quinta-feira, 13 de setembro de 2007

DE ONDE VEIO ANALICE? (Samuel Rangel)

Perguntaram-me de onde veio Analice.
Analice não é nenhuma mulher, pois na realidade tem um pouco de todas as mulheres.
Analice é a caricatura da paixão, alguns rabiscos de amor, temperada com lágrimas e sorrisos.
Analice surgiu para mim como a mulher ideal. Aquela que tornou-se encantadora por ter tanto se desencantado.

E quando criei Analice, ela em sua busca pelo homem perfeito, confesso que me apaixonei pela minha criação.

Mas não foi amor não correspondido. Analice deu-me o melhor presente que um escritor de teatro pode ter. Ela cativou aos leitores, criou espectativas, despertou curiosidades, e conquistou sem dúvida nenhuma uma multidão de torcedores. Percebi isso ao notar que o blogue foi visitado por mais de oitocentas pessoas em apenas dois dias.

Obrigado Analice.

Analice vai brilhar no palco. Vai sim.
Quando a atriz lhe der corpo, estarei eu da cochia vendo minha paixão criar vida.
E lá estará ela, vivendo seus tropeços, sorrindo e chorando.
E quem sabe Analice seja exatamente isso. O melhor retrato da vida.
Encontros e desencontros. Encantos e desencantos. Sorrisos e lágrimas. Palavras e silêncio.

Ah essa Analice maravilhosa.

De tudo, resta-me um pouco de tristeza em saber que é só um personagem, mas a alegria de saber que encontrarei um pouco dela em cada mulher que a vida me trouxer.

Lembrei-me de ter escrito um texto que falava das mulheres, vagando na escuridão em busca do homem perfeito, perdidas tal qual escoteiras com o mapa errado da floresta.
Chama a atenção essa parte:
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Enquanto as mulheres correm em busca do homem perfeito, tal qual escoteiras com o mapa errado da floresta (essa comparação eu adoro fazer), nós homens, pobres mortais em nossa infinita imperfeição, desde a tampa que nunca abaixamos, temos que dar apoio a esta comunidade (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=34155314).

Quem sabe assim, as mulheres um dia nos perdoem, e nos amem como mascotes.Aquele que pode até fazer um xixi fora do lugar, mas continuará sendo amado, acariciado e com um espaço todo especial no colo dela. E não será por ter errado a mira que deixará de ser chamado de Gudi Gudi da Mami. Sempre.

Quem sabe assim nossas barrigas mais protuberantes sejam perdoadas, e o trauma de andar de mão dada com um barrigudinho feinho seja superado.

Quem sabe, essa comunidade ajude-nos a alcançar o perdão do futebol de sábado a tarde.

Quem sabe assim possamos alcançar a nossa tranquilidade.

Quanto ao "Mapa Errado da Floresta"?

Esse existe aos montes por aí.

Nas academias onde alguns rapazes cultuam os músculos. Ou em lojas de marca onde o rapaz veste a calça jeans e olha no espelho do provador (aquela viradinha clássica) para ver se a bundinha ficou legal. Em tantos e tantos lugares que com certeza, se você tem um mapa, provavelmente ele seja mais paraguaio do que aquele "nyke" que comprei e durou uma semana.

Rasgue o mapa e enfrente a realidade.

Assim poderemos, perdoados e compreendidos, amar a vocês mulheres sempre e mais, tanto e quanto sua grandeza nos obriga.

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Quanto ao final da história de Analice, peço mais uma vez perdão, pois seu lugar é no palco.
Seria tolice minha querer extrair toda a arte na vida de Analice apenas com palavras.
Em breve estréia a peça.
O Elenco já esta quase pronto.
Só mais um pouquinho de paciência.

