segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O ENCONTRO (Samuel Rangel)



Hoje, finalmente consegui.

Vou sair com aquela mulher maravilhosa.

Esta gravata combina?

Será que ela gostará de me ver todo de preto?

Esta é uma das frases nunca ditas e jamais confessadas pelos homens, porém ficam pulando na cabeça masculina de forma descompensada.

E para ser sincero, eu mesmo demorei tempo para encontrá-la em meio aos meus sólidos preceitos machistas, mas descobri que ela está lá.

Por outro lado, em meio às cervejas tomadas em goles largos com minhas grandes amigas, percebi que a insegurança não tem sexo.

É um ente imaginário que faz um tremendo carnaval animado pelo bumbo da loucura que sem nenhuma maestria rege a vida moderna.

Um descompasso delicioso, mas que não confessamos.

Uma insegurança gostosa.

O melhor presságio de que o desconhecido está por se revelar.

E como somos eternos escravos deste menino arteiro que se chama destino, ele nos prega peças.

Acabamos conhecendo aquela pessoa que tanto esperamos em uma batida de trânsito, e em meio ao grito de que a culpa é sua, pronto, a mágica, um olhar diferente transfere a discussão para o restaurante e o acordo acaba sendo firmado em uma linda e maravilhosa noite no motel.

Quantas histórias interessantes nós conhecemos nesse tom?

Mas não adianta.

A escolha do perfume e as horas que as mulheres passam sentadas à frente do guarda-roupas.

Ou mesmo os três pares de sapato lado a lado no chão e o cabelo que leva tempo para se acalmar.

Então que sejam os olhos atentos no retrovisor do carro e a escolha entre chegar antes ou depois.

Mesmo a escolha da mesa e depois do cardápio, tudo isso faz parte de um encantado desencontro entre homens e mulheres.

Então se fossemos merecedores, uma voz lânguida viria dos Céus e nos falaria: - Acalmem-se meus filhos.

Tudo vai dar Certo!

Mas enquanto essa voz não ecoa pelos vales terrestres, continuamos de tempos em tempos, homens e mulheres, vendo os descompassos de nosso peito enquanto a garganta seca.

Pasmados com nossas mãos trêmulas, vamos ao encontro com o desconhecido.

Uma nova história começa, por vezes curta, outras vezes longa, e tantas vezes perpétua.

Vamos então em busca de algo que nos tire a lógica do peito, e que encha nossa cabeça de sonhos e romance, buscando transbordar nossa existência, e confessando que apesar de nunca nos entendermos perfeitamente, somos a parte mais encantadora deste adorável conflito entre homens e mulheres.

Nenhum comentário: