segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

ISRAEL KAMAKAWIWO’OLE – UMA HOMENAGEM À SIMPLICIDADE (Samuel Rangel)








Quando assisti ao filme “Encontro Marcado”, estrelado por Anthony Hopkins, Claire Forlani e Brad Pitt, não pude deixar de perceber a música ao final do filme. Tratava-se de uma versão muito sutil e simples que unia as músicas "Over the Rainbow” e “What a Wonderful World", interpretada simplesmente ao som de um violão havaiano.

Na época até tentei reproduzir aquela versão pela sua beleza singular, porém, como esbarrei em meu inglês sórdido, acabei deixando de lado aquela música. Passados alguns anos, lembro-me de ter alugado novamente o filme pura e simplesmente pela música (independentemente da qualidade daquele roteiro e da belíssima atuação do elenco), o que em se tratando de músicos não é nada que possa causar espanto.

E assim o tempo foi passando, até que, neste final de semana, finalmente resolvi achar a música na internet, e buscar trabalhos semelhantes do cantor daquela versão.

Gravei algumas músicas e fui até o Espaço A do Ítalo, onde saboreamos uma bela picanha (valeu comparsa), ao som das músicas havaianas de Israel Kamakawiwo’ole.

Ao retornar para casa, resolvi aprofundar a pesquisa. Descobri então que trata-se de Israel Kamakawiwo'ole (nome artistico de Israel Ka'ano'i Kamakawiwo'ole) nascido em 20 de Maio de 1959, na cidade de Honolulu, . Sempre foi famoso não só pela música mas pelas letras que exprimiam o amor pela sua cultura e raízes (Israel era descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos). Também nunca ocultou a sua posição a favor da independência do Havai e de defesa dos direitos dos havaianos. Um de seus álbuns mais famosos foi "Facing the Future", de 1993, trabalho que o lançou para a fama mundial, continha o tema "Over the Rainbow e What a Wonderful World" ( a versão a que me refiro) onde mistura esses dois clássicos da música dos E.U.A.: a primeira do filme "O Mágico de Oz", e a segunda eternizada na voz rouca de Louis Armstrong, onde apenas se ouve a sua voz suave acompanhada pelo seu ukelele A música rapidamente se tornou um êxito mundial e que lhe rendeu vários prémios.

Ele criou um estilo contemporâneo da música tradicional Havaiana ao gravar o clássico essa versão.
Hoje, prosseguindo na pesquisa, descobri que ao longo da sua carreira musical, Iz debateu-se com muitos problemas de saúde relacionados com o seu peso excessivo chegando a pesar 343 kg, para um corpo com 1,88m. Em Honolulu no dia 26 de Junho de 1997, Israel que usava também o nome "Braddah IZ”, faleceu aos 38 anos devido a problemas respiratórios causados pela obesidade mórbida.

Em todos os cantos do Havai, ainda se escuta a música dele.

O interessante é que pelas coincidências do destino, na sala de minha casa a televisão estava ligada no canal TNT, e percebi que estava sendo exibido o filme “Como se fosse a primeira vez” (Sinopse: O simpático Henry Roth (Sandler) é um veterinário que mora do Havaí e que adora a companhia de mulheres solteiras em passeio à ilha. Entretanto, ele deixa sua vida de playboy de lado quando acaba por se apaixonar por Lucy (Barrymore), que sofre de uma estranha doença: a moça esquece tudo o que acontece com ela ao final do dia. Graças a essa simples premissa, Lucy não reconhece Henry dia após dia como a mesma pessoa, então, o rapaz tem que fazer de tudo para que ela se apaixone por ele, todos os dias!), outro belíssimo roteiro que vale a pena assistir, e note-se que na foto da capa do filme, Sandler segura exatamente um Ukelele (pequeno violão típico havaiano).

Enquanto trabalhava na minha pesquisa, podia ouvir esse ou aquele diálogo do filme, bem como, apreciar sua trilha sonora. Qual não foi a surpresa quando já no final do filme ouvi o simpático ukelele e a voz de Israel cantando exatamente a versão que eu pesquisava.

Coincidência a parte, inclusive pelo fato de respeitar demais tão bela versão, reputo esta uma das mais belas releituras dos referidos clássicos, muito mais pela simplicidade despretensiosa, marcada pela sensibilidade ímpar deste cantor.

Há poucos dias, escrevi sobre o processo criativo, e agora me deparo com meus próprios argumentos. Ainda que não tem ele composto esses dois clássicos, a versão que ele compôs, revela o quanto o local onde a arte é criada interfere no resultado final.

A versão que Israel nos deixa é uma verdadeira herança, capaz de nos questionar a tendência inútil e nociva de complicar a arte. Tanto quanto em relacionamentos, a simplicidade traça a arte em linhas claras e encantadores.

Por outro lado, ao assistir este vídeo, é impossível não perceber todo o carinho que foi dedicado a Israel, dando clara mostra de que ainda que a arte tem seu custo emocional, ela ainda vale muito a pena.

Vale a pena ouvir.

http://www.youtube.com/watch?v=PL-uL2M3xvM&eurl=

Outros vídeos:
BAIXAR
A MÚSICA DOS FILMES ECONTRO MARCADO/COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ
OUTROS TRABALHOS DE ISRAEL QUE VOCÊ PRECISA CONHECER MELHOR