quinta-feira, 22 de novembro de 2007

INFERNO ASTRAL II - A LUTA CONTINUA (Samuel Rangel)

Tanto quanto 67,74 % dos sagitarianos, faço aniversário em dezembro.

EE você poderia perguntar então o que significa isso? Qual a relevância de tal informação? Nos dias de hoje para a maior parte da população mundial, nenhuma importância, mas como escrevo para os meus amigos, isso passa a ter um significado sim.

Se eu faço aniversário em dezembro, e estamos no dia 22 de novembro, isso significa que ...

Assinale a Alternativa Correta:

Eu faço aniversário o mês que vêm;
Eu faço aniversário no último mês do ano
Quando criança eu ganhava um presente só de aniversário e de natal;
A pessoa que escreve esse texto está em pleno Inferno Astral;
Todas as alternativas estão corretas;

Se você marcou a alternativa “e”, parabéns, você acertou parcialmente, pois se as outras estão corretas deveria ter marcado todas.

Então, mais um ano chegando ao fim, e o meu bom companheiro Inferno Astral veio me visitar. Imagino que aqueles que acompanham meu texto há mais de um ano já estão rindo, lembrando do texto Inferno Astral do Ano passado (http://anjosboemios.blogspot.com/2007/08/inferno-astral.html).

Fiquem tranqüilos.

Esse ano ninguém vai bater no meu carro. E eu tenho certeza disso. Podem ficar tranqüilos, pois meu querido e amado Espero 1994, vai ficar a salvo. Por que eu tenho tanta certeza? Simples. Por que desta vez foi o motor dele que quebrou. E se alguma perua tivesse realmente vontade de bater no meu carro, ela teria que atravessar o portão da minha casa para bater no meu carro em minha garagem.

E você deve estar pensando então, mas podem bater no seu Buggy. Também não. Ele também está parado, pois quando recolhi o Espero ele trancou o Buggy. Estou com os dois carros travados, e se alguém quiser fazer mal aos meus queridinhos, vai ter que atravessar o portão da minha casa.

E é lógico que quando você está sem carro, aquela loira liga querendo tomar uma cervejinha. Opa! Nem tudo é tão ruim assim. Pois é. E ela ainda tem carro. Isso significa então que ...

Calma. Não seja otimista. Confesso que a idéia daquela bela loira tomando uma cerveja comigo, já faz uma bela massagem em minha auto-estima, porém, cerveja custa. Advinha se eu tenho dinheiro.

Claro que não.

Uma ligação, e eu atendo e invento um compromisso com a idéia de disfarçar minha impossibilidade.

Uma segunda ligação, e eu acho melhor não atender.

Um torpedinho, e eu ...

Não adianta, pois meu celular está sem crédito e eu não posso responder.

Repentinamente o silêncio. Ela não liga mais, não manda mais torpedo. E agora?

É momento de usar o plano de urgência, e a Tim tem aquele lance de adiantar R$ 3,00 que serão descontados na próxima recarga. Não adianta. Vou ter que fazer esse adiantamento, pois o silêncio dela me preocupa. Então ligo e digo logo, que não tenho dinheiro para aquela cerveja e que meu carro não está funcionando.

Ela então me pergunta qual o motivo de tanta sinceridade.

Ora.

É bem melhor que ela tenha certeza que eu sou pobre do que fique em dúvida se sou viado. Achei melhor assim.

Por hora é só.

Mas como ainda restam vinte dias de Inferno Astral, quem sabe aconteça alguma que mereça ser contada.

Por hora, vou dando uma dica para os pobres.

Como levar uma vida quase normal sendo pobre?

MARCELLUS – Você paga dez reais e tem direito a duas cervejas Kyser Sume, e ainda tem box para os carros;
Pan’doro – A cerveja Skol Garrafa, na Panificadora Pan’doro custa R$ 2,70; e tem quatro mesinhas na parte de fora que dá até para sentar.
Transporte – No domingo a passagem custa R$ 1,00;
Comida – No Mercadorama tem um pacotão de vina de 3 kg que custa só R$ 11,00;
Entretenimento – No orkut você pode dar uma olhada nos aniversariantes do mês e ficar de olho para ver se ninguém está marcando um churrasco.

Um abraço a todos

Os.: Se alguém for fazer churrasco, no Bigorrilho, Batel ou Campina do Siqueira, não esqueçam de me convidar.

