sexta-feira, 15 de agosto de 2008

DESEMPENHO MADE IN CHINA

Os críticos de plantão andam por aí, falando aos quatro cantos, que o desempenho da Delegação Brasileira nas Olimpíadas é o pior que se poderia imaginar. Criticam violentamente a atuação de quarta dos atletas deste país, nas mais variadas modalidades, e citam o sucesso das grandes potências do esporte como um modelo, um exemplo a ser seguido.

Mas eu, que tenho acompanhado a Globo, vejo o otimismo a cada edição do Globo Esporte. Estamos indo muito bem sim senhor! Para calar a boca destes maledicentes críticos, vamos ao quadro de medalhas.

Deixando a ponta para as nações de postura ética questionável (que envolvem inclusive denúncias inacreditáveis, de “acasalar atletas para tirar crias” com um biotipo melhor para o desempenho esportivo), passando pelas nações que usam do esporte como propaganda cultural de dominação (quase ressuscitando o sonho de uma raça superior), e algumas outras nações que são de “mais sorte no esporte”, estamos em um honrado quadragésimo segundo lugar.

E nesta colocação, estamos perdendo apenas por uma medalha para a poderosa Armênia, que possui a expressiva quantidade de cinco medalhas de bronze. Sim senhores! A Armênia chegou cinco vezes em terceiro lugar, uma vez mais apenas, que o nosso orgulhoso Brasil, que em apenas uma semana de jogo, já conta com quatro medalhas de bronze.

Se compararmos a nossa colocação com a poderosa Armênia, seremos tomados realmente pelo pessimismo, e para evitar isto, basta que analisemos que a quadragésima terceira posição na tabela, é ocupada pela poderosa Indonésia, que possui apenas duas medalhas de bronze.
Exatamente isso. Temos o dobro de medalhas de terceiro lugar que a poderosa Indonésia.

Estamos indo muito bem. Poderia parecer ironia, mas é que na realidade sou saudosista mesmo.
Eu gostava de torcer nas olimpíadas, naquele tempo em que as competidoras das provas de natação feminina, tinham seios. Sim. Eu lembro. Elas tinham seios. Não os vejo mais naqueles torpedos que atravessam a piscina em quase um só mergulho.

Aliás, essa piscina que tem revelado uma linha verde perseguindo os nadadores. Como sugestão, acho que a linha deveria ser vermelha, e não verde. Vermelha de vergonha. Fico imaginando aqueles atletas que comiam Miojo antes da competição (eles não tinham esses misteriosos suplementos alimentares), vendo ali, naquela linha, todo o seu esforço ser pulverizado e humilhado por três, quatro, cinco corpos de vantagem.

Como o esporte evoluiu...?...!

Por certo os laboratórios não estão desenvolvendo nenhum tipo de anabolizante que justifique esse “avanço”. Os únicos laboratórios envolvidos nesse desempenha desigual são os da NASA, que desenvolveram aquelas roupas incríveis. Mas se um dia esse escândalo aparecer, essas marcas serão anuladas? E esses recordes são verdadeiros?

Parecem que sim, ou que não.

Falso mesmo é o público. Quando para lotar estádios, ginásios e outros locais de competição, é necessária a contratação de figurantes, é sinal de que as coisas não vão bem mesmo. E as pegadas no céu de Pequim, ou Beijing, cuja autenticidade também é controversa, estão a apontar essas Olimpíadas como as mais questionáveis de todos os tempos.

Pegadas no céu! Pegadas no céu?

Seriam elas de um "Gigante Nefelibata", ultrapassando todos os limites, ou seriam elas as pegadas daquele que quer estar acima Deus?

Quais são os limites humanos? E eles são maiores ou menores que os limites éticos?

Cada favela no seu bairro, nós brasileiros não devemos questionar eles antes de nós mesmo, pois para a menina que foi impedida de cantar na abertura por não ser esteticamente aquela bonequinha chinesa, temos nós também o nosso judoca, que não usava da faixa preta antes de classificar-se para as olimpíadas por não ter os R$ 1.500 para pagar a federação.

Enquanto me questiono onde estava o Criança Esperança ao longo da carreira deste judoca, esse sim retrato de superação no melhor estilo esportivo e tupi-guarani, e vejo os recordes e os limites sumindo, resta a certeza de que esta é a olimpíada mais “made in China” que se poderia realizar.