segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
O TEMPO QUE NOS REVELA (Samuel Rangel)
O Tempo que nos leva.
Da inocência de nossa infância, somos conduzidos pelo tempo até o brilho de nossa idade. E até parece que o tempo não tem alma, pois nos arranca as forças, nos rouba o fôlego. Faz com que nossa cabeça se curve aos fatos mais insólitos. Faz com que nossas pernas percam a rapidez na condução dos dias. Faz com que nossas palavras se percam em meio ao valor que nos dão. Esse tempo, é para muitos um carrasco implacável que nos executa lentamente enquanto a hora se esvai por entre os nossos dedos.
Mas acho que não é assim. Quem sabe o tempo tenha sua própria ciência, e dela faça uso no sentido de nos conduzir a um ser melhor. Do egocentrismo de nossa infância ficamos órfãos já na adolescência, e de forma pueril e irritantemente romântica na adolescência buscamos nossa felicidade na garota mais bonita, no corpo mais escultural, no sucesso refletido nas retinas atentas que nos julgam a cada instante. E tanto quanto nos judiam as manhas da infância, a tristeza de amores não correspondidos ou de relacionamentos rompidos no estapeiam o rosto sem qualquer parcimônia.
E a adolescência então vai-se embora quando nos embrenhamos nos caminhos do instinto, e o tempo nos dá alguns encantos para que possamos nos relacionar com alguém. Porém, como os encantos são apenas alguns, não temos o condão de entrar na alma das pessoas ou de permanecer muito tempo lá.
E o tempo nos faz cansar de tantas idas e vindas. Ele silenciosamente nos propõe um lugar, um alguém, uma forma de viver os dias. Somos então parte de algo, e com o tempo, passamos a dormir na metade de uma cama, ter a metade de um guarda-roupa, ou mesmo dividir até as gavetas da pia do banheiro.
Mas o tempo nos cobra então o que não fizemos, nos cobra até aquilo que estamos deixando de fazer, e nos mostra que nossos olhos precisam aprender a julgar melhor as pessoas e a si próprio, pois o material de que somos feitos se deteriora. O tempo nos mostra ainda que não conseguimos ainda deixar totalmente de lado a adolescência, e nos cobra uma atitude. E aquilo que parecia ser perpétuo, acaba se demonstrando como apenas um passo. Uma passagem que nos remete ao escuro, a solidão, e ao desencontro.
Dessa vez achamos que o tempo nos quer mal, e chegamos a questionar suas intenções. Por qual razão nos flagela tanto? Por que não demonstra a mínima compaixão? Permita-nos ao menos entender tanto sofrimento. E nossa cabeça curva como se fosse pela última vez.
Mas é no escuro que nos enxergamos melhor, e na solidão que ouvimos mais nossos anseios. É neste aparente sofrimento que encontramos o necessários tratamento.
Percebemos então que o tempo arranca nossas forças e nosso fôlego, mas é para que passemos a ter algum respeito que nos faltou em outro momento. E também faz com que nossa cabeça se curve aos fatos mais insólitos, para que com o respeito devido, passemos a entender que não somos melhores ou maiores que ninguém. O tempo faz com que nossas pernas percam a rapidez na condução dos dias para que paremos de fugir de tudo e de todos, para que enfrentemos nossas lutas. E faz com que nossas palavras se percam em meio ao valor que nos dão, para que aprendamos a ouvir mais e julgar de acordo com o que somos e conhecemos.
Então o tempo e a vida, segredos de nossa infância e mistérios de nossa velhice estão lá, lado a lado, de mãos unidas em nossa existência, contemplando-nos como o pai que admira o filho com a bola nos pés.
E então, quando nossa cabeça pratear nossa existência, entenderemos naquela criança afoita correndo atrás da bola, todo o carinho que o tempo nos dedica.
Aos nossos dez anos, corremos muito atrás da bola, e tantas e tantas vezes nem a alcançamos.
Em nossa adolescência, alcançamos a bola e com ela corremos com toda nossa rapidez, ainda que muitas vezes não saibamos exatamente para onde vamos.
E o tempo nos ensina então, quando adultos, que a bola deve correr por nós, e que nós, os preferidos do tempo, é que temos toda a liberdade de fazer a bola correr no sentido que bem entendermos. Temos então o poder de decidir as coisas, e delas tirar as lições e proveitos como verdadeiras bênçãos.
E haverá então o último tempo, aquele que não se revela, mas que ao chegar, nos pega pela mão, agora vestido de findo e nos convocando ao abandono, cerra nossos olhos e nos convida a partir. Neste momento, ele nos mostra que, tanto quanto nós, o tempo pode recomeçar, inclusive para nós, inclusive em nós, inclusive por nós.
O tempo é que faz da vida a verdadeira benção.
ESCOLHAS (Samuel Rangel)
Sinto-me um tolo vez por outra, ao me perceber tentando dividir uma garrafa quase vazia em dois copos. Lá estou eu novamente deitando o gargalo quase seco sobre um copo sedento, mas infeliz no seu desiderato. Penso que a alquimia poderia trazer-me pela mão e combinar algum hidrogênio descuidado com as moléculas de oxigênio que sonho serem minhas. Mas de nada adianta. Teremos três certezas apenas: os dois copos quase vazios e a sede que os atormenta.
E não é diferente com a vida. Tentando dividir as palavras entre o advogado e um escritor sem registro nem permissão. Em outro momento não sei se componho alguma melodia que revele minha alma, ou se rabisco em algum papel o desenho que contaria como ela chegou aqui.
Há ainda a divisão entre o pai e o filho. Não tenho certeza se dedico o meu primeiro abraço ao meu pai, ou se dedico ao meu filho. Mas como nenhum amor é eminentemente felicidade, e não há uma só partida que não revele novos campos, aprendo a boa lição da garrafa vazia. Por mais que tentemos inundar a tudo, estaremos limitados pela nossa capacidade.
Por mais que eu almeje desesperadamente ser um grande homem, jamais serei dois.
Por mais que eu deseje todas as artes, jamais comporei a música virtuosa enquanto minhas mãos escrevem cartas de sentido. E mesmo dentro de cada compartimento desta imensidão chamada vida, não será diferente, pois ao tentar versos, perderei o poder da crônica, e se crônica tentar buscar, serei obrigado a esquecer das rimas.
Mas tanto quanto as lições que julguei tolas no ginasial, estas também são de máxima importância.
Tanto quanto a criança dos anos setenta, que escolhia o pássaro mais colorido no aviário, deixando de escolher o de melhor canto, continuo a cada escolha abdicando de algo não menos importante.
Para cada sim haverá mais de um não.
Para um querer, uma infinidade de rejeições.
Para passear pela teclas do meu piano, terei que silenciar as cordas do meu violão.
Para um beijo, alguns segundos em que deixarei de respirar.
Para cada chegada uma partida.
Para cada passo, um pé deverá ficar atrás.
Para cada nova palavra, uma outra se perdeu no tempo.
Para cada encontro um desencontro.
Para cada casaco novo, um outro se tornou velho.
Para cada eu te amo, haverá de se dizer um eu te esqueço.
E enquanto este ano agoniza, um outro prepara seu primeiro grito.
Assim é.
E na Comédia Del Arte encenada pela vida, no desempenho de nosso papel, para termos a profundidade dos Velhos, teremos que deixar a graça dos Zanis.
Então que seja.
Que venha tudo que há de novo, pois ainda que não possa tocar o passado, eu sempre poderei reverenciá-lo em minhas lembranças.
Que venha o desconhecido, como forma de dar seqüência aos passos que me trouxeram até aqui.
Que venham alegrias e tristezas, chegadas e partidas. Sim. Que venham essas escultoras caprichosas do tempo, que com maior ou menor delicadeza, vão moldando em minha alma o rosto de minha história.
Aceitarei os golpes doloridos da realidade quando o formão afiado arrancar pedaços desta minha alma, mas sei que logo após, ou quem sabe mais tarde, quando o tempo for exato, essas artistas virtuosas haverão de manipular algo com a suavidade do algodão para tornar lisa a sua obra.
Que abram-se as cortinas desses próximos dias, meses e anos, e que a grande Direção do Universo nos permita ter uma bela história para contar ao público.
E não é diferente com a vida. Tentando dividir as palavras entre o advogado e um escritor sem registro nem permissão. Em outro momento não sei se componho alguma melodia que revele minha alma, ou se rabisco em algum papel o desenho que contaria como ela chegou aqui.
Há ainda a divisão entre o pai e o filho. Não tenho certeza se dedico o meu primeiro abraço ao meu pai, ou se dedico ao meu filho. Mas como nenhum amor é eminentemente felicidade, e não há uma só partida que não revele novos campos, aprendo a boa lição da garrafa vazia. Por mais que tentemos inundar a tudo, estaremos limitados pela nossa capacidade.
Por mais que eu almeje desesperadamente ser um grande homem, jamais serei dois.
Por mais que eu deseje todas as artes, jamais comporei a música virtuosa enquanto minhas mãos escrevem cartas de sentido. E mesmo dentro de cada compartimento desta imensidão chamada vida, não será diferente, pois ao tentar versos, perderei o poder da crônica, e se crônica tentar buscar, serei obrigado a esquecer das rimas.
Mas tanto quanto as lições que julguei tolas no ginasial, estas também são de máxima importância.
Tanto quanto a criança dos anos setenta, que escolhia o pássaro mais colorido no aviário, deixando de escolher o de melhor canto, continuo a cada escolha abdicando de algo não menos importante.
Para cada sim haverá mais de um não.
Para um querer, uma infinidade de rejeições.
Para passear pela teclas do meu piano, terei que silenciar as cordas do meu violão.
Para um beijo, alguns segundos em que deixarei de respirar.
Para cada chegada uma partida.
Para cada passo, um pé deverá ficar atrás.
Para cada nova palavra, uma outra se perdeu no tempo.
Para cada encontro um desencontro.
Para cada casaco novo, um outro se tornou velho.
Para cada eu te amo, haverá de se dizer um eu te esqueço.
E enquanto este ano agoniza, um outro prepara seu primeiro grito.
Assim é.
E na Comédia Del Arte encenada pela vida, no desempenho de nosso papel, para termos a profundidade dos Velhos, teremos que deixar a graça dos Zanis.
Então que seja.
Que venha tudo que há de novo, pois ainda que não possa tocar o passado, eu sempre poderei reverenciá-lo em minhas lembranças.
Que venha o desconhecido, como forma de dar seqüência aos passos que me trouxeram até aqui.
Que venham alegrias e tristezas, chegadas e partidas. Sim. Que venham essas escultoras caprichosas do tempo, que com maior ou menor delicadeza, vão moldando em minha alma o rosto de minha história.
Aceitarei os golpes doloridos da realidade quando o formão afiado arrancar pedaços desta minha alma, mas sei que logo após, ou quem sabe mais tarde, quando o tempo for exato, essas artistas virtuosas haverão de manipular algo com a suavidade do algodão para tornar lisa a sua obra.
Que abram-se as cortinas desses próximos dias, meses e anos, e que a grande Direção do Universo nos permita ter uma bela história para contar ao público.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
ITALO BOVO, FERNANDO SABINO E SEU DOMINGOS (Samuel Rangel)
Eu, que ainda não sabia para que existia uma gilete, odiava muito as aulas de português. Principalmente aquelas ministradas pela professora obesa com malhas de tigresa. A maquilagem exagerada e a calça que não lhe caía bem tornavam aquela imagem nada agradável, e as aulas de português pareciam uma versão inútil do Latim.
Certo dia, enquanto os meus olhos passeavam pelo pátio do colégio Rio Branco, uma outra professora trouxe alguns livros para a sala de aula com a intenção de nos ensinar o que eram crônicas.
Livros para lá e para cá, veio milagrosamente às minhas mãos um livro de Fernando Sabino, cujo Título não tive o bom senso de guardar diante de minha tolice juvenil.
Mas a história, que falava de um bar e de um jogo entre Atlético Mineiro e Cruzeiro, abriu-me os olhos de forma definitiva. Finalmente eu entendia todo o valor da palavra escrita.
Passados trinta anos do meu primeiro encontro com uma crônica, onde tive o prazer de conhecer o bordado de palavras coloridas de Fernando Sabino, Ítalo Bovo nos deixa órfãos de sua valiosa presença. Tentei escrever algo, que até se pode ler logo abaixo deste texto, mas embora esteja aí, não considero esse texto capaz de expressar o que sinto nesse momento.
Chego a pensar que deveria ter silenciado os meus dedos.
Então resolvi procurar conselhos, e o primeiro nome que me surge à cabeça, é o de Fernando Sabino. Fui pesquisar suas crônicas, pois percebo que estou precisando muito estudar antes de escrever novamente.
E em homenagem aos leitores, comecei a buscar inspiração no mestre Fernando Sabino, ainda que nunca lhe tenha faltado o juízo de me admitir como aprendiz.
E numa daquelas artes do destino, encontrei o seguinte texto que passo a oferecer a Ítalo Bovo, seu filho, seu neto e todos os demais seres humanos que tenham a benção de conhecer a paternidade.
_______________________________________
COMO DIZIA MEU PAI (Fernando Sabino)
JÁ SE TORNOU HÁBITO MEU, em meio a uma conversa, preceder algum comentário por uma introdução:
— Como dizia meu pai...
Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a alguma opinião.
De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira — insensivelmente vou me tornando com o correr dos anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos, meidentificando com a herança espiritual que dele recebi.
Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias, repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um gesto seu. Ao formular uma idéia, percebo que estou concebendo, para nortear meu pensamento, um princípio que se não foi enunciado por ele, só pode ter sido inspirado por sua presença dentro de mim.
— No fim tudo dá certo...
Ainda ontem eu tranqüilizava um de meus filhos com esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:
— Se não deu certo, é porque ainda não chegou no fim.
Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de palhinha da varanda, como namorados, trocando notícias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los. Finda a última audiência, passava a mão no chapéu e na bengala e saía para uma volta, um encontro eventual com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer.
Costumava se distrair realizando pequenos consertos domésticos: uma bóia de descarga, a bucha de uma torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da necessária habilidade e de uma preciosa caixa de ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa, ter à mão pelo menos um alicate e uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai, hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava atrasando. Depois de remexer durante vários dias em suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao remontá-lo houvesse sobrado umas pecinhas, que alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar sem atrasos, e as batidas a soar em horas desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.
Tinha por hábito emitir um pequeno sopro de assovio, que tanto podia ser indício de paz de espírito como do esforço para controlar a perturbação diante de algum aborrecimento.
— As coisas são como são e não como deviam ser. Ou como gostaríamos que fossem.
Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloqüente em suas conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas de certo ceticismo preventivo ante as esperanças vãs:
— O que não tem solução, solucionado está.
E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao cúmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que mudará por si.
Às vezes seus princípios pareciam confundir-se com os da própria sabedoria mineira: esperar pela cor da fumaça, não dar passo maior do que as pernas, dormir no chão para não cair da cama. Os dele eram mais singelos:
— Mais vale um apertinho agora que um apertão o resto da vida.
— Negócio demorado acaba não saindo.
— Dinheiro bom em coisa boa.
— Antes de entrar, veja por onde vai sair.
Um dia me disse, ao me surpreender tentando armar um brinquedo qualquer com mãos desajeitadas:
— Meu filho, tudo que é bem feito se faz com os dedos, não com as mãos.
Tenho tido ocasião ao longo da vida de observar como é procedente este seu ensinamento. A mão é grossa, pesada, insensível. Se não fossem os dedos de nada serviria, a não ser para dar bofetadas. Os dedos são refinados, sensitivos, e a eles devemos tudo o que é bem feito e acabado: do mais requintado trabalho manual às mais complicadas operações, da mais fina sensação do tacto à mais terna das carícias.
— Se o cafezinho foi bom, melhor não aceitar o segundo: será sempre pior que o primeiro.
Como tudo mais nessa vida: uma viagem, uma mulher: não repetir, pois a emoção jamais será a mesma da primeira vez. E não desanimar, pois se nascemos nus e estamos vestidos, já estamos no lucro. Nada neste mundo é cem por cento perfeito. Se contamos com mais de cinqüenta por cento, também já estamos no lucro. Quando conseguimos o que é apenas bom, naturalmente devemos continuar aspirando o melhor, se possível - mas perfeição absoluta, só Deus. E creio que Seu Domingos, homem íntegro, reto e temente a Deus, hoje em Sua companhia, não consideraria sacrilégio comentar, naquele seu jeito ladino:
— E assim mesmo, olhe lá...
Seus conselhos eram de tamanha simplicidade que tinham a força de provérbios nascidos da voz do povo: nada como um dia depois do outro, um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar, tudo tem seu tempo. Fosse ele influenciado por leituras piedosas, poderíamos mesmo detectar, aqui e ali, vestígios de inspiração bíblica: tempo de semear, tempo de colher...
— É o que nos acontece.
Há uma diferença sutil entre admitir que as coisas são como são, não como deviam ser, e reconhecer que é o que nos acontece. Aqui, o comentário não pretendia refletir a impossibilidade de modelar (com os dedos) os fatos de acordo com a nossa vontade, mesmo que esta esteja certa. Exprime antes a humilde aceitação da nossa precária condição humana, como frágeis criaturas de Deus. Procura se solidarizar com a desgraça alheia, como a dizer que também estamos sujeitos a ela, somos todos irmãos na mesma atribulação. É o que nos acontece.
Portanto, alegremo-nos! Uma amiga minha, que não o conheceu, busca nele se inspirar quando afirma, sempre que se vê diante de algum contratempo:
— Antes de mais nada, fica estabelecido que ninguém vai tirar o meu bom humor.
Acabei levando esta disposição de minha amiga às últimas conseqüências: o mais importante é não perder a capacidade de rir de mim mesmo. Como Cartola e Carlos Cachaça naquele samba, às vezes dou gargalhadas pensando no meu passado.. . E cada vez acredito mais no ensinamento recebido não sei se de meu pai ou diretamente de Confúcio, segundo o qual há várias maneiras de realizar um desejo, sendo uma delas renunciar a ele. Como adverte outro sábio, se desejamos obstinadamente alguma coisa, é melhor tomar cuidado, porque pode nos suceder a infelicidade de consegui-la.
Tudo isso que de uns tempos para cá vem me vem ocorrendo, às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. De repente fui fulminado por uma verdade tão absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No entanto era uma verdade evangélica, de clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado: Só há um meio de resolver qualquer problema nosso: é resolver primeiro o do outro.
Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de representante de umas firmas inglesas, era procurador de partes — solene designação para uma atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A princípio os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma orientação. Era de se ver a romaria no seu escritório todas as manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas do filho — era gente assim que vinha buscar com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua aflição. O próprio Governador, que não o conhecia pessoalmente, certa vez o consultou através de um secretário, sobre questão administrativa que o atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz.
Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.
O texto acima foi publicado originalmente no livro " A Volta por Cima " e extraído de " Fernando Sabino - Obra Reunida, Vol. III ", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1996, pág.611.
Certo dia, enquanto os meus olhos passeavam pelo pátio do colégio Rio Branco, uma outra professora trouxe alguns livros para a sala de aula com a intenção de nos ensinar o que eram crônicas.
Livros para lá e para cá, veio milagrosamente às minhas mãos um livro de Fernando Sabino, cujo Título não tive o bom senso de guardar diante de minha tolice juvenil.
Mas a história, que falava de um bar e de um jogo entre Atlético Mineiro e Cruzeiro, abriu-me os olhos de forma definitiva. Finalmente eu entendia todo o valor da palavra escrita.
Passados trinta anos do meu primeiro encontro com uma crônica, onde tive o prazer de conhecer o bordado de palavras coloridas de Fernando Sabino, Ítalo Bovo nos deixa órfãos de sua valiosa presença. Tentei escrever algo, que até se pode ler logo abaixo deste texto, mas embora esteja aí, não considero esse texto capaz de expressar o que sinto nesse momento.
Chego a pensar que deveria ter silenciado os meus dedos.
Então resolvi procurar conselhos, e o primeiro nome que me surge à cabeça, é o de Fernando Sabino. Fui pesquisar suas crônicas, pois percebo que estou precisando muito estudar antes de escrever novamente.
E em homenagem aos leitores, comecei a buscar inspiração no mestre Fernando Sabino, ainda que nunca lhe tenha faltado o juízo de me admitir como aprendiz.
E numa daquelas artes do destino, encontrei o seguinte texto que passo a oferecer a Ítalo Bovo, seu filho, seu neto e todos os demais seres humanos que tenham a benção de conhecer a paternidade.
_______________________________________
COMO DIZIA MEU PAI (Fernando Sabino)
JÁ SE TORNOU HÁBITO MEU, em meio a uma conversa, preceder algum comentário por uma introdução:
— Como dizia meu pai...
Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a alguma opinião.
De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira — insensivelmente vou me tornando com o correr dos anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos, meidentificando com a herança espiritual que dele recebi.
Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias, repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um gesto seu. Ao formular uma idéia, percebo que estou concebendo, para nortear meu pensamento, um princípio que se não foi enunciado por ele, só pode ter sido inspirado por sua presença dentro de mim.
— No fim tudo dá certo...
Ainda ontem eu tranqüilizava um de meus filhos com esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:
— Se não deu certo, é porque ainda não chegou no fim.
Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de palhinha da varanda, como namorados, trocando notícias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los. Finda a última audiência, passava a mão no chapéu e na bengala e saía para uma volta, um encontro eventual com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer.
Costumava se distrair realizando pequenos consertos domésticos: uma bóia de descarga, a bucha de uma torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da necessária habilidade e de uma preciosa caixa de ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa, ter à mão pelo menos um alicate e uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai, hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava atrasando. Depois de remexer durante vários dias em suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao remontá-lo houvesse sobrado umas pecinhas, que alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar sem atrasos, e as batidas a soar em horas desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.
Tinha por hábito emitir um pequeno sopro de assovio, que tanto podia ser indício de paz de espírito como do esforço para controlar a perturbação diante de algum aborrecimento.
— As coisas são como são e não como deviam ser. Ou como gostaríamos que fossem.
Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloqüente em suas conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas de certo ceticismo preventivo ante as esperanças vãs:
— O que não tem solução, solucionado está.
E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao cúmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que mudará por si.
Às vezes seus princípios pareciam confundir-se com os da própria sabedoria mineira: esperar pela cor da fumaça, não dar passo maior do que as pernas, dormir no chão para não cair da cama. Os dele eram mais singelos:
— Mais vale um apertinho agora que um apertão o resto da vida.
— Negócio demorado acaba não saindo.
— Dinheiro bom em coisa boa.
— Antes de entrar, veja por onde vai sair.
Um dia me disse, ao me surpreender tentando armar um brinquedo qualquer com mãos desajeitadas:
— Meu filho, tudo que é bem feito se faz com os dedos, não com as mãos.
Tenho tido ocasião ao longo da vida de observar como é procedente este seu ensinamento. A mão é grossa, pesada, insensível. Se não fossem os dedos de nada serviria, a não ser para dar bofetadas. Os dedos são refinados, sensitivos, e a eles devemos tudo o que é bem feito e acabado: do mais requintado trabalho manual às mais complicadas operações, da mais fina sensação do tacto à mais terna das carícias.
— Se o cafezinho foi bom, melhor não aceitar o segundo: será sempre pior que o primeiro.
Como tudo mais nessa vida: uma viagem, uma mulher: não repetir, pois a emoção jamais será a mesma da primeira vez. E não desanimar, pois se nascemos nus e estamos vestidos, já estamos no lucro. Nada neste mundo é cem por cento perfeito. Se contamos com mais de cinqüenta por cento, também já estamos no lucro. Quando conseguimos o que é apenas bom, naturalmente devemos continuar aspirando o melhor, se possível - mas perfeição absoluta, só Deus. E creio que Seu Domingos, homem íntegro, reto e temente a Deus, hoje em Sua companhia, não consideraria sacrilégio comentar, naquele seu jeito ladino:
— E assim mesmo, olhe lá...
Seus conselhos eram de tamanha simplicidade que tinham a força de provérbios nascidos da voz do povo: nada como um dia depois do outro, um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar, tudo tem seu tempo. Fosse ele influenciado por leituras piedosas, poderíamos mesmo detectar, aqui e ali, vestígios de inspiração bíblica: tempo de semear, tempo de colher...
— É o que nos acontece.
Há uma diferença sutil entre admitir que as coisas são como são, não como deviam ser, e reconhecer que é o que nos acontece. Aqui, o comentário não pretendia refletir a impossibilidade de modelar (com os dedos) os fatos de acordo com a nossa vontade, mesmo que esta esteja certa. Exprime antes a humilde aceitação da nossa precária condição humana, como frágeis criaturas de Deus. Procura se solidarizar com a desgraça alheia, como a dizer que também estamos sujeitos a ela, somos todos irmãos na mesma atribulação. É o que nos acontece.
Portanto, alegremo-nos! Uma amiga minha, que não o conheceu, busca nele se inspirar quando afirma, sempre que se vê diante de algum contratempo:
— Antes de mais nada, fica estabelecido que ninguém vai tirar o meu bom humor.
Acabei levando esta disposição de minha amiga às últimas conseqüências: o mais importante é não perder a capacidade de rir de mim mesmo. Como Cartola e Carlos Cachaça naquele samba, às vezes dou gargalhadas pensando no meu passado.. . E cada vez acredito mais no ensinamento recebido não sei se de meu pai ou diretamente de Confúcio, segundo o qual há várias maneiras de realizar um desejo, sendo uma delas renunciar a ele. Como adverte outro sábio, se desejamos obstinadamente alguma coisa, é melhor tomar cuidado, porque pode nos suceder a infelicidade de consegui-la.
Tudo isso que de uns tempos para cá vem me vem ocorrendo, às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. De repente fui fulminado por uma verdade tão absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No entanto era uma verdade evangélica, de clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado: Só há um meio de resolver qualquer problema nosso: é resolver primeiro o do outro.
Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de representante de umas firmas inglesas, era procurador de partes — solene designação para uma atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A princípio os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma orientação. Era de se ver a romaria no seu escritório todas as manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas do filho — era gente assim que vinha buscar com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua aflição. O próprio Governador, que não o conhecia pessoalmente, certa vez o consultou através de um secretário, sobre questão administrativa que o atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz.
Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.
O texto acima foi publicado originalmente no livro " A Volta por Cima " e extraído de " Fernando Sabino - Obra Reunida, Vol. III ", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1996, pág.611.
SÉTIMO DIA (Samuel Rangel)
Uma homenagem a Ítalo Bovo
No primeiro dia, um silêncio consternado instalou-se em minha cabeça, minha boca, e minha mão. Não sabia o que dizer, e por respeito não escrevi. Quando o segundo dia veio, ainda não tinha respostas para as perguntas que nem saberia fazer.
Chegou o terceiro dia, e enquanto sentava com um amigo à beira de um tanque de Tilápias, percebi que a vida tem seu curso entre as margens de nossos limites. Não somos nós que decidimos o momento em que a vida aflora das profundezas, e nem mesmo teremos a sorte de decidir quando e como chegaremos à foz deste rio.
No quarto dia, o Natal veio silencioso. Fiz-me presente onde não queria, e abracei pessoas que nem desejava. Tudo para ver uma tranqüilidade de pessoas que amo. Misteriosamente, ao abraçar pessoas que fizeram acumular decepções neste rosto cansado, senti-me maior, melhor, mais forte. Senti-me então superior.
No quinto dia, o silêncio era menor, e ousei alguns sorrisos.
No sexto dia, o filho me convida a uma conversa, e a esta jamais me furtaria o dever. Então sentados em nosso bar e testemunha de nossas filosofias, fomos discutir a perda. O significado de perder tem por sua própria natureza, uma abençoada origem. A perda só assola aquele que um dia teve.
Esta é uma das tantas lições deixadas por Ítalo Bovo, um pai atencioso e sábio de Rio Claro, que deu-me gratuitamente um amigo, um parceiro de violão e um companheiro de boemia. Devo a Ítalo Bovo a minha amizade com Ítalo Bovo Junior.
Ao ouvir um dos CDs que gravamos, lá estará a voz do meu “comparsa” (como ele mesmo me chama).
Seu pai nos deixou na sexta-feira passada, precocemente, sem aviso, sem alarme, deixando-nos apenas com perguntas. Deixou-nos dormentes ao partir dormindo. E até isso acho que fez com intenção, pois somente procuramos respostas quando temos alguma pergunta que nos incomoda, a e ao procurar resposta, nos deparamos com pequenas verdades da vida, que ao tocarem nossa alma, nos tornam pessoas melhores, mais humanas.
