Então em algum momento infeliz da história, alguém disse “EU ESTOU FAZENDO MINHA PARTE”. A partir daquele momento, sempre que algo dava errado alguém dizia “EU FIZ MINHA PARTE”. E surgiram falsos líderes que passaram a dizer “CADA UM FAÇA SUA PARTE”.
Se suficiente fosse cada uma fazer sua parte, não precisaríamos de líderes. Mas eles estão aí, em confortáveis poltronas, ouvindo o tilintar das moedas que escorregam para os seus bolsos.
Assistindo o circo de horrores encenado pela sociedade e pelos poderes públicos, ouso dizer que se for para fazer só a sua parte, melhor que nem faça. Como é que alguém consegue viver em paz com sua consciência, vivendo em uma sociedade fétida, dizendo apenas “EU FAÇO MINHA PARTE”?
Não existe uma só relação de sucesso, por exemplo, em que marido e mulher façam cada um a sua parte. Por mais que a arrogância do homem moderno queira encobrir a realidade, nós precisamos um dos outros. Não somos máquinas programadas para fazer metade de algo. Não existe uma família que evolua nessa mediocridade. Não existe uma cidade que sustente a paz com a simplicidade imbecil do FAZER SUA PARTE.
Neste exato momento, em que você lê este texto, alguém necessita profundamente de um auxílio seu. E por mais incrível que possa parecer, não é auxílio financeiro, e nem mesmo tem qualquer relação com o dinheiro, mas um auxílio humano, imperativo, sem o qual, a vida para. E haverá aquele que ainda se defende criticando os poderes públicos por não fazerem sua parte.
Não há a menor dúvida que o Poder Público não faz sua parte, mas ao dizer isso, nós que temos a sorte (ou azar) de saber disso, temos que fazer a nossa parte: mudar essa realidade. E se eles não fazem, ao permitir que o sistema se mantenha, nós também não conseguimos fazer a nossa parte.
Vivemos em sociedade por comodismo, mas também por uma necessidade natural do Homo Sapiens. Ao mesmo tempo em que evoluímos numericamente como sociedade, decaímos como criaturas sociais. Tornamos-nos anti-sociais.
Hoje, amontoados aos milhões nas capitais, perdemos a noção de coletividade. Os corpos recolhidos pelo Instituto Médico Legal não nos chocam. A mão estendida na esquina do calçadão não nos comove. Vestidos em nossos trajes sociais corremos para os nossos escritórios onde fazemos a nossa parte. Após fazer nossa parte no escritório, fazemos nossa parte levando a comida para casa. Nem bem mastigamos o pão, vamos fazer nossa parte em nossos cursos de pós-graduação, mestrados e doutorados, tudo isso ainda freqüentando as aulas de “Marketing Pessoal”, para aprender a fazer propaganda de nós mesmos. Exatamente. Viramos então um produto, que no mercado da mediocridade social, vale nosso salário. Então surge a pergunta: Você compraria um produto que faz apenas sua parte?
Se a sinceridade conduziu sua resposta, você percebe que apesar das aulas de marketing pessoal, você não compraria o seu produto.
E para lançar a Teoria da Mediocridade Social, ainda restaria uma pergunta: Quem foi que disse a você que essa é a sua parte?
Enquanto escrevo estas palavras, alguém morreu de fome, outros por falta de atendimento médico, e com certeza alguns vitimados pela assombrosa violência que toma conta das grandes cidades.
Mas ali no Centro Cívico da Capital Ecológica (balela), uma corja de políticos vende seus rostinhos bonitinhos com um debate sobre qual a saída para acabar com a miséria. E o pior, é que na realidade eles têm interesse na miséria.
Entendi bem o “coronelismo” do nordeste, e vi seus parentes nobres aqui no sul.
Na cabeça de um coronel:
“Onde existe fome, eu faço sucesso com um saco de pão.
Onde tem pão, eu preciso de carne para fazer sucesso.
Onde tem carne, eu preciso de obras. Isso custa muito caro.
Melhor mantê-los sem pão mesmo.”
Só nos falta então o Coliseun, enquanto os pães são jogados ao povo.
O circo esta posto, e é de horrores que ele se faz. Enquanto isso o imperador, vestido de palhaço com sua trupe de assaltantes, ri largo vendo o seu leão devorar esperanças. Na arena não há ninguém que defenda o outro. Cada um faz sua parte. E o leão devora um a um, de acordo com sua fome, com a voracidade que o imperador lhe desperta.
E todos continuarão a fazer apenas e tão somente a sua parte.
Até que um dia haverão de precisar de algo mais.
Mas isso só acontecerá quando tomarem o centro da arena e sentirem as presas do leão em suas costas.
Então será tarde demais.
