão. Hoje eu já disse que te amo? Hoje eu já disse que sou sua fã? Obrigada diretor, obrigada autor, Obrigada Samuel Rangel.Analice em busca do homem perfeito é texto de Samuel Rangel, e estreou em Campo Largo dia 07 de Dezembro de 2007 sem música, com elenco bem menor que o atual, sem ensaios suficientes, e confesso agora pra vocês, que no meu caso, sem texto decorado, e ainda assim, conquistou desde então o publico.

Dia 05 de abril de 2008 estreou em Curitiba, aí então com uma estrutura melhor, com mais ensaio, porém, a peça acabou se estendendo por mais de duas horas, o que não imaginávamos. 523 pessoas encheram o teatro naquele sábado e emocionaram o elenco, que saiu satisfeito com o resultado.Resolvemos, então, que dia 03 de maio faríamos a segunda apresentação de Analice. Mesmo com receio de termos um publico menor, encaramos o desafio. O elenco todo se dedicou aos ensaio, à divulgação e ao sonho. Surpreendentemente, para nós, no meio de um feriado, onde todo curitibano que se preze desce pra praia, lotamos a casa com 563 pessoas. Um público maravilhoso, que entendeu o clima criado por nós. A nossa linguagem é o happening, e apesar de não estar relacionada com a palavra happy (felicidade), é o que estou sentindo no momento. A felicidade mais pura do mundo.

Obrigada amigos, família, público, elenco, apoiadores, Ice Beer Hot Bar, Brascal, Chair & Table, Thiago Giuriatti, BRMidia, Rádio Rock 91, Mauro Muller, André Malucelli, Drica, Meninas da Torcida 91 rock, guarda-roupa Maria Helena Cunha, guarda-roupa Evelise (Portilho), Gisele Menezes, Ândréa, Adriano Saldanha, LucianoFedalto, Paulo, ... ... ..."