Essas pequenas verdades constituem um verdadeiro mar de bons valores, como amizade, respeito, justiça, humildade e compaixão.
Então agradeço a Ítalo Bovo as lições que me foram entregues por intermédio de seu filho, dizendo-lhe desde já, que estarei atento a estas pequenas coisas muito valiosas.
E em face de tal presente, não poderia deixar de prestar uma homenagem.
Por considerar que a vida é um livro que nos foi dado em oportunidade para escrever ou mesmo rabiscar nossas linhas, assim considero em relação a todos. Um dia o livro de Ítalo Bovo foi aberto, e não mais se fechou. Antes do último capítulo, outro livro foi aberto, e depois deste ainda outro. Ítalo Bovo está perpetuado no semblante e nas atitudes de seu filho e seu neto, este dois livros abertos e nervosos nas linhas que estão sendo escritas.
Como última lição, aprendi que a morte não é o último capítulo de uma história. A morte carrega um conselho. Se gostou deste livro, leia aquele que está logo ali. É como se fosse uma indicação para aquilo que parece ser outro livro, mas na realidade, é a continuação da mesma história.
Por conhecer as páginas de Ítalo Bovo Junior, e do filho deste também, Ítalo bovo é um livro realmente aberto, que não se fechará jamais. Como o Rio, que embora pareça, não acaba ao tocar o mar. Ele apenas passa a fazer parte de algo infinitamente maior.
Que Deus Te Abençoe e obrigado pelas lições gratuitas.
No primeiro dia, um silêncio consternado instalou-se em minha cabeça, minha boca, e minha mão. Não sabia o que dizer, e por respeito não escrevi. Quando o segundo dia veio, ainda não tinha respostas para as perguntas que nem saberia fazer.
Chegou o terceiro dia, e enquanto sentava com um amigo à beira de um tanque de Tilápias, percebi que a vida tem seu curso entre as margens de nossos limites. Não somos nós que decidimos o momento em que a vida aflora das profundezas, e nem mesmo teremos a sorte de decidir quando e como chegaremos à foz deste rio.
No quarto dia, o Natal veio silencioso. Fiz-me presente onde não queria, e abracei pessoas que nem desejava. Tudo para ver uma tranqüilidade de pessoas que amo. Misteriosamente, ao abraçar pessoas que fizeram acumular decepções neste rosto cansado, senti-me maior, melhor, mais forte. Senti-me então superior.
No quinto dia, o silêncio era menor, e ousei alguns sorrisos.
No sexto dia, o filho me convida a uma conversa, e a esta jamais me furtaria o dever. Então sentados em nosso bar e testemunha de nossas filosofias, fomos discutir a perda. O significado de perder tem por sua própria natureza, uma abençoada origem. A perda só assola aquele que um dia teve.
Esta é uma das tantas lições deixadas por Ítalo Bovo, um pai atencioso e sábio de Rio Claro, que deu-me gratuitamente um amigo, um parceiro de violão e um companheiro de boemia. Devo a Ítalo Bovo a minha amizade com Ítalo Bovo Junior.
Ao ouvir um dos CDs que gravamos, lá estará a voz do meu “comparsa” (como ele mesmo me chama).
Seu pai nos deixou na sexta-feira passada, precocemente, sem aviso, sem alarme, deixando-nos apenas com perguntas. Deixou-nos dormentes ao partir dormindo. E até isso acho que fez com intenção, pois somente procuramos respostas quando temos alguma pergunta que nos incomoda, a e ao procurar resposta, nos deparamos com pequenas verdades da vida, que ao tocarem nossa alma, nos tornam pessoas melhores, mais humanas.
Essas pequenas verdades constituem um verdadeiro mar de bons valores, como amizade, respeito, justiça, humildade e compaixão.
Então agradeço a Ítalo Bovo as lições que me foram entregues por intermédio de seu filho, dizendo-lhe desde já, que estarei atento a estas pequenas coisas muito valiosas.
E em face de tal presente, não poderia deixar de prestar uma homenagem.
Por considerar que a vida é um livro que nos foi dado em oportunidade para escrever ou mesmo rabiscar nossas linhas, assim considero em relação a todos. Um dia o livro de Ítalo Bovo foi aberto, e não mais se fechou. Antes do último capítulo, outro livro foi aberto, e depois deste ainda outro. Ítalo Bovo está perpetuado no semblante e nas atitudes de seu filho e seu neto, este dois livros abertos e nervosos nas linhas que estão sendo escritas.
Como última lição, aprendi que a morte não é o último capítulo de uma história. A morte carrega um conselho. Se gostou deste livro, leia aquele que está logo ali. É como se fosse uma indicação para aquilo que parece ser outro livro, mas na realidade, é a continuação da mesma história.
Por conhecer as páginas de Ítalo Bovo Junior, e do filho deste também, Ítalo bovo é um livro realmente aberto, que não se fechará jamais. Como o Rio, que embora pareça, não acaba ao tocar o mar. Ele apenas passa a fazer parte de algo infinitamente maior.
Que Deus Te Abençoe e obrigado pelas lições gratuitas.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
EXISTEM PESSOAS QUE ... (Samuel Rangel)
Existem pessoas de todas os tipos, cores e religiões.
Existem as pessoas pelas quais sorrimos, mas as que realmente amamos, sorrimos e choramos por elas.
Existem pessoas para as quais cantamos, mas as que realmente amamos, cantamos e calamos por elas.
Existem pessoas para as quais falamos, mas as que realmente amamos, falamos e ouvimos.
Existem pessoas pelas quais torcemos, mas as que realmente amamos, deixamos de torcer e entramos na luta por elas.
Existem pessoas pelas quais trabalhamos, mas as que realmente amamos, trabalhamos e repousamos com elas.
Existem pessoas que que merecem crédito, mas as que realmente amamos, tem nosso crédito e nossas maiores dívidas.
Existem pessoas que existem, e existem pessoas que amamos.
Existem as pessoas pelas quais sorrimos, mas as que realmente amamos, sorrimos e choramos por elas.
Existem pessoas para as quais cantamos, mas as que realmente amamos, cantamos e calamos por elas.
Existem pessoas para as quais falamos, mas as que realmente amamos, falamos e ouvimos.
Existem pessoas pelas quais torcemos, mas as que realmente amamos, deixamos de torcer e entramos na luta por elas.
Existem pessoas pelas quais trabalhamos, mas as que realmente amamos, trabalhamos e repousamos com elas.
Existem pessoas que que merecem crédito, mas as que realmente amamos, tem nosso crédito e nossas maiores dívidas.
Existem pessoas que existem, e existem pessoas que amamos.
FELIZ NATAL (Samuel Rangel)
Passei mais um ano olhando as pessoas e vi muita tristeza.
Vi tristeza em meio a gargalhadas tolas e superficiais.
Vi sorrisos políticos que deixaram escapar uma melodia infeliz, carregada de mágoa e rancor.
Vi pessoas caladas na hora de dizer eu te amo, e vi pessoas falando eu te amo quando deveriam ter ficadas caladas.
Vi pessoas abraçando clientes e empurrando com os pés o filho que pedia o colo.
Vi pessoas se reunindo para falar dos outros e esquecendo-se de si.
Vi que as pessoas perderam-se tentando se encontrar.
Vi que muitos começaram a odiar em função de tanto amor.
Testemunhei pessoas trocando valores, amizades, ética e dignidade por coisas de somenos importância.
Sei que muitas pessoas passarão o Natal sem nenhuma companhia.
Sei que tantas outras pessoas, passarão o Natal longe de uma pessoa que queriam muito ao seu lado.
Sei que haverá mesas parcas e ralas, com pouco além de uma vela e uma pinha.
Sei que haverá pessoas tão tristes que esquecerão de comemorar a vida.
Hoje, ocupo-me principalmente destas pessoas, até por que, as demais não terão tempo de ler esta mensagem.
A você que não está feliz, eu espero que felicidade surja hoje de forma diferente.
Após esse ano de 2007, venho desejar um Feliz Natal.
Não limitarei esse desejo às Boas Festas, mas desejarei as melhores comemorações, a todo o tempo e todos os dias. Ainda que não se possa fazer a festa, o motivo para comemorar a vida existe a todo momento.
A todos aqueles que estão em conflito, desejo que este se resolva com a sabedoria do tempo e a paz do espírito, pois do conflito justo surgirão duas pessoas melhores. Do conflito injusto, uma delas aprenderá a superar, e a outra, a se superar.
A todos aqueles que têm solidão, eu desejo janelas largas para observar as pessoas na rua, pois existem aqueles que além de solidão, não têm comida, roupas ou mesmo saúde.
A todos aqueles que sofrem por mágoa ou rancor, desejo que o perdão surja intenso e sincero. A todos aqueles que magoaram, desejo que surja a humildade de pedir o sincero perdão. Mas desejo ainda que ambos saibam que não se pode perdoar quem não pediu perdão.
Espero que ninguém se culpe por não conseguir perdoar aquela pessoa que não pediu suas sinceras desculpas em arrependimento, mas espero que o perdão surja enorme e intenso quando isso acontecer.
O desejo que tenho a todos, é de um Natal repleto de pequenas coisas, que são justamente aquelas sem as quais, belos detalhes da vida se perdem em nada.
Que as luzes acendam-se nesse Natal, e iluminem a tudo e a todos que o escuro tenta cobrir.
Feliz Natal e uma bela comemoração do seu verdadeiro sentido.
A VIDA!
Vi tristeza em meio a gargalhadas tolas e superficiais.
Vi sorrisos políticos que deixaram escapar uma melodia infeliz, carregada de mágoa e rancor.
Vi pessoas caladas na hora de dizer eu te amo, e vi pessoas falando eu te amo quando deveriam ter ficadas caladas.
Vi pessoas abraçando clientes e empurrando com os pés o filho que pedia o colo.
Vi pessoas se reunindo para falar dos outros e esquecendo-se de si.
Vi que as pessoas perderam-se tentando se encontrar.
Vi que muitos começaram a odiar em função de tanto amor.
Testemunhei pessoas trocando valores, amizades, ética e dignidade por coisas de somenos importância.
Sei que muitas pessoas passarão o Natal sem nenhuma companhia.
Sei que tantas outras pessoas, passarão o Natal longe de uma pessoa que queriam muito ao seu lado.
Sei que haverá mesas parcas e ralas, com pouco além de uma vela e uma pinha.
Sei que haverá pessoas tão tristes que esquecerão de comemorar a vida.
Hoje, ocupo-me principalmente destas pessoas, até por que, as demais não terão tempo de ler esta mensagem.
A você que não está feliz, eu espero que felicidade surja hoje de forma diferente.
Após esse ano de 2007, venho desejar um Feliz Natal.
Não limitarei esse desejo às Boas Festas, mas desejarei as melhores comemorações, a todo o tempo e todos os dias. Ainda que não se possa fazer a festa, o motivo para comemorar a vida existe a todo momento.
A todos aqueles que estão em conflito, desejo que este se resolva com a sabedoria do tempo e a paz do espírito, pois do conflito justo surgirão duas pessoas melhores. Do conflito injusto, uma delas aprenderá a superar, e a outra, a se superar.
A todos aqueles que têm solidão, eu desejo janelas largas para observar as pessoas na rua, pois existem aqueles que além de solidão, não têm comida, roupas ou mesmo saúde.
A todos aqueles que sofrem por mágoa ou rancor, desejo que o perdão surja intenso e sincero. A todos aqueles que magoaram, desejo que surja a humildade de pedir o sincero perdão. Mas desejo ainda que ambos saibam que não se pode perdoar quem não pediu perdão.
Espero que ninguém se culpe por não conseguir perdoar aquela pessoa que não pediu suas sinceras desculpas em arrependimento, mas espero que o perdão surja enorme e intenso quando isso acontecer.
O desejo que tenho a todos, é de um Natal repleto de pequenas coisas, que são justamente aquelas sem as quais, belos detalhes da vida se perdem em nada.
Que as luzes acendam-se nesse Natal, e iluminem a tudo e a todos que o escuro tenta cobrir.
Feliz Natal e uma bela comemoração do seu verdadeiro sentido.
A VIDA!
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
RETROSPECTIVA 2007 (Samuel Rangel)
Quando dezembro despenca do calendário, normalmente ficamos assustados com a rapidez que o ano se passou. Corremos para o espelho e lá estão duas novas rugas envelhecendo nossos olhos cansados. Lembramos então que chegou o momento de corrermos para as lojas abarrotadas de pessoas ensandecidas pelo espírito natalino. Elas se acotovelam nas lojas em busca de um Feliz Natal.
No trânsito o espírito natalino não e menos beligerante. Vemos que os carros estão crescendo e os pára-choques estão ficando mais grossos, enquanto mãos nervosas se agitam para reclamar da moça parada em fila dupla, ou mesmo do espertinho que roubou sua vaga no estacionamento do shopping.
Mas como tão bem foi cantado por Seu Jorge e Ana Carolina ... É ISSO AÍ!
Vamos então nos aconchegando no sofá de natal para assistir às retrospectivas de nossas espirituosas emissoras de televisão, mais ou menos sensacionalistas, que mostram imagens mais ou menos chocantes, mas que não nos fazem nem mais nem menos humanos.
Então deixemos de lado esses programas que nos enjoam, e vamos fazer nossa própria retrospectiva 2007.
Em janeiro, fomos piores do que achamos que somos e melhores do que pensam de nós.
Em fevereiro, nos calamos diante de barbarias e gritamos quando pisaram no nosso calo.
Em março, decepcionamos alguém que nos ama para surpreender alguém que não valia a pena.
Em abril, nos sentimos sozinhos em meio à multidão e acompanhados de nossa solidão.
Em maio, fomos a um casamento para cumprir um protocolo e bebemos com um amigo uma separação.
Em junho deixamos a jaqueta velha no armário por mero capricho, e nos enterramos sob os cobertores enquanto alguém congelava na rua.
Em julho, comemoramos as curtas férias enquanto reclamávamos das estripulias de nossos filhos.
Em agosto, ficamos irritados com as notícias políticas, e logo após, fomos jantar com os assessores de nossos mandatários.
Em setembro, investimos quase tudo em nosso trabalho pensando em nossa família, mas deixamos de investir um abraço nela.
Em outubro, resolvemos fazer uma análise de nossa conduta e acabamos pensando somente nas atitudes dos outros.
Em novembro, o espírito de final de ano aparece, mas descobrimos que teremos que repetir a mensagem do ano passado, pois nada de novo aconteceu.