Conversa no Messenger (Samuel Rangel)

O Técnico de Computadores - calma vou ligar para o bill

O Cliente Travado diz:gates

O Técnico de Computadores - isso

O Técnico de Computadores - mas não me atrapalhe sou igual a vc para falar em ingles

O Cliente Travado diz:ok

O Cliente Travado diz:souri

O Cliente Travado diz:ai donte wante estapafurdio iu

O Técnico de Computadores - :hye hye godienvardei

O Cliente Travado diz:ie

O Técnico de Computadores - y donte hier

O Cliente Travado diz:mai mama nide mai favor, entonces, ai gol levar she to de ankle dickless rauze

O Técnico de Computadores - ieis

O Técnico de Computadores - dont i like sping inglish

O Técnico de Computadores - calma le esta me respondendo

O Técnico de Computadores - fook you

O Técnico de Computadores - i do no!

O Cliente Travado diz:Donte quique mai bous

O Técnico de Computadores - i have driver?

O Cliente Travado diz:Wat is a feladaputa DRIVER?

O Técnico de Computadores - i wath tv?

O Cliente Travado diz:Do iu rave soluxions to mai problem

O Cliente Travado diz:?

O Cliente Travado diz:Hei men

O Cliente Travado diz:Du iu reve?

O Técnico de Computadores - I dont problems

O Técnico de Computadores - you problems i not problens

O Cliente Travado diz:Bãt ai nid soluxions mai brócoles

O Técnico de Computadores - i not brocoles my destests brocolys

O Cliente Travado diz:fãquiu

O Cliente Travado diz:ai nid

O Cliente Travado diz:or iu itis a daide man

O Técnico de Computadores - hahahahaha

O Técnico de Computadores - i not sabe escrevrs

O Cliente Travado diz:Então tá. Eu vou copiar isso aqui e jogar na internet.

FALSO SEQUESTRO (Samuel Rangel)

Hoje acordei com aquela ligação.Socorro mãe, Socorro mãe.

Logo depois um cara diz: Se liga maluco que nois tamo com tua filha.

Como não tenho filha respondi: Mas eu não tenho filha!!!!

Sequestrador Paraguaio: Desulpa aí maluco, acho que é teu filho!!!!!

Eu:Mas meu filho ta aqui comigo

Sequestrador Paraguaio: Não ta não

Eu: Ta sim companheiro

Sequestrador Paraguaio: Não ta não

Eu: Tá sim. Filho fala aqui com o sequestrador que ele ta duvidando

Sequestrador Paraguaio: Desculpa aí, acho que é teu pai então (e uma voz ao fundo grita: socorro filho, socorro filho)

Eu: Mas companheiro, meu pai também esta aqui.

Sequestrador Paraguaio: Porra meu!!! Eu não sei quem é teu chegado, mas nós vamos fazer o cara.

Eu: Então descreve ele para mim por favor.

Sequestrador Paraguaio: Não vou descrever porra nenhuma. Nós tamo co coringa maluco.

Eu: Tá, e pode bater com canastra suja?

Sequestrador Paraguaio: não folga não maluco, que nós vamos fazer o cara.

Eu: Ta, mas quem é o cara?

Sequestrador Paraguaio: Porra maluco, se é parente teu como é que eu vou saber. (e no fundo alguém começa a gritar com menos vontade: Socorro você, socorro você, socorro você)

Eu: Dá uma pista de quem é a pessoa aí

Sequestrador Paraguaio: Eu dou uma pista pra cada cartão telefônico que você me passar o número

Eu: Vai lá. 7546 3271 8893 1722

Sequestrador Paraguaio:É homem

Eu: 2095 4848 1030 2847

Sequestrador Paraguaio:Tem entre 20 e cinquenta anos

Eu: 3398 2219 2100 1030

Sequestrador Paraguaio: Gosta de você

Eu: 3010 4450 9921 8877

Sequestrador Paraguaio: é ... é .... é ....

Eu:Quem? Quem? Quem?

Sequestrador Paraguaio:é .... é.... é.... (ao fundo alguém fala, desliga essa merda, o cara já deu os números

Eu: Quem é?

Sequestrador Paraguaio: Ai mané. Você caiu no golpe do falso sequestro

Eu: Putzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Sequestrador Paraguaio: Daí trouxa!!!!

