quinta-feira, 5 de março de 2009

BARES, ESSES LUGARES (Samuel Rangel)

(O Grande Bar, do pintor italiano Alberto Sughi,
integra a série temática Noturnos deste pintor
do “realismo existencial”, iniciada no ano 2000.)

Bares, esses lugares vulgares,
ou com os requintes dos ouvintes
que apreciam ou depreciam a música
de algum cantor ou menestrel de botequim.
.
Bares são moinhos de corações,
Bibliotecas com pernas e sentimentos,
São depósitos de mágoas e emoções
Que se perdem entre o ébrio que paira no ar
.
Bares são as mentiras mais verdadeiras
Nossas evocações profanas de si mesmo
Onde uma multidão sorri enquanto ele chora
E que chora no momento que deve sorrir.
.
Uma pulsante incoerência que não para,
tirando almas para dançar com Baco.
Ou na cátedra de filosofias do absurdo,
uma fábrica insuportável de verdades.
.
Bares são um pouco de minha história,
de minhas mentiras e de meus sonhos,
onde palmas e tapas fogem das mãos
E se espalham entre as mesas de taberna.
.
Bares escuros onde corações se encontram
e depois se espancam em solidão e abandono
Onde histórias começam agendando um fim
Onde o fim vem com a noite e não passa do dia
.
Esses são os bares que andei
E em alguns até amei, eu acho
Adoráveis e odiosos lugares
Tudo só dependia de minha alma.
.
Em tantas mesas solitárias me acompanhei
E dentre tantas pessoas me perdi em solidão
Em tantos goles convidei sorrisos
E noutros a tristeza me afagava a alma
.
Bares que juro que jamais voltarei
Mas juro que jamais voltarei hoje
Talvez nem tenha jurado. Talvez amanhã
Ou quem sabe noutra noite, ou noutro bar