terça-feira, 21 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
DIA DO AMIGO E O MAR DA TRANQUILIDADE
A caixa de entrada do email hoje lotou rapidamente, e as mensagens traziam consigo lembranças de amigos do mundo real e do mundo virtual. Enquanto isso, e eu que andava longe dos meus amigos para tentar responder suas mensagens eletrônicas, ouço que a comemoração do Dia do Amigo se dá nesta data exatamente em função da chegada do homem à Lua. Segundo alguma matéria que ouvi em não sei qual emissora, a definição da data era uma alusão ao passo que a humanidade dava na busca de outras formas de vida, como se precisássemos saber que não estamos sozinhos.
Francamente! Lógico que não estamos sozinhos. A prova disso é simples. Experimente tropeçar em plena Rua XV de Novembro para ver se não reencontra uma porção de gente que adoraria tirar um sarro do seu “cata cavaco”. Ou pior, é só você sentir que algo incômodo está em seu nariz, para estar cercado de gente que fica olhando para sua cara e amarra sua mão impossibilitando que você tire o “tatu xarope” que tanto lhe incomoda.
Na verdade, não estamos sozinhos nem quando gostaríamos de estar. Do sofá que desmancha no meio da sala no domingo, é muito provável que se ouça a campainha tocar anunciando a visita daquele primo que se enrola durante três horas, até sair o café, para pedir algum dinheiro emprestado.
E se a mulher mais bela do mundo resolve nos alongar um sorriso estonteante e cativante, é lógico que não estamos sozinhos, pois a patroa percebe o flerte antes mesmo de você conseguir respirar.
Se você resolveu adiar aquele relatório, ou mesmo deixar para amanhã a conclusão daquele projeto, é só contar até três para você perceber que não está sozinho, e bem embaixo do focinho de seu chefe você está prestes a não ficar sozinho na fila de alguma entrevista de emprego.
Não estamos sozinhos.
E o tal Dia do Amigo combina com a data mais imprópria de tudo isso.
Enquanto dois sacanas pisavam na lua, um terceiro ficou sim sozinho em uma espaçonave há uma distância monstruosa de tudo e de todos. No meio do caminho, para que alguém levasse os louros de conquistar a Lua, um amigão ficava de fora da façanha, mais ou menos como se estivesse na porta do motel com a Cicarelli e ela resolvesse desistir de entrar.
Dia do amigo com dois caras sozinhos na Lua? É de se pensar o que seria dessa amizade dos dois se fossem deixados por lá durante um ano. Depois da primeira semana já estariam se pegando no pau como se estivessem num Big Brother. E se um deles ao descer da espaçonave esquecesse a chave da viatura do lado de dentro? Já imaginou onde ia ficar a amizade? Em vez do conhecido “Houston, temos um problema”, a frase mais conhecida da NASA seria: “Houston, eu vou matar esse cara!”
E onde pousou a nave? No Mar da Tranquilidade.
Pois aqui vai outra. Quem tem amigo não conhece a tranquilidade. Se você decidir ficar na sexta repousando tranquilo em casa, logo um amigo, que pode até ser esse que escreve, liga pra você para te aporrinhar a vida para sair e pegar aquela noitada no boteco.
Se teu time perdeu no “domingão”, torça para encontrar um inimigo, pois se encontrar um amigo que torce para o outro time, Meu Deus, você terá que aguentar uma semana inteira com os sarros mais inoportunos que uma ser vivente pode experimentar.
Mas tudo isso faz parte, pois a vida sem amigo seria tão insossa quanto uma canja de hospital do SUS. Se teu time ganhou no domingo, é você que vai se divertir às custas de um amigo durante a semana inteirinha, e mais um pouco se o time dele estiver na zona do rebaixamento.
Se te falta aquele cinquentão na carteira, é você que liga para sair na sexta.
E se você está com preguiça de passar café no domingo, é você que tira algum coitado do sofá.
Mas de tudo, até porque não quero ficar tomando muito tempo de nenhum amigo meu com este texto, resta uma certeza absoluta.
A data escolhida para o Dia do Amigo é um verdadeiro absurdo.
Enquanto o homem saía da terra, na busca de encontrar mais alguém no universo para saber que não estamos sozinhos, uma porção de amigos desses astronautas quase suicidas ficaram apavorados por aqui para saber se eles conseguiriam voltar.
Exatamente isso.
As vezes vamos procurar amigos tão longe, quando na realidade eles estão tão perto, que acabamos não notando sua presença. Você por acaso já percebeu quantas vezes já mandou email para o seu amigo do escritório que trabalha na mesa ao lado? Levanta duma vez e vai lá contar uma piada para ele. Larga mão de pentelhar os outros com piadinha em “ppt”.
A todos os meus amigos, e aos amigos dos amigos, ou mesmo os amigos que nem conheço, mas são amigos de alguém, um abraço fraterno, pois amigo é coisa rara, e como tal, deve ser valorizado aqui e agora.
Ir a Lua para buscar um amigo? Só para quem quer um mar de tranquilidade.
Mas isso é coisa de gente que vive no mundo da Lua.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
OS PIZZAIOLOS – Stand Up Comedy com Luiz Inácio Lula da Silva
Estive pensando, e pode acreditar que apesar da loucura do dia a dia, as vezes ainda consigo fazer isso. Na qualidade, ou falta dela, de dono de bar, sempre tive a intenção de levar ao público frequentador boas atrações. E como tenho forte ligação com o teatro de comédia, meu sonho sempre foi trazer para o palco da Cervejaria um show de Stand Up Comedy. Quem sabe um dia eu ainda consiga trazer alguém do gabarito de Rafinha Bastos, ou mesmo, o hilário Marco Luque. Mas isso é coisa para se pensar quando exista algum dinheiro em caixa, que cá entre nós, e o resto da internet também, é cosia rara, exceto nas gavetas mágicas de Brasília.
Tenho que, na melhor forma de herói Brasileiro, sem poderes e sobrevivente da “Gripe do porco” (tem gente dizendo que essa girpe nem é tão ruim, se for considerado o número de argentinos que ela já matou – mas isso é muito sarcasmo), que encontrar algo dentro das possibilidades do meu bar, como por exemplo, algum tupiniquim como eu, daqueles que tem cinco ou seis empregos para pagar o imposto de renda. Quem sabe um advogado, escritor, corretor de imóveis e consultor sentimental, ou coisa que o valha, que possa cobrar um cachê pequeno, ou mesmo se apresentar pelo couvert artístico.
E nessa odisséia, quem sabe eu tenha encontrado uma solução interessante. Um cara engraçado, ou palhaço mesmo, que tenha alguma outra ocupação rentável?
Já sei! Encontrei o cara ideal!
Luiz Inácio Lula da Silva.
Vou convidar o vosso presidente (e não adianta querer chamar de meu também, pois embora anarquista, eu não votei nessa anarquia). Exatamente isso. Imagino o neon que ainda nem consegui comprar, piscando frenético na frente do meu bar anunciando: “Esta Noite Show com Luiz Inácio e convidados”. Os convidados poderiam ser alguns ministros, deputados, senadores, presidente de CPI, de Conselho de Ética, ou outro palhaço qualquer que faça parte da crônica tragicômica da política da Terra de Vera Cruz. Mas considerando que nessa terra quem carrega a cruz é nossa clientela, creio que a comédia poderia descer amarga, feito pizza de giló.
De qualquer forma, fica aí o convite para o senhor presidente. Já que se tem demonstrado um comediante em meio à tragédia, embora seu humor seja de gosto discutível, quando passar por Curitiba novamente, se a gripe do porco não levar vosso espírito para o raio que o parta, dá uma passadinha em nosso bar.
Se por um lado administrar o país não é seu forte, sei que manda bem nos goles. Ao menos é o que dizem na imprensa. Essa mesma imprensa que tem divulgado o seu alto índice de popularidade. Aliás, para o sucesso de um bom comediante, a popularidade é tudo.
Ao menos venha beber conosco para saber o que nossa clientela pensa dessa sua figura. Mas venha sem seguranças. Assim como sem seguranças estão os trabalhadores, as vtítimas de balas perdidas e mais uma porção de vítimas ao abandono de Brasília. E se espirrar daqui meia hora, Saúde! Não que alguém lhe deseje isto, mas é para o senhor lembrar que a saúde pública não é comédia.
IMPORTANTE. É de se pedir desculpas a Rafinha Bastos e Marco Luque, lembrando que não desejamos em momento algum, comparar vosso trabalho honesto com o de nosso presidente.
Você agora pode seguir as publicações de Samuel Rangel também no wordpress
www.samuelrangel.wordpress.com
sexta-feira, 10 de julho de 2009
A PASSEATA DE UM HOMEM SÓ
Passos rápidos pela calçada quebrada levam o homem em seu protesto silencioso. A roupa de pouco glamour o identifica como um entre milhões, daqueles que não conseguem encontrar tempo para ler um jornal. Nas costas uma pequena mochila revela que ele vai para uma espécie de viagem. Não uma viagem de turismo, mas uma ausência de um dia inteiro no trabalho. Tênis simples comprado em uma estante de algum mercado popular, moletom de promoção e jaqueta chinesa, são adereços inglórios de quem não tem tempo para vestir qualquer luxo.
Sua primeira parada é no ponto de ônibus. Uma parada longa que refaz o fôlego perdido. No ponto durante toda a espera, nenhum discurso. Fragmentos de palavra quebram um silêncio maior que afronta a madrugada, temperado pelo ruído que não se pode entender dos fones de ouvido de alguns estudantes. A métrica entre os ruídos denuncia que o que eles ouvem é música.
Lotado o ônibus encosta barulhento e envolto no cheiro de diesel. As rodas espirram o barro que suja os sapatos afoitos pelo embarque, mas ninguém reclama, pois o simples fato de poder ir, já é uma glória.
Segurando-se pelas ferragens frias do ônibus alguns dormem em pé, outros sentados fitam a amargura no olhar do homem de mochila. Comentários que não se podem ouvir por inteiro não se permitem entender. E o homem prossegue em seu silêncio.
Ele desembarca em uma das praças do centro da cidade, exatamente quando o sol mostra seu primeiro fio de ouro. Nenhum silêncio, mas ninguém fala algo que se pudesse esperar. Nova espera na calçada arrumada, em meio a canteiros requebrados pelos esbarrões da pressa. Todos parecem ter muita pressa.
Outro ônibus mesma história, mesmo silêncio. Dessa vez ele desembarca nos portões da fábrica que já soa a sirene como convite. As pernas se agitam em conduzir o homem para seu trabalho. Pelas catracas ele passa com destreza, e enquanto sua imagem se perde no terreno que separa a fábrica das telas que a cercam, ele olho sorrindo para a portaria. Seus olhos vibram com a entrada, mas antes que sua comemoração continue, ele se sente observado, e contem o sorriso que deixou escapar, voltando a cabeça e os olhos para a porta do galpão que irá devorar seu dia.
Uma passeata de um homem só.
Durante o seu caminho, protestava em silêncio contra os imorais do Congresso. Em silêncio, manifestava seu descontentamento contra o descaso da justiça para o justo. Sem qualquer palavra, ele se insurgia contra a falta de segurança pública que ceifa cabeças jovens enquanto a justiça é cega.
Esse povo brasileiro protesta assim. Em milhões de passeatas de um homem só.
