quinta-feira, 20 de setembro de 2007

EU SEGUNDO ESSE IDIOTA - MINHA AUTOBIOGRAFIA (Samuel Rangel)

JUSTIFICATIVA DO TEMA

Há algum tempo tenho me dedicado a uma autobiografia traçada a humor, que diante dos rumos tomados, agora também assume as formas do projeto de uma peça teatral.

Esta autobiografia não busca contar uma história, até porque seria presunção achar que esta minha história seria interessante o suficiente para convencer um leitor a passear pelas páginas desse livro.

O objetivo maior é propor, de forma irreverente, um questionamento sobre essa nossa ambição de possuir uma imagem de sucesso. Quem sabe exatamente em função desta ambição, não nos permitimos aceitar nossas vergonhas. Tentamos obstinada e incessantemente ser a expressão do correto, do bom, do belo e de tudo o mais que habita o nirvana do sucesso.

Assim, quando ficou definido o título da obra “Eu segundo esse idiota”, esta a se tentar fazer observar quão normal são nossas desvirtudes e nossas assimetrias físicas, psicológicas e morais.

Não tenho certeza se aqui o músico fala do advogado, ou o homem fala da criança que não lhe abandona o peito.

Quem sabe um romântico falando de um cafajeste, ou mesmo o pai falando do filho.

Quem sabe seja o tímido falando do desinibido, ou o gago falando do orador.

Quem sabe seja o católico falando do pervertido ou o sóbrio falando do bêbado.

Não se sabe e nada se pode definir, pois as vezes será a simbiose de tudo isto, ou mesmo o produto final de uma obra mau acabada,

Esta simbiose, e somente ela, reflete o que somos, não a imagem projetada em retinas desatentas que não penetram nos recônditos de nossa alma.

Somos não o que vêm, e nem mesmo o que gostaríamos de ser.

Não somos o que tentamos projetar, não somos nada a mais do que metades assimétricas que juntam-se em busca de receber um nome, viver uma vida, escrever uma história, nem sempre tão bela, nem sempre tão pura, nem sempre tão verdadeira quanto se pensa.

Somos o dobro de uma metade que nos revela, e que nos identifica, e a outra metade escondida, não deixa de ser a verdadeira expressão de nós.

Quem sabe nessa metade não revelada, exista mais sobre nós do que conheçam nossos familiares.

Quem sabe nessa metade misteriosa, residam o charme que cativa nossos amores, e nos torna atraentes além do que se vê.

Essa metade misteriosa, não confessada, proibida de receber visitas, que mantemos tão protegida, é responsável sim pelos nossos atos, nossos passos, nossas decisões e todo e qualquer vestígio de história que traçamos sobre a terra em que vivemos.

E tantas vezes negada, ela sobrevive em nós.

A nossa metade engraçada, que nos traz vergonha e fracasso, nos convida às lágrimas. Uma metade proibida de se mostrar, mas que nos tenta dar o bom dia todas as manhãs, quando acordamos com nossa cara amaçada.

A nossa metade calada, que não sabe para onde dirigir os olhos enquanto estamos sentados na louça do banheiro.

A nossa metade que ri em silêncio quando tropeçamos na subida ao palco, mas que é escorraçada pela metade vaidosa.

A nossa metade que tentamos esconder tanto, mas que tanto quanto à nossa imagem, define tudo em nossa vida, inclusive para onde vamos.

E falo sobre o tema com alguma tranquilidade, pois cansei de ser indagado como um músico risonho e bobão sobe ao palco no bar, para no dia seguinte estar de beca perante um júri.

O tema me é agradável quem sabe por ter me apaixonado tantas vezes, e em quase todas, correr aterrorizado de um amor.

Ah essa minha metade silenciosa, eloquente em meus atos, tagarela em meus sorrisos, que destitui com toda a classe do mundo minha metade austera e sisuda que sonha com o poder, que tenta projetar a imagem do que não sou.

Quando a sua metade menos bela lhe der bom dia, ao final do livro que ainda estou escrevendo, ou mesmo no dia seguinte à peça, espero que você a abrace.

Quando nossa alma carregar as duas metades de nossa história pela mão, como dois filhos realmente amados em igualdade, é por que teremos aprendido a nos aceitar, como somos, imperfeitos na perfeição, ou perfeitos na imperfeição.

E então, que o idiota não critique o eu, e que o eu, aprenda a rir com o idiota.

Quem é o idiota e quem sou eu?

É CEDO PARA SE PENSAR EM NATAL? (Samuel Rangel)

Hoje recebi um convite, para participar da campanha que o Correio realiza todos os anos.

E agora cabe a mim, a você a qualquer um decidir se é cedo ou não para se falar de Natal.

Setembro solta seus últimos dez suspiros, a primavera desfila em nosso jardim, e outubro, novembro e dezembro, passarão pelas nossas vidas com a incrível velocidade de nossos compromissos e responsabilidades.

Então, resolvi deixar aqui no blogue o convite para você também:

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" Queridos amigos.

Que tal fazer algo diferente, este ano, no Natal?

Sim ... Natal ... daqui a pouco ele chega ...

Que tal ir a uma agência dos Correios e pegar uma das 17 milhões de cartinhas de crianças pobres e ser o Papai ou Mamãe Noel delas?

Fui informada de que tem cada pedido inacreditável. Tem criança pedindo um panetone, uma blusa de frio para a avó...

Deixo a idéia lançada.

É só pegar a carta e entregar o presente numa agência do correio até dia 20 de Dezembro. O próprio correio se encarrega de fazer a entrega.

-DIVULGUEM PARA CONHECIDOS-

Na vida, a gente passa por 3 fases:

- a primeira, quando acreditamos no Papai Noel;
- a segunda, quando deixamos de acreditar e
- a terceira, quando nos tornamos Papai Noel!!!"
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Esse último comentário me fez lembrar do texto que escrevi para o Natal de 2005, e acho que ele cabe bem aqui, como uma luva, quem sabe, vestindo de razão o convite que chega dois anos depois.

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Acredite em Papai Noel

E nossa vida se revelou para nós, de forma lenta mas implacável, fazendo-nos perder o medo do escuro, mas também nos revelando algumas verdades amargas. E foi assim que em algum dezembro, deixamos de lado aquela nossa ansiedade infantil, que ao pé de um pinheirinho iluminado, passava e repassava os detalhes de nossa cartinha, o relatório de nosso comportamento.

E agora acreditamos em que? Não acreditamos em Papai Noel e acreditamos em alguns políticos, em repartições públicas e no nosso compromisso moral de pagar as contas do final do mês. Então, humildemente, eu arrisco dizer - Acredite em Papai Noel.

Se você não conseguir acreditar, olhe mais além, e procure ao invés de um velhinho de barbas brancas, um bom coração. Garanto que você o encontrará. Se ainda não conseguir, olhe mais acima, e esqueça daquela roupa vermelha. Garanto que você encontrará alguém demonstrando um carinho especial por alguma criança. Ainda não? Então olhe mais abaixo. Esqueça de trenó e renas. Olhe com atenção e você verá alguém com profundas dificuldades financeiras dividindo seu quase nada. Mas você ainda acha difícil. Você ainda não quer acreditar. As amarguras que lhe trouxe a vida enrudeceram seus olhos? Ou você ainda não superou o trauma criado pela revelação de que o Bom Velhinho não viria?

Seja como for, você pode acreditar. Olhe então para dentro de você. Você encontrará uma vontade de fazer bem, de presentear a todos, de atender aos pedidos. E provavelmente você não verá trenó voador, mas verá as mágicas que fez na vida para tentar fazer alguém feliz.
Eu acredito em Papai Noel. Apenas não acredito que ele era como falavam em minha infância. Mas eu acredito, e apesar de todas as suas dificuldades, eu sei que ele se fará presente mais esse ano.

Acredite.

Feliz Natal, e que no ano de 2006, você possa acreditar mais, para ir mais longe e fazer o mundo entender que você é um grande presente.