Eu: Você também

Sequestrador Paraguaio: O que foi maluco

Eu: Você caiu no golpe do cartão falso de celular, agora pode parar de bater no teu companheiro de cela.

VERGONHA DE SER BRASILEIRO (Samuel Rangel)

Em Curitiba 13 graus.

O dia amanheceu estranho. Um silêncio pesava sobre as cabeças rápidas desse povo Curitibano.
Não se pode ouvir um grito. Não se ouvia nem mesmo a intenção de reunir pessoas. A sensação era muito ruim. Tinha-se a impressão de que ele fora assaltado, sem reação, e enquanto o bandido corria, ele apenas fazia apontamentos do seu prejuízo. Aceitou sua pouca sorte.

Em Curitiba 14 Graus.

Dia 13 de setembro de 2007. Ontem, levou-se a termo o atestado de nossa burrice. Ontem, a portas fechadas, 40 senadores nos chamaram de idiotas. Ontem, ainda houve um que disse que a decisão no processo de Calheiros era a vitória da democracia. Aceitamos nossa pouca sorte.

Em Curitiba 18 graus.

E de nada adiantava o dia avançar, pois quanto mais o tempo passa, parece que mais o povo supera. A indignação muda vai sumindo em meio às tarefas do dia. O homem no seu trabalho não tem tempo de reagir. Apenas comenta com um sorriso amarelo a decisão dos seus representantes. E sorrindo aceitou a sua pouca sorte.

Em Curitiba 25 graus.

A dona de casa tempera o feijão e o arroz, e nem se da conta da falta do Bife. Uma televisão ligada em um cômodo da casa grita sozinha, como louca, sem merecer a atenção de ninguém. Como o seu feijão vai desmanchando, desmanchou-se o orgulho do povo que anda afoito pela rua. Não temos tempo de gritar. Não temos tempo de se indignar. Aceita a sua pouca sorte
Em Curitiba 0 grau.

Nada. Nenhuma sorte.

Um silêncio sórdido de quem não tem mais orgulho. Uma vergonha sem cor, sem voz, e sem testemunha. Quem somos nós que não reagimos, e nem falamos? Olhamos a política e suas paspalhices como se acontecessem na casa ao lado.

A notícias não são boas. As paspalhices aconteceram bem aqui, em nossa casa, no meio de nossa gente, com aqueles que se dizem representantes do povo.

E nós que só sentimos é vergonha de ver nossas camisas amarelas serem manchadas quando perdemos para a Argentina no futebol. Se tais absurdos acontecessem na vizinha Argentina, por certo o sangue correntino haveria de incitar uma reação.

Nós, os brasileiro, apenas assistimos os fatos e aceitamos nossa nenhuma sorte.

O que podemos fazer?

Fazer não é lá nosso grande talento. Quem sabe uma sequela da ditadura militar. Como se uma voz sussurrasse em nossos ouvidos: Aceite. Aceite Aceite!!!

E aceitamos.

Mensalão e Marcos Valério? Aceitamos.
Narcotráfico e Máfia dos Jogos? Aceitamos.
Impostos em 43 porcento, e 33 porcento de malversação do dinheiro público? Aceitamos.
Polícia Corrupta e Eleições da Falsa Democracia? Aceitamos.
Gente morrendo nos hospitais, e os remédios mais caros do mundo? Aceitamos.
Favelas podres e gente sendo tratada como animal? Aceitamos.

Aceitamos a vergonha. Nos dão as vestes mais ridículas da insensatez, e as vestimos sem pompa.

Nos dão a bebida amarga da desilusão, e a tomamos em um só gole. Nos servem alimentos podres de esperança perdida, e mastigamos. Aceitando nossa nenhuma sorte.

Será que não é conosco?
Como você se sente?
Como se sente seu filho?
E seu pai, que tantos valores tentou lhe passar, como se sente?

Apenas posso dizer que ontem vi Calheiros sorrir, e sem querer fazer nenhuma intriga, parece que era de você.