Dia 20 de setembro de 2007 – Primeiro Dia
10:08 - Como nesse país a Polícia vai mal das pernas, a Justiça anda dando seus tropeços, o Ministério Público troca farpas com o governador, e as vítimas vão se enfileirando, e sabendo ainda que este fato não passa de mais uma das intrigas de uma novela global, resolvi assumir o cargo de Delegado das investigações para desvendar o mistério: Quem matou Taís?
10:09 - E na presidência do Inquérito Policial Fictício, usando dos poderes que só a dramaturgia pode me conceder, vou tentar nomear minha escrivã a maravilhosa Daniela Cicarelli (http://www.daniellacicarelli.hpg.ig.com.br/). Por que dessa nomeação? Se como todos os inquéritos de políticos no Brasil, esse não der em nada, ao menos a presença dela é certeza de boas gargalhadas, além do que, ao final, quem sabe a gente possa pegar uma "praínha".
10:30 - Como boa parte dos delegados, assumo o caso bem depois do ocorrido, e como normalmente acontece, não sei de nada. Opa!!!! Preciso então de um informante. Mas como os informantes ganham dinheiro no Brasil? Essa resposta seria censurada. Então, apesar de posteriormente ter certeza de que serei acusado de nepotismo, é melhor chamar para informante minha tia. Ela não perdeu um capítulo dessa maldita novela.
10:31 – Parada para o almoço. Na porta da sala coloco a placa “Volto as 15:30”. Sempre tive esse sonho.
15:55 – Chego à delegacia um pouco atrasado. Descubro que a viatura não tem gasolina. Mando buscar. Descubro que viatura esta sem motor. Mando buscar. Descubro que a viatura esta sem rodas. Mando buscar. Descubro que a viatura esta sem lataria. Mando buscar.
16:00 – Embarco em uma viatura montada com o auxílio dos desmanches de Curitiba. Vou até a casa dela, minha tia, em companhia de minha escrivã de mini-saia, pois fazia bastante calor em Curitiba naquele dia (coloquei isso no texto pensando em romances policiais americanos). Consegui várias informações, mas minha escrivã não anotou nenhuma. Na delegacia estamos sem papel, sem caneta, sem policiais, sem vergonha e tantos outros “cem”, se é que me entenderam. Como forma de pagamento para a minha tia, ofereci a ela uma parceria. Eu repasso a ela as informações que vou levantando no inquérito e ela vende para a imprensa. Daí então racharemos a grana.
17:00 - Volto para a Delegacia e fecho a mesma. Como estamos sem policiais deixamos a chave da carceragem com um preso de confiança, apesar de que, não confio tanto assim nele.
Fomos jantar, e essa parte não interessa.
Dia 21 de setembro de 2007 – Segundo Dia
10:00 – Chego a Delegacia e solicito todas as anotações do inquérito. A pasta chega à minha mesa vazia. Apenas alguns números anotados. Como investigador perspicaz, comecei a ligar para os números.
10:47 – Daniela vem me convidar para um almoço, e muito simpática me indaga sobre os avanços da investigação. Então disse a ela que não havia tido progresso, pois aqueles números estariam em código. Então Daniela me informa que eram seus palpites para o Jogo do Bicho. Como não podia dar sinal de fraqueza, disse a ela que seria uma grande idéia interrogar o bicheiro após o almoço.
15:55 – Cheguei um pouco atrasado na delegacia em função do trânsito curitibano da hora do almoço. E recebo a péssima notícia. A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículo havia apreendido minha viatura por se tratar de uma montagem de cinco veículos roubados.
15:56 – Lembrei então que sou eu quem escreve esta merrrrrrda deste texto. Aparece um Audi TT (http://www.audi.com.br/home/index.aspx) em frente a Delegacia. Daniela olha para mim e diz: Vamos em seu carro mesmo então.
16:00 - Embarquei no conversível e fomos até o Bicheiro. Lá chegando ele me informa que já havia pagado o mês, mas como assumi o personagem há só dois dias, acho que o outro delegado ficou com essa parte. Fui logo tirando minha pistola que estava maior do que nunca. Daniela suspirou.