Em dezembro, não haverá tempo para dedicarmos atenção às pessoas que amamos, pois estamos mais envolvidos com a compra dos presentes delas.
E assim 2007 chegou ao fim?
Ainda não.
Restam-nos aproximadamente um milhão e setecentas mil oportunidades para que nosso coração bata por alguém, por algo, ou ao menos, para agradecer a vida.
Restam minutos suficientes para amassar nossos filhos com um abraço infantil em meio às cócegas no tapete da sala.
Restam ainda algumas noites sem nuvens para admirarmos o céu que nos cobre gratuitamente desde nosso surgimento milagroso neste mundo.
Resta-nos tempo mais que suficiente para perdoar, superar e sorrir, pois levamos anos construindo mágoas, mas podemos superá-las em apenas um segundo.
Resta ainda a oportunidade de abrirmos os olhos para o significado do Natal, da Vida, do Amor, da Paz e de nossa real importância nessa história louca.
Resta-nos tempo para desenharmos caprichosamente um 2008 mais humano.
Errar é humano, mas amar, apesar de ser divino, neste mundo é exclusivamente humano.
No trânsito o espírito natalino não e menos beligerante. Vemos que os carros estão crescendo e os pára-choques estão ficando mais grossos, enquanto mãos nervosas se agitam para reclamar da moça parada em fila dupla, ou mesmo do espertinho que roubou sua vaga no estacionamento do shopping.
Mas como tão bem foi cantado por Seu Jorge e Ana Carolina ... É ISSO AÍ!
Vamos então nos aconchegando no sofá de natal para assistir às retrospectivas de nossas espirituosas emissoras de televisão, mais ou menos sensacionalistas, que mostram imagens mais ou menos chocantes, mas que não nos fazem nem mais nem menos humanos.
Então deixemos de lado esses programas que nos enjoam, e vamos fazer nossa própria retrospectiva 2007.
Em janeiro, fomos piores do que achamos que somos e melhores do que pensam de nós.
Em fevereiro, nos calamos diante de barbarias e gritamos quando pisaram no nosso calo.
Em março, decepcionamos alguém que nos ama para surpreender alguém que não valia a pena.
Em abril, nos sentimos sozinhos em meio à multidão e acompanhados de nossa solidão.
Em maio, fomos a um casamento para cumprir um protocolo e bebemos com um amigo uma separação.
Em junho deixamos a jaqueta velha no armário por mero capricho, e nos enterramos sob os cobertores enquanto alguém congelava na rua.
Em julho, comemoramos as curtas férias enquanto reclamávamos das estripulias de nossos filhos.
Em agosto, ficamos irritados com as notícias políticas, e logo após, fomos jantar com os assessores de nossos mandatários.
Em setembro, investimos quase tudo em nosso trabalho pensando em nossa família, mas deixamos de investir um abraço nela.
Em outubro, resolvemos fazer uma análise de nossa conduta e acabamos pensando somente nas atitudes dos outros.
Em novembro, o espírito de final de ano aparece, mas descobrimos que teremos que repetir a mensagem do ano passado, pois nada de novo aconteceu.
Em dezembro, não haverá tempo para dedicarmos atenção às pessoas que amamos, pois estamos mais envolvidos com a compra dos presentes delas.
E assim 2007 chegou ao fim?
Ainda não.
Restam-nos aproximadamente um milhão e setecentas mil oportunidades para que nosso coração bata por alguém, por algo, ou ao menos, para agradecer a vida.
Restam minutos suficientes para amassar nossos filhos com um abraço infantil em meio às cócegas no tapete da sala.
Restam ainda algumas noites sem nuvens para admirarmos o céu que nos cobre gratuitamente desde nosso surgimento milagroso neste mundo.
Resta-nos tempo mais que suficiente para perdoar, superar e sorrir, pois levamos anos construindo mágoas, mas podemos superá-las em apenas um segundo.
Resta ainda a oportunidade de abrirmos os olhos para o significado do Natal, da Vida, do Amor, da Paz e de nossa real importância nessa história louca.
Resta-nos tempo para desenharmos caprichosamente um 2008 mais humano.
Errar é humano, mas amar, apesar de ser divino, neste mundo é exclusivamente humano.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
A GRANDE LOTERIA DA VIDA (Samuel Rangel)
(Este texto é dedicado ao meu grande amigo Daniel Canha, feito em meio a uma conversa nossa pelo MSN)
Existem por aí loterias de todas as espécies, legais e ilegais, reguladas pelo estado ou pela iniciativa privada. Cada uma delas promete um prêmio. Algumas dão um carro, outras dão uma moto, existem aquelas que dão casas, e a grande maioria delas, dá prêmios saborosos em dinheiro.
Ao iniciar a minha quinta década, posso dizer que alguns panos da ilusão caíram descortinando verdades também de todos os tipos, inclusive revelando que a vida é uma grande loteria, e o mundo uma grande casa lotérica, cheia dos apostadores eufóricos, uns otimistas, os outros contando com o ovo ainda não botado pela galinha (leia como quiser). E vejo ainda aqueles que fazem bolões, e que para vencer, unem-se aos montes. Outros apostam seus míseros tostões para tentar a sorte.
E do pouco que aprendi sobre a vida, posso dizer que já ganhei muito. Ganhei depois de errar e tantas vezes errei tentando acertar.
Aprendi algumas coisinhas.
As melhores roupas não devem ser usadas para que a gente faça o jardim, e nem podemos viver com belas roupas sem ter um jardim que nos acalme a alma.
Aprendi que carros esportivos são ótimos na estrada, mas não nos levam às praias desertas.
Aprendi que belas mulheres são colírios para os nossos olhos, mas aprendi ainda que quando elas são mais mulheres do que belas, são um remédio para a alma.
Aprendi que às vezes é preciso fugir do amor, por amor próprio.
Aprendi que amigos às vezes dizem sim apenas por amizade.
Aprendi que o trabalho enobrece o homem, mas desde que ele pense no que trabalha e no que faz pelo homem em seu trabalho.
Aprendi que palavrões têm sua própria hora, e eles fogem de nossas bocas, feito crianças serelepes. Mas eles não devem jamais assustar as pessoas à nossa volta. Mas eu aprendi também que as palavras que parecem belas nem sempre não verdadeiras, e o que não é verdadeiro jamais será belo.
E descobri que ao ter um filho, morremos um pouco para nós e nascemos para a eternidade.
Descobri que gosto mais do azul do que de vermelho. E realmente prefiro o branco à cor preta, mas que me vestir de preto às vezes me dá a melancolia calma que a felicidade precisa.
Descobri tantos temperos insensatos que fazem do sabor algo insuperável. E descobri que não basta misturar os gostos deliciosos para se fazer apreciar um bom paladar.
Aprendi que existem coisas maravilhosas que devem ficar separadas. E só são maravilhosas quando estão só.
Descobri que um relacionamento tem um certo prazo de validade, ainda que esse prazo seja maior que uma vida. E descobri que pessoas que passam rapidamente pela nossa vida, acabam nos dando lições tão valiosas quanto a própria vida.
Descobri que não basta nossa boca dizer um “muito obrigado” enquanto nossos olhos contemplam a vantagem que nos deram.
Descobri que presentes caros ou baratos, podem quebrar, perder a utilidade, ou mesmo nos fazer mal.
Nesse tempinho que tanto acho tanto, descobri que nossas descobertas nem sempre são verdadeiras, mas nem por isso devemos deixar de dividi-las com aquelas pessoas que tanto amamos.
Hoje eu sei que ainda não me conheço, e muito provavelmente, passarei o resto da vida surpreendendo-me com minhas capacidades e incapacidades.
Passarei o resto da vida criando e superando medos, para um dia quem sabe entender que eles sejam metades de uma mesma coisa boa.
Passarei o resto da minha vida sem saber explicar o que é o amor.
Mas se alguém quiser saber o que é o amor, quando eu olhar para o meu filho, apenas olhe para os meus olhos e procure não escutar o que eu falo.
Quanto à loteria da vida?
Às vezes estamos no balcão, com o palpite mais quente que nos veio à cabeça.
Então um suposto infeliz nos bate e faz marcar errado o nosso palpite. Ao sairmos da lotérica percebemos o erro, e o cidadão está ao nosso lado.
Quer minha opinião?
Espere sair o resultado antes de xingar o cidadão.
Às vezes é o destino que nos empurra, e seria uma tolice xingar essa criança brincalhona que é o destino. Sei que o destino às vezes é cruel, mas não deixa de ser aquela criança brincalhona escolhendo a formiga no jardim. É o destino.
E a vida? Onde fica a grande loteria da vida?
É a única loteria que o entrega o prêmio antes de fazer-mos as apostas.
O prêmio é a própria vida.
Existem por aí loterias de todas as espécies, legais e ilegais, reguladas pelo estado ou pela iniciativa privada. Cada uma delas promete um prêmio. Algumas dão um carro, outras dão uma moto, existem aquelas que dão casas, e a grande maioria delas, dá prêmios saborosos em dinheiro.
Ao iniciar a minha quinta década, posso dizer que alguns panos da ilusão caíram descortinando verdades também de todos os tipos, inclusive revelando que a vida é uma grande loteria, e o mundo uma grande casa lotérica, cheia dos apostadores eufóricos, uns otimistas, os outros contando com o ovo ainda não botado pela galinha (leia como quiser). E vejo ainda aqueles que fazem bolões, e que para vencer, unem-se aos montes. Outros apostam seus míseros tostões para tentar a sorte.
E do pouco que aprendi sobre a vida, posso dizer que já ganhei muito. Ganhei depois de errar e tantas vezes errei tentando acertar.
Aprendi algumas coisinhas.
As melhores roupas não devem ser usadas para que a gente faça o jardim, e nem podemos viver com belas roupas sem ter um jardim que nos acalme a alma.
Aprendi que carros esportivos são ótimos na estrada, mas não nos levam às praias desertas.
Aprendi que belas mulheres são colírios para os nossos olhos, mas aprendi ainda que quando elas são mais mulheres do que belas, são um remédio para a alma.
Aprendi que às vezes é preciso fugir do amor, por amor próprio.
Aprendi que amigos às vezes dizem sim apenas por amizade.
Aprendi que o trabalho enobrece o homem, mas desde que ele pense no que trabalha e no que faz pelo homem em seu trabalho.
Aprendi que palavrões têm sua própria hora, e eles fogem de nossas bocas, feito crianças serelepes. Mas eles não devem jamais assustar as pessoas à nossa volta. Mas eu aprendi também que as palavras que parecem belas nem sempre não verdadeiras, e o que não é verdadeiro jamais será belo.
E descobri que ao ter um filho, morremos um pouco para nós e nascemos para a eternidade.
Descobri que gosto mais do azul do que de vermelho. E realmente prefiro o branco à cor preta, mas que me vestir de preto às vezes me dá a melancolia calma que a felicidade precisa.
Descobri tantos temperos insensatos que fazem do sabor algo insuperável. E descobri que não basta misturar os gostos deliciosos para se fazer apreciar um bom paladar.
Aprendi que existem coisas maravilhosas que devem ficar separadas. E só são maravilhosas quando estão só.
Descobri que um relacionamento tem um certo prazo de validade, ainda que esse prazo seja maior que uma vida. E descobri que pessoas que passam rapidamente pela nossa vida, acabam nos dando lições tão valiosas quanto a própria vida.
Descobri que não basta nossa boca dizer um “muito obrigado” enquanto nossos olhos contemplam a vantagem que nos deram.
Descobri que presentes caros ou baratos, podem quebrar, perder a utilidade, ou mesmo nos fazer mal.
Nesse tempinho que tanto acho tanto, descobri que nossas descobertas nem sempre são verdadeiras, mas nem por isso devemos deixar de dividi-las com aquelas pessoas que tanto amamos.
Hoje eu sei que ainda não me conheço, e muito provavelmente, passarei o resto da vida surpreendendo-me com minhas capacidades e incapacidades.
Passarei o resto da vida criando e superando medos, para um dia quem sabe entender que eles sejam metades de uma mesma coisa boa.
Passarei o resto da minha vida sem saber explicar o que é o amor.
Mas se alguém quiser saber o que é o amor, quando eu olhar para o meu filho, apenas olhe para os meus olhos e procure não escutar o que eu falo.
Quanto à loteria da vida?
Às vezes estamos no balcão, com o palpite mais quente que nos veio à cabeça.
Então um suposto infeliz nos bate e faz marcar errado o nosso palpite. Ao sairmos da lotérica percebemos o erro, e o cidadão está ao nosso lado.
Quer minha opinião?
Espere sair o resultado antes de xingar o cidadão.
Às vezes é o destino que nos empurra, e seria uma tolice xingar essa criança brincalhona que é o destino. Sei que o destino às vezes é cruel, mas não deixa de ser aquela criança brincalhona escolhendo a formiga no jardim. É o destino.
E a vida? Onde fica a grande loteria da vida?
É a única loteria que o entrega o prêmio antes de fazer-mos as apostas.
O prêmio é a própria vida.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
AGRADECIMENTO A LILI MARLENE (Samuel Rangel)
Já faz algum tempo que venho recebendo respostas inspiradoras da amiga Lili para os textos que publico aqui. E por si só, bastariam aquelas respostas e comentários para que eu continuasse debruçando sobre esse teclado cansado, misturando palavras com vontade de esclarecer meus sentimentos e minha história.
Mas a amiga foi além. Recebo a notícia de que havia um presentinho para mim no blogue dela (http://thegirlunderthelantern.blogspot.com/). Carente que sou, fui como garoto procurar o meu tesouro escondido, e lá descubro que a amiga havia indicado este meu blogue para o prêmio ESCRITORES DA LIBERDADE.
Então meu muito obrigado é pequeno Lili.
Neste mundo louco onde os carros passam sobre as pessoas, e as pessoas ainda dirigem carros, receber esse reconhecimento é encontrar fios de esperança na humanidade. É saber que embora nós estejamos doentes, existem aqueles que andam recebendo alta. É descobrir que alimentos da alma ainda andam por aí nas mesas postas em corações alheios.
Quanto ao título do prêmio, queria apenas observar a poesia que nele encontro.
Escritores da Liberdade.
Escritores da Liberdade são na realidade aqueles escravos das palavras. Vassalos da sua própria expressão. Serviçais de suas emoções. E exatamente por se curvarem a tudo isso, escrevem a liberdade, com a liberdade de escrever.
