Juca era um ator de uma pequena companhia de teatro mambembe, viajava pelas cidadezinhas do interior apresentado suas peças. E nem bem desembarcava em uma cidade, já estava de partida. Por isso Juca não tinha muita sorte nas coisas do amor. Seus relacionamentos eram resumidos aos poucos encontros com essa ou aquela moça do público, que encantada pela arte, caía em suas graças. E foi assim que um dia Juca chegou à cidade de São João da Prata.
Dessa vez a companhia ganhava as glórias de um palco, o da Sociedade Cultural Desportiva e Recreativa Pratense, e pela primeira vez naquela turnê, iria apresentar a sua peça em uma temporada de cinco dias. Todos da companhia ficaram encantados, e se reuniram para ensaiar a peça uma última vez antes da estréia em São João da Prata. Queriam fazer um belo espetáculo para os pratenses.
No dia da estréia, todos ocuparam o palco com muito capricho. Quando Juca entrou, concentrou-se tanto em seu desempenho que nem pode notar Morena, sentada na terceira fila de cadeiras. Morena era uma belíssima moça, que ganhara esse apelido pelos seus longos e cacheados cabelos. Era realmente uma mestiça capaz de levar ao mundo a beleza da mulher brasileira.
Ao final da peça Juca percebeu Morena, e eles trocaram olhares. Juca ficou ali estático diante de tanta beleza, mas Morena veio até o palco e pediu um autógrafo a Juca. Juca jamais tinha dado um autógrafo em toda a sua carreira. Morena saiu do salão do clube andando lentamente. A cada dois ou três passos, Morena olhava para trás, e antes que passasse pela porta que levava à rua, sorriu suavemente para Juca. Juca ficou encantado com tanta beleza e um suspiro colocou para fora todo o seu juízo. Juca então era vítima de uma paixão a primeira vista.
No Hotel, enquanto os atores da companhia comentavam o sucesso da peça, Juca ficou ali sonhando com a morena que lhe havia tirado o fôlego. Ele pensava em uma forma de reencontrar Morena. Ele tinha ao menos que falar com ela mais uma vez. Juca não dormiu naquela noite.
No segundo dia de apresentação Juca entrou no palco olhando para a terceira fileira. Procurando por Morena, mas ela não estava lá. Em sua encenação Juca se concentrou muito, até que percebeu sua linda morena bem ao centro, na primeira fila, quase debruçada no palco. Juca interpretou a peça quase que somente para ela. Os únicos momentos em que seus olhos se desviaram dela foram naqueles em que a cena exigia. Sempre que seus olhos eram livres, eles mergulhavam nos olhos da encantadora mulher.
Após a peça, Juca se adiantou em ir falar com a mulher. Mas o diretor da companhia reuniu os atores para analisar a apresentação. Juca não teve tempo de ficar muito com Morena, mas ao menos já sabia o seu nome. Na reunião o diretor elogiou o desempenho de Juca, e deu-lhe a autorização para improvisar em suas cenas.
Mais uma noite que Juca se revirou entre as cobertas, e lá estava ele novamente no palco. Morena assistia à peça pela terceira vez, e na primeira fila novamente. Na cena em que seu personagem fala de sentimentos, Juca usou de todo o seu talento para declarar-se à Morena. Ela ficou lisonjeada. Ao final da peça ele tentou falar com ela mais uma vez, mas ela pediu desculpas e saiu correndo, enrubescida pela declaração de Juca.
Durante a noite, Juca não dormiu novamente. E na quarta apresentação tinha a expressão do cansaço e da ansiedade. Cansado por sonhar acordado, e ansioso pela visão de sua Morena. Quando entrou ao palco, foi logo olhando para a cadeira da primeira fila. Não a viu. Procurou pelo salão inteiro e não a encontrou. Juca fez uma péssima apresentação naquele dia. Sua inspiração não estava lá. Sua musa havia o deixado. Ao final, um bilhete entregue por uma desconhecida trazia o recado.
Querido Juca
Queria muito ir te ver, mas tive que ficar cuidando de minha irmã. Perdoa-me que amanhã vou te ver com todo certeza.
Um beijo para você.
Ass. Morena.
E Juca voltou ao hotel com aquele papel na mão. Por algumas vezes chegou a levar o papel ao rosto para sentir o suave perfume das mãos de Morena. E Juca dormiu agarrado ao bilhete.
Era a última apresentação, e a companhia estava eufórica com o sucesso. O diretor chamou Juca antes da apresentação e lhe perguntou o que havia acontecido no dia anterior. Após algumas palavras evasivas de Juca, o Diretor falou a Juca: Esta é a última apresentação aqui. Eu quero que você brinque com o público, e na cena do Baile, você pode até convidar alguém do público para dançar. Juca ouviu aquelas palavras como se fossem a voz de um anjo.
Juca entrou em cena e viu Morena na primeira fila novamente. Ali interpretou a paixão de seu personagem e a sua ao mesmo tempo, sem conflitos, em perfeita harmonia de ator e personagem. Misturou fantasias e realidades de forma tão incrível, que o público veio às lágrimas. Quando chegou a cena do baile, Juca foi até Morena e convidou-a a dançar. Morena nem titubeou. Era como se os dois estivessem a sós em um salão de baile. E Juca declarou para Morena sua paixão enquanto dançava. Ao final da música, Juca beijou caprichosamente a boca de Morena, e se demorou a recobrar. O público levantou-se e bateu palmas. Juca então nem acreditava no que estava acontecendo.
Ao final da peça, o público subiu ao palco, e enquanto alguns abraçavam Juca, outros afastavam Morena. Desesperado Juca viu sua paixão sumindo em meio ao público eufórico, mas sem que pudesse fazer nada, seu diretor o arrastou para a coxia e comemorando lhe deu os parabéns dizendo: Juca meu amigo. Com sua atuação conseguimos um contrato de um mês na Capital. Ensaios pagos, patrocinadores e tudo o mais que a companhia merece. Meus parabéns. As coisas já estão no ônibus e estamos de partida. O assessor do prefeito vai conosco. Estamos de partida.
E Juca foi arrastado para dentro de um luxuoso ônibus, onde foi aplaudido pelo elenco. Juca olhava pela janela e viu sua Morena acenando com lágrimas nos olhos.
Juca então desceu e disse a Morena que voltaria em breve. Apenas cumpriria o contrato na capital e juntaria algum dinheiro para retornar para São João da Prata. Morena entregou-lhe em um papel de pão uma declaração de amor e seu endereço. Beijaram-se apaixonadamente e Juca partiu para o sucesso.
Trocaram cartas todos os dias.
Em Curitiba Juca cumpriu o contrato, e em suas interpretações imaginava Morena no público. Assim conseguiu atuar tão bem, que ao final da temporada de um mês, chegou um convite para apresentar a peça em Salvador, durante um ano inteiro.
Porém, Juca então olhou para o seu diretor, comunicou-o que estava se desligando da companhia e indo para São João da Prata, ter com sua Morena. Seu diretor ficou estático não acreditando no que estava ouvindo, pois Juca havia realizado o sonho de qualquer ator. O diretor só entendeu que Juca precisava realizar o seu sonho de homem mais do que de ator. Tudo ficou claro quando ele deu-lhe as costas e saiu sorrindo e falando: Vou ver Morena. Vou ver Morena. Vou ver minha Morena.
E foi tão rápido quanto era forte sua ansiedade. Juca embarcou chegou antes da carta, e por isso não havia ninguém esperando quando desceu na rodoviária de São João da Prata.
Juca entendeu. E foi para o hotel se hospedar. Não chegou a desfazer as malas. Simplesmente escolheu sua melhor calça, a sua melhor camisa, tomou seu banho demorado, colocou seu perfume da Natura e foi para o endereço onde se correspondia com Morena.
Lá chegando, era um salão de beleza. Quando entrou, viu Morena fazendo as unhas de uma senhora. O silêncio tomou conta do local, e foi interrompido quando as meninas que trabalhavam no salão começaram a gritar e bater palmas. Morena saiu correndo e pulou sobre Juca, beijando-o com toda a paixão e saudade.
Antes que pudessem se separar, a dona do salão dispensou Morena do trabalho. Sorridentes e agora juntos, saíram os dois de mãos dadas andando pelo pequeno calçadão de São João da Prata. Sentaram-se no primeiro bar aberto, e ali ficaram a namorar. Juca disse da proposta de ir para Salvador, e perguntou a Morena se ela poderia ir junto. A resposta foi sim. Era como se o destino tivesse roubado a batina de um padre e feito os dois casados naquele momento.
Então Juca se deleitava com realidade. E todos ali no bar conheciam a história, paparicando o casal, e dando a Júlio as glórias de um ator consagrado. Pessoas que jamais tinha visto mandavam servir cervejas ao casal para comemorar as bodas com o destino. Beijos, abraços e carinhos. Sorrisos largos e encantados. Juca estava feliz em toda a plenitude de seu sonho.
De olhos fechados enquanto beijava Morena, ouviu uma voz grossa e forte chamando por Morena. Juca ficou atordoado com aquilo. Quando conseguiu abrir os olhos, viu um enorme cidadão, forte como um touro, botas e chapéu de peão, e um olhar de sangria. Juca não entendeu.
O homem veio até Morena e a puxou pelo braço, levando-a até o outro lado da Rua. Todos no bar ficaram em silêncio. Juca achou que seu dever de homem, era defender sua mulher. E quando se dirigia para o outro lado da rua, foi interrompido pelo dono do bar. Ele disse a Juca que não deveria se meter, pois aquele era o Bigorna, um capataz de uma grande fazenda conhecido pela sua força, com um vasto currículo de vítimas que se meteram com ele. Juca desceu o pouco de saliva que tinha na boca pela garganta, e sem respirar, viu quando Bigorna o olhou.
A paixão lhe tirou o Juízo. Atravessou a rua e interrompeu a discussão. Bigorna fechou os punhos e o olhou. Morena então chorando disse a ela que não interferisse. Juca insistiu, mas Morena mandou que Juca voltasse ao bar. Juca, consciente de que havia cumprido o seu papel, voltou ao bar e encostou-se no balcão para não dar as costas ao Bigorna.
O dono do bar que atendia ao balcão veio até Juca e aconselhou-o a ficar quieto, pois Bigorna era noivo de Morena. Juca não entendeu, e o dono do bar explicou melhor. Embora Morena não o quisesse mais, Bigorna é quem decidia o futuro de Morena, e como ele tinha uma vastidão de proezas que envolviam sangue e ossos quebrados, ninguém tinha coragem de interferir. Além da força dos braços de Bigorna, ele tinha a loucura da paixão pela moça, e por ela faria qualquer coisa, inclusive, mantê-la consigo independentemente da vontade dela. E ali ficou o dono do bar contando histórias de Bigorna, que mais pareciam histórias de terror.
Depois de algum tempo, Morena atravessou a rua chorando. Quando Juca vai até ela e lhe pergunta o que aconteceu, Morena lhe diz que Bigorna foi para a casa buscar um revólver para matar os dois. Juca então consegue imaginar a foto do casal caído ao chão, envolto em sangue, estampada na primeira página do Correio da Prata. Juca fica desesperado, e o choro de Morena aumentou seu desespero.
Mas quando a corda começa a arrebentar, você não se preocupa com quem está para baixo de você. E o choro de Morena começa a sumir diante do desespero de Juca. Ele precisava salvar a sua vida. Sim, ele precisava salvar sua própria vida. Ele não tinha culpa de Morena ter lhe ocultado a história com Bigorna.
Quando o desespero de Juca veio para a sua boca, ele perguntou ao dono do bar onde morava o tal Bigorna. Ao saber o local, Juca saiu correndo a toda. Ele tinha a intenção de falar com Bigorna. Por mais forte que fosse a surra que levaria, era bem melhor do que levar tiros.
Por isso suas pernas correram mais do que nunca. Mas para o seu desespero, não encontrou Bigorna. Vendo um cidadão que lavava o carro na rua, perguntou com olhos furiosos onde poderia encontrar Bigorna. O cidadão disse que não sabia. E ele insistiu, mas não adiantou. Voltou ao bar para pedir melhores informações, mas quando chegou, foi aplaudido de pé.
O dono do bar pediu a palavra e começou a elogiar a atitude de Juca.
“Gente. Eu vi tudo, e quero mais uma salva de palmas para esse homem de verdade. Por mais que eu tenha falado o quanto Bigorna era perigoso, Juca saiu no encalço dele colocando-o para correr. Finalmente alguém acabou com o Bigorna. A partir de hoje ninguém mais vai ficar em silêncio. E vamos chamar a polícia para esclarecer todas as mortes das mãos de bigorna. Ele não vai mais fazer isso.”
Então Juca percebeu que ninguém havia entendido usa intenção. Eles acharam que Juca correu atrás de Bigorna para pega-lo e nem perceberam que sua intenção era diminuir o seu prejuízo a não mais que alguns socos na cara.
E então o povo pratense voltou a aplaudir. Juca tinha virado um herói. Mas Juca não havia entendido o engano. Foi quando reconheceu dentre os presentes o rapaz que lavava o carro. Ele levantou-se e começou a falar:
Eu via cara do Bigorna. Quando eu tava lavando o carro e falei que o Juca estava procurando por ele, o Bigorna pegou o rumo da fazenda e não voltou mais.
Dentre todos que estavam ali, não havia ninguém mais feliz que Morena. Agora Morena estava livre, pronta para amar Juca em toda sua existência. Seu amado era um herói em São João da Prata já no primeiro dia de sua chegada. E Juca de certa forma se embriagou com a sua glória, ainda que ela fosse uma farsa. Com mais goles de cerveja, passou a contar histórias de peripécias onde sempre colocava um gigante para correr. Contava epopéias de surras em malfeitores, e lições de cinta em machões de cozinha.
Mas o bar foi esvaziando. As histórias foram se cansando. E Juca está ali, na cidade de Bigorna, vivendo de falsas glórias conquistadas nas costas dele. O Anjo da guarda, fazendo as vezes do juízo, sussurrou uma pergunta no ouvido de Juca. ATÉ QUANDO ESSA FARSA VAI DURAR?
