terça-feira, 28 de agosto de 2007

MENSALÃO por Samuel Rangel

Agora, enquanto em Brasília se discute o recebimento ou não da Denúncia dos "Denunciados"* na CPI do Mensalão, resolvi percorrer meus arquivos e descobrir o que escrevi na época. Encontrando este texto, publico-o agora para reavivar minha indiganção.

"Enquanto organizava os boletos bancários que venceram minha perspectiva, liguei a TV, e para minha surpresa, em meio a absurdos que gritavam alguns deputados e senadores, um indivíduo desprovido de cabelo, vestindo um terno de U$ 6.500, dava seus esclarecimentos sobre os contratos que tem com o Governo.

Mesmo meio desatento, ao que pude somar rapidamente, era uma importância superior a R$ 500.000.000,00. Percebendo que este tanto de zeros eu não consegui tirar na escola (e eu me esforcei), resolvi prestar mais atenção no indivíduo, pois, quem sabe ele pudesse me dar uma pista de como ao menos arrumar o dinheiro para pagar minhas contas.Foi o maior erro que cometi na vida.

Quando comecei a analisar o vernáculo do miliante, um certo desespero me tomou de assalto. Junto com isso, cheguei a ter vontade de bater em meu pai e até em minha mãe, pois lembrei com amargura todas as vezes que eles me falavam: você tem que estudar para ser alguém na vida. Já me bastava saber dos olerites de jogadores, para saber que qualquer time de segunda divisão me pagaria melhor que o Direito, e para minha tortura, escuto aquele ignorante (e arrogante também) falando de dinheiro que nem a máfia tem. Ops! Mas ele é da Máfia?

Pois bem. Eu, Samuel Rangel, Advogado e Músico, Ator, Marceneiro e Mecânico de Buggy, tive a triste certeza de que não poderia fazer nada. Porém, como me permite a articulação da lingua portuguesa pelo Sr. Marco Valério, eu resolvi tirar o S do primeiro nome dele. Sim. Foi o máximo que consegui em minha revolta. Qual o motivo? Ora meus amigos, eu ouvi ele dizer: Os Contrato do Banco do Brasil. Os Contrato do Governo de Minas. Os Contrato disso, que ele ganhou naqueles encontro, naqueles dia que ele fez as viagem, para aquelas oito cidade ...Já que ele não sabe usar o "S" no mais sórdido plural, eu, pelos poderes que o ódio me investe, em nome de todo o nojo que sentimos, declaro: Marcos Valério, haverá de ser chamado simplesmente de Marco Valério.

Um triste marco na história do Brasil e da Cultura."

* Destaquei a Denúncia dos Denunciados por uma questão simples. Nem todas as pessoas que a imprensa denuncia em manchetes chamativas, são efetivamente processadas. Para que a pessoa seja processada criminalmente, o Juiz deverá receber a Denúncia.

Se nem todos os Denunciados são processados, há algo errado. Ou a Imprensa denuncia mal, ou os juízes não recebem bem. E que eles resolvam essa pendenga.

Em briga de cachorro grande eu fico para cá da grade.

Samuel Rangel

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