Eles não se reúnem pela revolta, pela desgraça, ou pelo interesse público. Ter com os outros brasileiros, é exclusividade do futebol, do carnaval, das festas em geral. Para essas coisas da política, que cada um faça sua parte parece ser a regra.
Mas o que fariam esses brasileiros se eles tivessem tempo de ler um jornal?
Saberiam que enquanto seu holerite é um fôlego que chega ao final do mês, imorais de terno e gravata, de fala mansa e rebuscada, falam de bilhões de reais com uma naturalidade inacreditável.
E se esgrimam em acusações, confessando que todo telhado é de vidro, revelando que esses milhões sumiram em portarias secretas, atos clandestinos, acertos ocultos, e todas as outras formas criativas que os corruptos encontraram para saquear as riquezas deste país.
Neste país, onde um imbecil imoral, numa espécie de versão maligna de um filme de Jeca Tatu, resolve construir um castelo e denunciar ele mesmo sua intenção de fazer voltar a idade das trevas, dos senhores feudais.
A isto, surge a reação vassala de uma horda de vagabundos, que num jogo de xadrez macabro, absolvem sua excrescência na reunião da corte de um suposto “Conselho de Ética”.
Conselho de Ética composto por políticos?
Como se isso fosse possível entre políticos.
Se encontrar um político com alguma ética seria uma alegria, o que se haveria de dizer se encontrássemos material humano para formar um conselho?
Enquanto isso cada brasileiro segue sua passeata de um homem só, protestando com seu trabalho durante oito meses por ano.
Sim. Apenas oito meses, pois quatro meses por ano, esses brasileiros trabalham para manter essa horda, para que se construam castelos, para que alguma estatal invista “meios milhões” de Reais em alguma sacanagem como a Fundação José Sarney.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
DE POUCAS PALAVRAS
TELEVISÃO
Acostumado a fazer pesadas críticas à programação da Globo, em função da péssima qualidade cultural, e quase nenhum conteúdo artísticos, sempre encontrei nas minisséries ilhas de qualidade dentro da programação.
Porém, em relação a minissérie que estreou ontem, “Som e Fúria”, registro aqui o meu elogio pela qualidade de texto, interpretação dos atores e também pela fotografia.
Quem sabe esse elogio venha não só da altíssima qualidade do que assisti, mas também de minha proximidade com as coisas do teatro, onde vivi momentos tristes e hilários muito semelhantes aos retratados no capítulo de ontem, denotando extrema realidade dentro de uma obra classificada como ficção.
Quem sabe justamente esta realidade, não encontrada na dramaturgia de novelas paupérrimas em enredo e interpretação, seja exatamente o impulso desse elogio, impulso esse que espero poder manter após o desfecho do último capítulo.
PRÊMIO NOBEL
Então, para surpresa de todos, ou apenas minha mesmo, Lula é indicado para o Prêmio Nobel da Paz. O que mais parecia ser uma piada, na realidade veio em forma de notícia, e ao que se vê, não há um esperança de ser boato ou mesmo uma brincadeira. Ao receber ontem o Prêmio Houphouët-Boigny oferecido pela Unesco, a possibilidade vira fato.
Pesquisando o tema, encontrei que Lula foi premiado por seu trabalho em favor da “Paz, Justiça Social e do Combate a Fome”.
Não me oponho à sua imagem pacificadora, pois diante do silêncio em casos como Mensalão, manteve a paz com Marcos Valério. Em relação a casos como o escândalo que chacoalha o Congresso atualmente, mantêm a paz com seus aliados na base do governo.
Porém, é de se perguntar como há de se premiar sua “busca à Justiça Social”?
Que Justiça?
E por outro lado, não considero essas ”mile bolsas” doadas em troca de popularidade e por conseqüência votos (como ficou muito bem demonstrado nas últimas eleições), como combate a fome.
Diante da riqueza deste país, não há dúvida que o simples controle da corrupção, bastaria a garantir a todo e qualquer brasileiro a alimentação digna.
Não queiram os gestores do caos comparar um político corrupto, forjado no mais torto modelo político deste país, com uma Madre Tereza ou mesmo um Nelson Mandela.
IMPRENSA VOLÚVEL, OPINIÃO PÚBLICA VOLÁTIL.
Primeiro o caso do ex-deputado. Antes ocupava as páginas policiais, fomentando de tal forma a opinião pública, que gerou profunda revolta. Pouco depois, uma matéria de quase página inteira, bem distante do caderno policial, relata de seus hábitos religiosos, de suas cicatrizes, não deixando de publicar a foto do menino machucado e em franca reflexão sobre sua vida e o valor de sua presença entre nós.
Segundo o caso do Morro do Boi. Antes o monstro sucumbia diante do reconhecimento da vítima sobrevivente. Agora, vítima de erros sucessivos da polícia, salvo milagrosamente por uma confissão espontânea de um suicida em potencial. Assim, com ou sem intenção, está a se expor ao ridículo o depoimento da própria vítima, invertendo o papel mais uma vez.
Terceiro o funeral de Michael Jackson. Antes um pedófilo excêntrico, que balança seu filho além da sacada em exibicionismo absurdo. Antes, uma mãe que liga para a casa do falecido para saber se ele guardava algum dinheiro em casa. Agora um ícone que deverá ser idolatrado por longo tempo, enquanto seus discos empoeirados se esgotam na correria do comércio.
De tudo, resta a compaixão para com a filha de Michael Jackson, que emocionada no funeral show, tenta revelar a sua visão do ser humano Michael, pois nem ela, nem qualquer outra criança tem qualquer culpa do que o pai de Michael Jackson fez dele ou com ele. Nem mesmo ela tem culpa sobre o que a mídia, e o mundo milionário da música, fez de Michael Jackson ou com ele.