A garganta de Juca secou novamente, e ele percebeu que aquela peça só tinha final feliz até o primeiro ato. No final, a tragédia grega seria a maior probabilidade. Então Juca pediu licença a Morena e disse que precisava ir ao hotel, pois queria tomar um banho e trocar de roupa.
Juca foi ao hotel, pegou as malas e levou-as até a rodoviária. Lá ele comprou uma passagem para Curitiba em um ônibus que partiria as 23:45 h. Para esconder seu plano, deu cinco cruzeiros para que um menino cuidasse de sua bagagem até a meia-noite e voltou para o bar. Ao menos, no bar ele ainda tinha alguns novos amigos, e se necessário fosse, poderia se esconder atrás de alguém se Bigorna retornasse para cumprir as juras de morte.
Sentou-se no bar e continuou ali com Morena. Tinha no rosto a expressão de um herói, mas no peito os sentimentos de um covarde. Assim se passaram mais duas horas. Quando eram onze e quinze da noite, Juca disse a Morena que estava cansado e iria dormir. Foi com Morena até a entrada do hotel. Morena esperava um convite para subir que não aconteceu. Juca disse que precisava descansar, e que a veria na manhã seguinte.
Morena deu-lhe as costas e saiu feliz com a proposta de vê-lo no outro dia. Quando Morena dobrou a esquina, faltavam menos de cinco minutos para o embarque. E Juca venceu quadra a quadra o caminho da rodoviária. Quando lá chegou, o ônibus estava manobrando para sair. Desesperado Juca mostrou o bilhete de passagem, e a porta se abriu. Juca colocou o pé direito no estribo, olhou para a rodoviária de São João da Prata sabendo que nunca mais voltaria para lá.
Juca esqueceu Morena.
Dizem que Juca anda apresentando suas peças por aí, e não mais se apaixonou por ninguém.
Morena? Morena esta casada com Bigorna e mora ainda em São João da Prata, mas hoje parece que é ela que manda em casa.
Tudo isso não aconteceu, mas se aconteceu foi bem parecido e não igual.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
terça-feira, 30 de outubro de 2007
TEORIA DO RIDÍCULO (Samuel Rangel)
TEORIA DO RIDÍCULO (Samuel Rangel)
Ontem cheguei à minha casa cedo, liguei a televisão e sintonizei na RPC. Eu queria conferir o resultado de um trabalho que fiz com o Diogo Portugal há uma semana. Tratava-se de uma paródia em cena do filme Tropa de Elite, onde dois policiais velhinhos desembarcavam de um bólido da marca Volkswagem ainda mais velho para “enfrentar o crime”.
Eu?
Bom ...
É ....
Veja bem ....
Ok. Não precisa me bater. Eu conto. Na cena eu interpretava um Traficante que dava o “arrêgo” para os policiais.
E qual o problema disso?
Pois bem. Não é lá muito educativo interpretar um traficante, e mais ainda quando o figurino é uma bermuda 1976, com uma regata boa de mexer cimento, acompanhadas de uma meia de nylon na cabeça. Ma isso não é tudo. Observe então o óculos de pagodeiro na cara.
Realmente é algo que marcou minha carreira. Mas poderia ser pior. Imagina se aquilo fosse gravado em uma externa, com um frio do cão, e bem no meio do morro mesmo. Imaginou?
E não é que foi.
Quando vi o resultado de quatro horas de gravação dispostos em uma cena de dois minutos, comecei a rir sozinho, ao mesmo tempo em que eu rezava para ter acabado a luz no resta da cidade de Curitiba.
Eu torci, torci, torci e torci mesmo para a audiência ser a menor possível.
Não adiantou minha torcida.
As mensagens começaram a chegar ao telefone. Tentei então me refugiar na internet. Se eu ocupar o meu cabeção agora sem meia, quem sabe eu possa relaxar.
Bobagem. O MSN começou a piscar enlouquecido. Os amigos tentavam dar algum apoio. Os amigões já faziam mais: Cara. Tu tava ridículo!
Nessa hora lembrei de um texto que escrevi: Dias cinzas, publicado neste blogue aqui no mês de agosto.
Quero então usar aquele trecho, onde eu dizia:
“Já que o dia quer te fazer de palhaço, ocupe o picadeiro com dignidade. Seja o melhor palhaço do mundo, e faça os outros rirem pela tua enorme capacidade de digerir sua própria tragédia, e transformá-la em uma alegria surpreendente.”
Reféns de nossas vaidades, cultivamos uma espécie de pavor ao ridículo, e exatamente por causa deste pavor às vezes deixamos de viver tantas e tantas coisas.
Mas é hora de contabilizar. Eu que sou um xucro nas artes do monetário, resolvo então fazer cálculos do custo e benefício.
Embora meus critérios possam sempre ser questionados, quero dizer que valeu a pena.
Foi muito bom ver o meu amigo Diogo Portugal dando autógrafos para as crianças que o cercavam no local da gravação. Temos um talento curitibano reconhecido, e o que é melhor, pelos próprios curitibanos. Isso é incrível.
Então percebi que, realmente, se tivesse sucumbido aos ditames deste pavor, eu não teria subido ao palco, pela primeira vez, com meus tenros e longínquos doze anos, acompanhado de meu violão recondicionado. E se tivesse agido assim, teria deixado de fazer muitas das minhas amizades que tiram sarro da minha cara até hoje.
Se tivesse ouvido os conselhos desse pavor, não teria atuado na peça Bar Doce Lar, onde tive a honra de rir e fazer rir com mais de vinte e quatro mil pessoas que compartilharam comigo aqueles momentos de palco.
Analisando o tema, ouso invocar a minha velha, mas infalível, teoria do ridículo.
Não podemos deixar de viver com medo de que a vida brinque conosco.
E cá entre nós, o homem não é e nunca será um ser tão bonitinho assim.
Acordamos nos espreguiçando de forma ridícula. Levantamo-nos com um cabelo ridículo, e quando chegamos ao espelho ... Francamente. O que é isso meu senhor? Seria melhor então não acordar?
Mas tudo bem. Seguimos nossa vida tentando dar as costas ao ridículo. E vamos nós filosofar na cerâmica do nosso reservado. E isso não é ridículo? Seria melhor não ter levado tão a sério aquela costela de sábado.
Mas seguimos nossa vida negando esse ridículo que nos assombra.
Aceitamos o convite da bela garota para ir ao teatro ver aquela mercadoria de peça do amigo dela que se acha comediante.
Sentamo-nos e observamos.
Então a gente espera o povo bater palmas para bater junto. Desta forma não nos destacaremos. E o ridículo esta afastado, exceto em nosso lábios que se mordem esperando o momento exato de aplaudir.
Mas para que tanta austeridade com este ser ridículo que somos?
Aqueles que são ridículos levantem a mão agora. Eu sei que é ridículo você levantar a mão no seu serviço, mas trate isso como a versão humanística da teoria da libertação do ridículo.
Nós, da espécie Homo Sapiens, somos definitivamente ridículos.
E para encerrar o assunto e provar que assim somos, conduzo o tema ao auge da alegria, da realização e do prazer.
Sim. O momento mágico em que você com a pessoa amada chegou lá.
Pare com essa história de dizer que viu estrelas que isso é ridículo.
Pois bem. Até neste momento somos ridículos.
Não?
Primeiramente, vamos a vocalização. Será que algum ser iluminado poderia me dizer o que significa aquele bando de combinações de vogais que largamos quando estamos quase lá: “A”, “U”, “OU”, “IÉ”. Isso para os homens, pois as mulheres ainda usam o “AI” e o “UI”. As únicas combinações de vogais que não combinam com esse momento são “I” e “Ei”.
Se a mulher falar isso, fuja companheiro.
Mas existe algo mais ridículo que isto.
Não acredita?
Quando chegar ao auge do clímax entre homem e mulher, olhe bem para os seus dedos dos pés.
Já olhou?
Os dedos se abrem, se contorcem de forma incrível, parece querer subir em uma árvore.
Opa. Foi mal.
Desculpa aí. Parece que as mulheres não vão mais poder fingir o orgasmo.
Mas cá entre nós. Esse lance de fingir orgasmos é ridículo mesmo.
Da próxima vez que tiver dúvida companheiro, olhe bem para os pés dela. Só evite que ela perceba que você esta observando. E se puder, evite rir também. Seria ridículo você rir em uma hora dessas.
Mas nós poderíamos ser ainda mais ridículos.
Nós poderíamos estar agarrados à cadeira da Presidência do Senado.
Ou nós poderíamos ser Juízes amigos de narcotraficantes.
Nós poderíamos ser tão ridículos que seríamos capazes de misturar soda cáustica ao leite que o povo toma.
Mas nós poderíamos ser infinitamente ridículos, sendo presidentes deste país e dizendo que não sabíamos de nada.
Pensando bem...
Até que a gravação ficou melhor do que poderia ser.
Ontem cheguei à minha casa cedo, liguei a televisão e sintonizei na RPC. Eu queria conferir o resultado de um trabalho que fiz com o Diogo Portugal há uma semana. Tratava-se de uma paródia em cena do filme Tropa de Elite, onde dois policiais velhinhos desembarcavam de um bólido da marca Volkswagem ainda mais velho para “enfrentar o crime”.
Eu?
Bom ...
É ....
Veja bem ....
Ok. Não precisa me bater. Eu conto. Na cena eu interpretava um Traficante que dava o “arrêgo” para os policiais.
E qual o problema disso?
Pois bem. Não é lá muito educativo interpretar um traficante, e mais ainda quando o figurino é uma bermuda 1976, com uma regata boa de mexer cimento, acompanhadas de uma meia de nylon na cabeça. Ma isso não é tudo. Observe então o óculos de pagodeiro na cara.
Realmente é algo que marcou minha carreira. Mas poderia ser pior. Imagina se aquilo fosse gravado em uma externa, com um frio do cão, e bem no meio do morro mesmo. Imaginou?
E não é que foi.
Quando vi o resultado de quatro horas de gravação dispostos em uma cena de dois minutos, comecei a rir sozinho, ao mesmo tempo em que eu rezava para ter acabado a luz no resta da cidade de Curitiba.
Eu torci, torci, torci e torci mesmo para a audiência ser a menor possível.
Não adiantou minha torcida.
As mensagens começaram a chegar ao telefone. Tentei então me refugiar na internet. Se eu ocupar o meu cabeção agora sem meia, quem sabe eu possa relaxar.
Bobagem. O MSN começou a piscar enlouquecido. Os amigos tentavam dar algum apoio. Os amigões já faziam mais: Cara. Tu tava ridículo!
Nessa hora lembrei de um texto que escrevi: Dias cinzas, publicado neste blogue aqui no mês de agosto.
Quero então usar aquele trecho, onde eu dizia:
“Já que o dia quer te fazer de palhaço, ocupe o picadeiro com dignidade. Seja o melhor palhaço do mundo, e faça os outros rirem pela tua enorme capacidade de digerir sua própria tragédia, e transformá-la em uma alegria surpreendente.”
Reféns de nossas vaidades, cultivamos uma espécie de pavor ao ridículo, e exatamente por causa deste pavor às vezes deixamos de viver tantas e tantas coisas.
Mas é hora de contabilizar. Eu que sou um xucro nas artes do monetário, resolvo então fazer cálculos do custo e benefício.
Embora meus critérios possam sempre ser questionados, quero dizer que valeu a pena.
Foi muito bom ver o meu amigo Diogo Portugal dando autógrafos para as crianças que o cercavam no local da gravação. Temos um talento curitibano reconhecido, e o que é melhor, pelos próprios curitibanos. Isso é incrível.
Então percebi que, realmente, se tivesse sucumbido aos ditames deste pavor, eu não teria subido ao palco, pela primeira vez, com meus tenros e longínquos doze anos, acompanhado de meu violão recondicionado. E se tivesse agido assim, teria deixado de fazer muitas das minhas amizades que tiram sarro da minha cara até hoje.
Se tivesse ouvido os conselhos desse pavor, não teria atuado na peça Bar Doce Lar, onde tive a honra de rir e fazer rir com mais de vinte e quatro mil pessoas que compartilharam comigo aqueles momentos de palco.
Analisando o tema, ouso invocar a minha velha, mas infalível, teoria do ridículo.
Não podemos deixar de viver com medo de que a vida brinque conosco.
E cá entre nós, o homem não é e nunca será um ser tão bonitinho assim.
Acordamos nos espreguiçando de forma ridícula. Levantamo-nos com um cabelo ridículo, e quando chegamos ao espelho ... Francamente. O que é isso meu senhor? Seria melhor então não acordar?
Mas tudo bem. Seguimos nossa vida tentando dar as costas ao ridículo. E vamos nós filosofar na cerâmica do nosso reservado. E isso não é ridículo? Seria melhor não ter levado tão a sério aquela costela de sábado.
Mas seguimos nossa vida negando esse ridículo que nos assombra.
Aceitamos o convite da bela garota para ir ao teatro ver aquela mercadoria de peça do amigo dela que se acha comediante.
Sentamo-nos e observamos.
Então a gente espera o povo bater palmas para bater junto. Desta forma não nos destacaremos. E o ridículo esta afastado, exceto em nosso lábios que se mordem esperando o momento exato de aplaudir.
Mas para que tanta austeridade com este ser ridículo que somos?
Aqueles que são ridículos levantem a mão agora. Eu sei que é ridículo você levantar a mão no seu serviço, mas trate isso como a versão humanística da teoria da libertação do ridículo.
Nós, da espécie Homo Sapiens, somos definitivamente ridículos.
E para encerrar o assunto e provar que assim somos, conduzo o tema ao auge da alegria, da realização e do prazer.
Sim. O momento mágico em que você com a pessoa amada chegou lá.
Pare com essa história de dizer que viu estrelas que isso é ridículo.
Pois bem. Até neste momento somos ridículos.
Não?
Primeiramente, vamos a vocalização. Será que algum ser iluminado poderia me dizer o que significa aquele bando de combinações de vogais que largamos quando estamos quase lá: “A”, “U”, “OU”, “IÉ”. Isso para os homens, pois as mulheres ainda usam o “AI” e o “UI”. As únicas combinações de vogais que não combinam com esse momento são “I” e “Ei”.
Se a mulher falar isso, fuja companheiro.