Volto a falar que quando escrevo, escrevo imaginando o rosto de quem está lendo. Confesso aqui que sou dependente de você que está lendo esse texto agora. Escrevo pensando em um sorriso discreto, e do sorriso sou dependente químico. Eu consigo imaginar uma chacoalhada de cabeça, até que surge uma gargalhada. Pronto. A vida faz sentido
E sonho que agora tenho o que tanto precisava. A capacidade de fazer bem para quem sequer estava perto de mim, justifica minha existência e torna legítima minha permissão de viver.
Eu sempre escrevo desta forma e dominado por este desejo.
Mas se o silêncio das pessoas as vezes me traz um pouco de solidão, é por que preciso saber que alguém leu. Imaginar que ninguém lê isto que escrevo agora, é como se eu apresentasse as minhas peças para as lâmpadas do teatro.
Por isso humildemente reconheço que os comentários são importantes para mim.
E agora minha amiga Lili Marlene, posso dizer que se um dia eu realmente for um “escritor da liberdade”, quero ao menos ter todas as palavras para lhe dizer o quanto esse seu presente me fez bem.
Posso dizer ainda que os presentes são o que mais importa.
Considero presentes, aquelas pessoas que estão do outro lado da tela, lendo essas palavras que deixei aqui para você, justamente para você Lili Marelene, que sempre esteve presente neste Blogue.
Muito Obrigado
Mas a amiga foi além. Recebo a notícia de que havia um presentinho para mim no blogue dela (http://thegirlunderthelantern.blogspot.com/). Carente que sou, fui como garoto procurar o meu tesouro escondido, e lá descubro que a amiga havia indicado este meu blogue para o prêmio ESCRITORES DA LIBERDADE.
Então meu muito obrigado é pequeno Lili.
Neste mundo louco onde os carros passam sobre as pessoas, e as pessoas ainda dirigem carros, receber esse reconhecimento é encontrar fios de esperança na humanidade. É saber que embora nós estejamos doentes, existem aqueles que andam recebendo alta. É descobrir que alimentos da alma ainda andam por aí nas mesas postas em corações alheios.
Quanto ao título do prêmio, queria apenas observar a poesia que nele encontro.
Escritores da Liberdade.
Escritores da Liberdade são na realidade aqueles escravos das palavras. Vassalos da sua própria expressão. Serviçais de suas emoções. E exatamente por se curvarem a tudo isso, escrevem a liberdade, com a liberdade de escrever.
Volto a falar que quando escrevo, escrevo imaginando o rosto de quem está lendo. Confesso aqui que sou dependente de você que está lendo esse texto agora. Escrevo pensando em um sorriso discreto, e do sorriso sou dependente químico. Eu consigo imaginar uma chacoalhada de cabeça, até que surge uma gargalhada. Pronto. A vida faz sentido
E sonho que agora tenho o que tanto precisava. A capacidade de fazer bem para quem sequer estava perto de mim, justifica minha existência e torna legítima minha permissão de viver.
Eu sempre escrevo desta forma e dominado por este desejo.
Mas se o silêncio das pessoas as vezes me traz um pouco de solidão, é por que preciso saber que alguém leu. Imaginar que ninguém lê isto que escrevo agora, é como se eu apresentasse as minhas peças para as lâmpadas do teatro.
Por isso humildemente reconheço que os comentários são importantes para mim.
E agora minha amiga Lili Marlene, posso dizer que se um dia eu realmente for um “escritor da liberdade”, quero ao menos ter todas as palavras para lhe dizer o quanto esse seu presente me fez bem.
Posso dizer ainda que os presentes são o que mais importa.
Considero presentes, aquelas pessoas que estão do outro lado da tela, lendo essas palavras que deixei aqui para você, justamente para você Lili Marelene, que sempre esteve presente neste Blogue.
Muito Obrigado
TROIS FOIS MERDE POUR UNE BONNE CHANCE (Samuel Rangel)
É hoje, e em dia de estréia o coração cresce. Vamos falar da vida e resolver nossas mentiras. Vamos sorrir desta grande piada e encontrar nossa estima pela imagem humana de nossos limites.
É hoje.
E que venha a inspiração de Osvaldo Montenegro para que esta noite seja Sem Mandamentos.
E que os olhos do palco e da platéia se cruzem em cumplicidade e amizade, palavras e emoções.
Que todos se identifiquem como filhos do mesmo acaso maravilhoso.
Então que seja!!!!!
"Trois fois merde pour une bonne chance"
Espero todos lá.
É hoje.
E que venha a inspiração de Osvaldo Montenegro para que esta noite seja Sem Mandamentos.
E que os olhos do palco e da platéia se cruzem em cumplicidade e amizade, palavras e emoções.
Que todos se identifiquem como filhos do mesmo acaso maravilhoso.
Então que seja!!!!!
"Trois fois merde pour une bonne chance"
Espero todos lá.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
FILOSOFIA CURTA E GROSSA IX (Samuel Rangel)
Por mais que queiram nos fazer pensar o contrário, somos nós os titulares de nossos sentimentos. Somos os únicos portadores de nossas emoções. Exatamente por isso, como não fomos nós que inventamos a língua portuguesa, eu e você sempre sentiremos algo para o qual não temos palavras. Por isso é tolice querermos que nos entendam totalmente. Enquanto homens e mulheres, nossa criatura não existe para ser compreendida. Apenas existimos, e na proporção que nos aceitamos assim, passamos a aceitar o outro também.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
INFERNO ASTRAL II - A LUTA CONTINUA (Samuel Rangel)
Tanto quanto 67,74 % dos sagitarianos, faço aniversário em dezembro.
EE você poderia perguntar então o que significa isso? Qual a relevância de tal informação? Nos dias de hoje para a maior parte da população mundial, nenhuma importância, mas como escrevo para os meus amigos, isso passa a ter um significado sim.
Se eu faço aniversário em dezembro, e estamos no dia 22 de novembro, isso significa que ...
Assinale a Alternativa Correta:
Eu faço aniversário o mês que vêm;
Eu faço aniversário no último mês do ano
Quando criança eu ganhava um presente só de aniversário e de natal;
A pessoa que escreve esse texto está em pleno Inferno Astral;
Todas as alternativas estão corretas;
Se você marcou a alternativa “e”, parabéns, você acertou parcialmente, pois se as outras estão corretas deveria ter marcado todas.
Então, mais um ano chegando ao fim, e o meu bom companheiro Inferno Astral veio me visitar. Imagino que aqueles que acompanham meu texto há mais de um ano já estão rindo, lembrando do texto Inferno Astral do Ano passado (http://anjosboemios.blogspot.com/2007/08/inferno-astral.html).
Fiquem tranqüilos.
Esse ano ninguém vai bater no meu carro. E eu tenho certeza disso. Podem ficar tranqüilos, pois meu querido e amado Espero 1994, vai ficar a salvo. Por que eu tenho tanta certeza? Simples. Por que desta vez foi o motor dele que quebrou. E se alguma perua tivesse realmente vontade de bater no meu carro, ela teria que atravessar o portão da minha casa para bater no meu carro em minha garagem.
E você deve estar pensando então, mas podem bater no seu Buggy. Também não. Ele também está parado, pois quando recolhi o Espero ele trancou o Buggy. Estou com os dois carros travados, e se alguém quiser fazer mal aos meus queridinhos, vai ter que atravessar o portão da minha casa.
E é lógico que quando você está sem carro, aquela loira liga querendo tomar uma cervejinha. Opa! Nem tudo é tão ruim assim. Pois é. E ela ainda tem carro. Isso significa então que ...
Calma. Não seja otimista. Confesso que a idéia daquela bela loira tomando uma cerveja comigo, já faz uma bela massagem em minha auto-estima, porém, cerveja custa. Advinha se eu tenho dinheiro.
Claro que não.
Uma ligação, e eu atendo e invento um compromisso com a idéia de disfarçar minha impossibilidade.
Uma segunda ligação, e eu acho melhor não atender.
Um torpedinho, e eu ...
Não adianta, pois meu celular está sem crédito e eu não posso responder.
Repentinamente o silêncio. Ela não liga mais, não manda mais torpedo. E agora?
É momento de usar o plano de urgência, e a Tim tem aquele lance de adiantar R$ 3,00 que serão descontados na próxima recarga. Não adianta. Vou ter que fazer esse adiantamento, pois o silêncio dela me preocupa. Então ligo e digo logo, que não tenho dinheiro para aquela cerveja e que meu carro não está funcionando.
Ela então me pergunta qual o motivo de tanta sinceridade.
Ora.
É bem melhor que ela tenha certeza que eu sou pobre do que fique em dúvida se sou viado. Achei melhor assim.
Por hora é só.
Mas como ainda restam vinte dias de Inferno Astral, quem sabe aconteça alguma que mereça ser contada.
Por hora, vou dando uma dica para os pobres.
Como levar uma vida quase normal sendo pobre?
MARCELLUS – Você paga dez reais e tem direito a duas cervejas Kyser Sume, e ainda tem box para os carros;
Pan’doro – A cerveja Skol Garrafa, na Panificadora Pan’doro custa R$ 2,70; e tem quatro mesinhas na parte de fora que dá até para sentar.
Transporte – No domingo a passagem custa R$ 1,00;
Comida – No Mercadorama tem um pacotão de vina de 3 kg que custa só R$ 11,00;
Entretenimento – No orkut você pode dar uma olhada nos aniversariantes do mês e ficar de olho para ver se ninguém está marcando um churrasco.
Um abraço a todos
Os.: Se alguém for fazer churrasco, no Bigorrilho, Batel ou Campina do Siqueira, não esqueçam de me convidar.
INFERNO ASTRAL por Samuel Rangel
Inferno Astral.
Dizem que as vésperas do aniversário, todos nós passamos por uma fase
difícil, onde os problemas aparecem aos montes, e as coisas mais fáceis
começam a dar errado. Apesar de ter escrito com muito carinho sobre o
“Centauro”, nunca acreditei em astrologia, e esse lance de signos para mim
sempre foi mera brincadeira.
Mas esse ano foi demais. Se eu não acreditava devo começar a rever meus
conceitos.
Na segunda-feira, tendo um daqueles surtos de bom filho, peguei meu
querido papai e fui leva-lo à farmácia para tomar uma injeção, pois esta
com tendinite no braço. Chegando na frente da farmácia ele me pede que
estacione o carro ali mesmo pois não iria demorar.
Saí do carro para fumar aquele cigarrinho básico e notei que um Voyage,
meio “veiagem”, morreu e não havia diabo que o fizesse funcionar. Logo
atrás daquele bólido havia um Fiesta. Enlouquecido pela inércia do
paquiderme metálico, o doce condutor do veículo, sem dar aquela olhadela
no retrovisor (atitude que deixou de praticar em função de estar mais
ocupado com os xingamentos mais clássicos do trânsito) manobrou para a
esquerda mudando de faixa sem sinalizar. Em contra partida, uma desvairada
psicopata ensandecida que conduzia um belo Audy A3 vinha trafegando em
velocidade de autódromo. Quem sabe por não saber qual a função do pedal do
meio, a criatura nem freio. Pronto, aquele som característico e após
colidir com o Fiesta o Audy desgovernado começa a escorregar, escorregar,
escorregar e pronto: demoliu a traseira do Espero. Passados uns cinco
segundos é que lembrei que o carro estacionado ali, com a bunda deflorada
pelo Audy psicopata, era o meu.
Soltei um Puta que Pariu com as mãos subindo a cabeça. Olhei para dentro
do Audy e vi a mulher em pranto. Preocupado com seu bem estar dei-lhe o
atendimento necessário. A senhora está bem? Perguntava o ignorante aqui.
Após acalmá-la retirei o veículo dela do meio da rua. Legal. Tudo vai
ficar bem.
Depois de correr a semana inteira atrás de orçamento para o concerto do
meu bólido, hoje recebi a maravilhosa notícia de que a seguradora da Dona
Fulana Fitipaldi, não irá pagar meu prejuízo, pois ela não tinha a menor
culpa. Hoje então eu percebi que o culpado sou eu por ter nascido é claro.
Saindo da seguradora, o meu carro ferveu, pois com o choque quebrou o
reservatório de água. Cheguei ao estacionamento com uma chaleira daquelas
que apitam. Puta que o Pariu de novo.
Chego no escritório e me são apresentadas as contas do mês de novembro.
Puta que o Pariu 19 vezes.
Um querido cliente meu me liga e comunica que o pagamento de outubro, que
estava atrasado, só virá em fevereiro. Até lá eu dou um jeito de assaltar
um banco ou coisa assim. Oitenta Puta que Paris bem sonoros
Ensandecido com a situação soltei um belo tapa sobre a mesa. Ana a querida
estagiária grita bem alto Filho da Puuuuuuuuuta.
Fazer o que?
Como fiquei meio nervoso demais, resolvi mandar este texto só para te
encher o saco um pouquinho, porém, gostaria de advertir quanto algumas
situações.
1) Se nos encontrarmos no centro por acaso, evite sorrir pois vou achar
que você está tirando sarro da minha situação.
2) Quando me encontrar não pergunte se esta tudo bem, pois a resposta
poderá ser um tanto quanto ríspida.
3) Ao telefone evite perguntar onde vou, pois meu transporte esta meio
comprometido e eu posso achar que você está tirando sarro da minha cara
novamente.
4) Na quarta-feira que vem, quando estivermos comemorando o meu
aniversário, evite fazer comentários sobre carro, trânsito, seguradoras ou
coisas do gênero, pois poderemos ter um problema de relacionamento.
5) Se você tiver um carro novo, evite mostrar para mim. Use o
estacionamento mais próximo e não me faça inveja (Pelo Amor de Deus).
E no mais, estou indo embora (de ônibus)
EE você poderia perguntar então o que significa isso? Qual a relevância de tal informação? Nos dias de hoje para a maior parte da população mundial, nenhuma importância, mas como escrevo para os meus amigos, isso passa a ter um significado sim.
Se eu faço aniversário em dezembro, e estamos no dia 22 de novembro, isso significa que ...
Assinale a Alternativa Correta:
Eu faço aniversário o mês que vêm;
Eu faço aniversário no último mês do ano
Quando criança eu ganhava um presente só de aniversário e de natal;
A pessoa que escreve esse texto está em pleno Inferno Astral;
Todas as alternativas estão corretas;
Se você marcou a alternativa “e”, parabéns, você acertou parcialmente, pois se as outras estão corretas deveria ter marcado todas.