Perguntei ao Bicheiro: Confesse que foi você que matou Taís. Assine aqui. Vamos!
O Bicheiro me pergunta: Qual Taís?
Fiquei confuso e liguei para minha tia. Ela esclareceu, e eu então disse a ele: A gêmea má!
E ele perguntou: Da novela?
Eu disse: Isso!
Então ele se fez de desentendido: Mas a gêmea má não era a Rute?
Eu então falei: Essa era outra novela que poucos leitores vão lembrar. Vamos! Confesse!
Então o bicheiro me sugere que eu vá investigar isso no Rio de Janeiro, onde ficam os estúdios da Globo, onde se passa a novela e tal e coisa.
16:06 – Pensei que seria uma bela oportunidade de ir à praia com Daniela. Compramos passagens para o dia seguinte, pois não sou obrigado a viajar fora do expediente.
22 de setembro de 2007 – Terceiro Dia
10:00 – Com minha sunga com elástico "extra-forte" na mala, chego ao aeroporto para embarcar no meu vôo, mas ele atrasou. Eu e Daniela ficamos no saguão do aeroporto conversando e rindo do nervosismo das pessoas (não fique irritado comigo, pois lembre-se que eu sou só um delegado da minha própria novela. Não posso fazer nada com a Anac).
16:55 – Embarcamos em um Airbus 300 seguindo para o Rio de Janeiro, e o que faço fora do expediente não é de interesse público.
23 de setembro de 2007 – Quarto Dia
10:00 – Saímos da Praia e fomos direto para a rede globo. Lá, eu que já estava armado (entendeu?), fui logo falando para o Autor da Novela: Quem foi que matou Taís?
Ele então me disse que não sabia ainda.
Então eu falei para Daniela que deveríamos ficar de olho nele. Ele apenas me passou o nome de alguns suspeitos: Ana Luísa, Antenor, Belisário, Cássio, Daniel, Eloísa, Hermínia, Ivan, Lúcia, Marion.
10:55 – Voltamos para a praia.
15:59 – Fomos à Central Globo de Produções e começamos a Investigar os suspeitos. Comecei por Antenor. Quando o vi transitando pelos jardins da Globo, fui logo pegando minha pistola de calibre grosso. Pulei em cima dele e perguntei: Confesse! Confesse! Confesse que foi você que matou Taís.
19:00 – Acordei no Hospital Souza Aguiar. A Segurança da Globo me havia colado o brinco e eu havia desmaiado. A última coisa que lembro é que quando eu gritava confesse, o cara dizia: Eu sou o Toni Ramos. O Toni Ramos. Eu havia achado ele tão parecido com Antenor. Meu faro policial havia falhado.
24 de setembro – Quinto Dia
10:00 – Voltei aos estúdios da Rede Globo, mas não consegui entrar, pois a muleta não passava pelo detector de metais. Eu e Daniela então voltamos para a praia. Daniela atenciosamente segurava minha muleta enquanto eu me banhava no mar carioca.
25 de setembro – Sexto Dia
10:23 – Voltei aos estúdios da Rede Globo, mas não consegui entrar, pois a segurança tinha ordens de me manter afastando de Toni Ramos. Então eu e Daniela não desistimos. Resolvemos ir à praia e voltar no dia seguinte.
21:45 – Naquela noite, quando menos esperávamos, estávamos sentados em um bar em plena Copa Cabana, vimos o Autor da Novela entrar no bar. Expliquei a ele a situação. Ele riu, mas sentou-se comigo. Então ele começou a me dizer o que realmente estava acontecendo.
Ele me contou que Paula era uma das principais suspeitas, pois já havia declarado várias vezes que o único jeito de ela resolver seus problemas seria com a morte de Taís, que já havia lhe prejudicado demais e havia inclusive tentado a matar.
Ouvi-o com atenção. Então perguntei: Tem mais gente envolvida!!!!
E ele me falou de Olavo, pois tinha interesse de se livrar de Taís ao descobrir que ela era amante de Ivan, seu irmão, que estavam envolvidos em crimes.