Mas existe algo mais ridículo que isto.
Não acredita?
Quando chegar ao auge do clímax entre homem e mulher, olhe bem para os seus dedos dos pés.
Já olhou?
Os dedos se abrem, se contorcem de forma incrível, parece querer subir em uma árvore.
Opa. Foi mal.
Desculpa aí. Parece que as mulheres não vão mais poder fingir o orgasmo.
Mas cá entre nós. Esse lance de fingir orgasmos é ridículo mesmo.
Da próxima vez que tiver dúvida companheiro, olhe bem para os pés dela. Só evite que ela perceba que você esta observando. E se puder, evite rir também. Seria ridículo você rir em uma hora dessas.
Mas nós poderíamos ser ainda mais ridículos.
Nós poderíamos estar agarrados à cadeira da Presidência do Senado.
Ou nós poderíamos ser Juízes amigos de narcotraficantes.
Nós poderíamos ser tão ridículos que seríamos capazes de misturar soda cáustica ao leite que o povo toma.
Mas nós poderíamos ser infinitamente ridículos, sendo presidentes deste país e dizendo que não sabíamos de nada.
Pensando bem...
Até que a gravação ficou melhor do que poderia ser.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
LEITE, SEGURANÇA PÚBLICA E OS CONSELHOS DE MINHA AVÓ. (Samuel Rangel)
Lembro-me com alguma clareza quando minha avó, percebendo que havíamos nos intoxicado com a tinta que usamos para pintar a casa, disse: “beba um copo de leite meu neto”. E realmente funcionou. O leite realmente cortava o efeito tóxico da tinta.
Mas o tempo passou, e fico pensando que agora, com o leite que andamos bebendo, se eu ligar hoje para a minha avó, ela poderá me mandar tomar um litro de tinta para cortar o efeito do leite.
O leite é agora caso de segurança pública.
Falando em segurança, e lembrando de tinta, são dias bem esquisitos estes que atravessamos. Não me recordo em minha infância da figura das Empresas de Segurança. Lembro-me apenas dos vigias noturnos, que andavam com seu cassetete de imbuia e soando seu apito. Atualmente, em tempo de empresas como Impacto e Centronic, a sorte é não encontrar com a segurança.
A verdade é que ganha dinheiro quem sabe interpretar a necessidade, e fica milionário quem cria a necessidade. Quem sabe possamos agora criar uma Empresa de Insegurança. Venderíamos o serviço assim: Se a Segurança bater a sua Porta, Ligue para Insegurança Total Ltda. Nós acabaremos com a segurança.
Segurança nem deveria ser coisa privada, pois deve ser garantida pelo Estado. Mas como mais da metade da população encontra-se nos limites da miséria, e não tem muito “o que ser roubado”, o Estado entende que pode cortar o efetivo da polícia, as viaturas, e os salários pela metade.
Sem contar que hoje, ao ligar para o 190, as coisas funcionam como um 0800 daqueles que irrita qualquer um. Falta pouco para chegarmos ao tempo em que o 190 atenderá assim.
- Boa Noite. Sua ligação é muito importante para nós. Em breve estaremos atendendo a sua ligação. O tempo de espera previsto é de cinco minutos. Para acelerar o seu atendimento, disque 1 para casos de urgência, disque 2 para outros casos.
Você esta ali com o ladrão tentando arrombar a sua porta e desesperado disca o número 1.
A voz do outro lado diz:
- Aguarde.
E coloca uma música de sala de espera de consultório de odontologia para tocar. Um minuto depois, quando o ladrão já conseguiu arrombar a porta, a maldita voz fala:
- Disque 1 para homicídio, 2 para assaltos, 3 para seqüestro.
Você disca o dois.
A voz fala então:
- Disque 1 se o assaltante esta armado com revólver, disque 2 se o assaltante estiver armado com pistola, dique 3 se você não sabe a diferença. Em breve um atendente irá lhe dar as instruções necessárias.
O assaltante acaba de arrombar a porta, entra na sua casa. Como ele sabe que a polícia não vem ele nem manda você desligar o telefone. Ele começa a carregar seu DVD, sua TV de plasma, e você ali, ouvindo aquela musiquinha no telefone.
Após algum tempo, que você digitou o 1, mesmo não sabendo se era revólver ou não, aquela maldita voz vem com mais uma opção:
- Digite um se o assalto esta em andamento, digite 2 se o ...
Você perde a paciência. Atira o telefone na parede. O aparelho ricocheteia na parede e vai de encontro à moleira do assaltante. Quando você percebe, o cara esta sem pulso estendido na sala do teu barraco. Você então percebe que por causa da sua raiva com a polícia, você matou o assaltante.
O pior é que quando o telefone deu no meliante, o policial atendeu do outro lado da linha e mandou uma viatura equipada com super-espaço (aquela super velocidade do filme Star War). Antes mesmo que você conseguisse começar a massagem cardíaca no assaltante sem sorte, uma “Tropa de Elite” entra na sua casa e registra o caso como Homicídio Qualificado.
Por quê?
Você matou um cara por causa de um DVD e uma TV de Plasma.
É conduzido à delegacia e jogado na cela do Ditão do X4, que tem dois problemas: Um apetite sexual insaciável e uma má formação congênita. Após quatro horas de luta corporal para manter sua dignidade, o negão vence.
Então alguém chama você para prestar seus esclarecimentos. Você fala para o delegado que estava sendo assaltado, sem poder sentar. O Delegado te pergunta por que você não ligou para a Polícia. Você informa que ligou. Como agora é tudo integrado, o delegado liga para a Central para saber do registro. O registro não é encontrado por que você não esperou a ligação ser finalizada.
Mas as coisas vão melhorar para você.
Chega então um advogado amigo do delegado, bem penteado, com um terninho de primeira, e pede sua casa, seu carro e a TV de plasma como honorários.
Antes que você possa dizer não, o Ditão acena de dentro da carceragem. Você aceita os honorários e ainda oferece um DVD para que ele seja mais rápido. Quando acaba o fôlego do Ditão, chega à Delegacia um Oficial de Justiça com um Alvará de Soltura.
Você pensa que está livre? Não senhor. Você esta sem carro e tem que pegar uma carona com o advogado. Quando esta na frente da Delegacia chega a imprensa policial, e entre tapas e encontrões filma a sua cara.
No dia seguinte sai no “programinha de quinta categoria”:
Homem mata por causa de um DVD e de uma TV de PLASMA. Coloca na tela.
E lá esta a tua cara. O advogado então te liga e diz que conhece o repórter. Se você quiser que ele dê uma aliviada, ele pode dar um jeito. Depois de matar um porco e um boi para dar ao o repórter no dia seguinte sai no programa a seguinte manchete.
- Homem que morreu por causa da TV de Plasma já tinha antecedentes.
Mais uma galinha no dia seguinte e então vem a notícia certa.
- A polícia descobriu que o homem que matou por causa da TV de Plasma estava sendo assaltado pela vítima.
Agora acabou seu sofrimento?
Não. Agora é hora de você ligar para o teu chefe e tentar reaver o seu emprego. Agora você tem que ligar para os seus conhecidos, tentando explicar o que aconteceu. E por último, esta na hora de você ir buscar sua mulher na casa da mãe dela. Opa. Você não tem mais casa. Vai ter que pedir para morar então com aquela jararaca, tentando-a convencer de que você não é violento, não vai bater na filha dela. Com muita paciência você conseguirá explicar para ela que o telefone ricocheteou na parede. Foi azar.
Conseguiu?
Ótimo. Então beba um copo de leite quente e vá dormir.
Ou melhor...
Não tome leite e não contrate segurança privada.
Mas o tempo passou, e fico pensando que agora, com o leite que andamos bebendo, se eu ligar hoje para a minha avó, ela poderá me mandar tomar um litro de tinta para cortar o efeito do leite.
O leite é agora caso de segurança pública.
Falando em segurança, e lembrando de tinta, são dias bem esquisitos estes que atravessamos. Não me recordo em minha infância da figura das Empresas de Segurança. Lembro-me apenas dos vigias noturnos, que andavam com seu cassetete de imbuia e soando seu apito. Atualmente, em tempo de empresas como Impacto e Centronic, a sorte é não encontrar com a segurança.
A verdade é que ganha dinheiro quem sabe interpretar a necessidade, e fica milionário quem cria a necessidade. Quem sabe possamos agora criar uma Empresa de Insegurança. Venderíamos o serviço assim: Se a Segurança bater a sua Porta, Ligue para Insegurança Total Ltda. Nós acabaremos com a segurança.
Segurança nem deveria ser coisa privada, pois deve ser garantida pelo Estado. Mas como mais da metade da população encontra-se nos limites da miséria, e não tem muito “o que ser roubado”, o Estado entende que pode cortar o efetivo da polícia, as viaturas, e os salários pela metade.
Sem contar que hoje, ao ligar para o 190, as coisas funcionam como um 0800 daqueles que irrita qualquer um. Falta pouco para chegarmos ao tempo em que o 190 atenderá assim.
- Boa Noite. Sua ligação é muito importante para nós. Em breve estaremos atendendo a sua ligação. O tempo de espera previsto é de cinco minutos. Para acelerar o seu atendimento, disque 1 para casos de urgência, disque 2 para outros casos.
Você esta ali com o ladrão tentando arrombar a sua porta e desesperado disca o número 1.
A voz do outro lado diz:
- Aguarde.
E coloca uma música de sala de espera de consultório de odontologia para tocar. Um minuto depois, quando o ladrão já conseguiu arrombar a porta, a maldita voz fala:
- Disque 1 para homicídio, 2 para assaltos, 3 para seqüestro.
Você disca o dois.
A voz fala então:
- Disque 1 se o assaltante esta armado com revólver, disque 2 se o assaltante estiver armado com pistola, dique 3 se você não sabe a diferença. Em breve um atendente irá lhe dar as instruções necessárias.
O assaltante acaba de arrombar a porta, entra na sua casa. Como ele sabe que a polícia não vem ele nem manda você desligar o telefone. Ele começa a carregar seu DVD, sua TV de plasma, e você ali, ouvindo aquela musiquinha no telefone.
Após algum tempo, que você digitou o 1, mesmo não sabendo se era revólver ou não, aquela maldita voz vem com mais uma opção:
- Digite um se o assalto esta em andamento, digite 2 se o ...
Você perde a paciência. Atira o telefone na parede. O aparelho ricocheteia na parede e vai de encontro à moleira do assaltante. Quando você percebe, o cara esta sem pulso estendido na sala do teu barraco. Você então percebe que por causa da sua raiva com a polícia, você matou o assaltante.
O pior é que quando o telefone deu no meliante, o policial atendeu do outro lado da linha e mandou uma viatura equipada com super-espaço (aquela super velocidade do filme Star War). Antes mesmo que você conseguisse começar a massagem cardíaca no assaltante sem sorte, uma “Tropa de Elite” entra na sua casa e registra o caso como Homicídio Qualificado.
Por quê?
Você matou um cara por causa de um DVD e uma TV de Plasma.
É conduzido à delegacia e jogado na cela do Ditão do X4, que tem dois problemas: Um apetite sexual insaciável e uma má formação congênita. Após quatro horas de luta corporal para manter sua dignidade, o negão vence.
Então alguém chama você para prestar seus esclarecimentos. Você fala para o delegado que estava sendo assaltado, sem poder sentar. O Delegado te pergunta por que você não ligou para a Polícia. Você informa que ligou. Como agora é tudo integrado, o delegado liga para a Central para saber do registro. O registro não é encontrado por que você não esperou a ligação ser finalizada.
Mas as coisas vão melhorar para você.
Chega então um advogado amigo do delegado, bem penteado, com um terninho de primeira, e pede sua casa, seu carro e a TV de plasma como honorários.
Antes que você possa dizer não, o Ditão acena de dentro da carceragem. Você aceita os honorários e ainda oferece um DVD para que ele seja mais rápido. Quando acaba o fôlego do Ditão, chega à Delegacia um Oficial de Justiça com um Alvará de Soltura.
Você pensa que está livre? Não senhor. Você esta sem carro e tem que pegar uma carona com o advogado. Quando esta na frente da Delegacia chega a imprensa policial, e entre tapas e encontrões filma a sua cara.
No dia seguinte sai no “programinha de quinta categoria”:
Homem mata por causa de um DVD e de uma TV de PLASMA. Coloca na tela.
E lá esta a tua cara. O advogado então te liga e diz que conhece o repórter. Se você quiser que ele dê uma aliviada, ele pode dar um jeito. Depois de matar um porco e um boi para dar ao o repórter no dia seguinte sai no programa a seguinte manchete.
- Homem que morreu por causa da TV de Plasma já tinha antecedentes.
Mais uma galinha no dia seguinte e então vem a notícia certa.
- A polícia descobriu que o homem que matou por causa da TV de Plasma estava sendo assaltado pela vítima.
Agora acabou seu sofrimento?
Não. Agora é hora de você ligar para o teu chefe e tentar reaver o seu emprego. Agora você tem que ligar para os seus conhecidos, tentando explicar o que aconteceu. E por último, esta na hora de você ir buscar sua mulher na casa da mãe dela. Opa. Você não tem mais casa. Vai ter que pedir para morar então com aquela jararaca, tentando-a convencer de que você não é violento, não vai bater na filha dela. Com muita paciência você conseguirá explicar para ela que o telefone ricocheteou na parede. Foi azar.
Conseguiu?
Ótimo. Então beba um copo de leite quente e vá dormir.
Ou melhor...
Não tome leite e não contrate segurança privada.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
ALGUMAS MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA (Samuel Rangel)
Falam das deliciosas memórias de infância. Algumas são deliciosas não por si só, mas são saborosas em função de terem a capacidade de nos levar pela mão até nossa infância. Deliciosa Infância.
................................
Lembro-me de meu pai fazendo papagaios aos fins de semanas, ou raias como aprendemos a chamar. E Curitiba acabava logo ali. Quando subia até a esquina da Rua Jerônimo Durski, lembro-me dos pinheiros que se estendiam até bem longe e em meio deles, aos olhos mais atentos, erguia-se a torre de uma igrejinha, que muito mais tarde viria a saber que era a Igreja de Campo Comprido.