FUTEBOL
No mundo dos “Ronaldos”, enquanto Cristiano Ronaldo movimento mais dinheiro do que Lula no combate à fome, enquanto Ronaldo fenômeno engorda com a polêmica da maior torcida do Brasil, e Ronaldinho anda meio sumido, os times paranaenses comem as migalhas que as arbitragens lhes permitem.
Convivendo com a proximidade da Zona do Rebaixamento, a certeza de que o futebol paranaense não vai muito longe novamente este ano se renova.
CONGRESSO
***** O leitor não vai ter acesso a esse conteúdo, pois ele é clandestino*****
MEMÓRIA CELULAR
Falando de ciência, alguns renomados pesquisadores, alegam que o corpo tem condições de armazenar informações de forma descentralizada, fazendo de cada célula, um pequeno depósito de informações.
Se assim é, e sem qualquer pretensão científica, proponho uma pesquisa, para saber se dentre as células com aptidão mnemônica, estariam o óvulo e o espermatozóide. E assim proponho em causa própria também.
Pesquisando a vida de meu trisavô Franklin Rangel, descobri que ele, com extremo rigor, ainda na direção da Colônia do Assungui, opunha-se à extrema valorização da mão de obra de alguns imigrantes subsidiados pelo Governo Imperial, em detrimento dos que aqui já estavam antes de sua chegada.
De certa forma, seria de algum alento perceber que essa minha luta pela valorização da cultura paranaense, teria origem além da razão, pois se trata de uma batalha inglória e exaustiva, mas da qual não pretendo me furtar.
domingo, 5 de julho de 2009
Uma suposta Ervilha, um suposto velório e Michael Jackson
Num universo paralelo, entre Gotan City e Neverland ...
Os organizadores do mega super power plus funeral do mega star super power pop Michael Jackson, reuniram-se para decidir os detalhes do velório. Após cerca de dez horas de reunião, um deles levantou uma séria questão.
- Ok. Tudo certo, porém, os colegas não consideraram um problema. Levando em conta a verdadeira fanatismos em relação ao defunto, é muito sério o risco de que algum fanático, pertencente a alguma seita estranha, levado pela emoção, possa desenvolver um plano para roubar o corpo do ídolo. Nesses tempos de Internet, se a luva do ídolo pode valer mais de um Milhão de dólares, quanto valeria o corpo dele?
A sala ficou em silêncio, e todos calados passaram a avaliar a questão.
O Cenógrafo do evento sugeriu que o corpo fosse exposto em uma redoma de vidro, ou de cristal, porém, o diretor do evento entendeu que aquilo ficaria muito Disney, e poderia ser feita alguma associação ao clássico Branca de Neve.
O Iluminador, disse que a solução poderia estar na iluminação, utilizando um boneco de cera no lugar do falecido.
Todos perceberam que algum problema poderia surgir com a família, e abortaram o plano.
O sonoplasta disse que poderia manter a música num volume tão alto que atordoaria os presentes a ponto deles não conseguirem identificar o corpo, mas a idéia foi repudiada em função de um vizinho do ginásio que sempre chama a polícia em grandes shows.
A reunião se arrastou por horas, até que o zelador que juntava os copinhos de café no chão da sala, pediu a palavra.
Cansados e sem reação, os organizadores levantaram os olhos e deram de cara com o zelador meio bêbado, agarrado a uma garrafa de Jack Daniel’s.
- Gente! Vocês estão indo pelo caminho errado. Se vocês parassem para tomar uma cerveja, perceberiam que a solução a simples. Com o tanto de cirurgias que Michael Jackson fez, vocês podem colocar qualquer coisa no caixão que passa por ele. Além disso, pelo tempo que ele ficou sem se expor, ninguém vai duvidar de que qualquer coisa pode ser o corpo de Michael Jackson. Larga mão de ficar aí se matando de pensar, e joga logo uma ervilha no caixão. Garanto que ninguém vai notar.
O psicólogo contratado para prospectar a reação das pessoas no velório, balançou a cabeça e apoiou a idéia do faxineiro. Todos ficaram estupefatos, mas como não havia outra solução e o velório teria que começar, assim fizeram. Uma ervilha dentro de um caixão e mandaram para o ginásio.
Por mais incrível que pareça, as pessoas passavam pela ervilha e tinham surtos de choro e grito. Alguns chegavam a se jogar no chão, outros desmaiavam verdadeiramente. O diretor do evento de pronto chamou o psicólogo, e passou a elogiá-lo, propondo-se a dividir os milhões de lucro que teria com o evento.
O psicólogo por sua vez, mandou chamar o faxineiro e o contratou para trabalhar em sua casa, e todos ficaram ali, olhando em silêncio aquela multidão chorar em volta da ervilha.
Passadas algumas horas do sucesso, a família de Michael Jackson chegou ao velório. O pai de Michael passou pelo caixão e nem se deu conta, pois acenava para as câmeras de televisão e anunciava o lançamento de sua gravadora.
Os irmãos de Michael passaram sem notar qualquer problema, pois nem olharam para o caixão. Todos eles estavam mais preocupados com os próprios familiares, temendo que algum deles retirasse algo do caixão como herança.
Quando a mãe de Michael chegou o silêncio tomou conta do Ginásio. Ela se aproximou do caixão, curvou-se, deu um beijo na ervilha, e prontamente levantou os olhos na direção da organização do evento.
Todos da organização se desesperaram. A mãe de Jackson havia descoberto a farsa. Uma correria se instalou no camarote. Som de garrafas quebrando, vasilhas de pipoca para o alto, gente vestido a roupa pelas metades. Realmente a coisa havia complicado.
O organizador, puxando o psicólogo pela orelha e com a mão nos fundilhos do faxineiro, correu para a sala da administração do ginásio. Pelo rádio da organização, homens de preto gritavam: Ela está subindo! Ela está subindo, e pelo jeito está furiosa.
