Recebi um interessante email da querida amiga Luciane, com algumas considerações acerca da nova legislação que prevê uma grande “Tunda” para quem for flagrado dirigindo após ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica. O tema é atual e a polêmica está criada, mas como não poderia deixar de ser, o humor acaba tomando conta do assunto, em que pese ter a certeza que no final da piada, quem se ferra, é o cidadão normal.
Exemplo disso é a pergunto feita pelo romântico gaúcho e a resposta que recebeu.
A pergunta: Nunca mais poderei sair com minha esposa para um jantar romântico regado a uma taça de vinho. Por que neste país sempre os bons pagam pelos mal educados? (Roberto Kraemer Derosa, Porto Alegre).
E veio a resposta - A alternativa é tomar um táxi ou o transporte coletivo na hora de voltar para casa ou então entregar a direção a quem não bebeu.
Percebeu a idéia?
O gênio que responde a pergunta, indica que o jantar romântico deve começar pegando um táxi. Isso quer dizer que sua esposa coloca aquela saia de tecido fino, usando aquele perfume sensual, cabelos arrumados, e entra num táxi daqueles com aquela colcha de retalhos vermelhos e engordurados. A verdade é que, quando chegarem ao restaurante, ela vai passar duas horas no banheiro tentando tomar um banho na pia.
Mas o genial especialista guru da solução, como todo bom palpiteiro, tem uma segunda solução: O jantar coletivo pode começar em algum terminal. Agora feche os olhos e imagine você, as 22 horas, em pleno terminal do Pinheiro, com sua mulher vestida em traje que destilam promessas de uma noite de amor, esperando o “expressão”, enquanto a lanchonete do Tonhão frita pastéis em óleo diesel. Logo ali, a dois ou três metros de distância, está aquela “gangue de manos”, olhando para sua mulher com aquela cara de quem não vai perdoar nem o sovaco da coitada.
Parabéns. Grande solução!
Mas a pior solução de todas, é a última. Nesse jantar romântico, onde você e sua mulher saíram para tomar um vinho e temperar a paixão que fica meio abalada quando chega o carnê do consórcio do seu Gol Mil, o genial gênio geniosamente sugere que a solução seja entregar a direção a quem não bebeu.
Meu Deus! Onde estamos! (Como bem disse pudim na primeira apresentação de Analice)
Se você e sua mulher saíram para um jantar romântico, e tomaram um vinho, quem diabos é essa terceira pessoa que não bebeu? Será que o gênio entende que para um jantar romântico o casal tem que levar o amante também? Será que é o amante que não bebe?
A verdade é que, enquanto um país é administrado por uma executivo incompetente, um legislativo interesseiro, e um judiciário tetraplégico, nenhuma lei será capaz de solucionar problema algum. Creio que a melhor solução, seria oferecer cultura para esse povo, e permear seu cotidiano de bons exemplos.
Enquanto o Brasil for esse circo de horrores, haverá aqueles que desenvolverão a agressividade, sob o efeito do álcool ou não. E aquele que é agressivo no trânsito, não precisa de um carro para ferir as pessoas.
Um país mais sério, onde as chances fossem distribuídas de forma justa, e a qualidade de vida fosse realmente uma realidade de todos, permitiria que a cultura se elevasse a ponto de exercer um autocontrole do comportamento individual.
E assim caminha o Brasil.
Mas a questão vai além, e é tão profunda, que consegue afetar os mais extremos lados.
Se você quer comprar um automóvel, aguarde um pouco, pois em breve o preço irá despencar.
O Padre jamais poderá dirigir por causa daquele golinho que ele dá durante a missa. Do outro lado, na perfeita simetria, as garotas de programa não vão mais sentar no colo de ninguém e pedir: “paga uma dose”.
E por aí afora.
Mas se dirigir, a partir de agora, após o consumo de qualquer quantidade de álcool, é proibido, eu gostaria de saber quem está na direção deste país neste exato momento.
Agora entendo por qual motivo estamos indo para o barranco.
No mais, estou indo embora.
Ps.: Aproveitando este espaço, Vendo Espero, automático, 1997, em péssimo estado.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
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