Éramos criados no rigor da disciplina dos homens de bem. Meu pai, um respeitado professor estadual, conhecido pelos alunos do Colégio Rio Branco, Colégio Professor Cleto e tantos outros, como um diretor extremamente rigoroso e justo, e isso trazia alguma referência para nossa família.
Meu primeiro contato com a dura realidade e com os limites de minha infância, deu-se exatamente na frente da minha casa, onde eu e meus três irmãos mais velhos (Sérgio, Sandra e Silvio) corríamos em meio à barroca. As pernas mais longas de meus irmãos permitiram a eles concluir com sucesso o salto sobre a valeta que cortava o terreno, ao passo que eu, vi pela primeira vez o mundo de baixo para cima.
Passado algum tempo, lembro-me do meu primeiro dia de aula, no Jardim da Infância do Grupo Estadual Júlia Wanderley. Fui gentilmente recebido pela professora, que me acomodou dentre duas belas meninas. De uma delas eu recordo o nome até hoje - Ângela. Como eu ainda não sabia nada da arte do amor, abaixei a cabeça e passei uma tarde inteira chorando, lamentando copiosamente a ausência de minha mãe.
Ali, naquele colégio, passei a ter contato com crianças diferentes, criadas de forma menos preocupada, que aos poucos tentavam me ensinar as malandragens da infância. Minha ingenuidade impedia meu avanço nas malandragens, e toda vez que eu tentava fazer incursões ao mundo da arte acabava por ser descoberto.
A sala da Dona Leda, Diretora da escola na época, já me era muito familiar, e lembro que me assustava a imagem de um cabideiro de parede, tal qual o telefone preto que entregava minhas artes para meu pai. Aquilo me fazia subir um calafrio pela espinha, e o cheiro de cera do chão do colégio aguça o sentido dessas lembranças. O uniforme era xadrez de branco e azul claro.
Passei pelo primeiro ano sem muitas lembranças a relatar, pois os acontecidos no ano seguinte acabariam por marcar de forma mais acentuada a minha memória. Não consigo relacionar de forma lógica os fatos, portanto prefiro apenas dizer que conheci uma professora extremamente má.
Para que se possa aquilatar o quanto, certo dia ela me advertiu que eu estava com o cabelo comprido demais, e que deveria me apresentar à aula no dia seguinte de cabelo cortado. Não sei exatamente por qual razão, mas tive medo de comunicar a minha mãe o ocorrido, e então no momento em que eu estava saindo para a aula, na garagem de casa, com a tesoura sem ponta do penal que integrava meu material escolar, tirei uma bela quantia da minha franja.
Ao chegar à escola, parece que minha solução não agradou a simpática professora, e ela resolveu colocar-me sentado perante toda a turma enquanto cortava meu cabelo.
No dia seguinte eu ouvia rugidos no corredor que pareciam de uma onça extremamente nervosa, e quando prestei mais atenção, reconheci a voz da minha mãe que dedicava elogios preciosos à conduta da cabeleireira da escola.
Outra lembrança que me vem com muita clareza, é que havia um berço em minha casa, e eu não entendia qual a razão. Quando veio a notícia, minha mãe saia com um barrigão enorme pela porta da cozinha.
Fui então levado ao hospital para conhecer minha irmã Sibele, que tinha cara de joelho é lógico, e recebi como presente um carrinho machbox. Para que o mosquiteiro do berço parasse de aparecer danificado, fui eleito o guardião do berço. Na realidade colocaram-me para cuidar para que eu não estragasse mais o berço. Acredite se quiser, mas deu certo.
Quando chega minha irmã em casa, ao colo de minha mãe, percebi que havia perdido a majestade.
Lembro-me que mais ou menos nessa época, pedi à professora que me deixasse ir ao banheiro em meio à aula. Como se tratava daquela cabeleireira, recebi um não que escorreu em minhas pernas logo depois, ouvindo dos coleguinhas o famoso “fez xixi na calça”.
E levando nas costas então o vexame durante algum tempo, acabei descobrindo que minha compleição física permitia a mim argumentar com os amiguinhos, e nas brincadeiras do tipo “cavalo de guerra”, os hematomas apareciam nos adversários de forma a remediar minhas vergonhas. Isso aconteceu até o dia em que a mãe de um coleguinha veio com o menino até a casa de minha mãe. Sujou para o meu lado, pois eu preferia vinte coleguinhas rindo a uma mãe gritando.
Como não podia ser diferente, reprovei aquele ano. Tive vergonha apesar de não entender exatamente o significado daquilo. Apenas me sentia menos inteligente do que os demais. De certa forma, enquanto a professora cabeleireira dava aula, eu liberava minha imaginação e acabava viajando no meio daquele quadro negro. Eu nem entendia por que chamava o quadro verde de negro. Acho que essa minha falta de capacidade de compreensão justifica a minha reprovação.
Reprovado, passei as férias com minhas vergonhas, e no primeiro dia de aula, percebo que a mesma professora na frente da turma. Cheguei a pensar que seria mais um ano cortando o cabelo de graça, mas na realidade, o inacreditável estava para acontecer. Na realidade tratava-se da irmã gêmea da outra professora, e a única diferença é que esta, deste ano tinha um pequeno problema na perna, e mancava.
Com o passar do ano, descobri outras diferenças. Tratava-se de uma pessoa muito mais preparada para o magistério, e por vezes dedicava-me uma atenção especial. Guardo-a em boa imagem, e desenvolvi certo carinho pela professora.
Também recordo ter feito amizade com um rapaz deficiente visual. Era meu melhor amigo, e dentre tudo o que fazíamos, gostávamos de colecionar figurinhas de animais. Trocávamos as figurinhas na escola, e ao chegar em casa, fazíamos a cola de Maisena.
................................
Lembro-me de meu pai fazendo papagaios aos fins de semanas, ou raias como aprendemos a chamar. E Curitiba acabava logo ali. Quando subia até a esquina da Rua Jerônimo Durski, lembro-me dos pinheiros que se estendiam até bem longe e em meio deles, aos olhos mais atentos, erguia-se a torre de uma igrejinha, que muito mais tarde viria a saber que era a Igreja de Campo Comprido.
Éramos criados no rigor da disciplina dos homens de bem. Meu pai, um respeitado professor estadual, conhecido pelos alunos do Colégio Rio Branco, Colégio Professor Cleto e tantos outros, como um diretor extremamente rigoroso e justo, e isso trazia alguma referência para nossa família.
Meu primeiro contato com a dura realidade e com os limites de minha infância, deu-se exatamente na frente da minha casa, onde eu e meus três irmãos mais velhos (Sérgio, Sandra e Silvio) corríamos em meio à barroca. As pernas mais longas de meus irmãos permitiram a eles concluir com sucesso o salto sobre a valeta que cortava o terreno, ao passo que eu, vi pela primeira vez o mundo de baixo para cima.
Passado algum tempo, lembro-me do meu primeiro dia de aula, no Jardim da Infância do Grupo Estadual Júlia Wanderley. Fui gentilmente recebido pela professora, que me acomodou dentre duas belas meninas. De uma delas eu recordo o nome até hoje - Ângela. Como eu ainda não sabia nada da arte do amor, abaixei a cabeça e passei uma tarde inteira chorando, lamentando copiosamente a ausência de minha mãe.
Ali, naquele colégio, passei a ter contato com crianças diferentes, criadas de forma menos preocupada, que aos poucos tentavam me ensinar as malandragens da infância. Minha ingenuidade impedia meu avanço nas malandragens, e toda vez que eu tentava fazer incursões ao mundo da arte acabava por ser descoberto.
A sala da Dona Leda, Diretora da escola na época, já me era muito familiar, e lembro que me assustava a imagem de um cabideiro de parede, tal qual o telefone preto que entregava minhas artes para meu pai. Aquilo me fazia subir um calafrio pela espinha, e o cheiro de cera do chão do colégio aguça o sentido dessas lembranças. O uniforme era xadrez de branco e azul claro.
Passei pelo primeiro ano sem muitas lembranças a relatar, pois os acontecidos no ano seguinte acabariam por marcar de forma mais acentuada a minha memória. Não consigo relacionar de forma lógica os fatos, portanto prefiro apenas dizer que conheci uma professora extremamente má.
Para que se possa aquilatar o quanto, certo dia ela me advertiu que eu estava com o cabelo comprido demais, e que deveria me apresentar à aula no dia seguinte de cabelo cortado. Não sei exatamente por qual razão, mas tive medo de comunicar a minha mãe o ocorrido, e então no momento em que eu estava saindo para a aula, na garagem de casa, com a tesoura sem ponta do penal que integrava meu material escolar, tirei uma bela quantia da minha franja.
Ao chegar à escola, parece que minha solução não agradou a simpática professora, e ela resolveu colocar-me sentado perante toda a turma enquanto cortava meu cabelo.
No dia seguinte eu ouvia rugidos no corredor que pareciam de uma onça extremamente nervosa, e quando prestei mais atenção, reconheci a voz da minha mãe que dedicava elogios preciosos à conduta da cabeleireira da escola.
Outra lembrança que me vem com muita clareza, é que havia um berço em minha casa, e eu não entendia qual a razão. Quando veio a notícia, minha mãe saia com um barrigão enorme pela porta da cozinha.
Fui então levado ao hospital para conhecer minha irmã Sibele, que tinha cara de joelho é lógico, e recebi como presente um carrinho machbox. Para que o mosquiteiro do berço parasse de aparecer danificado, fui eleito o guardião do berço. Na realidade colocaram-me para cuidar para que eu não estragasse mais o berço. Acredite se quiser, mas deu certo.
Quando chega minha irmã em casa, ao colo de minha mãe, percebi que havia perdido a majestade.
Lembro-me que mais ou menos nessa época, pedi à professora que me deixasse ir ao banheiro em meio à aula. Como se tratava daquela cabeleireira, recebi um não que escorreu em minhas pernas logo depois, ouvindo dos coleguinhas o famoso “fez xixi na calça”.
E levando nas costas então o vexame durante algum tempo, acabei descobrindo que minha compleição física permitia a mim argumentar com os amiguinhos, e nas brincadeiras do tipo “cavalo de guerra”, os hematomas apareciam nos adversários de forma a remediar minhas vergonhas. Isso aconteceu até o dia em que a mãe de um coleguinha veio com o menino até a casa de minha mãe. Sujou para o meu lado, pois eu preferia vinte coleguinhas rindo a uma mãe gritando.
Como não podia ser diferente, reprovei aquele ano. Tive vergonha apesar de não entender exatamente o significado daquilo. Apenas me sentia menos inteligente do que os demais. De certa forma, enquanto a professora cabeleireira dava aula, eu liberava minha imaginação e acabava viajando no meio daquele quadro negro. Eu nem entendia por que chamava o quadro verde de negro. Acho que essa minha falta de capacidade de compreensão justifica a minha reprovação.
Reprovado, passei as férias com minhas vergonhas, e no primeiro dia de aula, percebo que a mesma professora na frente da turma. Cheguei a pensar que seria mais um ano cortando o cabelo de graça, mas na realidade, o inacreditável estava para acontecer. Na realidade tratava-se da irmã gêmea da outra professora, e a única diferença é que esta, deste ano tinha um pequeno problema na perna, e mancava.
Com o passar do ano, descobri outras diferenças. Tratava-se de uma pessoa muito mais preparada para o magistério, e por vezes dedicava-me uma atenção especial. Guardo-a em boa imagem, e desenvolvi certo carinho pela professora.
Também recordo ter feito amizade com um rapaz deficiente visual. Era meu melhor amigo, e dentre tudo o que fazíamos, gostávamos de colecionar figurinhas de animais. Trocávamos as figurinhas na escola, e ao chegar em casa, fazíamos a cola de Maisena.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Ah Jeremias ... Jeremias, Jeremias Jeremias ... (Samuel Rangel)
Brasil iu iu iu iu iu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Você já digitou Jeremias no Youtube?
Então vou poupar este trabalho.
O cidadão foi preso a primeira vez guiando uma moto. Estava totalmente bêbado. Quando entrevistado pelo repórter de Caruaru, não sabia que tornar-se-ia uma celebridade no youtube. Mais de meio milhão de acessos.
Uma segunda vez não foi preso. A imprensa policial do tipo "Cadeia", em uma versão mais circense, encontrou-o em um posto de gasolina. Estava bêbado? Claro que sim. E acredito que tenha sido o primeiro bêbado a urinar com tanta audiência. Sua moto já havia sido levada embora por um familiar.
Mais setecentos mil acessos.
Ok.
E a terceira vez?
Dessa vez não foi de moto. Foi montado em um cavalo que Jeremias foi preso, totalmente torto da cachaça, montando seu pocotó na Rua do INSS.
E agora?
Quase um milhão de visitas no youtube.
Por que eu estou escrevendo isso?
Olha a audiência da criatura. Fazendo uma cagada após a outra. Lembre-se que em breve eleições.
E eu não quero mais um bêbado caído do nordeste no Palácio do Planalto.
Você já digitou Jeremias no Youtube?
Então vou poupar este trabalho.
O cidadão foi preso a primeira vez guiando uma moto. Estava totalmente bêbado. Quando entrevistado pelo repórter de Caruaru, não sabia que tornar-se-ia uma celebridade no youtube. Mais de meio milhão de acessos.
Uma segunda vez não foi preso. A imprensa policial do tipo "Cadeia", em uma versão mais circense, encontrou-o em um posto de gasolina. Estava bêbado? Claro que sim. E acredito que tenha sido o primeiro bêbado a urinar com tanta audiência. Sua moto já havia sido levada embora por um familiar.
Mais setecentos mil acessos.
Ok.
E a terceira vez?
Dessa vez não foi de moto. Foi montado em um cavalo que Jeremias foi preso, totalmente torto da cachaça, montando seu pocotó na Rua do INSS.
E agora?
Quase um milhão de visitas no youtube.
Por que eu estou escrevendo isso?
Olha a audiência da criatura. Fazendo uma cagada após a outra. Lembre-se que em breve eleições.