Então, mais um ano chegando ao fim, e o meu bom companheiro Inferno Astral veio me visitar. Imagino que aqueles que acompanham meu texto há mais de um ano já estão rindo, lembrando do texto Inferno Astral do Ano passado (http://anjosboemios.blogspot.com/2007/08/inferno-astral.html).
Fiquem tranqüilos.
Esse ano ninguém vai bater no meu carro. E eu tenho certeza disso. Podem ficar tranqüilos, pois meu querido e amado Espero 1994, vai ficar a salvo. Por que eu tenho tanta certeza? Simples. Por que desta vez foi o motor dele que quebrou. E se alguma perua tivesse realmente vontade de bater no meu carro, ela teria que atravessar o portão da minha casa para bater no meu carro em minha garagem.
E você deve estar pensando então, mas podem bater no seu Buggy. Também não. Ele também está parado, pois quando recolhi o Espero ele trancou o Buggy. Estou com os dois carros travados, e se alguém quiser fazer mal aos meus queridinhos, vai ter que atravessar o portão da minha casa.
E é lógico que quando você está sem carro, aquela loira liga querendo tomar uma cervejinha. Opa! Nem tudo é tão ruim assim. Pois é. E ela ainda tem carro. Isso significa então que ...
Calma. Não seja otimista. Confesso que a idéia daquela bela loira tomando uma cerveja comigo, já faz uma bela massagem em minha auto-estima, porém, cerveja custa. Advinha se eu tenho dinheiro.
Claro que não.
Uma ligação, e eu atendo e invento um compromisso com a idéia de disfarçar minha impossibilidade.
Uma segunda ligação, e eu acho melhor não atender.
Um torpedinho, e eu ...
Não adianta, pois meu celular está sem crédito e eu não posso responder.
Repentinamente o silêncio. Ela não liga mais, não manda mais torpedo. E agora?
É momento de usar o plano de urgência, e a Tim tem aquele lance de adiantar R$ 3,00 que serão descontados na próxima recarga. Não adianta. Vou ter que fazer esse adiantamento, pois o silêncio dela me preocupa. Então ligo e digo logo, que não tenho dinheiro para aquela cerveja e que meu carro não está funcionando.
Ela então me pergunta qual o motivo de tanta sinceridade.
Ora.
É bem melhor que ela tenha certeza que eu sou pobre do que fique em dúvida se sou viado. Achei melhor assim.
Por hora é só.
Mas como ainda restam vinte dias de Inferno Astral, quem sabe aconteça alguma que mereça ser contada.
Por hora, vou dando uma dica para os pobres.
Como levar uma vida quase normal sendo pobre?
MARCELLUS – Você paga dez reais e tem direito a duas cervejas Kyser Sume, e ainda tem box para os carros;
Pan’doro – A cerveja Skol Garrafa, na Panificadora Pan’doro custa R$ 2,70; e tem quatro mesinhas na parte de fora que dá até para sentar.
Transporte – No domingo a passagem custa R$ 1,00;
Comida – No Mercadorama tem um pacotão de vina de 3 kg que custa só R$ 11,00;
Entretenimento – No orkut você pode dar uma olhada nos aniversariantes do mês e ficar de olho para ver se ninguém está marcando um churrasco.
Um abraço a todos
Os.: Se alguém for fazer churrasco, no Bigorrilho, Batel ou Campina do Siqueira, não esqueçam de me convidar.
INFERNO ASTRAL por Samuel Rangel
Inferno Astral.
Dizem que as vésperas do aniversário, todos nós passamos por uma fase
difícil, onde os problemas aparecem aos montes, e as coisas mais fáceis
começam a dar errado. Apesar de ter escrito com muito carinho sobre o
“Centauro”, nunca acreditei em astrologia, e esse lance de signos para mim
sempre foi mera brincadeira.
Mas esse ano foi demais. Se eu não acreditava devo começar a rever meus
conceitos.
Na segunda-feira, tendo um daqueles surtos de bom filho, peguei meu
querido papai e fui leva-lo à farmácia para tomar uma injeção, pois esta
com tendinite no braço. Chegando na frente da farmácia ele me pede que
estacione o carro ali mesmo pois não iria demorar.
Saí do carro para fumar aquele cigarrinho básico e notei que um Voyage,
meio “veiagem”, morreu e não havia diabo que o fizesse funcionar. Logo
atrás daquele bólido havia um Fiesta. Enlouquecido pela inércia do
paquiderme metálico, o doce condutor do veículo, sem dar aquela olhadela
no retrovisor (atitude que deixou de praticar em função de estar mais
ocupado com os xingamentos mais clássicos do trânsito) manobrou para a
esquerda mudando de faixa sem sinalizar. Em contra partida, uma desvairada
psicopata ensandecida que conduzia um belo Audy A3 vinha trafegando em
velocidade de autódromo. Quem sabe por não saber qual a função do pedal do
meio, a criatura nem freio. Pronto, aquele som característico e após
colidir com o Fiesta o Audy desgovernado começa a escorregar, escorregar,
escorregar e pronto: demoliu a traseira do Espero. Passados uns cinco
segundos é que lembrei que o carro estacionado ali, com a bunda deflorada
pelo Audy psicopata, era o meu.
Soltei um Puta que Pariu com as mãos subindo a cabeça. Olhei para dentro
do Audy e vi a mulher em pranto. Preocupado com seu bem estar dei-lhe o
atendimento necessário. A senhora está bem? Perguntava o ignorante aqui.
Após acalmá-la retirei o veículo dela do meio da rua. Legal. Tudo vai
ficar bem.
Depois de correr a semana inteira atrás de orçamento para o concerto do
meu bólido, hoje recebi a maravilhosa notícia de que a seguradora da Dona
Fulana Fitipaldi, não irá pagar meu prejuízo, pois ela não tinha a menor
culpa. Hoje então eu percebi que o culpado sou eu por ter nascido é claro.
Saindo da seguradora, o meu carro ferveu, pois com o choque quebrou o
reservatório de água. Cheguei ao estacionamento com uma chaleira daquelas
que apitam. Puta que o Pariu de novo.
Chego no escritório e me são apresentadas as contas do mês de novembro.
Puta que o Pariu 19 vezes.
Um querido cliente meu me liga e comunica que o pagamento de outubro, que
estava atrasado, só virá em fevereiro. Até lá eu dou um jeito de assaltar
um banco ou coisa assim. Oitenta Puta que Paris bem sonoros
Ensandecido com a situação soltei um belo tapa sobre a mesa. Ana a querida
estagiária grita bem alto Filho da Puuuuuuuuuta.
Fazer o que?
Como fiquei meio nervoso demais, resolvi mandar este texto só para te
encher o saco um pouquinho, porém, gostaria de advertir quanto algumas
situações.
1) Se nos encontrarmos no centro por acaso, evite sorrir pois vou achar
que você está tirando sarro da minha situação.
2) Quando me encontrar não pergunte se esta tudo bem, pois a resposta
poderá ser um tanto quanto ríspida.
3) Ao telefone evite perguntar onde vou, pois meu transporte esta meio
comprometido e eu posso achar que você está tirando sarro da minha cara
novamente.
4) Na quarta-feira que vem, quando estivermos comemorando o meu
aniversário, evite fazer comentários sobre carro, trânsito, seguradoras ou
coisas do gênero, pois poderemos ter um problema de relacionamento.
5) Se você tiver um carro novo, evite mostrar para mim. Use o
estacionamento mais próximo e não me faça inveja (Pelo Amor de Deus).
E no mais, estou indo embora (de ônibus)
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
FILOSOFIA CURTA E GROSSA VII (Samuel Rangel)
"Prestigie o teatro paranaense antes que ele vá para São Paulo."
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
PONTO PARA O MENINO (Samuel Rangel)
Então meu filho vem da escola com aquele arranhão no rosto e uma reclamação.
Como aqui não é a casa da mãe Joana, ele senta-se para oferecer os esclarecimentos necessários.
Depois de informar que foi agredido por um coleguinha, ele revela que teve um chilique.
Chilique?
A avó diz que não pode.
Ele retruca: - Todo mundo tem chilique. Só Jesus que não teve.
Então a avó lembra-se de Jesus e os vendilhões do templo.
Oito a zero para o menino
Como aqui não é a casa da mãe Joana, ele senta-se para oferecer os esclarecimentos necessários.
Depois de informar que foi agredido por um coleguinha, ele revela que teve um chilique.
Chilique?
A avó diz que não pode.
Ele retruca: - Todo mundo tem chilique. Só Jesus que não teve.
Então a avó lembra-se de Jesus e os vendilhões do templo.
Oito a zero para o menino
FILOSOFIA CURTA E GROSSA VI (Samuel Rangel)
No meio do futebol, onde são movimentados milhões de reais por ano, é bom mesmo que se dê exemplo de seriedade.
Depois de se tornar público que o título do brasileiro de 2005 foi conseguido no roubo, agora o Corinthians se deu mal. Hoje será julgado pelo austero STJD e poderá ser condenado a pagar uma multa entre mil a dez mil reais.
Isso sim é que é punição.
Depois de se tornar público que o título do brasileiro de 2005 foi conseguido no roubo, agora o Corinthians se deu mal. Hoje será julgado pelo austero STJD e poderá ser condenado a pagar uma multa entre mil a dez mil reais.
Isso sim é que é punição.
sábado, 10 de novembro de 2007
CONVENIENTE FURTO NA LOJA DE CONVENIÊNCIA (Samuel Rangel)
Lá vamos nós novamente.
Você depois de muito esforço, suando os fundilhos das calças, conseguiu montar uma pequena loja de conveniências.
E esta lá, atendendo no caixa, valorizando cada bala Sete Belo que você vende. Contado os Dadinhos de amendoim que não andam saindo muito bem. Vibrando a cada Coca-Cola. Então, você que é organizado, começa a perceber que estão sumindo alguns pacotes de salgadinho. Você começa a desconfiar da mocinha da limpeza. Ela anda mais gordinha, e você até se lembra de tê-la flagrado em atitudes suspeitas uma vez atrás da porta do banheiro. Então você arma o flagrante.
Um belo dia, só você e ela na loja. Ao final do dia, dois pacotes a menos do maldito salgadinho. Você, acreditando ter descoberto teu lado Sherlock Holmes. No fechamento do caixa, você despede a meliante, ameaça chamar a polícia, e faz com que ela pague pelos 33 pacotes de Baconzitos que sumiram no último mês.
Você até acharia isso normal, mas você está sendo imensamente injusto.
Na escócia, depois de cansar de se molhar no mar frio para pescar míseros peixinhos sem sal, uma gaivota desenvolveu o hábito de entrar sorrateiramente em uma loja, dar aquela olhadinha para o atendente, e surrupiar pacotes de salgadinho. Então você pensa que eu estou tomando muito leite mineiro, ou mesmo gaúcho. Mas é a pura realidade.
A pretensa deputada gaivota (que agora tem projeção na internet), iniciante nas artes da sacanagem, espera o atendente se distrair, entra na loja e agarra um pacotinho de salgado. Lá fora, o pacote é rasgado e ela divide com os outros pássaros. Sim, uma versão alada e penada do fanfarrão da floresta de Sherwood, o bondoso desordeiro Robin Wood. Essa história começou no início do mês de julho, em Aberdeen, Escócia. Desde então, ela é uma frequentadora assídua do estabelecimento comercial. Sempre pega o mesmo tipo de salgadinho, e chama as amiguinhas para uma fuzarca.
Pode?
E a gente fala mal do Brasil.
Falando de Brasil, dizem as más línguas que alguns operadores de mensalão, estudam a possibilidade do bichinho entrar em banco e carregar maletas. A idéia está sendo discutida por Marcos Valério (sem penas, sem pena e sem cabelo) e sua trupe de comediantes pervertidos. Mas até agora, não trouxeram o animal para as terras brasileiras por não concordarem com o hábito do animal de dividir o que "vai buscar" com aqueles que têm fome.
Ta duvidando?
Da uma olhada.
A NOTÍCIA:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/07/070720_gaivotaladrao_mp.shtml
O VÍDEO
http://www.youtube.com/watch?v=EvCdzWP4N5Q
Ah.
Você queria ver o vídeo do Marcos Valério.
Desculpe, pois não temos este ainda.
Mas quando tivermos ...
Você depois de muito esforço, suando os fundilhos das calças, conseguiu montar uma pequena loja de conveniências.
E esta lá, atendendo no caixa, valorizando cada bala Sete Belo que você vende. Contado os Dadinhos de amendoim que não andam saindo muito bem. Vibrando a cada Coca-Cola. Então, você que é organizado, começa a perceber que estão sumindo alguns pacotes de salgadinho. Você começa a desconfiar da mocinha da limpeza. Ela anda mais gordinha, e você até se lembra de tê-la flagrado em atitudes suspeitas uma vez atrás da porta do banheiro. Então você arma o flagrante.
Um belo dia, só você e ela na loja. Ao final do dia, dois pacotes a menos do maldito salgadinho. Você, acreditando ter descoberto teu lado Sherlock Holmes. No fechamento do caixa, você despede a meliante, ameaça chamar a polícia, e faz com que ela pague pelos 33 pacotes de Baconzitos que sumiram no último mês.
Você até acharia isso normal, mas você está sendo imensamente injusto.
Na escócia, depois de cansar de se molhar no mar frio para pescar míseros peixinhos sem sal, uma gaivota desenvolveu o hábito de entrar sorrateiramente em uma loja, dar aquela olhadinha para o atendente, e surrupiar pacotes de salgadinho. Então você pensa que eu estou tomando muito leite mineiro, ou mesmo gaúcho. Mas é a pura realidade.
A pretensa deputada gaivota (que agora tem projeção na internet), iniciante nas artes da sacanagem, espera o atendente se distrair, entra na loja e agarra um pacotinho de salgado. Lá fora, o pacote é rasgado e ela divide com os outros pássaros. Sim, uma versão alada e penada do fanfarrão da floresta de Sherwood, o bondoso desordeiro Robin Wood. Essa história começou no início do mês de julho, em Aberdeen, Escócia. Desde então, ela é uma frequentadora assídua do estabelecimento comercial. Sempre pega o mesmo tipo de salgadinho, e chama as amiguinhas para uma fuzarca.
Pode?
E a gente fala mal do Brasil.
Falando de Brasil, dizem as más línguas que alguns operadores de mensalão, estudam a possibilidade do bichinho entrar em banco e carregar maletas. A idéia está sendo discutida por Marcos Valério (sem penas, sem pena e sem cabelo) e sua trupe de comediantes pervertidos. Mas até agora, não trouxeram o animal para as terras brasileiras por não concordarem com o hábito do animal de dividir o que "vai buscar" com aqueles que têm fome.