Os três sentaram-se à administração. O diretor estava tenso, porém, o psicólogo muito tranqüilo acendeu um charuto e sentou-se cruzando as pernas. Por força do hábito, o zelador tirava pó da prateleira bebendo seu Jack Daniel’s. O diretor não se conteve e gritou: - Ok. Eu vou me ferrar com essa farsa, mas vocês estão ferrados também. Eu juro que vou acabar com a vida de vocês, nem que para isso eu tenha que passar o resto da vida na cadeia. Como é que vocês pretendiam enganar a mãe de Michael Jackson com uma ervilha?
O psicólogo e o zelador permaneceram em silêncio, até que a porta se abriu abruptamente e a imagem da mãe de Michael começou a disparar todos os tipos de impropérios que são sucesso no Brooklin Enquanto o diretor ameaçava uma desculpa, psicólogo e zelador olhavam a estatua de Michael Jordan na estante. A mãe então mais contida, após parar os palavrões, começou a falar:
- O que é isso? Vocês devem estar de brincadeira “Móder Foquer”. Vocês resolvem fazer uma piada dessas no velório do maior ídolo da terra? “Sãlifabitien”. Como é que vocês tiveram uma idéia dessas? “Quicesmaiés” Eu vou processar vocês.
Enquanto o diretor começava a tentar inventar uma desculpa, ela deixou escapar:
O velório da maior estrela do mundo, e vocês são incapazes de fazer uma maquiagem decente no Michael? Custava alguma coisa perto disso tudo que foi feito? Uma maquiagem? Olha lá ... veja como ele está verde!
.....
Moral da história? Independentemente do talento de Michael Jackson ou de quantas crianças “Nunca” foram molestadas na “Terra do Nunca”, quando a mídia quer que você idolatre uma ervilha, a ervilha vira uma estrela.
Os organizadores do mega super power plus funeral do mega star super power pop Michael Jackson, reuniram-se para decidir os detalhes do velório. Após cerca de dez horas de reunião, um deles levantou uma séria questão.
- Ok. Tudo certo, porém, os colegas não consideraram um problema. Levando em conta a verdadeira fanatismos em relação ao defunto, é muito sério o risco de que algum fanático, pertencente a alguma seita estranha, levado pela emoção, possa desenvolver um plano para roubar o corpo do ídolo. Nesses tempos de Internet, se a luva do ídolo pode valer mais de um Milhão de dólares, quanto valeria o corpo dele?
A sala ficou em silêncio, e todos calados passaram a avaliar a questão.
O Cenógrafo do evento sugeriu que o corpo fosse exposto em uma redoma de vidro, ou de cristal, porém, o diretor do evento entendeu que aquilo ficaria muito Disney, e poderia ser feita alguma associação ao clássico Branca de Neve.
O Iluminador, disse que a solução poderia estar na iluminação, utilizando um boneco de cera no lugar do falecido.
Todos perceberam que algum problema poderia surgir com a família, e abortaram o plano.
O sonoplasta disse que poderia manter a música num volume tão alto que atordoaria os presentes a ponto deles não conseguirem identificar o corpo, mas a idéia foi repudiada em função de um vizinho do ginásio que sempre chama a polícia em grandes shows.
A reunião se arrastou por horas, até que o zelador que juntava os copinhos de café no chão da sala, pediu a palavra.
Cansados e sem reação, os organizadores levantaram os olhos e deram de cara com o zelador meio bêbado, agarrado a uma garrafa de Jack Daniel’s.
- Gente! Vocês estão indo pelo caminho errado. Se vocês parassem para tomar uma cerveja, perceberiam que a solução a simples. Com o tanto de cirurgias que Michael Jackson fez, vocês podem colocar qualquer coisa no caixão que passa por ele. Além disso, pelo tempo que ele ficou sem se expor, ninguém vai duvidar de que qualquer coisa pode ser o corpo de Michael Jackson. Larga mão de ficar aí se matando de pensar, e joga logo uma ervilha no caixão. Garanto que ninguém vai notar.
O psicólogo contratado para prospectar a reação das pessoas no velório, balançou a cabeça e apoiou a idéia do faxineiro. Todos ficaram estupefatos, mas como não havia outra solução e o velório teria que começar, assim fizeram. Uma ervilha dentro de um caixão e mandaram para o ginásio.
Por mais incrível que pareça, as pessoas passavam pela ervilha e tinham surtos de choro e grito. Alguns chegavam a se jogar no chão, outros desmaiavam verdadeiramente. O diretor do evento de pronto chamou o psicólogo, e passou a elogiá-lo, propondo-se a dividir os milhões de lucro que teria com o evento.
O psicólogo por sua vez, mandou chamar o faxineiro e o contratou para trabalhar em sua casa, e todos ficaram ali, olhando em silêncio aquela multidão chorar em volta da ervilha.
Passadas algumas horas do sucesso, a família de Michael Jackson chegou ao velório. O pai de Michael passou pelo caixão e nem se deu conta, pois acenava para as câmeras de televisão e anunciava o lançamento de sua gravadora.
Os irmãos de Michael passaram sem notar qualquer problema, pois nem olharam para o caixão. Todos eles estavam mais preocupados com os próprios familiares, temendo que algum deles retirasse algo do caixão como herança.
Quando a mãe de Michael chegou o silêncio tomou conta do Ginásio. Ela se aproximou do caixão, curvou-se, deu um beijo na ervilha, e prontamente levantou os olhos na direção da organização do evento.
Todos da organização se desesperaram. A mãe de Jackson havia descoberto a farsa. Uma correria se instalou no camarote. Som de garrafas quebrando, vasilhas de pipoca para o alto, gente vestido a roupa pelas metades. Realmente a coisa havia complicado.