E eu não quero mais um bêbado caído do nordeste no Palácio do Planalto.
sábado, 20 de outubro de 2007
COISAS QUE INCOMODAM NA INTERNET (Samuel Rangel)
Existem coisas na Internet que realmente nos incomodam: Vírus, Spam, Propagandas, as mensagens no orkut dos geradores de crédito para celular, e aquelas mensagens das meninas de ancas largas e calcinhas ínfimas com o endereço de falsos sites de pornografia.
Se ao menos esses perfis tivessem algumas fotinhos mais interessantes, mas nada. Apenas um vírus burro que ilude uma porção de trouxas. Ok. Eu confesso. Já cai nessa. Mas fazer o que? Eu era novato. Não tive como resistir a aquele traseiro fantástico. Mas fique tranqüilo, pois o Alessandro já fez a manutenção do meu computador e aplicou um forte antibiótico.
E nesse universo virtual, em que uma infinidade de porcarias nos incomoda, ainda tem aquelas coisas que a gente mesmo faz.
Tudo bem. Tudo bem Tudo bem.
Eu sei. Eu também mando às vezes mais de cinco e-mails em um dia. Certo. Eu também uso o orkut para saciar a curiosidade em relação à vida alheia. Ta bom, mas agora é o último. Eu também uso a internet para divulgar minhas atividades comerciais.
Então dentro de uma escala criada por mim mesmo, eu seria um Internauta chato. Sim. Poderia ser pior.
____________________________________________
INTERNAUTA INSUPORTÁVEL –
Você entra no MSN ele esta lá.
Antes que você possa abrir uma caixa de diálogo, ele já esta chacoalhando você insistentemente.
Você coloca Ocupado e ele fica dizendo: “Eu sei que você ta coçando.”.
Então você sai do MSN e entra no Orkut. Antes de aparecer por completo a tua tela inicial, o google talk já esta te chamando.
É ele. Você fecha o orkut. Então você abre seu Hotmail e a coisa é um horror.
Ele mandou 236 e-mails (não há uma só criatura que pudesse ler 236 e-mails em um dia, ainda que existisse, as porcarias que ele manda mostram que ele não leu).
O que fazer?
Bloqueie a criatura e mude de nome.
Jamais de o teu celular para uma criatura dessas.
INTERNAUTA DESAGRADÁVEL –
O internauta desagradável classifica-se assim em função de ser internauta, por que na realidade ele já é desagradável.
Um exemplo clássico é aquela situação em que você sai com aquela morena na sexta.
Ao abrir seu orkut no sábado você encontra a seguinte mensagem do cidadão:
Dae? Comeu? Que gostosa. Bem que você falou que ia pegar.
Às vezes não da tempo de apagar e você vê a seguinte mensagem da morena: “Bom saber”. Até!
Este é o tipo que manda e-mails pornográficos sem escrever o famoso “CUIDADO!”.
INTERNAUTA CHATO
O internauta Chato é aquele que manda tudo que receber e acredita em tudo que manda: Correntes, Comunicações importantes do novo golpe do Macaquinho Malabarista Assaltante e Estuprador, e o melhor de todos: A EMPRESA TAL ESTA DANDO UMA MERCEDES. Para você ganhar basta repassar para todos da sua lista e você receberá a Mercedes SLK conversível em três dias. Ninguém merece.
INTERNAUTA SUPORTÁVEL
Ele é o internauta chato, mas não tem banda larga.
Então, como o acesso dele é discado, ele entra apenas uma vez por semana.
Se ele conseguiu colocar banda larga ele vai se tornar um internauta chato.
O acesso dele, por ser limitado, não permite que ele torne sua internet um suplício.
Uma vez por semana, após voltar da missa, você abre os e-mails dele e pronto.
Alguns padres aceitam essa atitude como forma de penitência.
Abrir cada um dos e-mails dele vale por três orações.
INTERNAUTA AGRADÁVEL
Ele não te incomoda, e manda poucos e-mails.
De tempos em tempos você o encontra no MSN. Uma mensagem no orkut a cada dois meses.
Ele não cria uma comunidade no orkut a cada semana.
O INTERNAUTA.
Só manda coisas inteligentes.
Não tem Orkut.
Tem MSN para fins comerciais.
Quando lê algo interessante na Internet comenta.
_____________
E assim se classificam os internautas. Essa classificação esta sendo repensada, em virtude de uma praga que vem surgindo na rede. Uma peste que esta se espalhando silenciosamente, enchendo teu HD e enchendo o teu saco. Essa praga, segundo o que dizem as grandes autoridades no tema, poderá acabar com a Internet.
O nome da praga é
PIADAS EM PPS.
Veja o que diz o filósofo Hondurenho Leumas Legnar:
Caro internauta.
Não repasse piadas em pps. Este tipo de arquivo é dedicado a audiovisuais. Se a piada não é boa de se ler, não adianta você desenhar um elefantinho saltando do quarto andar de um prédio em chamar. Ninguém vai rir.
Uma piada boa não ocupa mais que 45 kb, e é mais que suficiente para você fazer seus amigos rirem muito. Para isso, basta que ela seja engraçada. E ao receber o e-mail, não tem anexo. Você simplesmente lê. Se gostar, repassa. Se não gostar, deleta.
Porém, a mesma piada, com alguns desenhos feitos por alguém com não mais que quatro anos de idade, acaba vindo como anexo. E no lugar dos 45 kb, você tem que clicar em abrir anexo. Todos os computadores são mais lentos quando estão abrindo do que estão salvando. Então você salva e descobre que é a piadinha do Joãozinho.
Ninguém merece.
Então, se você lembrar que piadas em PPS foram criadas para que as loiras pudessem entender a graça (quer que eu desenhe?), você não repassará mais essas drogas.
Seja um Internauta do Bem!
Se ao menos esses perfis tivessem algumas fotinhos mais interessantes, mas nada. Apenas um vírus burro que ilude uma porção de trouxas. Ok. Eu confesso. Já cai nessa. Mas fazer o que? Eu era novato. Não tive como resistir a aquele traseiro fantástico. Mas fique tranqüilo, pois o Alessandro já fez a manutenção do meu computador e aplicou um forte antibiótico.
E nesse universo virtual, em que uma infinidade de porcarias nos incomoda, ainda tem aquelas coisas que a gente mesmo faz.
Tudo bem. Tudo bem Tudo bem.
Eu sei. Eu também mando às vezes mais de cinco e-mails em um dia. Certo. Eu também uso o orkut para saciar a curiosidade em relação à vida alheia. Ta bom, mas agora é o último. Eu também uso a internet para divulgar minhas atividades comerciais.
Então dentro de uma escala criada por mim mesmo, eu seria um Internauta chato. Sim. Poderia ser pior.
____________________________________________
INTERNAUTA INSUPORTÁVEL –
Você entra no MSN ele esta lá.
Antes que você possa abrir uma caixa de diálogo, ele já esta chacoalhando você insistentemente.
Você coloca Ocupado e ele fica dizendo: “Eu sei que você ta coçando.”.
Então você sai do MSN e entra no Orkut. Antes de aparecer por completo a tua tela inicial, o google talk já esta te chamando.
É ele. Você fecha o orkut. Então você abre seu Hotmail e a coisa é um horror.
Ele mandou 236 e-mails (não há uma só criatura que pudesse ler 236 e-mails em um dia, ainda que existisse, as porcarias que ele manda mostram que ele não leu).
O que fazer?
Bloqueie a criatura e mude de nome.
Jamais de o teu celular para uma criatura dessas.
INTERNAUTA DESAGRADÁVEL –
O internauta desagradável classifica-se assim em função de ser internauta, por que na realidade ele já é desagradável.
Um exemplo clássico é aquela situação em que você sai com aquela morena na sexta.
Ao abrir seu orkut no sábado você encontra a seguinte mensagem do cidadão:
Dae? Comeu? Que gostosa. Bem que você falou que ia pegar.
Às vezes não da tempo de apagar e você vê a seguinte mensagem da morena: “Bom saber”. Até!
Este é o tipo que manda e-mails pornográficos sem escrever o famoso “CUIDADO!”.
INTERNAUTA CHATO
O internauta Chato é aquele que manda tudo que receber e acredita em tudo que manda: Correntes, Comunicações importantes do novo golpe do Macaquinho Malabarista Assaltante e Estuprador, e o melhor de todos: A EMPRESA TAL ESTA DANDO UMA MERCEDES. Para você ganhar basta repassar para todos da sua lista e você receberá a Mercedes SLK conversível em três dias. Ninguém merece.
INTERNAUTA SUPORTÁVEL
Ele é o internauta chato, mas não tem banda larga.
Então, como o acesso dele é discado, ele entra apenas uma vez por semana.
Se ele conseguiu colocar banda larga ele vai se tornar um internauta chato.
O acesso dele, por ser limitado, não permite que ele torne sua internet um suplício.
Uma vez por semana, após voltar da missa, você abre os e-mails dele e pronto.
Alguns padres aceitam essa atitude como forma de penitência.
Abrir cada um dos e-mails dele vale por três orações.
INTERNAUTA AGRADÁVEL
Ele não te incomoda, e manda poucos e-mails.
De tempos em tempos você o encontra no MSN. Uma mensagem no orkut a cada dois meses.
Ele não cria uma comunidade no orkut a cada semana.
O INTERNAUTA.
Só manda coisas inteligentes.
Não tem Orkut.
Tem MSN para fins comerciais.
Quando lê algo interessante na Internet comenta.
_____________
E assim se classificam os internautas. Essa classificação esta sendo repensada, em virtude de uma praga que vem surgindo na rede. Uma peste que esta se espalhando silenciosamente, enchendo teu HD e enchendo o teu saco. Essa praga, segundo o que dizem as grandes autoridades no tema, poderá acabar com a Internet.
O nome da praga é
PIADAS EM PPS.
Veja o que diz o filósofo Hondurenho Leumas Legnar:
Caro internauta.
Não repasse piadas em pps. Este tipo de arquivo é dedicado a audiovisuais. Se a piada não é boa de se ler, não adianta você desenhar um elefantinho saltando do quarto andar de um prédio em chamar. Ninguém vai rir.
Uma piada boa não ocupa mais que 45 kb, e é mais que suficiente para você fazer seus amigos rirem muito. Para isso, basta que ela seja engraçada. E ao receber o e-mail, não tem anexo. Você simplesmente lê. Se gostar, repassa. Se não gostar, deleta.
Porém, a mesma piada, com alguns desenhos feitos por alguém com não mais que quatro anos de idade, acaba vindo como anexo. E no lugar dos 45 kb, você tem que clicar em abrir anexo. Todos os computadores são mais lentos quando estão abrindo do que estão salvando. Então você salva e descobre que é a piadinha do Joãozinho.
Ninguém merece.
Então, se você lembrar que piadas em PPS foram criadas para que as loiras pudessem entender a graça (quer que eu desenhe?), você não repassará mais essas drogas.
Seja um Internauta do Bem!
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
A MEDIOCRIDADE SOCIAL (Samuel Rangel)
Então em algum momento infeliz da história, alguém disse “EU ESTOU FAZENDO MINHA PARTE”. A partir daquele momento, sempre que algo dava errado alguém dizia “EU FIZ MINHA PARTE”. E surgiram falsos líderes que passaram a dizer “CADA UM FAÇA SUA PARTE”.
Se suficiente fosse cada uma fazer sua parte, não precisaríamos de líderes. Mas eles estão aí, em confortáveis poltronas, ouvindo o tilintar das moedas que escorregam para os seus bolsos.
Assistindo o circo de horrores encenado pela sociedade e pelos poderes públicos, ouso dizer que se for para fazer só a sua parte, melhor que nem faça. Como é que alguém consegue viver em paz com sua consciência, vivendo em uma sociedade fétida, dizendo apenas “EU FAÇO MINHA PARTE”?
Não existe uma só relação de sucesso, por exemplo, em que marido e mulher façam cada um a sua parte. Por mais que a arrogância do homem moderno queira encobrir a realidade, nós precisamos um dos outros. Não somos máquinas programadas para fazer metade de algo. Não existe uma família que evolua nessa mediocridade. Não existe uma cidade que sustente a paz com a simplicidade imbecil do FAZER SUA PARTE.
Neste exato momento, em que você lê este texto, alguém necessita profundamente de um auxílio seu. E por mais incrível que possa parecer, não é auxílio financeiro, e nem mesmo tem qualquer relação com o dinheiro, mas um auxílio humano, imperativo, sem o qual, a vida para. E haverá aquele que ainda se defende criticando os poderes públicos por não fazerem sua parte.
Não há a menor dúvida que o Poder Público não faz sua parte, mas ao dizer isso, nós que temos a sorte (ou azar) de saber disso, temos que fazer a nossa parte: mudar essa realidade. E se eles não fazem, ao permitir que o sistema se mantenha, nós também não conseguimos fazer a nossa parte.
Vivemos em sociedade por comodismo, mas também por uma necessidade natural do Homo Sapiens. Ao mesmo tempo em que evoluímos numericamente como sociedade, decaímos como criaturas sociais. Tornamos-nos anti-sociais.
Hoje, amontoados aos milhões nas capitais, perdemos a noção de coletividade. Os corpos recolhidos pelo Instituto Médico Legal não nos chocam. A mão estendida na esquina do calçadão não nos comove. Vestidos em nossos trajes sociais corremos para os nossos escritórios onde fazemos a nossa parte. Após fazer nossa parte no escritório, fazemos nossa parte levando a comida para casa. Nem bem mastigamos o pão, vamos fazer nossa parte em nossos cursos de pós-graduação, mestrados e doutorados, tudo isso ainda freqüentando as aulas de “Marketing Pessoal”, para aprender a fazer propaganda de nós mesmos. Exatamente. Viramos então um produto, que no mercado da mediocridade social, vale nosso salário. Então surge a pergunta: Você compraria um produto que faz apenas sua parte?
Se a sinceridade conduziu sua resposta, você percebe que apesar das aulas de marketing pessoal, você não compraria o seu produto.
E para lançar a Teoria da Mediocridade Social, ainda restaria uma pergunta: Quem foi que disse a você que essa é a sua parte?
Enquanto escrevo estas palavras, alguém morreu de fome, outros por falta de atendimento médico, e com certeza alguns vitimados pela assombrosa violência que toma conta das grandes cidades.