ESTA É UMA HOMENAGEM AO MEU AMIGO E IRMÃO RONALDO BACELLAR PELO SEU ANIVERSÁRIO. VOCÊ SEMPRE FEZ MUITO MAIS QUE SUA PARTE.
Se suficiente fosse cada uma fazer sua parte, não precisaríamos de líderes. Mas eles estão aí, em confortáveis poltronas, ouvindo o tilintar das moedas que escorregam para os seus bolsos.
Assistindo o circo de horrores encenado pela sociedade e pelos poderes públicos, ouso dizer que se for para fazer só a sua parte, melhor que nem faça. Como é que alguém consegue viver em paz com sua consciência, vivendo em uma sociedade fétida, dizendo apenas “EU FAÇO MINHA PARTE”?
Não existe uma só relação de sucesso, por exemplo, em que marido e mulher façam cada um a sua parte. Por mais que a arrogância do homem moderno queira encobrir a realidade, nós precisamos um dos outros. Não somos máquinas programadas para fazer metade de algo. Não existe uma família que evolua nessa mediocridade. Não existe uma cidade que sustente a paz com a simplicidade imbecil do FAZER SUA PARTE.
Neste exato momento, em que você lê este texto, alguém necessita profundamente de um auxílio seu. E por mais incrível que possa parecer, não é auxílio financeiro, e nem mesmo tem qualquer relação com o dinheiro, mas um auxílio humano, imperativo, sem o qual, a vida para. E haverá aquele que ainda se defende criticando os poderes públicos por não fazerem sua parte.
Não há a menor dúvida que o Poder Público não faz sua parte, mas ao dizer isso, nós que temos a sorte (ou azar) de saber disso, temos que fazer a nossa parte: mudar essa realidade. E se eles não fazem, ao permitir que o sistema se mantenha, nós também não conseguimos fazer a nossa parte.
Vivemos em sociedade por comodismo, mas também por uma necessidade natural do Homo Sapiens. Ao mesmo tempo em que evoluímos numericamente como sociedade, decaímos como criaturas sociais. Tornamos-nos anti-sociais.
Hoje, amontoados aos milhões nas capitais, perdemos a noção de coletividade. Os corpos recolhidos pelo Instituto Médico Legal não nos chocam. A mão estendida na esquina do calçadão não nos comove. Vestidos em nossos trajes sociais corremos para os nossos escritórios onde fazemos a nossa parte. Após fazer nossa parte no escritório, fazemos nossa parte levando a comida para casa. Nem bem mastigamos o pão, vamos fazer nossa parte em nossos cursos de pós-graduação, mestrados e doutorados, tudo isso ainda freqüentando as aulas de “Marketing Pessoal”, para aprender a fazer propaganda de nós mesmos. Exatamente. Viramos então um produto, que no mercado da mediocridade social, vale nosso salário. Então surge a pergunta: Você compraria um produto que faz apenas sua parte?
Se a sinceridade conduziu sua resposta, você percebe que apesar das aulas de marketing pessoal, você não compraria o seu produto.
E para lançar a Teoria da Mediocridade Social, ainda restaria uma pergunta: Quem foi que disse a você que essa é a sua parte?
Enquanto escrevo estas palavras, alguém morreu de fome, outros por falta de atendimento médico, e com certeza alguns vitimados pela assombrosa violência que toma conta das grandes cidades.
Mas ali no Centro Cívico da Capital Ecológica (balela), uma corja de políticos vende seus rostinhos bonitinhos com um debate sobre qual a saída para acabar com a miséria. E o pior, é que na realidade eles têm interesse na miséria.
Entendi bem o “coronelismo” do nordeste, e vi seus parentes nobres aqui no sul.
Na cabeça de um coronel:
“Onde existe fome, eu faço sucesso com um saco de pão.
Onde tem pão, eu preciso de carne para fazer sucesso.
Onde tem carne, eu preciso de obras. Isso custa muito caro.
Melhor mantê-los sem pão mesmo.”
Só nos falta então o Coliseun, enquanto os pães são jogados ao povo.
O circo esta posto, e é de horrores que ele se faz. Enquanto isso o imperador, vestido de palhaço com sua trupe de assaltantes, ri largo vendo o seu leão devorar esperanças. Na arena não há ninguém que defenda o outro. Cada um faz sua parte. E o leão devora um a um, de acordo com sua fome, com a voracidade que o imperador lhe desperta.
E todos continuarão a fazer apenas e tão somente a sua parte.
Até que um dia haverão de precisar de algo mais.
Mas isso só acontecerá quando tomarem o centro da arena e sentirem as presas do leão em suas costas.
Então será tarde demais.
ESTA É UMA HOMENAGEM AO MEU AMIGO E IRMÃO RONALDO BACELLAR PELO SEU ANIVERSÁRIO. VOCÊ SEMPRE FEZ MUITO MAIS QUE SUA PARTE.
Parabéns e Feliz Aniversário!