O organizador, puxando o psicólogo pela orelha e com a mão nos fundilhos do faxineiro, correu para a sala da administração do ginásio. Pelo rádio da organização, homens de preto gritavam: Ela está subindo! Ela está subindo, e pelo jeito está furiosa.
Os três sentaram-se à administração. O diretor estava tenso, porém, o psicólogo muito tranqüilo acendeu um charuto e sentou-se cruzando as pernas. Por força do hábito, o zelador tirava pó da prateleira bebendo seu Jack Daniel’s. O diretor não se conteve e gritou: - Ok. Eu vou me ferrar com essa farsa, mas vocês estão ferrados também. Eu juro que vou acabar com a vida de vocês, nem que para isso eu tenha que passar o resto da vida na cadeia. Como é que vocês pretendiam enganar a mãe de Michael Jackson com uma ervilha?
O psicólogo e o zelador permaneceram em silêncio, até que a porta se abriu abruptamente e a imagem da mãe de Michael começou a disparar todos os tipos de impropérios que são sucesso no Brooklin Enquanto o diretor ameaçava uma desculpa, psicólogo e zelador olhavam a estatua de Michael Jordan na estante. A mãe então mais contida, após parar os palavrões, começou a falar:
- O que é isso? Vocês devem estar de brincadeira “Móder Foquer”. Vocês resolvem fazer uma piada dessas no velório do maior ídolo da terra? “Sãlifabitien”. Como é que vocês tiveram uma idéia dessas? “Quicesmaiés” Eu vou processar vocês.
Enquanto o diretor começava a tentar inventar uma desculpa, ela deixou escapar:
O velório da maior estrela do mundo, e vocês são incapazes de fazer uma maquiagem decente no Michael? Custava alguma coisa perto disso tudo que foi feito? Uma maquiagem? Olha lá ... veja como ele está verde!
.....
Moral da história? Independentemente do talento de Michael Jackson ou de quantas crianças “Nunca” foram molestadas na “Terra do Nunca”, quando a mídia quer que você idolatre uma ervilha, a ervilha vira uma estrela.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
O CASO DO MORRO DO BOI, ESTARDALHAÇOS, E OS VELHOS TRUQUES QUASE PERFEITOS
O lamentável e público caso do Morro do Boi, que ceifou a vida do jovem e promissor Osíres Del Corso, deixando ainda graves sequelas para a sua namorada Monik Pergorari Lima, não parece ter sido encerrado. Muitas outras vítimas e sequelas serão deixadas por essa tragédia humana, emergida do mais absurdo vácuo da alma de algum ser que deveríamos poder chamar de semelhante.
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Após uma investigação difícil, feita por uma polícia carente, em meio a uma cobrança voraz da imprensa e da opinião pública que ela move, o caso parecia ter sua solução clara com a prisão e identificação do acusado Juarez Ferreira Pinto.
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O reconhecimento de Juarez pela vítima sobrevivente, e aqui, por mais desnecessário que pareça, frisamos que as vítimas do referido caso, são e sempre serão apenas Osíres e sua namorada, parecia dar o desfecho necessário para todos aqueles que perseguiam a justiça, ávidos de uma reposta para a barbaria.
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Porém, cinco meses após a data em que ocorreu a bestialidade, e quatro meses após a prisão do acusado reconhecido por Monik, surpreendentemente surge um outro homicida, Paulo Delci Unfried, que desta vez, em teoria espontaneamente, confessa a autoria dessa monstruosidade.
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Como vivemos num país de absurdos, tropeços e episódios de idiotia coletiva, não é difícil que ocorram erros em processos judiciais. Tantos já figuram no rol de vergonhas de nossa Justiça, que seria tolice, com a experiência de quinze anos perante o Egrégio Tribunal do Júri, de pronto afastar a possibilidade de um erro na investigação que levasse um inocente ao cárcere.
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Mas o que chama a atenção, é que a mesma imprensa que cobrou resultados nas investigações, nesta última terça-feria, faz estampar a manchete do caso a palavra inocente, para sentenciar em nome da opinião pública a absolvição moral de Juarez. E isso antes mesmo de ouvir a VÍTIMA (em letras maiúsculas pela necessidade de advertir) que reconheceu o seu algoz. E de pronto o caso volta a ocupar as edições nacionais dos telejornais, desta vez não mais como o caso do Morro do Boi, onde Osíres e sua namorada são as verdadeiras vítimas, mas o novo caso do Morro do Boi, onde Juarez, aquele mesmo reconhecido como homicida, ladrão e maníaco sexual, seria uma suposta “vítima” de um erro das autoridades relacionadas à justiça.
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E com a mesma força que a imprensa sentenciou o monstro, agora o transforma no cordeiro inofensivo e injustiçado, como se sentenciasse agora a vítima sobrevivente, ao vexame do erro, do acusar injusto, e de fazer um cordeiro inocente permanecer quatro meses sob os horrores do cárcere.
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Em entrevista coletiva, alguns advogados já se pronunciam manifestando seu otimismo em relação ao pedido de liberdade, e alguns familiares chegam a falar em indenizações, tudo isso deixando bem claro o quanto é tênue a linha do justo e o quanto é frágil a justiça que essa linha sustenta. Mas as declarações são veementes, como devem ser os advogados que atuam em plenário de Júri, pois até mesmo a arma utilizada no crime foi reconhecida no exame de balística. E são tão veementes as argumentações e as notícias, que quase emudecem a voz da vítima sobrevivente.
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Do que aí está, um quadro que encaminha para a incerteza carrega uma multidão pela mão, fazendo e desfazendo a opinião pública, dizendo e desdizendo a justiça e o direito, repudiando e enaltecendo ora acusado, ora vítima, apagando as luzes do justo e nos levando à insegurança.