Mas ali no Centro Cívico da Capital Ecológica (balela), uma corja de políticos vende seus rostinhos bonitinhos com um debate sobre qual a saída para acabar com a miséria. E o pior, é que na realidade eles têm interesse na miséria.
Entendi bem o “coronelismo” do nordeste, e vi seus parentes nobres aqui no sul.
Na cabeça de um coronel:
“Onde existe fome, eu faço sucesso com um saco de pão.
Onde tem pão, eu preciso de carne para fazer sucesso.
Onde tem carne, eu preciso de obras. Isso custa muito caro.
Melhor mantê-los sem pão mesmo.”
Só nos falta então o Coliseun, enquanto os pães são jogados ao povo.
O circo esta posto, e é de horrores que ele se faz. Enquanto isso o imperador, vestido de palhaço com sua trupe de assaltantes, ri largo vendo o seu leão devorar esperanças. Na arena não há ninguém que defenda o outro. Cada um faz sua parte. E o leão devora um a um, de acordo com sua fome, com a voracidade que o imperador lhe desperta.
E todos continuarão a fazer apenas e tão somente a sua parte.
Até que um dia haverão de precisar de algo mais.
Mas isso só acontecerá quando tomarem o centro da arena e sentirem as presas do leão em suas costas.
Então será tarde demais.
ESTA É UMA HOMENAGEM AO MEU AMIGO E IRMÃO RONALDO BACELLAR PELO SEU ANIVERSÁRIO. VOCÊ SEMPRE FEZ MUITO MAIS QUE SUA PARTE.
Se suficiente fosse cada uma fazer sua parte, não precisaríamos de líderes. Mas eles estão aí, em confortáveis poltronas, ouvindo o tilintar das moedas que escorregam para os seus bolsos.
Assistindo o circo de horrores encenado pela sociedade e pelos poderes públicos, ouso dizer que se for para fazer só a sua parte, melhor que nem faça. Como é que alguém consegue viver em paz com sua consciência, vivendo em uma sociedade fétida, dizendo apenas “EU FAÇO MINHA PARTE”?
Não existe uma só relação de sucesso, por exemplo, em que marido e mulher façam cada um a sua parte. Por mais que a arrogância do homem moderno queira encobrir a realidade, nós precisamos um dos outros. Não somos máquinas programadas para fazer metade de algo. Não existe uma família que evolua nessa mediocridade. Não existe uma cidade que sustente a paz com a simplicidade imbecil do FAZER SUA PARTE.
Neste exato momento, em que você lê este texto, alguém necessita profundamente de um auxílio seu. E por mais incrível que possa parecer, não é auxílio financeiro, e nem mesmo tem qualquer relação com o dinheiro, mas um auxílio humano, imperativo, sem o qual, a vida para. E haverá aquele que ainda se defende criticando os poderes públicos por não fazerem sua parte.
Não há a menor dúvida que o Poder Público não faz sua parte, mas ao dizer isso, nós que temos a sorte (ou azar) de saber disso, temos que fazer a nossa parte: mudar essa realidade. E se eles não fazem, ao permitir que o sistema se mantenha, nós também não conseguimos fazer a nossa parte.
Vivemos em sociedade por comodismo, mas também por uma necessidade natural do Homo Sapiens. Ao mesmo tempo em que evoluímos numericamente como sociedade, decaímos como criaturas sociais. Tornamos-nos anti-sociais.
Hoje, amontoados aos milhões nas capitais, perdemos a noção de coletividade. Os corpos recolhidos pelo Instituto Médico Legal não nos chocam. A mão estendida na esquina do calçadão não nos comove. Vestidos em nossos trajes sociais corremos para os nossos escritórios onde fazemos a nossa parte. Após fazer nossa parte no escritório, fazemos nossa parte levando a comida para casa. Nem bem mastigamos o pão, vamos fazer nossa parte em nossos cursos de pós-graduação, mestrados e doutorados, tudo isso ainda freqüentando as aulas de “Marketing Pessoal”, para aprender a fazer propaganda de nós mesmos. Exatamente. Viramos então um produto, que no mercado da mediocridade social, vale nosso salário. Então surge a pergunta: Você compraria um produto que faz apenas sua parte?
Se a sinceridade conduziu sua resposta, você percebe que apesar das aulas de marketing pessoal, você não compraria o seu produto.
E para lançar a Teoria da Mediocridade Social, ainda restaria uma pergunta: Quem foi que disse a você que essa é a sua parte?
Enquanto escrevo estas palavras, alguém morreu de fome, outros por falta de atendimento médico, e com certeza alguns vitimados pela assombrosa violência que toma conta das grandes cidades.
Mas ali no Centro Cívico da Capital Ecológica (balela), uma corja de políticos vende seus rostinhos bonitinhos com um debate sobre qual a saída para acabar com a miséria. E o pior, é que na realidade eles têm interesse na miséria.
Entendi bem o “coronelismo” do nordeste, e vi seus parentes nobres aqui no sul.
Na cabeça de um coronel:
“Onde existe fome, eu faço sucesso com um saco de pão.
Onde tem pão, eu preciso de carne para fazer sucesso.
Onde tem carne, eu preciso de obras. Isso custa muito caro.
Melhor mantê-los sem pão mesmo.”
Só nos falta então o Coliseun, enquanto os pães são jogados ao povo.
O circo esta posto, e é de horrores que ele se faz. Enquanto isso o imperador, vestido de palhaço com sua trupe de assaltantes, ri largo vendo o seu leão devorar esperanças. Na arena não há ninguém que defenda o outro. Cada um faz sua parte. E o leão devora um a um, de acordo com sua fome, com a voracidade que o imperador lhe desperta.
E todos continuarão a fazer apenas e tão somente a sua parte.
Até que um dia haverão de precisar de algo mais.
Mas isso só acontecerá quando tomarem o centro da arena e sentirem as presas do leão em suas costas.
Então será tarde demais.
ESTA É UMA HOMENAGEM AO MEU AMIGO E IRMÃO RONALDO BACELLAR PELO SEU ANIVERSÁRIO. VOCÊ SEMPRE FEZ MUITO MAIS QUE SUA PARTE.
Parabéns e Feliz Aniversário!
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
BELMONTE – BA – A FOZ DO JEQUITINHONHA - VIAJANDO PELO BRASIL E PELA ARTE (Samuel Rangel)
Na segunda-feira, após a reunião com a empresa que proporcionou a turnê da peça, fomos para Belmonte, conhecer o teatro e suas instalações, onde faríamos quatro apresentações no dia seguinte.
O trajeto feito pelo ônibus que ficou a disposição da Companhia, foi realmente bastante interessante. Pela estrada podíamos ver um pouco d mar, encoberto apenas por coqueirais que iam até a beira da areia.
A cada quilômetro surgia então uma estradinha de areia, e ao observar o seu caminho víamos ao longe uma daquelas casinhas de cinema, repousando à sombra dos coqueirais.
Naquele momento imaginei o quão agradável seria ter ali a justa aposentadoria, à beira do mar, à sombra dos coqueirais. Naquela situação a mais humilde das casas transforma-se em uma mansão. Uma paisagem capaz de tirar o fôlego.
E seguimos por aquela estrada, enquanto os meus pensamentos se embrenhavam na aventura de desvendar o que sentem as pessoas que moram ali.
Quando chegamos a Belmonte, vi o que restava de uma cidade que fora muito rica no ciclo do Cacau. A arquitetura da Lyra Popular, do ano de 1923, marcava bem a estirpe da cidade outrora abastada. A revelação do abandono surgia através do descascado da tinta e no pouco glamour que se via por ali.
Fomos até a prefeitura para encontrar o guardião da chave do teatro.
Após mais de duas horas esperando, surgiu a notícia de que ele havia ido pescar. Entre idéias de solução para o problema, finalmente a chave apareceu sem que eu saiba exatamente como.
Enquanto esperava, registro apenas a imagem do menino de cerca de dois anos, de cueca, divertindo-se enquanto tomava banho dentro de um balde desses de plástico.
O trajeto feito pelo ônibus que ficou a disposição da Companhia, foi realmente bastante interessante. Pela estrada podíamos ver um pouco d mar, encoberto apenas por coqueirais que iam até a beira da areia.
A cada quilômetro surgia então uma estradinha de areia, e ao observar o seu caminho víamos ao longe uma daquelas casinhas de cinema, repousando à sombra dos coqueirais.
Naquele momento imaginei o quão agradável seria ter ali a justa aposentadoria, à beira do mar, à sombra dos coqueirais. Naquela situação a mais humilde das casas transforma-se em uma mansão. Uma paisagem capaz de tirar o fôlego.
E seguimos por aquela estrada, enquanto os meus pensamentos se embrenhavam na aventura de desvendar o que sentem as pessoas que moram ali.
Quando chegamos a Belmonte, vi o que restava de uma cidade que fora muito rica no ciclo do Cacau. A arquitetura da Lyra Popular, do ano de 1923, marcava bem a estirpe da cidade outrora abastada. A revelação do abandono surgia através do descascado da tinta e no pouco glamour que se via por ali.
Fomos até a prefeitura para encontrar o guardião da chave do teatro.
Após mais de duas horas esperando, surgiu a notícia de que ele havia ido pescar. Entre idéias de solução para o problema, finalmente a chave apareceu sem que eu saiba exatamente como.
Enquanto esperava, registro apenas a imagem do menino de cerca de dois anos, de cueca, divertindo-se enquanto tomava banho dentro de um balde desses de plástico.
Ao entrar no teatro, percebemos que os canhões de luz não tinham a gelatinas (película colorida que vai a frente da luz), mas olhando melhor, percebi que sequer lâmpadas eles tinham. O administrador do Teatro disse que deixaria o espaço em condições para o dia seguinte.
Na saída de Belmonte, encontrei algo que acho digno de registro. O restaurante e bar Açougue. Sim! Não era açougue. Era um bar restaurante, mas o nome era AÇOUGUE.
Quando entrei para comprar minha água, a simpatia da dona do lugar impediu que eu solicitasse qualquer tipo de explicação sobre o nome do lugar. De pronto ela ofereceu-me o Xixi de Guaiamu, levou-me até a cozinha para que eu conhecesse seu espaço, gentilmente abriu minha mão e depositou uma porção de carne de siri (em BC sairia algo em torno de cinco reais aquela porção). Ela então pediu que eu experimentasse sua moqueca. Agradeci e saí sorridente do Açougue, digo, do bar, digo do restaurante Açougue.
Sentei-me feliz com a receptividade e comentei o assunto com os demais. Rimos, enquanto eu gostaria de saber qual o nome do Açougue da cidade. Então pensei: Açougue BAR E RESTAURANTE.
Antes que eu pudesse achar isso muito previsível, o ônibus passou pela frente do Açougue. Qual nome? AÇOUGUE A FORÇA DA MULHER. Para quem não sabe, fica ali perto da Borracharia do Negão.
Chegamos à pousada faltavam cerca de quinze minutos para as sete horas. A moça da pousada informou que serviria o jantar em quinze minutos. Como precisávamos ensaiar a peça uma última vez antes da apresentação, às sete horas nos assentamos no refeitório.
Sete e quinze, e meia, e quarenta e cinco...
Oito, e quinze, e meia...
Preocupado, chamei moça da cozinha:
A senhora me desculpe, mas precisamos comer logo para poder ensaiar depois. Algum problema com a janta?
Ela me respondeu:
Não. Eu estava esperando vocês pedirem. Descobri então que, o pedido dos congelados na Bahia é feito na cozinha, e não no refeitório.
Dez horas começamos o ensaio no jardim da pousada. Descobrimos rapidamente que as formigas baianas não têm preguiça de morder. Ficamos com os pés como pantufas.
Acordamos às cinco horas da manhã de terça (o café só é servido as oito) e logo embarcamos no ônibus.
Chegamos a Belmonte. Sem tempo para outras coisas, fomos direto para o camarim. De lá podíamos ouvir a voz das crianças que entravam no teatro. A excitação das crianças era visível.
Começamos a peça. O palco no escuro e a platéia clareada. Tivemos algum problema em manter a atenção das crianças por mais de quinze minutos, pois elas se deliciavam com os pacotes de pipoca e com o suco que foram doados pela empresa antes do começo da peça.
Mas os olhos das crianças que estavam mais próximas ao palco era inspirador. Elas não conheciam aquilo.
Ao final da primeira apresentação, restariam ainda mais três ao longo do dia. Os Diretores da Companhia e da Peça nos pediram então mais interação com as crianças.
Começamos a segunda apresentação com outro espírito. E deu certo. Descemos do palco, transitamos entre as crianças e as conduzimos a cantar as músicas da peça. Ali ficou evidente o talento que os baianos têm para o ritmo.
Saímos para almoçar às margens do Jequitinhonha. Uma moqueca preguiçosa foi servida. Quando chegamos ao teatro, cerca de duas e meia, o teatro já estava lotado para a apresentação das três e meia. Remédio? Adiantamos a seção.
E foi assim também a última apresentação do dia.
Quando pensávamos em ir embora, várias pessoas que fazem uma oficina de circo nos pediram para conversar. Elas entraram e se sentaram. George Sada fez uma explanação sobre as diversas expressões artísticas, e ao final abriu para as perguntas.
A conversa então se prolongou por mais uma hora.
O que ficou extremamente claro naquele momento, é que mais do que aulas de teatro, ou qualquer outra coisa, elas queriam perspectivas. E isso nos emocionou bastante.
A falta de perspectiva é a pior das carências.
Não há motivo para o próximo passo. Não existe uma explicação lógica para se correr no lugar. Uma realidade dura, posta de forma ditatorial. A ditadura da realidade.
Esperamos que a arte liberte aquelas pessoas da falta de perspectiva.
Naquela cidade, outrora uma das prediletas do ciclo do Cacau, esperamos que o talento e a arte despontem e despertem um novo ciclo. O ciclo da cultura.
Uma cidade linda, na foz de um Rio maravilhoso, abandonada pelo interesse financeiro.
Quando for a Porto Seguro, conheça Belmonte, sente-se às margens do Rio Jequitinhonha e assista o por do Sol. Quando estiver em Belmonte, vá até a praça do coreto e tome um coco gelado na lanchonete “Café Sem Troco”, que toda manhã serve o mingau de milho com tapioca para os pescadores que hoje sustentam a cidade.
