terça-feira, 29 de abril de 2008

SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA (Samuel Rangel)






Durante a divulgação da peça Analice em Busca do Homem Perfeito, no último sábado, no bar Ponto Final, muitas pessoas revelaram a sua intenção de viajar neste meio feriadão. E dizemos “meio feriadão”, em função de que muitas são as repartições e empresas que trabalharão na sexta.

Neste nosso projeto de elaborar idéias para um mundo melhor, em nossas pesquisas, descobrimos que as pessoas ficam mais irritadas em alguns pontos específicos da terra em determinadas situações. O nível de tensão que ficou em décimo lugar, foi no engarrafamento do viaduto da Marechal. Não é balela, é científico!

Mas o mais interessante, é que em segundo lugar de todos os lugares estressantes, aparece surpreendentemente a casa de praia em dia de chuva.

Exatamente por isso, decidimos consultar o site climatempo (aquilo que o padre deveria ter feito antes de fazer aquela cagada homérica), e analisar as condições do tempo no feriado.

E as notícias não são boas.

Descobrimos que se você é um dos abastados que possui um apartamento em Camboriú/SC, vai acabar pegando cinco dias de chuva, sentado na sacada, vendo aquele Barco Pirata passar vazio na sua frente. Sem contar que ao chegar nas baladas, seu cabelo já estará cheirando a cachorro molhado. E se é para não pegar ninguém, é melhor você ficar em Curitiba e gastar a grana do combustível em Cerveja. Já imaginou?

Pois bem, mas se você não é da casta que possui o apartamento em Camboriú, você tem a opção de Matinhos/Pr. Aí a coisa é pior companheiro. A previsão do tempo também é das piores. Chuva durante todos os dias.

Mas no caso de Matinhos é pior. Imagina só você embarcando na sua Brasília com aquela sua sogra de camiseta de viscose, justinha nos braços. E sua mulher dizendo que você está indo rápido demais (a sua Brasília não passa de 57 km/h).

Então você chega na praia e solta seus filhos. Lá estão: Wesley, Washington, Wilson, Wildysnei e Weldiséia (esses últimos dois são gêmeos) correndo naquela poça de água do Rio Matinhos. Então, no final da tarde, enquanto sua sogra corta as unhas dos pés sobre o sofá que você comprou nas Casas Bahia, sua mulher, de bobys, entra na sala com a nova cor do cabelo que nem Van Gogh ousaria usar em suas telas. Quando vai começar o jornal nacional, para você saber como anda o caso Isabela, sua mulher tem um surto psicótico e começa a gritar com as crianças que estão sujando toda a casa de barro.

Ora meu amigo! Poupe-se dessa tortura.

Em vez disso, no sábado, dia 03 de maio, vá ao Teatro Fernanda Montenegro assistir a peça Analice em Busca do Homem Perfeito, tomando uma cervejinha e dando boas gargalhadas. E você ainda pode levar sua mulher. Qual a vantagem? Como a peça questiona a existência do homem perfeito, sua mulher pode largar mão de pegar no pé por causa dessa sua barrigona de cerveja. Quanto à sua sogra? Alguém vai ter que ficar cuidando das crianças remelentas. Melhor assim.

Se bem que, se você tem uma casa em Matinhos, uma Brasília, e cinco filhos com nomes que começam com “W”, além de uma sogra que ainda usa camiseta de viscose, eu tenho uma péssima notícia: Você é pobre cara, e não deve gostar de teatro.

E qual a diferença que isso faz?

Pobre é assim. Se o pobre consegue bater o cartão cinco minutos antes na sexta-feira, vai direto para a rodoviária aproveitar um “Finde Susse na Orla”.

Fazer o que?

De qualquer forma, como nossa intenção é um mundo com mais cerveja e menos violência, estamos disponibilizando aí a previsão do tempo para ricos e pobres.

E você poderia perguntar: E por que não fala para a classe média?

É que a classe média trabalha mais que pobre para tentar ser rico um dia, e não tem tempo para ficar fuçando nesse blogue aqui.

Fazer o que?

Obs.: Estamos publicando este texto na terça, para que de tempo de você correr atrás de um dos últimos ingressos para a peça, pois caso você não consiga, em Curitiba também vai chover. Mas no estacionamento do Shopping Novo Batel, ninguém se molha.