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Em virtude dos anos que já passei em plenário, da convivência como advogado que tive com centenas de casos de homicídio, com o Tribunal do Júri, e com as decisões que ele profere através de seus Jurados, na quase absoluta maioria preocupados com a justa decisão, receio que o ocorrido possa trazer grandes prejuízos à Justiça como busca maior dos operadores do Direito, e como elemento legitimador de nossa atuação.
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Primeiramente, porque ainda que o réu confesso que surge surpreendentemente nesta fase do processo tenha feito a aludida confissão, há de se lembrar que a confissão não é suficiente para condenar qualquer pessoa quando outras provas colidam com essa declaração.
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Segundo, porque a confissão feita fora do processo (compreende-se o Inquérito Policial), ao largo da ampla defesa e do contraditório, não se presta como prova jurisdicionalizada, e logo, não tem o força probatória para sustentar uma condenação, sem que seja ratificada integralmente em juízo, bem como corroborada pelos demais elementos probatórios contidos nos Autos.
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Terceiro, que a experiência forense que divido com uma multidão de operadores do direito, mostra-nos claramente que a confissão prestada na fase inquisitorial (no Inquérito Policial), na maioria das vezes não é ratificada em juízo, muitas vezes, sob os argumentos de réus que alegam ter confessado em função de tortura física ou psicológica.
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Quarto, em função de que seria uma excrescência levar dois réus a julgamento por uma fato cometido por uma só pessoa. Tal atitude seria tão absurda, e tornaria a acusação tão frágil, que por certo levaria a absolvição dos dois acusados, igualmente, tanto o inocente quanto o culpado.
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Destas considerações, resta-nos apenas uma advertência a fazer. O surgimento deste segundo acusado, reflete numa grande probabilidade de após o julgamento pelo júri (se prevalecer a competência do crime doloso contra a vida), ao final do caso, serem os dois acusados absolvidos.
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Assim, após os estardalhaços do Caso do Morro do Boi, e dos velhos truques, os acusados seriam absolvidos, tornando-se vítimas de uma acusação supostamente falsa.
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Por outro lado, e tão frágeis quanto no momento em que eram atingidos pelos projéteis disparados pela besta, as vítimas estariam sendo condenadas à injustiça, condenadas a não ver a justa reposta para o mal que lhes fizeram. A vítima que reconheceu o primeiro acusado então estaria sendo sentenciada por ter levado ao cárcere um inocente.
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A inversão de valores não nos surpreende mais, porém, a injustiça na qual ela resulta, pode refletir em uma atrocidade tão ou pior a aquela que deu origem ao caso.
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Conveniente citar um caso aqui de nossa Capital, onde a defesa do acusado, para tentar livrar-lhe da condenação, acusou a então vítima de prostituição e tráfico, desdenhando do fato de se tratar tal vítima de uma menina de apenas 11 anos.
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O estardalhaço deve ser contido, os velhos truques devem ser observados, reconhecidos, detectados e responsabilizados, inclusive em relação a todo e qualquer partícipe ou coautor destas manobras, para que o processo seja levado a julgamento com a cautela e responsabilidade que a Justiça requer.
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Em meio a esses rumores e tumultos processuais, não parece ser coerente conceder a liberdade a Juarez, sem que antes se esgote os meios de avaliação do que há de prova no processo, bem como, da validade dessas provas, e da certeza de que elas serão materializadas e resguardadas em conteúdo até o final julgamento.
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E levando-se em conta que, é público que Paulo teria tentado “suicídio” momentos antes de prestar o seu depoimento, onde teoricamente confessa a prática da atrocidade, ainda no sentido da advertência, a morte acidental, incidental, ou mesmo por causas naturais do cidadão que confessa o crime, ainda antes de sua denúncia e responsabilização criminal, teria o condão de por fim ao processo? Seria considerado satisfatório o resultado da investigação e da atuação jurisdicional?
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Ao que parece, para a família das verdadeiras vítima não.
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Em Honra a Memória de Osíres Del Corso. Um jovem que num mundo de egocentrismos violentos, perdeu a vida defendendo a sua namorada, dando pleno e belo exemplo do cavalheirismo além dos tempos.
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Após uma investigação difícil, feita por uma polícia carente, em meio a uma cobrança voraz da imprensa e da opinião pública que ela move, o caso parecia ter sua solução clara com a prisão e identificação do acusado Juarez Ferreira Pinto.
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O reconhecimento de Juarez pela vítima sobrevivente, e aqui, por mais desnecessário que pareça, frisamos que as vítimas do referido caso, são e sempre serão apenas Osíres e sua namorada, parecia dar o desfecho necessário para todos aqueles que perseguiam a justiça, ávidos de uma reposta para a barbaria.
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Porém, cinco meses após a data em que ocorreu a bestialidade, e quatro meses após a prisão do acusado reconhecido por Monik, surpreendentemente surge um outro homicida, Paulo Delci Unfried, que desta vez, em teoria espontaneamente, confessa a autoria dessa monstruosidade.
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Como vivemos num país de absurdos, tropeços e episódios de idiotia coletiva, não é difícil que ocorram erros em processos judiciais. Tantos já figuram no rol de vergonhas de nossa Justiça, que seria tolice, com a experiência de quinze anos perante o Egrégio Tribunal do Júri, de pronto afastar a possibilidade de um erro na investigação que levasse um inocente ao cárcere.