Conheça o Açougue Bar e Restaurante.
Quando chegar à Costa do Descobrimento, descubra você um Brasil encoberto.
Na saída de Belmonte, encontrei algo que acho digno de registro. O restaurante e bar Açougue. Sim! Não era açougue. Era um bar restaurante, mas o nome era AÇOUGUE.
Quando entrei para comprar minha água, a simpatia da dona do lugar impediu que eu solicitasse qualquer tipo de explicação sobre o nome do lugar. De pronto ela ofereceu-me o Xixi de Guaiamu, levou-me até a cozinha para que eu conhecesse seu espaço, gentilmente abriu minha mão e depositou uma porção de carne de siri (em BC sairia algo em torno de cinco reais aquela porção). Ela então pediu que eu experimentasse sua moqueca. Agradeci e saí sorridente do Açougue, digo, do bar, digo do restaurante Açougue.
Sentei-me feliz com a receptividade e comentei o assunto com os demais. Rimos, enquanto eu gostaria de saber qual o nome do Açougue da cidade. Então pensei: Açougue BAR E RESTAURANTE.
Antes que eu pudesse achar isso muito previsível, o ônibus passou pela frente do Açougue. Qual nome? AÇOUGUE A FORÇA DA MULHER. Para quem não sabe, fica ali perto da Borracharia do Negão.
Chegamos à pousada faltavam cerca de quinze minutos para as sete horas. A moça da pousada informou que serviria o jantar em quinze minutos. Como precisávamos ensaiar a peça uma última vez antes da apresentação, às sete horas nos assentamos no refeitório.
Sete e quinze, e meia, e quarenta e cinco...
Oito, e quinze, e meia...
Preocupado, chamei moça da cozinha:
A senhora me desculpe, mas precisamos comer logo para poder ensaiar depois. Algum problema com a janta?
Ela me respondeu:
Não. Eu estava esperando vocês pedirem. Descobri então que, o pedido dos congelados na Bahia é feito na cozinha, e não no refeitório.
Dez horas começamos o ensaio no jardim da pousada. Descobrimos rapidamente que as formigas baianas não têm preguiça de morder. Ficamos com os pés como pantufas.
Acordamos às cinco horas da manhã de terça (o café só é servido as oito) e logo embarcamos no ônibus.
Chegamos a Belmonte. Sem tempo para outras coisas, fomos direto para o camarim. De lá podíamos ouvir a voz das crianças que entravam no teatro. A excitação das crianças era visível.
Começamos a peça. O palco no escuro e a platéia clareada. Tivemos algum problema em manter a atenção das crianças por mais de quinze minutos, pois elas se deliciavam com os pacotes de pipoca e com o suco que foram doados pela empresa antes do começo da peça.
Mas os olhos das crianças que estavam mais próximas ao palco era inspirador. Elas não conheciam aquilo.
Ao final da primeira apresentação, restariam ainda mais três ao longo do dia. Os Diretores da Companhia e da Peça nos pediram então mais interação com as crianças.
Começamos a segunda apresentação com outro espírito. E deu certo. Descemos do palco, transitamos entre as crianças e as conduzimos a cantar as músicas da peça. Ali ficou evidente o talento que os baianos têm para o ritmo.
Saímos para almoçar às margens do Jequitinhonha. Uma moqueca preguiçosa foi servida. Quando chegamos ao teatro, cerca de duas e meia, o teatro já estava lotado para a apresentação das três e meia. Remédio? Adiantamos a seção.
E foi assim também a última apresentação do dia.
Quando pensávamos em ir embora, várias pessoas que fazem uma oficina de circo nos pediram para conversar. Elas entraram e se sentaram. George Sada fez uma explanação sobre as diversas expressões artísticas, e ao final abriu para as perguntas.
A conversa então se prolongou por mais uma hora.
O que ficou extremamente claro naquele momento, é que mais do que aulas de teatro, ou qualquer outra coisa, elas queriam perspectivas. E isso nos emocionou bastante.
A falta de perspectiva é a pior das carências.
Não há motivo para o próximo passo. Não existe uma explicação lógica para se correr no lugar. Uma realidade dura, posta de forma ditatorial. A ditadura da realidade.
Esperamos que a arte liberte aquelas pessoas da falta de perspectiva.
Naquela cidade, outrora uma das prediletas do ciclo do Cacau, esperamos que o talento e a arte despontem e despertem um novo ciclo. O ciclo da cultura.
Uma cidade linda, na foz de um Rio maravilhoso, abandonada pelo interesse financeiro.
Quando for a Porto Seguro, conheça Belmonte, sente-se às margens do Rio Jequitinhonha e assista o por do Sol. Quando estiver em Belmonte, vá até a praça do coreto e tome um coco gelado na lanchonete “Café Sem Troco”, que toda manhã serve o mingau de milho com tapioca para os pescadores que hoje sustentam a cidade.
Conheça o Açougue Bar e Restaurante.
Quando chegar à Costa do Descobrimento, descubra você um Brasil encoberto.
domingo, 14 de outubro de 2007
VIAJANDO PELO BRASIL E PELA ARTE (Samuel Rangel)
Quando fui convidado a integrar o elenco da Academia Cena Hum de Artes Cênicas não imaginava o que me esperava.
Fui convidado para fazer parte do elenco que viajaria com a peça “Encantos dos Cantos”, que trata exatamente de uma viagem pelas cinco regiões do Brasil, onde Luiz e Dalva se aventuram atrás de uma identidade.
Foi algo realmente maravilhoso, e conforme havia me comprometido, vou narrar algumas passagens. Porém, antes de entrar nos detalhes maravilhosos dessa experiência ímpar, gostaria de fazer algumas considerações.
Se encontrar algum inimigo meu, nem me diga quem é, pois prefiro não conhecê-los (apesar da sabedoria popular dizer que é bem melhor saber quem são nossos inimigos, eu prefiro sonhar utopicamente que não os tenho). Mas se você encontrar algum, diga a ele que viajei com a peça para São Paulo - SP, Belo Horizonte – MG, Vitória – ES, Porto Seguro – BA (e região), Salvador – BA e Rio de Janeiro – RJ. Após dizer isso olhe bem nos olhos dele e observe a reação.
Mas se por acaso encontrar meus amigos (esses sim eu prefiro imaginar que os tenho), pode dizer a eles que só apresentei a peça em Porto Seguro, Barrolandia, Ponto Central, Itagimirim, Itapebi, Eunápolis e Belmonte.
Não se preocupe. O primeiro roteiro não esta errado. As outras cidades realmente fizeram parte da viagem, mas eram apenas aquelas malditas conexões desses vôos absurdos que realmente não dá para entender.
Às vezes não consigo entender por qual razão, para chegarmos a Porto Seguro, temos antes que passar por São Paulo, Belo Horizonte e Vitória. Como também não é suficientemente lógica para mim a idéia de que para retornar de Porto Seguro para Curitiba, temos que passar antes por Salvador e depois Rio de Janeiro.
E na falta de lógica a história começa.
A conexão em São Paulo foi proveitosa, pois não imaginava o quanto Zeca Pagodinho é antipático. Uma das meninas do elenco foi a ele pedir para tirar uma foto. A cara com que ele saiu na foto fala por si só.
Enquanto desfilávamos com violões e o madeiramento do cenário, mais as malas de figurino e as mochilas de cuecas, o dia já se anunciava longo e cansativo.
Desembarcamos em Belo Horizonte. Na sala de embarque aproveitamos aquelas três horas de fazer nada para desempacotar os violões e fazer um pequeno show musical. Horas após, embarcamos para Vitória.
Descemos em vitória, sob 34 graus de temperatura, mas a brisa que vinha do mar nem nos permitia sentir calor.
Você deve estar imaginando como se pode sentir a brisa em um salão de embarque Não é isso. Na realidade, em Vitória a companhia embarcou em um ônibus fretado que nos levaria a Porto Seguro.
Como não consultei o mapa, imaginei que seria uma viagem rápida, mas ao conversar com Argentino, o motorista (e esse é o nome dele mesmo), fui informado que viajaríamos por mais dez horas.
Ótimo.
Dez horas.
Na peça tem inclusive uma música que a letra diz: VIAJAR, POR TODO O BRASIL.
Então vamos aproveitar o insólito para fazer laboratório.
Cheguei ao aeroporto cinco e meia da madrugada de domingo, e às três da tarde descubro que tenho ainda mais dez horas de viajem. Tudo bem.
Usei da máquina fotográfica como companheira. Fotografei primeiro as paisagens, depois as árvores, depois as casas, depois as placas, depois o céu, depois fotografaria qualquer coisa, mas a noite chegou e fez da máquina uma companhia inútil.
Em São Mateus descobri que não estávamos nem na metade da viagem. E já quase começava o Fantástico. Fantástico.
Foi com muita alegria que vi a Isabela inventar suas piadas para alegrar seu aniversário. Ganhou um bolo e uma garrafa de cachaça: A Rainha do Jequitinhonha. Chegamos a uma posada nas proximidades de Eunápolis a uma e meia da madrugada de segunda-feira. Descarregamos tudo. Dormi rapidamente.
Não vou narrar aqui os detalhes das pequenas viagens para as apresentações pela região de Porto Seguro, pois pretendo fazê-lo com responsabilidade, abordando de forma bastante clara o que testemunhei em relação à condição social das pessoas que vivem nas cidades fora do roteiro turístico do sul da Bahia.
Como estamos falando da viagem, vou direto ao retorno.
Na volta, sai do hotel de Porto Seguro quando passava um pouco das onze horas da noite. Destino? Curitiba. Mas não sem antes dar aquela passada lógica em Salvador (isso de acordo com a logística aérea deste país). Desembarquei em Salvador perto das duas horas da madrugada, e minha conexão para o Rio de Janeiro me obrigava a esperar até as quatro e meia daquela longa madrugada.
Ali em Salvador reparei algo interessante. Cadeiras de sala de embarque seguem uma mesma linha por todos os aeroportos. Qual linha? São 10!
Desconfortáveis. Desagradáveis. Desgraçadas. “Destestáveis” (não é erro de digitação não).
Ali, enquanto meus olhos pesavam mais que as malas, sem poder fazer uso do cigarro que tanto me acalma, não havia outra opção que não fosse dormir. Então tentei fazer isso. Mas as malditas cadeiras desgraçadas não me acomodavam de forma alguma. Então lembrei das cenas de aeroportos durante o “apagão aéreo”. Pessoas dormindo pelo chão dos aeroportos. Vou fazer isso mesmo, pois dificilmente encontrarei algum conhecido por aqui. Ali, no chão da sala de embarque do aeroporto de Salvador, deitei-me sem cerimônia. Dentre os atores da companhia montamos guarda para evitar roubos e abusos sexuais contra os sonolentos.
Acordei na hora do embarque. Estava com as costas semelhantes a dos inimigos de Maguila. Meu pescoço parecia estar apaixonado pelo meu cotovelo direito e meu ombro esquerdo parecia ter crescido dez centímetros em apenas uma hora e meia de sono. O mais interessante é que apesar de estar em Salvador, o chão era extremamente gelado.
Entrei no avião e descobri que a poltrona que me fora reservada era aquela anterior às saídas de emergências sobre as asas. Sabe o que significa? Elas não reclinam. Praticamente não são poltronas, são um curso de boas maneiras e de etiqueta. Decolamos então rumo ao Rio de Janeiro com uma certa saudade das cadeiras malditas do saguão de Salvador.
A verdade é que cada minuto de tortura naquele vôo eu estava um minuto mais perto de minha cama. E vi o nascer do sol ainda do avião. Uma imagem que fez passar a dor no pescoço por alguns instantes.
Desembarquei em Rio de Janeiro para a minha última conexão. Mas no Rio de Janeiro encontrei algo bom. O quiosque dos fumantes. Quase no meio do saguão, uma caixa de vidro cheia de fumantes desesperados. Olhando de fora lembra muito a jaula dos macacos do Passeio Público. Entrei e imitei o Mico Estrela fumando meu Carlton.
Mais uma hora e meia de espera. Dessa vez descobri que alguns apoios de braços foram arrancados das malditas cadeiras amaldiçoadas. Então ali eu resolvi dormir de qualquer jeito mesmo.
Com uma perna sobre o violão, a outra sobre a mala de mão, uma mão no bolso e a outra balançando o quanto as articulações do braço permitem.
Ali dormi.
Ao acordar e caminhar para a fila do portão gate 22 (rssss), encontrei na fila de embarque algo belíssimo de se ver. A Mis Brasil (Sim. Exatamente. A segunda mulher mais bela do mundo que é mais bela que a primeira). Ela estava ali, pouco adiante de mim. Um dos colegas do elenco foi até ela e pediu para tirar uma foto. Ela é muita mais simpática que Zeca Pagodinho, e não teve qualquer restrição em tirar a foto sorridente.
Pensei então que deveria fazer o mesmo, mas lembrei que eu estava com cara de quem dormiu no chão de Salvador, e sentindo na boca o gosto de quem havia mascado uma carteira de Derby sem filtro. Como havia acordado na hora do embarque, não houve tempo de escovar os dentes. E se eu pedisse para à simpaticíssima Mis tirar uma foto comigo, teria que fazê-lo por um intérprete, sob pena de maltratar a moça. Nessas horas não aparece ninguém que possa nos ajudar.
Embarcamos. Dormi apesar de descobrir que o cidadão sentado no banco atrás do meu tinha os maiores fêmures que a humanidade já viu. Enquanto os joelhos do cidadão empurravam minha espinha em direção da Mis, dormi.
Acordei em Curitiba.
Logicamente que a minha mala verde foi uma das últimas a surgir na esteira, mas melhor do que a mala de uma das atrizes, que nem apareceu. Ali ficamos resolvendo os problemas burocráticos do desaparecimento. Tudo bem.
Ao sair no saguão do aeroporto, parecia provocação, pois todas as pessoas riam. Ainda bem que descobri rapidamente que riam em função do reencontro com seus familiares, e não da minha odisséia.
Se encontrar algum inimigo meu, você já sabe o que contar.
Se encontrar algum amigo meu faça-o rir bastante.
