quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O ANALISTA POLÍTICO AMADOR

Foto aérea de Curitiba na década de 50, colorida manualmente.


Se quando o assunto é Seleção Brasileira, todo brasileiro é um técnico, quando o assunto é política, todo brasileiro deveria ser um Analista Político. Não daquele tipo emplumado com teorias conspiratórias e com linguajar algébrico, mas ao menos, um ser pensante, com capacidade de analisar uma questão política. O problema é que o brasileiro leva mais a sério a Seleção Brasileira, do que a Política Brasileira. Cinco em cada dez tupiniquins, sabem desenvolver com habilidade o sistema quatro/quatro/dois do futebol, mas seria um alento encontrar um dentre estes mesmos dez, que soubesse o significado de termos como coligação, majoritárias, pluripartidarismo e legenda. E Esquerda e Direita? Social Democracia, Comunismo, Socialismo e Globalização? Seria mais fácil enxergar algum futuro político para o Brasil.

Mas para não ser pessimista, não é sorte apenas nossa essa situação política. O “grande xerife do mundo” (agora com aspirações de ampliar seu império para planos universais), também anda tropeçando nas próprias pernas.
Enquanto Bush é desconvidado da Convenção do Partido Republicano que pretende lançar a candidatura de seu pretenso sucessor, John Mccain, o candidato Democrata Barack Obama desafia o moralismo dando um selinho na esposa de seu vice.

Isso seria um escândalo, caso a vice Republicana Sarah Palin não deixasse vir a público a gravidez indesejada de sua filha, com o agravante de tornar-se pública ainda a informação de que seu marido transitou algemado por uma delegacia após ser preso dirigindo embriagado. E para provar que as coisas por lá andam complicadas, Sarah Palin ainda tem contra si uma denúncia de ter abusado do seu poder de governadora, para pressionar o chefe de polícia local a demitir o arteiro de seu ex-cunhado durante o processo de divórcio. E o mais incongruente agora, é que a “nacionalista candidata a vice do partido republicano”, é acusada de ter participado de um partido separatista do Alasca.. E eu que achava que a política brasileira é que ia mal? Uma nacionalista separatista? Eu achava que isso era coisa própria do pluripartidarismo brasileiro, onde um “mico” pula da esquerda para a direita, com a facilidade e rapidez de um símio mesmo.

Voltemos para a Terra de Vera Cruz. Que os tupiniquins falem de si, e esqueçam deles, americanos, antes que eles lembrem de invadir a “quase nossa Amazônia”. Também não acho que o momento seja oportuno para falar de Brasília, pois eu teria que comprar uma porção extra de grampos para anexar a este texto os últimos escândalos (O que é isso Ministro? O senhor já foi mais influente!). E da mesma forma acho oportuno deixar em paz o Governador do Estado, que anda muito ocupado com os “negócios de família” (Este sim tem demonstrado ser um homem de família e cuidado bem dos seus).

Se as próximas urnas falam de prefeito e vereadores, vamos falar de Curitiba.

Agora, com o alívio tolo de que os americanos andam enrolados em seu processo eleitoral, posso avaliar tranqüilamente os debates realizados pela Bandeirantes, os resultados das últimas pesquisas, e o pitoresco horário eleitoral gratuito.

Os debates puderam revelar claramente a que vieram os candidatos.

Alguns se candidataram cientes de sua derrota, mas simplesmente para defender uma idéia. Muito Louvável.

Outros, usam dessa campanha para alcançar publicidade que lhes garanta uma eleição para um cargo de menor importância nas próximas eleições. Muito esperto!

Existem alguns também os que são candidatos e não sabem bem porque, nem para que. Muito Interessante!

Um é candidato à reeleição, e outra é candidata do seu partido. Muito importante.

Nos bastidores da política, encontros são comuns para definir colaboradores e oponentes.

Uns servem aos interesses dos outros, na medida em que estejam do mesmo lado, e o que se tem, é um candidato com mais de 70% das intenções de voto, enquanto todos os demais não chegam a 30%. E o mais interessante, é que justamente este que tem a maioria absoluta das intenções de voto, é o de menor rejeição quando a pergunta da pesquisa é "em quem você não votaria". Será que isso não é suficiente para relaxar os ânimos?

Pois bem. Parece que a oposição acredita em algum milagre, e sinceramente, milagres no que se refere a política me assustam, pois creio que Deus não se mete nestas coisas. Qualquer evento "Sobrenatural" na política, é sempre criado nos caldeirões de magos com capuzes. Não é de se duvidar que alguma “denúncia esfumaçante” seja jogada na mídia em breve para tentar reverter a situação atual. Isso não é de duvidar quando dois partidos da oposição contam, um com o poder federal, e outro com o poder estadual a seu favor.

Mas o que se vê por hora é o esperneio dos perdedores, e por isso, se unem para confrontar em multidão ao candidato da reeleição. Eis um debate, mas quase sem nenhuma audiência.

Em que pese ter esse método funcionado por tantas e tantas décadas, acho que a oposição deveria se poupar de tal papel. O povo não é mais uma multidão de colonos com tridentes em busca das bruxas. Não estão enfrentando um "candidato surpresa", daqueles que surgem de um programa de rádio ou televisão, ou mesmo de um investidor oculto e misterioso. Trata-se de um político que trilhou o caminho mais lógico. Traçando um paralelo entre política e futebol, não se trata de um caso como o de Dunga, que iniciou sua carreira de técnico dirigindo a Seleção Brasileira.

Para poupar de dissabores a oposição, seria interessante analisar essa candidatura à reeleição mais a fundo. Primeiro, por que o mandato exercido nos últimos três anos e meio, manteve-se nos limites do bom senso, da discrição na hora certa, e da presença do poder municipal no momento devido. Isso de pronto reflete a aceitação da reeleição como melhor caminho a seguir para mais de 70% da população.