Ta duvidando?
Da uma olhada.
A NOTÍCIA:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/07/070720_gaivotaladrao_mp.shtml
O VÍDEO
http://www.youtube.com/watch?v=EvCdzWP4N5Q
Ah.
Você queria ver o vídeo do Marcos Valério.
Desculpe, pois não temos este ainda.
Mas quando tivermos ...
Entenda porque você não tem segurança (Tarcísio Andréas Jansen) email recebido em 10 de novembro de 2007
Entenda porque você não tem segurança
Tarcísio Andréas Jansen -
Delegado da Divisão Anti-Sequestro RJ
Como Delegado de Polícia do Rio de Janeiro é meu dever moral e jurídico esclarecer ao povo carioca os motivos pelos quais enfrentamos este caos na Segurança Pública.
Em primeiro lugar, fique você sabendo que a nossa legislação permite que qualquer pessoa, independentemente de sua qualificação profissional, assuma o cargo de Secretário de Segurança Pública. Isto significa que a Polícia Militar e Civil está sob a direção de pessoas que nem sempre tem qualquer conhecimento jurídico e operacional para exercer sua função pública.
Isto significa também que o Governador eleito pelo povo indica o Comandante da Polícia Militar e o Chefe de Polícia Civil, que podem ser demitidos a qualquer momento, estes por sua vez indicam os comandantes de cada Batalhão e os Delegados Titulares de cada Delegacia, que por sua vez são também afastados de seus cargos sem qualquer motivo.
Digo, portanto, que a Polícia Civil é absolutamente política e serve aos interesses políticos dos que foram eleitos pelo povo. Quando os afastamentos de Delegados são políticose não motivados por sua competência jurídica e operacional o resultado é a total falta de profissionalismo no exercício da função. Este é o primeiro indício de como nossa Lei trata a Polícia. Se a polícia é política quem investiga os políticos???
Você sabia que o papel da Polícia Militar é exclusivamente o patrulhamento ostensivo das nossas ruas? E por isso é a Polícia que anda fardada e caracterizada e deve mostrar sua presença ostensiva, nos dando a sensação de segurança. Você sabia que o papel da Polícia Civil é investigar os crimes ocorridos, colhendo todos os elementos de autoria e materialidade e que o destinatário desta investigação é o Promotor de Justiça que por sua vez os levará ao Juiz de Direito que os julgará absolvendo ou condenando?
Então por que nossos governadores compram viaturas caracterizadas para sua polícia investigativa?? Então por que mandam a polícia civil patrulhar as ruas e não, investigar crimes?? Parece piada de português de muito mau gosto, mas é a mais pura e cristalina realidade. Você sabia que o Poder Judiciário e o Ministério Público são independentes da política e a Polícia Civil absolutamente dependente?? Assim, a Polícia Civil é uma das bases que sustenta todo o nosso sistema criminal juntamente com o Judiciário e o Ministério Público. Se o Delegado de Polícia tem esta tamanha importância, por que são administrativamente subordinados à Secretaria de Segurança e a Governadores que são Políticos??
Porque ter o comando administrativo da Polícia Civil de alguma forma serve aos seus próprios objetivos políticos, que passam muito longe dos objetivos jurídicos e de Segurança Pública.
Assim, quero dizer que se o controle da Polícia Civil está na mão da política, isto é, do poder executivo, tais políticos controlam um dos tripés do sistema criminal, o que gera prejuízos tremendos e muita impunidade.
Não é preciso ser inteligente para saber que sem independência não se investiga livremente, é por isso que os americanos criam agências de investigação independentes para fomentar sua investigação criminal.
Em segundo lugar fique você sabendo que o policial civil e militar ganham um salário famélico. Você arriscaria sua vida por um salário de fome?? Que tipo de qualidade e competência tem estes policiais?? Se a Segurança Pública é tão importante por que não pagamos aos nossos policiais salários dignos tais quais são os dos Agentes Federais?? Se o Governo não tem dinheiro para remunerar bem quem é importante para nós para que teria dinheiro?? Em minha opinião, há três tipos de policiais: os que estão absolutamente corrompidos; os que oscilam entre a honestidade e a corrupção e os que são honestos, trabalham em no mínimo três bicos ou estudam para sair da polícia de cabeça erguida.
Qual destas categorias você gostou mais??
Parece que com estes salários nossos governantes há tempos fomentam a existência da primeira e da segunda categorias. É isto que você quer para a sua cidade?? Mas é isso que nós temos, é a realidade mais pura e cristalina.
O que vejo hoje são procedimentos paliativos de segurança pública destinados à mídia e com fins eleitoreiros, pois são elaborados por políticos.
Mas então o que fazer?? Devemos adotar uma política de Segurança a longo prazo. A legislação deve conferir independência funcional e financeira à Polícia Civil com seu Chefe eleito por lista tríplice como é no Judiciário e no Ministério Público. A Polícia Civil deve ser duramente fiscalizada pelo Ministério Público que deverá também formar uma forte Corregedoria.
Os salários dos policiais deverão ser imediatamente triplicados e organizado um sério plano de carreira. Digo sempre que se a população soubesse da importância do salário para quem exerce a função policial haveria greve geral para remunerar melhor a polícia. Mas a quem interessa que o policial ali da esquina ganhe muito bem?? Será que ele vai aceitar aquele cafezinho para não me multar ou para soltar meu filho surpreendido com drogas??? Será que não é por isso também que não temos segurança??? Fiquem todos sabendo que se o policial receber um salário digno não mais haverá escalas de plantão e conseqüentemente não haverá espaço físico para que todos trabalhem todo dia, como deve ser. Fiquem sabendo que a indústria da segurança privada se tornará pública, como deve ser. Fiquem sabendo também que quem vai ao jornal defendendo legalização de emprego privado para policiais não deseja segurança pública e sim segurança para quem pode pagar.
Desafio a comunidade social e jurídica a escrever sobre estes temas e procurar uma política de segurança realmente séria e não hipócrita como é a que estamos assistindo Brasil afora.
AUTORIZO A PUBLICAÇÃO IRRESTRITA DESTE TEXTO
Tarcísio Andréas Jansen -
Delegado da Divisão Anti-Sequestro RJ
Como Delegado de Polícia do Rio de Janeiro é meu dever moral e jurídico esclarecer ao povo carioca os motivos pelos quais enfrentamos este caos na Segurança Pública.
Em primeiro lugar, fique você sabendo que a nossa legislação permite que qualquer pessoa, independentemente de sua qualificação profissional, assuma o cargo de Secretário de Segurança Pública. Isto significa que a Polícia Militar e Civil está sob a direção de pessoas que nem sempre tem qualquer conhecimento jurídico e operacional para exercer sua função pública.
Isto significa também que o Governador eleito pelo povo indica o Comandante da Polícia Militar e o Chefe de Polícia Civil, que podem ser demitidos a qualquer momento, estes por sua vez indicam os comandantes de cada Batalhão e os Delegados Titulares de cada Delegacia, que por sua vez são também afastados de seus cargos sem qualquer motivo.
Digo, portanto, que a Polícia Civil é absolutamente política e serve aos interesses políticos dos que foram eleitos pelo povo. Quando os afastamentos de Delegados são políticose não motivados por sua competência jurídica e operacional o resultado é a total falta de profissionalismo no exercício da função. Este é o primeiro indício de como nossa Lei trata a Polícia. Se a polícia é política quem investiga os políticos???
Você sabia que o papel da Polícia Militar é exclusivamente o patrulhamento ostensivo das nossas ruas? E por isso é a Polícia que anda fardada e caracterizada e deve mostrar sua presença ostensiva, nos dando a sensação de segurança. Você sabia que o papel da Polícia Civil é investigar os crimes ocorridos, colhendo todos os elementos de autoria e materialidade e que o destinatário desta investigação é o Promotor de Justiça que por sua vez os levará ao Juiz de Direito que os julgará absolvendo ou condenando?
Então por que nossos governadores compram viaturas caracterizadas para sua polícia investigativa?? Então por que mandam a polícia civil patrulhar as ruas e não, investigar crimes?? Parece piada de português de muito mau gosto, mas é a mais pura e cristalina realidade. Você sabia que o Poder Judiciário e o Ministério Público são independentes da política e a Polícia Civil absolutamente dependente?? Assim, a Polícia Civil é uma das bases que sustenta todo o nosso sistema criminal juntamente com o Judiciário e o Ministério Público. Se o Delegado de Polícia tem esta tamanha importância, por que são administrativamente subordinados à Secretaria de Segurança e a Governadores que são Políticos??
Porque ter o comando administrativo da Polícia Civil de alguma forma serve aos seus próprios objetivos políticos, que passam muito longe dos objetivos jurídicos e de Segurança Pública.
Assim, quero dizer que se o controle da Polícia Civil está na mão da política, isto é, do poder executivo, tais políticos controlam um dos tripés do sistema criminal, o que gera prejuízos tremendos e muita impunidade.
Não é preciso ser inteligente para saber que sem independência não se investiga livremente, é por isso que os americanos criam agências de investigação independentes para fomentar sua investigação criminal.
Em segundo lugar fique você sabendo que o policial civil e militar ganham um salário famélico. Você arriscaria sua vida por um salário de fome?? Que tipo de qualidade e competência tem estes policiais?? Se a Segurança Pública é tão importante por que não pagamos aos nossos policiais salários dignos tais quais são os dos Agentes Federais?? Se o Governo não tem dinheiro para remunerar bem quem é importante para nós para que teria dinheiro?? Em minha opinião, há três tipos de policiais: os que estão absolutamente corrompidos; os que oscilam entre a honestidade e a corrupção e os que são honestos, trabalham em no mínimo três bicos ou estudam para sair da polícia de cabeça erguida.
Qual destas categorias você gostou mais??
Parece que com estes salários nossos governantes há tempos fomentam a existência da primeira e da segunda categorias. É isto que você quer para a sua cidade?? Mas é isso que nós temos, é a realidade mais pura e cristalina.
O que vejo hoje são procedimentos paliativos de segurança pública destinados à mídia e com fins eleitoreiros, pois são elaborados por políticos.
Mas então o que fazer?? Devemos adotar uma política de Segurança a longo prazo. A legislação deve conferir independência funcional e financeira à Polícia Civil com seu Chefe eleito por lista tríplice como é no Judiciário e no Ministério Público. A Polícia Civil deve ser duramente fiscalizada pelo Ministério Público que deverá também formar uma forte Corregedoria.
Os salários dos policiais deverão ser imediatamente triplicados e organizado um sério plano de carreira. Digo sempre que se a população soubesse da importância do salário para quem exerce a função policial haveria greve geral para remunerar melhor a polícia. Mas a quem interessa que o policial ali da esquina ganhe muito bem?? Será que ele vai aceitar aquele cafezinho para não me multar ou para soltar meu filho surpreendido com drogas??? Será que não é por isso também que não temos segurança??? Fiquem todos sabendo que se o policial receber um salário digno não mais haverá escalas de plantão e conseqüentemente não haverá espaço físico para que todos trabalhem todo dia, como deve ser. Fiquem sabendo que a indústria da segurança privada se tornará pública, como deve ser. Fiquem sabendo também que quem vai ao jornal defendendo legalização de emprego privado para policiais não deseja segurança pública e sim segurança para quem pode pagar.
Desafio a comunidade social e jurídica a escrever sobre estes temas e procurar uma política de segurança realmente séria e não hipócrita como é a que estamos assistindo Brasil afora.
AUTORIZO A PUBLICAÇÃO IRRESTRITA DESTE TEXTO
ENCANTOS DOS CANTOS DA BAHIA (Samuel Rangel)
Conforme eu havia realatado, estive com a Companhia Cena Hum em uma turnê pela regiaõ de Porto Seguro, na Bahia, atuando na peça Encantos dos Cantos. Essa nossa viagem parece não ter sido marcante apenas para o elenco, mas parece ter deixado bons frutos essa nossa visita.
É oportuno registrar que a peça foi premiada no Festival de Araucária como “MELHOR TEXTO ORIGINAL” e “MELHOR SONOPLASTIA”. Agradeço demais ao elenco, à direção e à Cena Hum, a oportunidade de participar deste trabalho, que agora será apresentado no V FESTIVAL DE TEATRO DE CAMPO LARGO.
No site da empresa patrocinadora, encontramos o seguinte comentário.
______________________
http://www.veracel.com.br/web/pt/outros/noticias0089.html
Peça de teatro comemora Semana das Crianças nas comunidades
O mês das Crianças foi marcado por diversão, cultura e entretenimento para os moradores das cidades do entorno da Veracel Celulose. Para comemorar a data a empresa ofereceu as comunidades onde atua o belo espetáculo teatral "Encanto dos Cantos". A peça foi encenada em locais públicos dos municípios de Belmonte, Barrolândia, Ponto Central, Itapebi, Itagimirim, Eunápolis e Porto Seguro, durante os dias 9 e 12 de outubro.
O evento, chamado de "Teatro com Pipoca", reuniu adultos e crianças e proporcionou uma verdadeira viagem pela cultura brasileira. Encenada pela Cia. de Teatro Cena Hum e dirigida por Humberto Gomes, a peça apresenta lendas e contos de todas as regiões do País.
Muitas crianças estavam assistindo a uma peça teatral pela primeira vez, o que emocionou o diretor do espetáculo. "Fiquei feliz ao ver o quanto as crianças gostaram. As professoras que acompanhavam os alunos tomaram nota para repassar em sala de aula", contou Humberto Gomes.
A professora de educação infantil de Belmonte, Valdirene de Jesus, adorou o presente. "A Veracel acertou em cheio, pois precisamos achar novas formas de atrair e ensinar as crianças. Cultura é muito bom, e os artistas não imaginam o bem que fizeram para as crianças".
O funcionário de uma escola em Belmonte, Cleide Silva Mattos, concorda com a professora. "As crianças estavam precisando, temos de ocupá-las com cultura. Nossas escolas nem sempre têm chances de diversão com qualidade", completou.
Magia
Para as crianças, a peça foi mais que um presente, foi o início de uma relação com a arte. "Gostei muito, foi tudo muito bom! Nos divertimos com as histórias e a música foi bem legal. Eu achei muito diferente", contou o estudante de Belmonte, Bruno Santiago, 10 anos.
