terça-feira, 18 de novembro de 2008

MANUAL DO DIVORCIADO

Se você está em meio a um processo de separação, deve levar em conta algumas coisas. Se o princípio do relacionamento foi marcado por um caloroso processo emocional, é lógico que ele não acabará sem passar por outro caloroso processo emocional, só que dessa vez, mais que caloroso, ele é explosivo.
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No começo tudo não passava de arrepios e olhares meigos e apaixonados, mas agora os arrepios reaparecem com o sentido contrário, e os olhares trocados pelo ex-casal, agora vem em forma fagulhas enraivecidas e destruidoras, sem o menor temor de publicar sentimentos de recalque, tristeza, decepção e tantas outras mazelas do espírito humano.
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Mas se você está passando por isso, tenha calma. Você não será o único a encontrar na cabeça atordoada a idéia de rasgar uma foto, ou uma peça de roupa. Também não pense que você está sozinho quando se flagra tentando especular com quem ele, ou ela está saindo.
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O primeiro passo é com certeza, buscar a calma. O primeiro momento do processo da separação é totalmente emocional, e convenhamos, que nos braços da emoção, não temos nada de Homo Sapiens. Como os sentimentos que nos vem não são agradáveis, assumimos uma forma tão explosiva, que faria de Osama Bin Laden um escoteiro do parque Barigui.
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Se esse é seu momento, vamos primeiro nos dar conta de qual é o grau onde estamos. O melhor instrumento de medição da coerência na separação, por incrível que pareça, é o bom senso (as vezes nem acredito que escrevi isso, mas em relação ao processo de separação, é melhor definir as coisas bem claramente).
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Vamos às suposições.
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Se você está brigando por aqueles 19 relógios de parede que ganhou de presente de casamento, pare e analise a situação. Aquelas merrecas de relógio servem para que? Se isso realmente está acontecendo com você, imagine na hora em que for discutir a partilha do imóvel. Essa briga pela partilha dos bens, revela muito a realidade emocional dos separandos.
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Nessa nova vida que você está assumindo, a classe é fundamental, e se você perder a classe com um relógio que imita o canto de doze passarinhos, você realmente precisa de um tempo pra você. Consulte um psicólogo e vá viajar.
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Mas também não é raro encontrar aquele tipo de homem que pede todos os presentes de volta. Ao longo de vinte anos de relacionamento, ele consegue lembrar de todos, inclusive daquela vaquinha no tambor que ele trouxe de Minas Gerais. E no momento da separação, ele quer a maldita vaquinha que ele pagou R$ 2,25. Exatamente. A separação não tem nenhuma vocação racional. É de se indagar o que vai o cidadão fazer com a tal vaquinha?
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Mas as mulheres que se flagram sorrindo, por testemunharem esse comportamento em alguns camaradas, não devem tomar tal posicionamento. Se por um lado o homem comete essas sandices na separação, por outro, existem mulheres que não conseguem manter a separação como assunto particular.
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Lembro-me de uma oportunidade em que eu dirigia meu carro por um bairro nobre da cidade, e ao cruzar um prédio de alto padrão, eu vi roupas voando pela janela. Ali, na calçada, um cidadão juntava camisas, calças e jaquetas, em silêncio, e notoriamente envergonhado pela situação vexatória. O único problema é que, entre a janela que gritava e regorgitava roupas e o cidadão que as juntava, havia um pé de Ipê Amarelo. Em seus galhos, por cerca de uma semana repousaram cuecas e camisetas, até que a prefeitura municipal programasse uma poda para a árvore bem vestida.
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Levando-se em conta isso, é de se propor uma reflexão. Sabendo-se de que o processo de separação é um turbilhão emocional, tudo o que o separando não precisa, é de uma porção de atitudes que venham a despertar a sensação de vergonha que desperta depois e pode durar dias, meses ou até mesmo anos.
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Evite pois, atitudes que venham a colocar você em situação desconfortável. A separação por si só já é bastante desagradável, e não precisa de nenhum tipo de esforço seu, para se tornar um verdadeiro calvário da culpa e da vergonha.
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E existem vários motivos para que você se controle.
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Não existe nada definitivo, e nem mesmo, neste momento conturbado da separação, você pode ter certeza de que ela é definitiva. Tome cuidado para não criar situações irreversíveis.
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O segundo motivo, é que, em sendo definitiva a separação, você precisará reconstruir toda uma vida emocional. Fotos estampadas na manchete de jornais sensacionalistas, e exposições exageradas de sentimentos e emoções, podem ser extremamente prejudiciais à sua imagem. Lembre-se que uma boa dose de classe e charme, ajudará você a reencontrar equilíbrio em sua vida emocional.
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Também é de se considerar que a exposição, acaba tornando os confrontos mais graves. Depois que o fato vira público, ele deixa de ser fato para ser um vexame, um escândalo.
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Então, por mais difícil que seja ou pareça, procure manter a cabeça pensante sobre os ombros, mantenha a calma, converse com algum amigo de verdade e abertamente, visite a família, compre aquela roupa que a outra pessoa tirou de seu armário, use o tempo para você. Da mesma forma, se tiver filhos, seja o pai ou a mãe que você quer, sem ter que ouvir críticas ou censuras sobre a forma com que você fala, brinca ou briga com seus filhos.
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Tudo na vida tem um lado positivo, e então, seja temporária ou definitiva sua separação, procure enxergar esse período como tempo de reconciliação consigo mesmo, e desse reencontro, restaure a pessoa que mudou tanto durante a adaptação à vida de outra pessoa.