Mais um ano chega aos seus últimos dias, submetendo-se à nossa análise, ao balanço de tudo que nos aconteceu. E 2008 será a partir de alguns dias, apenas uma página a mais no nosso livro, um punhado de lembranças e o ano em que Felipe Massa perdeu o título mundial duas curvas antes da chegada. Mas a vida não é só Fórmula 1, ou é apenas parecida com ela. Poucos vitoriosos e muitos vencidos.
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E mesmo sem querer, acontece que nesta fase do ano, temos a tendência de olhar mais para si. O que eu fiz esse ano? Quais minhas conquistas? O que eu levo de bom daqui para a frente? Essas e mais mil perguntas ficam bailando em nossa cabeça entre uma conta e outra para os presentes de Natal. E ao contrário do que realmente deveria ser, olhamos muito mais para nós do que para os outros. E essa nossa natureza egoísta, não nos deixa sem punição, pois temos a impressão de que as coisas andam acontecendo conosco como versões de mau gosto das pegadinhas de Faustão.
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Mas se há algum tempo, todos sabem que o mundo anda doente, não é de se esperar que o ano de 2008 seja lembrando como o ano mais feliz de nossas vidas. A violência explode em todos os cantos, e Isabela Nardoni não terá pacotes sob à árvore. A política continua autofágica, mastigando almas de políticos e transformando-os em um contrato social de gaveta. A situação financeira parece ainda mais injusta, e os bolsões de miséria purulenta continuam a sitiar Curitiba e todas as demais capitais de nosso país. A natureza começa a dar sua resposta aos desmandos do homem prepotente, fazendo desaparecer completamente não só a vida de algumas pessoas, mas suas casas, suas histórias e qualquer perspectiva que tinham, como se viu em Santa Catarina. O respeito entre os povos continua sendo mera retórica, enquanto os americanos continuam mantendo tropas no Iraque, e relembre-se ainda que essas tropas na sua grande maioria são de não americanos, latinos e imigrantes que se mandaram para lá em busca de uma vida melhor. Hoje a vida melhor que têm é a estampa de um fuzil e um capacete cobrindo olhos aterrorizados pelos atiradores árabes ocultos.
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E nós, nessa paulicéia desvairada, começamos a reclamar dos presentes que temos que comprar, e de forma profana, esquecemos o quanto é bom ter as pessoas a quem dar presentes vivas e por perto. Perdemos o respeito ao luto de tantos, que o que mais desejam, era que alguns de seus entes queridos ainda estivessem entre nós. E agora, é de se perguntar se temos o direitos de reclamar de algo. É como fazer anos. Não há como viver muito sem somar a idade correspondente. A benção de envelhecer é poder dizer a cada ano que somamos mais um, enquanto tantos não tiveram a mesma sorte.
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Deixando de lado as questões coletivas, nós, essa suposta evolução do Homo Sapiens, hoje somos reféns de uma série de desejos, sonhos e imposições de um mundo extremamente consumista. Aprendemos que estudar dos cinco aos vinte e um anos é pouco, e por isso, vemos crescerem faculdades de cursos de pós-graduação, especializações em efemeridades, doutorados sem função e uma série de outras balelas que insistem em nos dizer, que hoje o ser humano vale pelo que sabe, e não pelo que haje.
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E nessa indústria de almas insatisfeitas, vemos crescer todos os tipos de absurdos. Síndromes nunca antes aventadas pela psicologia, hoje são comuns entre a população. Terapias são tão necessárias que algumas pessoas dependem realmente desse tratamento.
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Sem querer ser messiânico, quem sabe essa onda gigantesca de distúrbios, surja exatamente no desencontro do ser humano consigo mesmo. E afastando-se de si, ele afasta-se de família, dos amigos, e de tudo que sabemos que é imperativo para uma vida saudável. E nessa multidão de solitários, vemos o pai ausente querendo compensar suas faltas paternas com presentes de última geração. Vemos mães buscando uma viagem com o filho para compensar a eternidade de horas que passou em salões de beleza e nos shoppings. Uma multidão de insatisfeitos que sorriem com o carro novo que adquiriram, mas perderam totalmente a capacidade de olhar o por do sol.
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E seria tolice tentar argumentar de que não me encontro nesta multidão. Lógico que eu sou mais um destes que vestem cinza pelas calçadas geladas da cidade que não tem mais alma e nem sorriso.
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Mas ao menos, devo agradecer a oportunidade de enxergar isso, para me recolocar nos rumos certos. Sei que perdi amigos ao longo deste ano, e aqueles que perdi por culpa minha, peço desculpas pela minha falta de sensibilidade no trato da amizade. Aos que se foram por seus próprios erros, eu lhe dou meu sincero perdão, pois tal qual eu, somos feitos de erros e acertos, e apenas estamos tentando viver. A aquele que demonstraram que nunca foram amigos, e sua presença ao meu lado era puro interesse, espero que a vida lhe dê o que tanto buscam, para que nunca mais tenham que cometer o erro de misturar interesses com amizade.
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Ainda em relação aos amigos, hoje reconhecendo os falsos dentre os que estiveram ao meu lado, tenho algo muito maior que a tristeza que isso me traz. Tenho a alegria de reconhecer os verdadeiros, e a eles vou dedicar seu devido valor.
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Mas é Natal, e parece que há muito tempo, a humanidade anda esquecendo do aniversariante. E quando Papai Noel tomou o lugar do presépio, é porque realmente andamos dobrando esquinas erradas na corrida da vida. Nada que não possamos concertar.
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Espero que todos aqueles que possam, estejam com suas famílias neste Natal, e quem sabe, se acharem interessante, leiam estas palavras como forma de comemorar o que realmente tem valor.
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Desejo que todos nós tenhamos um pouco mais de tempo para a espiritualidade daqui para a frente. Para saber que mais do que um presente caro, o abraço e o carinho fraterno renovam a alma e edificam as relações.
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Desejo a pais e filhos que voltem a conversar sobre valores.
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Desejo que os casais encontrem tempo para conversar sobre o amor.
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Desejo que as pessoas que se cruzam afoitas pela rua, encontre tempo para se enxergar uma às outras, e nesse olhar, enxergar a semelhança e a fraternidade, superando o egocentrismo natural que deve ser vencido.
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Desejo aos jovens que entendam que a moda é efêmera, enquanto o caráter é eterno, proporcionando o levante em socorro dos valores que a humanidade deve preservar.
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Espero que todos nós tenhamos gradativamente, mais tempo para conversar e ouvir nosso filhos, seus medos e descobertas, suas façanhas e seus sonhos, para que quanto mais cresçam, mais sejam conhecidos por nós e na recíproca também.
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Espero que os idosos recebam mais atenção, para que contem a nossa própria história, para que ao menos saibamos de onde viemos, e possamos imaginar para onde vamos, mas principalmente, para nos capacitar a contar a história de nossos filhos.
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Desejo que as empresas, sociedades, e os trabalhadores, façam um pacto de paz durante os próximos tempos, para que o homem receba o que é justo, e para que a justiça financeira seja o princípio de uma justiça social para a sociedade em que vivemos.
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Desejo a todos, que tenham tempo nesse Natal para lembrar-se do aniversariante, Jesus, seja qual for sua fé, apenas para refletir sobre o que o amor é capaz de fazer. Palavras que se eternizaram por dois mil anos, simplesmente por que foram ditas com amor e verdade.
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Desejo a todos um feliz e verdadeiro natal, e um ano novo justo, pois as justiça é a mais sólida catalisadora da paz que eu desejo a todos.