Balancei a cabeça e continuei ouvindo. Então ele desatou a falar como se estivesse no “Pau de Arara”:
Quem sabe tenha sido Marion, pois ela estava sendo chantageada por Taís. Marion havia lhe negado ajuda para fugir para Paris e Taís disse que revelaria a Urbano que a socialite lhe roubou o colar de esmeraldas. Mas quem sabe possa ter sido Lúcia, que ao descobrir que Antenor tem um envolvimento com Taís; Outro provável suspeito é Ivan, ainda com ciúmes por Taís ter transado com Olavo. Em outras hipóteses. Mas até mesmo Hermínia que prometeu a Zé Luíz, traumatizado com o seqüestro, que a Taís não faria mais nenhum mal a ele e nem a Paula. Não se pode descartar ainda a possibilidade de ter sido Eloísa decida em vingar-se de Taís pela morte de Evaldo.
Nesse momento fiquei perdido. Quem é Evaldo? Liguei para a minha tia que não atendeu. Liguei novamente e fui informado pela minha prima de que ela estava dando uma entrevista coletiva sobre a morte de Taís.
Eu me senti sozinho. Então olhei para Daniela e não me senti mais tão sozinho. Quando vi Daniela me olhando com aqueles belos olhos eu senti .... Estou pronto. Vou pegar. Deixa comigo que eu estou dentro e sou durão. Vou resolver esse mistério.
O Autor continuou: Pode ser Daniel, que queria colocar Taís na cadeia. Lembre-se que Daniel acha que é o único jeito que ele conseguiria ter paz com sua mulher Paula. E mesmo Cássio é um suspeito, pouco provável é verdade, mas ele e Taís tiveram um caso mal resolvido no início da novela.
Tentei ligar para a minha tia novamente e ela ainda estava na coletiva de imprensa.
O Autor continuou a falar: E Belisário? Ele não havia se conformado com o fato de ter sido enganado por Taís. E Ana Luísa? Sensibilizada com o desespero de Paula e Daniel.
E então falou a frase que esclareceu tudo: Pode ter sido Antenor. Ele decide se livrar de Taís. Lembra que ela o chantageava para não revelar que o empresário havia lhe oferecido dinheiro para separar Daniel e Paula.
Lembrei-me dos sopapos que havia levado dos seguranças quando abordei Antenor. Lembrei dos momentos peludos que passei no hospital por causa daquele tal de Toni Ramos. Eu não voltaria para os Estúdios de jeito nenhum.
Neste momento saquei de minha pistola, que depois de três dias na praia com Daniela já não era mais tudo isso, e dei-lhe voz de prisão.
Quem matou Taís foi você!!!!! E se não foi você sozinho, você mandou matar!!!!
O senhor não era o autor? Não poderia ter evitado? De onde saiu a idéia do personagem de matar a Taís? Foi da sua cabeça. Logo, foi o senhor, ou é Autor, ou é partícipe, ou é co-autor.
Coloquei as algemas nele e encerrei o caso. Portanto, não adianta assistir a novela das oito que passa às 21 horas, pois o Autor esta preso, e as algemas não lhe permitem escrever o final da história.
Caso resolvido.
Despedi-me de Daniela e voltei a Curitiba.
Dia 26 de Setembro de 2007
10:00 – Resolvi escrever este texto lembrando com algumas conclusões básicas.
A) Desde Salomão Raiala, passando pela clássica Odete Reutman, e chegando mesmo a Taís, quem mata o vilão sempre é o Autor.
B) Novelas da Globo são mesmo todas iguais.
C) Neste país tão carente de VERDADES, a “verdade” só aparece nos últimos capítulos das novelas, e sempre com o padrão Globo. Imaginem que na Globo, os culpados vão para a Cadeia. Será que isso é para saciar o desejo de justiça do povo?
D) Tem muita gente de verdade morrendo, sem que a Polícia, com expediente em algumas delegacias das dez às onze horas, e depois das quinze as dezessete, descubra quem foi.
E) Se o povo brasileiro gosta de novela, que ao menos preste mais atenção ao drama que esta vivendo.
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