Agora entendo o que faz uma sexóloga do Ministério do Turismo. Esse lance de aviação realmente está uma sacanagem, porém, o prazer não é o mesmo para os dois lados da relação. E quando em uma relação, só um goza, é melhor consultar uma sexóloga mesmo.
Mas é bom avisar a perua que nem todos têm tendências masoquistas.
E para encerrar...
1) Descobri que na Bahia as galinhas deitam de lado realmente, e não se sentam apenas como as galinhas do sul (para aqueles que tiverem dúvidas é só me mandar e-mail que eu mando a foto).
2) Estávamos à beira da piscina, quando uma das meninas do elenco viu que estávamos próximos de uma caixa de marimbondos. Quando ela pensava em sair, um baiano que estava perto a tranqüilizou: Não se avexe. É marimbondo Baiano. Eles têm uma preguiça de sair de casa...
3) Em Belmonte, após descer do ônibus, fui abordado por um cidadão muito humilde. Ele queria saber de onde vínhamos, o que fazíamos ali e mais todo e qualquer tipo de informação para quem tem muito tempo. Começamos a conversar, quando ele me informou que seu salário estava “acocanhado”. Como seu polegar estava para baixo, entendi tratar-se de um salário ruim. Para ser-lhe simpático, resolvi então perguntar: - O senhor trabalha com o que? Ele então me respondeu: - Trabalho não. Eu sou solteiro!
4) A MENOR DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS É O ÔNIBUS, POIS O AVIÃO SÓ É MAIS RÁPIDO (Ou não ...).
sábado, 13 de outubro de 2007
A DIFERENÇA ENTRE A DESCOBERTA DO BRASIL E O BRASIL DESCOBERTO (Samuel Rangel)
Bahia. A terra da descoberta do Brasil.
Estive viajando com a peça Encanto dos Cantos pelo sul da Bahia. Conheci então Barrolandia, Ponto Central, Itapebi, Itajemirim, Belmonte, Eunápolis e Porto Seguro.
Quando fui informado pela escola que viajaria com a Companhia à região de Porto Seguro, tive aquela imagem dos coqueiros e de suas sombras preguiçosas. Quando cheguei a Ponto Central, descobri que não há espaço para coqueiros, nem sombra, e no lugar da preguiça, o que existe é uma falta de perspectiva.
Sim. Temos favelas nas grandes capitais, mas mesmo aqui em nossas favelas, ainda há alguma perspectiva. Descobri que nossas favelas são bolsões de pobreza. Lá não é pobreza, mas sim miséria.
Crianças enlouquecidas correndo atrás do fotógrafo, por não terem sequer a perspectiva de ter sua imagem guardada. Deram-me a impressão de que queriam que as fotografássemos para registrar sua passagem pela vida difícil da Bahia que os turistas não conhecem.
Mas se elas são sedentas de uma fotografia, nós somos sedentos de uma razão. Andamos pelos asfaltos das capitais, correndo atrás do dinheiro, do sucesso e de uma felicidade de novela.
Quando as vi cercarem o ônibus em que estávamos, descobri que não temos nenhum direito de reclamar.
Nesses próximos dias, dedicarei algum tempo a escrever sobre esta viajem, mas descobri a diferença entre a Descoberta do Brasil e um Brasil Descoberto.
Poucos de nós que se assentam em seus luxuosos carros, poderiam imaginar o que se vê ao levantar os panos que encobrem um Brasil sem perspectiva, sem chance, mas que ainda assim, é capaz de encontrar alegria em uma foto.
O mais emocionante, é que eles encontram alegria em tirar uma foto que jamais verão. Uma foto que sequer sabem para onde vai.
São apenas fotos?
Não.
São fotos de um Brasil Descoberto, esquecido pelos turistas, abandonado pelas instituições.
Um Brasil que sorri pelo simples prazer de ver você.
Um Brasil que precisa ser descoberto.
Um Brasil que precisa ser visto.
Estive viajando com a peça Encanto dos Cantos pelo sul da Bahia. Conheci então Barrolandia, Ponto Central, Itapebi, Itajemirim, Belmonte, Eunápolis e Porto Seguro.
Quando fui informado pela escola que viajaria com a Companhia à região de Porto Seguro, tive aquela imagem dos coqueiros e de suas sombras preguiçosas. Quando cheguei a Ponto Central, descobri que não há espaço para coqueiros, nem sombra, e no lugar da preguiça, o que existe é uma falta de perspectiva.
Sim. Temos favelas nas grandes capitais, mas mesmo aqui em nossas favelas, ainda há alguma perspectiva. Descobri que nossas favelas são bolsões de pobreza. Lá não é pobreza, mas sim miséria.
Crianças enlouquecidas correndo atrás do fotógrafo, por não terem sequer a perspectiva de ter sua imagem guardada. Deram-me a impressão de que queriam que as fotografássemos para registrar sua passagem pela vida difícil da Bahia que os turistas não conhecem.
Mas se elas são sedentas de uma fotografia, nós somos sedentos de uma razão. Andamos pelos asfaltos das capitais, correndo atrás do dinheiro, do sucesso e de uma felicidade de novela.
Quando as vi cercarem o ônibus em que estávamos, descobri que não temos nenhum direito de reclamar.
Nesses próximos dias, dedicarei algum tempo a escrever sobre esta viajem, mas descobri a diferença entre a Descoberta do Brasil e um Brasil Descoberto.
Poucos de nós que se assentam em seus luxuosos carros, poderiam imaginar o que se vê ao levantar os panos que encobrem um Brasil sem perspectiva, sem chance, mas que ainda assim, é capaz de encontrar alegria em uma foto.
O mais emocionante, é que eles encontram alegria em tirar uma foto que jamais verão. Uma foto que sequer sabem para onde vai.
São apenas fotos?
Não.
São fotos de um Brasil Descoberto, esquecido pelos turistas, abandonado pelas instituições.
Um Brasil que sorri pelo simples prazer de ver você.
Um Brasil que precisa ser descoberto.
Um Brasil que precisa ser visto.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
FORTALEZA 4 X 1 CORITIBA (Samuel Rangel)
Então ...
Estranho o tempo hoje .
Meu primo comprou um carro novo, e a Luciana cortou o cabelo bem curtinho.
Eu vou viajar semana que vem, mas é a trabalho.
Legal, não é?
Então.
E sábado a gente se fala no show TRUPE DE ELITE.
Então.
E você? Como vai?
Pois então ...
Como diz a música ....
É ISSO AÍ.
Estranho o tempo hoje .
Meu primo comprou um carro novo, e a Luciana cortou o cabelo bem curtinho.
Eu vou viajar semana que vem, mas é a trabalho.
Legal, não é?
Então.
E sábado a gente se fala no show TRUPE DE ELITE.
Então.
E você? Como vai?
Pois então ...
Como diz a música ....
É ISSO AÍ.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
CORITIBA 1 X 0 IPATINGA – Enquanto isso em Curitiba ... (Samuel Rangel)
Na sexta-feira resolvi faltar aula de Produção Teatral (desculpa aí George Sada), para torcer pelo meu Glorioso Verdão, que na realidade é alviverde e não anda tão glorioso assim, exceto o mês de setembro de 2007, que até então fechava com o time invicto.
Fui ao bar do Ítalo (aliás, uma boa pedida), que assinou o Brasileirão, assistir confortavelmente Coxa x Ipatinga na belíssima televisão de plasma de uma porrada de polegadas.
Para não assistir sozinho, convidei o Boto a sentar-se perante a televisão. Boto só não é o cara mais pessimista do mundo em função de que ele acha que nunca conseguirá ser o primeiro. Aí faltou um pouco de otimismo ao meu amigo.
Começa o jogo, e o Boto suspeita de uma derrota.
Passamos o primeiro tempo ali, torcendo, inclusive para que não se repetisse a bola na trave do primeiro tempo. Ao final do primeiro tempo é hora de passar o som, pois depois da partida iríamos tocar.
Ao plugar as tomadas no filtro de luz, a tomada da televisão soltou em função da gambiarra na ligação. Despreocupados, ligamos óbelo aparelho novamente, que depois de dezenas tentativas registrava na tela a informação SEM SINAL.
Após passar quase meia hora tentando, resolvi então ir para o outro salão, onde existe uma televisão menor. Convidei o Boto, mas ele achou melhor não ir. Era bem provável que se ele fosse a outra televisão queimaria. Como é um bom amigo de Ítalo, resolveu ficar no salão sem televisão.
Quando mudei o salão, peguei uma cadeira de fundo, e lá fiquei vendo o relógio passar correndo em direção a um empate.
Faltavam menos de quinze minutos para o final da partida quando entra nosso amigo Márcio, que faz a percussão para a banda. Ele é um atleticano fanático, mas ao menos tem boa saúde.
Márcio, rivalizando de pronto com o torcedores do Coxa, informa que o Coxa vai perder. Nessa hora eu até agradeci a abnegação de Boto que havia ficado na outra sala, pois se ali estivesse, com certeza a coisa ia acontecer.
Então, após alguns lances de perigo para ambos os lados, o árbitro expulsa Gustavo. O Márcio vibrou nesta hora.
Poucos segundos depois o juiz vê um pênalti que poucas vezes se viu a favor do Coritiba. Márcio diz que não foi.
Anderson Lima vai cobrar. Márcio diz que ele vai errar. Anderson cobra e o goleiro pega. Márcio sai comemorando.
Mas o que ele não viu é que o juiz tinha anulado, pois o goleiro havia se mexido antes da cobrança. A cobrança será repetida.
Nesta hora olhei bem para o braço do Márcio e pensei: sozinho não dá. Vi em uma mesa próxima um torcedor Coxa que mais parecia o armário do time, inclusive com a sapateira.
Arrisquei minha sorte. Levantei-me, peguei Márcio pelo braço e levei-o para fora do bar. Tranquei a porta.
E lá foi Anderson Lima para nova cobrança.
Anderson cobra e o goleiro pega. Ao ver minha expressão, Márcio sai comemorando do lado de fora do bar. E no meio da comemoração não pode ver que o juiz mandou voltar.
Nesta hora pensei. Vou mandar o Márcio entrar. Não deu certo com ele lá fora.
Anderson Lima vai cobrar. Márcio diz novamente que ele vai errar. Anderson cobra e o goleiro pega, mas no rebate o juiz anula o gol de Anderson. Márcio sai comemorando.
Na quarta cobrança, quando eu já achava que Anderson deveria cair e simular uma contusão, Márcio fala que aquilo é um roubo.
Anderson Lima vai cobrar. Márcio diz que ele vai errar. Anderson cobra e ...
GOL.
Márcio sai reclamando, e eu e os torcedores do Coritiba, comemorando.
Fui ao bar do Ítalo (aliás, uma boa pedida), que assinou o Brasileirão, assistir confortavelmente Coxa x Ipatinga na belíssima televisão de plasma de uma porrada de polegadas.
Para não assistir sozinho, convidei o Boto a sentar-se perante a televisão. Boto só não é o cara mais pessimista do mundo em função de que ele acha que nunca conseguirá ser o primeiro. Aí faltou um pouco de otimismo ao meu amigo.
Começa o jogo, e o Boto suspeita de uma derrota.
Passamos o primeiro tempo ali, torcendo, inclusive para que não se repetisse a bola na trave do primeiro tempo. Ao final do primeiro tempo é hora de passar o som, pois depois da partida iríamos tocar.
Ao plugar as tomadas no filtro de luz, a tomada da televisão soltou em função da gambiarra na ligação. Despreocupados, ligamos óbelo aparelho novamente, que depois de dezenas tentativas registrava na tela a informação SEM SINAL.
Após passar quase meia hora tentando, resolvi então ir para o outro salão, onde existe uma televisão menor. Convidei o Boto, mas ele achou melhor não ir. Era bem provável que se ele fosse a outra televisão queimaria. Como é um bom amigo de Ítalo, resolveu ficar no salão sem televisão.
Quando mudei o salão, peguei uma cadeira de fundo, e lá fiquei vendo o relógio passar correndo em direção a um empate.
Faltavam menos de quinze minutos para o final da partida quando entra nosso amigo Márcio, que faz a percussão para a banda. Ele é um atleticano fanático, mas ao menos tem boa saúde.
Márcio, rivalizando de pronto com o torcedores do Coxa, informa que o Coxa vai perder. Nessa hora eu até agradeci a abnegação de Boto que havia ficado na outra sala, pois se ali estivesse, com certeza a coisa ia acontecer.
Então, após alguns lances de perigo para ambos os lados, o árbitro expulsa Gustavo. O Márcio vibrou nesta hora.
Poucos segundos depois o juiz vê um pênalti que poucas vezes se viu a favor do Coritiba. Márcio diz que não foi.
Anderson Lima vai cobrar. Márcio diz que ele vai errar. Anderson cobra e o goleiro pega. Márcio sai comemorando.
Mas o que ele não viu é que o juiz tinha anulado, pois o goleiro havia se mexido antes da cobrança. A cobrança será repetida.
Nesta hora olhei bem para o braço do Márcio e pensei: sozinho não dá. Vi em uma mesa próxima um torcedor Coxa que mais parecia o armário do time, inclusive com a sapateira.
Arrisquei minha sorte. Levantei-me, peguei Márcio pelo braço e levei-o para fora do bar. Tranquei a porta.
E lá foi Anderson Lima para nova cobrança.
Anderson cobra e o goleiro pega. Ao ver minha expressão, Márcio sai comemorando do lado de fora do bar. E no meio da comemoração não pode ver que o juiz mandou voltar.
Nesta hora pensei. Vou mandar o Márcio entrar. Não deu certo com ele lá fora.
Anderson Lima vai cobrar. Márcio diz novamente que ele vai errar. Anderson cobra e o goleiro pega, mas no rebate o juiz anula o gol de Anderson. Márcio sai comemorando.
Na quarta cobrança, quando eu já achava que Anderson deveria cair e simular uma contusão, Márcio fala que aquilo é um roubo.
Anderson Lima vai cobrar. Márcio diz que ele vai errar. Anderson cobra e ...
GOL.
Márcio sai reclamando, e eu e os torcedores do Coritiba, comemorando.
Assinar:
Postagens (Atom)