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Mas o que chama a atenção, é que a mesma imprensa que cobrou resultados nas investigações, nesta última terça-feria, faz estampar a manchete do caso a palavra inocente, para sentenciar em nome da opinião pública a absolvição moral de Juarez. E isso antes mesmo de ouvir a VÍTIMA (em letras maiúsculas pela necessidade de advertir) que reconheceu o seu algoz. E de pronto o caso volta a ocupar as edições nacionais dos telejornais, desta vez não mais como o caso do Morro do Boi, onde Osíres e sua namorada são as verdadeiras vítimas, mas o novo caso do Morro do Boi, onde Juarez, aquele mesmo reconhecido como homicida, ladrão e maníaco sexual, seria uma suposta “vítima” de um erro das autoridades relacionadas à justiça.
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E com a mesma força que a imprensa sentenciou o monstro, agora o transforma no cordeiro inofensivo e injustiçado, como se sentenciasse agora a vítima sobrevivente, ao vexame do erro, do acusar injusto, e de fazer um cordeiro inocente permanecer quatro meses sob os horrores do cárcere.
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Em entrevista coletiva, alguns advogados já se pronunciam manifestando seu otimismo em relação ao pedido de liberdade, e alguns familiares chegam a falar em indenizações, tudo isso deixando bem claro o quanto é tênue a linha do justo e o quanto é frágil a justiça que essa linha sustenta. Mas as declarações são veementes, como devem ser os advogados que atuam em plenário de Júri, pois até mesmo a arma utilizada no crime foi reconhecida no exame de balística. E são tão veementes as argumentações e as notícias, que quase emudecem a voz da vítima sobrevivente.
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Do que aí está, um quadro que encaminha para a incerteza carrega uma multidão pela mão, fazendo e desfazendo a opinião pública, dizendo e desdizendo a justiça e o direito, repudiando e enaltecendo ora acusado, ora vítima, apagando as luzes do justo e nos levando à insegurança.
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Em virtude dos anos que já passei em plenário, da convivência como advogado que tive com centenas de casos de homicídio, com o Tribunal do Júri, e com as decisões que ele profere através de seus Jurados, na quase absoluta maioria preocupados com a justa decisão, receio que o ocorrido possa trazer grandes prejuízos à Justiça como busca maior dos operadores do Direito, e como elemento legitimador de nossa atuação.
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Primeiramente, porque ainda que o réu confesso que surge surpreendentemente nesta fase do processo tenha feito a aludida confissão, há de se lembrar que a confissão não é suficiente para condenar qualquer pessoa quando outras provas colidam com essa declaração.
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Segundo, porque a confissão feita fora do processo (compreende-se o Inquérito Policial), ao largo da ampla defesa e do contraditório, não se presta como prova jurisdicionalizada, e logo, não tem o força probatória para sustentar uma condenação, sem que seja ratificada integralmente em juízo, bem como corroborada pelos demais elementos probatórios contidos nos Autos.
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Terceiro, que a experiência forense que divido com uma multidão de operadores do direito, mostra-nos claramente que a confissão prestada na fase inquisitorial (no Inquérito Policial), na maioria das vezes não é ratificada em juízo, muitas vezes, sob os argumentos de réus que alegam ter confessado em função de tortura física ou psicológica.
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Quarto, em função de que seria uma excrescência levar dois réus a julgamento por uma fato cometido por uma só pessoa. Tal atitude seria tão absurda, e tornaria a acusação tão frágil, que por certo levaria a absolvição dos dois acusados, igualmente, tanto o inocente quanto o culpado.
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Destas considerações, resta-nos apenas uma advertência a fazer. O surgimento deste segundo acusado, reflete numa grande probabilidade de após o julgamento pelo júri (se prevalecer a competência do crime doloso contra a vida), ao final do caso, serem os dois acusados absolvidos.
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Assim, após os estardalhaços do Caso do Morro do Boi, e dos velhos truques, os acusados seriam absolvidos, tornando-se vítimas de uma acusação supostamente falsa.
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Por outro lado, e tão frágeis quanto no momento em que eram atingidos pelos projéteis disparados pela besta, as vítimas estariam sendo condenadas à injustiça, condenadas a não ver a justa reposta para o mal que lhes fizeram. A vítima que reconheceu o primeiro acusado então estaria sendo sentenciada por ter levado ao cárcere um inocente.
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A inversão de valores não nos surpreende mais, porém, a injustiça na qual ela resulta, pode refletir em uma atrocidade tão ou pior a aquela que deu origem ao caso.
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Conveniente citar um caso aqui de nossa Capital, onde a defesa do acusado, para tentar livrar-lhe da condenação, acusou a então vítima de prostituição e tráfico, desdenhando do fato de se tratar tal vítima de uma menina de apenas 11 anos.
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O estardalhaço deve ser contido, os velhos truques devem ser observados, reconhecidos, detectados e responsabilizados, inclusive em relação a todo e qualquer partícipe ou coautor destas manobras, para que o processo seja levado a julgamento com a cautela e responsabilidade que a Justiça requer.
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Em meio a esses rumores e tumultos processuais, não parece ser coerente conceder a liberdade a Juarez, sem que antes se esgote os meios de avaliação do que há de prova no processo, bem como, da validade dessas provas, e da certeza de que elas serão materializadas e resguardadas em conteúdo até o final julgamento.
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E levando-se em conta que, é público que Paulo teria tentado “suicídio” momentos antes de prestar o seu depoimento, onde teoricamente confessa a prática da atrocidade, ainda no sentido da advertência, a morte acidental, incidental, ou mesmo por causas naturais do cidadão que confessa o crime, ainda antes de sua denúncia e responsabilização criminal, teria o condão de por fim ao processo? Seria considerado satisfatório o resultado da investigação e da atuação jurisdicional?
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Ao que parece, para a família das verdadeiras vítima não.
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Em Honra a Memória de Osíres Del Corso. Um jovem que num mundo de egocentrismos violentos, perdeu a vida defendendo a sua namorada, dando pleno e belo exemplo do cavalheirismo além dos tempos.
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