INFERNO ASTRAL por Samuel Rangel
Inferno Astral.

Dizem que as vésperas do aniversário, todos nós passamos por uma fase
difícil, onde os problemas aparecem aos montes, e as coisas mais fáceis
começam a dar errado. Apesar de ter escrito com muito carinho sobre o
“Centauro”, nunca acreditei em astrologia, e esse lance de signos para mim
sempre foi mera brincadeira.

Mas esse ano foi demais. Se eu não acreditava devo começar a rever meus
conceitos.

Na segunda-feira, tendo um daqueles surtos de bom filho, peguei meu
querido papai e fui leva-lo à farmácia para tomar uma injeção, pois esta
com tendinite no braço. Chegando na frente da farmácia ele me pede que
estacione o carro ali mesmo pois não iria demorar.

Saí do carro para fumar aquele cigarrinho básico e notei que um Voyage,
meio “veiagem”, morreu e não havia diabo que o fizesse funcionar. Logo
atrás daquele bólido havia um Fiesta. Enlouquecido pela inércia do
paquiderme metálico, o doce condutor do veículo, sem dar aquela olhadela
no retrovisor (atitude que deixou de praticar em função de estar mais
ocupado com os xingamentos mais clássicos do trânsito) manobrou para a
esquerda mudando de faixa sem sinalizar. Em contra partida, uma desvairada
psicopata ensandecida que conduzia um belo Audy A3 vinha trafegando em
velocidade de autódromo. Quem sabe por não saber qual a função do pedal do
meio, a criatura nem freio. Pronto, aquele som característico e após
colidir com o Fiesta o Audy desgovernado começa a escorregar, escorregar,
escorregar e pronto: demoliu a traseira do Espero. Passados uns cinco
segundos é que lembrei que o carro estacionado ali, com a bunda deflorada
pelo Audy psicopata, era o meu.

Soltei um Puta que Pariu com as mãos subindo a cabeça. Olhei para dentro
do Audy e vi a mulher em pranto. Preocupado com seu bem estar dei-lhe o
atendimento necessário. A senhora está bem? Perguntava o ignorante aqui.
Após acalmá-la retirei o veículo dela do meio da rua. Legal. Tudo vai
ficar bem.

Depois de correr a semana inteira atrás de orçamento para o concerto do
meu bólido, hoje recebi a maravilhosa notícia de que a seguradora da Dona
Fulana Fitipaldi, não irá pagar meu prejuízo, pois ela não tinha a menor
culpa. Hoje então eu percebi que o culpado sou eu por ter nascido é claro.

Saindo da seguradora, o meu carro ferveu, pois com o choque quebrou o
reservatório de água. Cheguei ao estacionamento com uma chaleira daquelas
que apitam. Puta que o Pariu de novo.

Chego no escritório e me são apresentadas as contas do mês de novembro.
Puta que o Pariu 19 vezes.

Um querido cliente meu me liga e comunica que o pagamento de outubro, que
estava atrasado, só virá em fevereiro. Até lá eu dou um jeito de assaltar
um banco ou coisa assim. Oitenta Puta que Paris bem sonoros

Ensandecido com a situação soltei um belo tapa sobre a mesa. Ana a querida
estagiária grita bem alto Filho da Puuuuuuuuuta.

Fazer o que?

Como fiquei meio nervoso demais, resolvi mandar este texto só para te
encher o saco um pouquinho, porém, gostaria de advertir quanto algumas
situações.

1) Se nos encontrarmos no centro por acaso, evite sorrir pois vou achar
que você está tirando sarro da minha situação.
2) Quando me encontrar não pergunte se esta tudo bem, pois a resposta
poderá ser um tanto quanto ríspida.
3) Ao telefone evite perguntar onde vou, pois meu transporte esta meio
comprometido e eu posso achar que você está tirando sarro da minha cara
novamente.
4) Na quarta-feira que vem, quando estivermos comemorando o meu
aniversário, evite fazer comentários sobre carro, trânsito, seguradoras ou
coisas do gênero, pois poderemos ter um problema de relacionamento.
5) Se você tiver um carro novo, evite mostrar para mim. Use o
estacionamento mais próximo e não me faça inveja (Pelo Amor de Deus).

E no mais, estou indo embora (de ônibus)