Mas não se trata de um simples prefeito tentando sua reeleição. O caminho que ele trilhou para chegar até ali, incluiu escala na Assembléia Legislativa por dois mandatos, e na prefeitura, como vice-prefeito e Secretário de Obras, justificando assim sua chegada à prefeitura. E os esbravejantes opositores me indagariam: onde estaria o mandato de vereador?

A pergunta poderia colocar este analista político amador em maus lençóis, porém, ao se dedicar um pouco de atenção aos fatos, a resposta vem ainda mais contundente. A história política deste candidato conta com mais de cinqüenta anos. Alguém gritaria então que não é possível, pois ele não tem tudo isso de vida.
Então a resposta vem documentada.


Diploma de Morador de meu pai,
quando estava na Casa do Estudante


Em 1957, meu pai chegava a Curitiba, vindo de Ponta Grossa, para tentar o ingresso em uma faculdade. Das poucas posses da família, fez hospedagem na Casa do Estudante, que lhe colocaria em contato com a política acadêmica. E nesta política acadêmica, conheceu José Richa, com quem exerceu cargo na União Paranaense dos Estudantes. Nesta mesma época, meu pai testemunhou o convite feito por Ney Braga a José Richa, para candidatar-se a Deputado Federal. Eleito, este mesmo José Richa, não exitou a fazer oposição ao regime militar e mesmo a Ney Braga, filiando-se ao MDB (este sim velho de guerra), partido que fez tanta frente à Arena, numa época em que artigos como estes justificariam um convite a uma ida sem volta para a Argentina.

Foto tirada no Salão Nobre da Faculdade de Direito Curitiba
31/10/1957 – Posse da Diretoria da UPE. Ao centro meu pai, Carlos José Silveira, e à direita José Richa


Este José Richa que foi Governador do Estado do Paraná por seus próprios méritos, pai do atual candidato à reeleição, foi quem lhe deu educação e lhe preparou para a vida pública, o que permite arrematar que um candidato as vezes tem mais experiência que sua própria idade.


A Chapa eleita em 1957

Ao centro José Richa


Fenômeno semelhante é o que acontece com Gustavo Fruet (com quem tive a honra de estudar na Faculdade de Direito da UFPr. Também testemunhei o convite para ingressar na vida pública após a morte de seu pai). Gustavo, ao longo de sua carreira política, vem colendo apoio popular e aprovação de seus mandatos. Para tanto basta invocar a votação que alcançou nas últimas eleições, quando foi reeleito Deputado Federal. Lembro-me orgulhoso de sua postura as vezes isolada nas CPIs.

Tanto Gustavo Fruet quanto o candidato à reeleição, demonstram claramente que uma família de tradição política, tem condições de preparar bons políticos. Então aquelas campanhas com jargões do tipo “É Hora da Mudança”, “Chega dos Mesmos”, “Pela Nova Política”, revelam-se imaturas e utópicas, ao mesmo tempo em que são vazias e nada construtivas. Quando a única proposta de um candidato é tirar o outro, não se tem absolutamente nada que não seja um “trono vazio”.

Não basta dizer que não é bom para invocar a substituição. O fato de mudar, não significa que obrigatoriamente estamos mudando para melhor. Eu mesmo me confesso um eleitor de Lula para o primeiro mandato (as vezes acho que não paro de repetir isso por não conseguir me perdoar), porém, mudamos para melhor? Que os mensalões e os outros escândalos respondam por mim.

Não vou sucumbir aos encantos de promessas de apoio do governo federal para aquela candidata, ou de apoio do governo estadual para aquele candidato, deixando de observar os fatos como eles realmente são. E creio que esse pensamente seja harmônico com 70 entre 100 curitibanos.

Levando-se em conta essa tendência, constatando que os dois políticos de maior aprovação na opinião pública são membros de famílias com história na política paranaense, acho interessante observar o surgimento de Renata Bueno, filha de Rubens Bueno, a quem dediquei meu voto em todas as eleições que disputou na sede de meu título de eleitor.



Renata Bueno, além de ter recebido toda a formação moral de Rubens Bueno, preparou-se para essa candidatura, motivo pelo qual, dedicarei minha atenção às suas propostas, e dentro do possível, apoiarei seus projetos. Não se trata de uma daquelas figuras políticas de maquiagem grossa, de sorriso falso, que tanto tentam nos ludibriar.
Renata Bueno, as vezes de pouca fala, pode estar a demonstrar outros caminhos para a política paranaense, longe dos extremismos aparentes que se desqualificaram num poder vermelho furta cor, ou mesmo dos políticos de português sofrível eleitos pelos programas policiais das rádios sensacionalistas. Renata Bueno tem a possibilidade, e agora também o dever de, junto com Beto Richa e Gustavo Fruet, demonstrar que o Paraná tem famílias com boa história política, que ainda são esperança para nosso estado e nosso país.

Lógico que esta regra não se aplica a maus políticos, pois algumas famílias políticas são responsáveis pela degradação do estado e do país (Você deve pensar que estou falando de ACM, e estou mesmo). A mesma regra que se aplica aos filhos, não necessariamente se aplica aos netos. Mas quando um político deixa bons frutos em sua carreira, é de bom alvitre olhar para os seus filhos, pois dentre eles, existe grande possibilidade de surgir um que continuará a desenvolver seu trabalho.

Mas isto, parte apenas e tão somente de um Analista Político Amador.

Ps.: Para alguns, causará estranheza minha manifestação política, mas aprendi com o meu silêncio, e dessa vez eu devo romper com ele.