O encantamento também tomou conta de Miquéli Costa Santana, 6 anos, que foi conquistada pelo teatro. "Gostei da peça por tudo! Nunca tinha visto, achei bonito", disse a aluna enquanto abraçava uma das atrizes.
Pura diversão
Em Porto Seguro as crianças também se divertiram com o espetáculo. Para Pedro Fabiano, 9 anos, a apresentação foi uma boa surpresa. "Eu estava assistindo televisão, quando ouvi as músicas e o convite para assistir o teatro. Quando saí de casa vi aquelas pessoas fantasiadas cantando, corri para ver", contou.
_______________
Obrigado a todos
Samuel Rangel
É oportuno registrar que a peça foi premiada no Festival de Araucária como “MELHOR TEXTO ORIGINAL” e “MELHOR SONOPLASTIA”. Agradeço demais ao elenco, à direção e à Cena Hum, a oportunidade de participar deste trabalho, que agora será apresentado no V FESTIVAL DE TEATRO DE CAMPO LARGO.
No site da empresa patrocinadora, encontramos o seguinte comentário.
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http://www.veracel.com.br/web/pt/outros/noticias0089.html
Peça de teatro comemora Semana das Crianças nas comunidades
O mês das Crianças foi marcado por diversão, cultura e entretenimento para os moradores das cidades do entorno da Veracel Celulose. Para comemorar a data a empresa ofereceu as comunidades onde atua o belo espetáculo teatral "Encanto dos Cantos". A peça foi encenada em locais públicos dos municípios de Belmonte, Barrolândia, Ponto Central, Itapebi, Itagimirim, Eunápolis e Porto Seguro, durante os dias 9 e 12 de outubro.
O evento, chamado de "Teatro com Pipoca", reuniu adultos e crianças e proporcionou uma verdadeira viagem pela cultura brasileira. Encenada pela Cia. de Teatro Cena Hum e dirigida por Humberto Gomes, a peça apresenta lendas e contos de todas as regiões do País.
Muitas crianças estavam assistindo a uma peça teatral pela primeira vez, o que emocionou o diretor do espetáculo. "Fiquei feliz ao ver o quanto as crianças gostaram. As professoras que acompanhavam os alunos tomaram nota para repassar em sala de aula", contou Humberto Gomes.
A professora de educação infantil de Belmonte, Valdirene de Jesus, adorou o presente. "A Veracel acertou em cheio, pois precisamos achar novas formas de atrair e ensinar as crianças. Cultura é muito bom, e os artistas não imaginam o bem que fizeram para as crianças".
O funcionário de uma escola em Belmonte, Cleide Silva Mattos, concorda com a professora. "As crianças estavam precisando, temos de ocupá-las com cultura. Nossas escolas nem sempre têm chances de diversão com qualidade", completou.
Magia
Para as crianças, a peça foi mais que um presente, foi o início de uma relação com a arte. "Gostei muito, foi tudo muito bom! Nos divertimos com as histórias e a música foi bem legal. Eu achei muito diferente", contou o estudante de Belmonte, Bruno Santiago, 10 anos.
O encantamento também tomou conta de Miquéli Costa Santana, 6 anos, que foi conquistada pelo teatro. "Gostei da peça por tudo! Nunca tinha visto, achei bonito", disse a aluna enquanto abraçava uma das atrizes.
Pura diversão
Em Porto Seguro as crianças também se divertiram com o espetáculo. Para Pedro Fabiano, 9 anos, a apresentação foi uma boa surpresa. "Eu estava assistindo televisão, quando ouvi as músicas e o convite para assistir o teatro. Quando saí de casa vi aquelas pessoas fantasiadas cantando, corri para ver", contou.
_______________
Obrigado a todos
Samuel Rangel
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
MÔNICA VELOSO, ANA MARIA BRAGA E A PLAYBOY (Samuel Rangel)
Não quero bancar o moralista (seria pretensioso da minha parte), mas também não quero, nem para mim nem para meu filho, uma vida imoral. Então este aparelho eletrônico chamado televisão, que me desperta todos os dias com o telejornal Bom Dia Brasil assim fez ontem também. Mas acho que estamos chegando a um ponto, onde é de se pensar na mudança do nome deste telejornal. Minha sugestão é simples. O nome deveria ser “POIS É BRASIL”, por que Bom Dia mesmo só para algumas celebridades deste país.
Quando acaba o telejornal, normalmente seleciono a Record, no Hoje em Dia, onde vejo outra abordagem das mesmas notícias (com uma conotação mais evangélica), e ali deixo a programação, pois estou bem interessado no que existe no Baú da Chris Flores. Gosto daquela moreninha fofoqueira com ar de intelectual. Acho mesmo ela bem bonitinha.
Mas ontem eu demorei a mudar o canal, e entra mais uma vez o programa “Mais Você”, com todo seu padrão “Global”. Como eu estava meio lerdo de sono, não deu tempo de alcançar o controle antes que Ana Maria Braga informasse que a entrevistada daquela manhã era Mônica Veloso.
Exatamente. A celebridade em evidência é nada mais nada menos que a jornalista mineira, que foi repórter e apresentadora de telejornais em Cuiabá e em Brasília (onde não foi só apresentadora, pois foi apresentada para Renan Calheiros), diz que foi produtora de moda e chegou a trabalhar com merchandising (ela realmente sabe fazer um negócio). E não é que ela também trabalhou em programas políticos de vários candidatos. Dá para entender? Pense de uma forma um pouco mais irônica então.
Não vou falar de suas duas filhas, uma do primeiro casamento (você se livrou de uma boa ex-marido), e uma segunda que teve no casamento de Renan Calheiros. Tudo bem. Renan era casado com outra mulher. Isso é só um detalhe. Não vou falar de suas filhas por elas não terem culpa alguma nessa história sórdida. Os processos de pensão alimentícia deveriam correr em sigilo, mas sigilo não é a especialidade da moça.
Mas então além de jornalista e "blá blá blá", essa moça aí tem outra profissão. Ela é a OUTRA. Espera um pouquinho. Então o leitor acha forte essa expressão? Seria verdade ou não? Ainda chamam de outra a mulher que se relaciona com homem casado? Concubina? Caso? Pega? Sei lá o que.
Caso. A verdade é que a coisa virou caso de polícia.
E nós então, os brasileiros que não desistem nunca, descobrimos que mil cambalachos foram planejados e executados só para pagar uma pensãozinha aí para a moça. E falo para a moça, por que com muito menos do que esse valor mensal, tem gente criando cinco ou seis filhos, e com dignidade por esse Brasil a fora. Pessoas que a Playboy não ousaria fazer uma proposta para posar em suas páginas.
Mas não basta saber do escândalo.
Então a moça, que já tinha conduta reprovável (ou não?), resolve então posar nua para a Playboy. E a revista masculina passa então a projetar a imagem da “bela morena”, nas bancas de revistas de todo o país, como veio ao mundo e como tão bem conheceu Renan Calheiros. Aliás, a Playboy deveria ter convidado o Presidente do Senado para participar do ensaio fotográfico. Quem sabe então a revista pudesse mostrar a suruba que esta virando este país. Mas não. Aliás, Sr. Renan Calheiros, já ouviu falar em camisinha? Mulheres lindas e maravilhosas também podem transmitir problemas.
E os brasileiros então ainda correm na banca para, mais uma vez, desembolsar seu duro dinheirinho com a moça.
Uma beleza.
E por aí já seria uma incoerência só. Mas não, pois faltava o toque “Global”. Dona Ana Maria Braga resolve então entrevistar a garota, com aquelas perguntinhas previsíveis: Como foi posar nua? Foi difícil? Ficou a vontade?
Com licença dona Ana Maria Braga, mas à vontade ela estava com Renan Calheiros. Bem à vontade. Tão à vontade que até hoje pagamos a pensão da vergonha.
E agora? Não devo permitir ao meu filho que assista “Mais Você”.
Quanto Ana Maria Braga? Parabéns pela produção.
Quanto à Playboy. Quem sabe quando meu filho fizer dezoito anos, eu mostre para ela um pouco da história desse país. Ilustrada inclusive.
Parabéns a todos.
POIS É BRASIL!!!!!
Quando acaba o telejornal, normalmente seleciono a Record, no Hoje em Dia, onde vejo outra abordagem das mesmas notícias (com uma conotação mais evangélica), e ali deixo a programação, pois estou bem interessado no que existe no Baú da Chris Flores. Gosto daquela moreninha fofoqueira com ar de intelectual. Acho mesmo ela bem bonitinha.
Mas ontem eu demorei a mudar o canal, e entra mais uma vez o programa “Mais Você”, com todo seu padrão “Global”. Como eu estava meio lerdo de sono, não deu tempo de alcançar o controle antes que Ana Maria Braga informasse que a entrevistada daquela manhã era Mônica Veloso.
Exatamente. A celebridade em evidência é nada mais nada menos que a jornalista mineira, que foi repórter e apresentadora de telejornais em Cuiabá e em Brasília (onde não foi só apresentadora, pois foi apresentada para Renan Calheiros), diz que foi produtora de moda e chegou a trabalhar com merchandising (ela realmente sabe fazer um negócio). E não é que ela também trabalhou em programas políticos de vários candidatos. Dá para entender? Pense de uma forma um pouco mais irônica então.
Não vou falar de suas duas filhas, uma do primeiro casamento (você se livrou de uma boa ex-marido), e uma segunda que teve no casamento de Renan Calheiros. Tudo bem. Renan era casado com outra mulher. Isso é só um detalhe. Não vou falar de suas filhas por elas não terem culpa alguma nessa história sórdida. Os processos de pensão alimentícia deveriam correr em sigilo, mas sigilo não é a especialidade da moça.
Mas então além de jornalista e "blá blá blá", essa moça aí tem outra profissão. Ela é a OUTRA. Espera um pouquinho. Então o leitor acha forte essa expressão? Seria verdade ou não? Ainda chamam de outra a mulher que se relaciona com homem casado? Concubina? Caso? Pega? Sei lá o que.
Caso. A verdade é que a coisa virou caso de polícia.
E nós então, os brasileiros que não desistem nunca, descobrimos que mil cambalachos foram planejados e executados só para pagar uma pensãozinha aí para a moça. E falo para a moça, por que com muito menos do que esse valor mensal, tem gente criando cinco ou seis filhos, e com dignidade por esse Brasil a fora. Pessoas que a Playboy não ousaria fazer uma proposta para posar em suas páginas.
Mas não basta saber do escândalo.
Então a moça, que já tinha conduta reprovável (ou não?), resolve então posar nua para a Playboy. E a revista masculina passa então a projetar a imagem da “bela morena”, nas bancas de revistas de todo o país, como veio ao mundo e como tão bem conheceu Renan Calheiros. Aliás, a Playboy deveria ter convidado o Presidente do Senado para participar do ensaio fotográfico. Quem sabe então a revista pudesse mostrar a suruba que esta virando este país. Mas não. Aliás, Sr. Renan Calheiros, já ouviu falar em camisinha? Mulheres lindas e maravilhosas também podem transmitir problemas.
E os brasileiros então ainda correm na banca para, mais uma vez, desembolsar seu duro dinheirinho com a moça.
Uma beleza.
E por aí já seria uma incoerência só. Mas não, pois faltava o toque “Global”. Dona Ana Maria Braga resolve então entrevistar a garota, com aquelas perguntinhas previsíveis: Como foi posar nua? Foi difícil? Ficou a vontade?
Com licença dona Ana Maria Braga, mas à vontade ela estava com Renan Calheiros. Bem à vontade. Tão à vontade que até hoje pagamos a pensão da vergonha.
E agora? Não devo permitir ao meu filho que assista “Mais Você”.
Quanto Ana Maria Braga? Parabéns pela produção.
Quanto à Playboy. Quem sabe quando meu filho fizer dezoito anos, eu mostre para ela um pouco da história desse país. Ilustrada inclusive.
Parabéns a todos.
POIS É BRASIL!!!!!
domingo, 4 de novembro de 2007
DRAMAS TÍPICOS DE UM PAI BRASILEIRO (Samuel Rangel)
Hoje não consegui fazer o toddynho para o meu filho.
Quando olhei o pacote de leite longa vida, percebi que se a vida é longa não é graças ao leite. Estranhamente, a revolta que senti foi como se eu houvesse sido traído. Alguém que entra na minha casa, jurando que me faria bem, e ao meu filho também, revela-se como um veneno torpe, embalado ao som do tilintar de moedas imorais.
Imaginei que, enquanto eu servia o leitinho, ele poderia me perguntar o que é Soda Cáustica. É com freqüência que nossas crianças nos fazem perguntas constrangedoras. Percebi que se tal coisa acontecesse, meu filho poderia achar que eu, seu pai, que tanto lhe faço juras de amor, poderia estar servindo veneno ao próprio filho. Com certeza, apesar de toda a sua inteligência, isso estremeceria nosso sólido relacionamento de pai e filho. Parei ali, encostado na pia da cozinha, imaginando o que serviria para o meu tão amado descendente.
Sem solução, pensei em oferecer um frango. Mas como não tenho certeza alguma da procedência da água que colocam ilegalmente no Frango congelado, para que os jucás brasileiros paguem mais pelo menos, imaginei que não seria saudável.
Como meu filho estava envolvido com a programação da televisão, deixei de lado a idéia da alimentação. Mas como pai brasileiro não pode olhar para lado nenhum, percebi que a programação de domingo é uma espécie de droga, que definha o cérebro humano, debilidade essa que só é percebida na época das eleições.
E agora, tiro ele da frente da televisão e dou o leite? Mas eu tenho o dever de afastá-lo das drogas. O que farei? Surgiu-me a idéia de convida meu filho para dar umas voltas de carro, mas lembrei-me que o meu carro está falhando, pois um combustível adulterado estragou os bicos da injeção eletrônica. Ficar com o carro parado durante a noite, com a criminalidade crescente, seria no mínimo uma irresponsabilidade.
Olhando para ele, eu seguia tentando achar uma solução para o impasse. Eu, nacionalidade? Brasileiro. Pai por vocação, sentindo-me um trouxa por excelência. Mas como sou brasileiro e não desisto nunca tentei pensar em uma solução.
E católico que sou pedi a Deus a sua Luz.
Lembrei-me que ando em falta com Deus, pois há muito não tenho levado meu filho à igreja. Será que eu teria direito de pedir Luz?
Mas ao pensar em igreja, olhando para o meu filho, percebi que nem isso mais é seguro. Se as coisas continuarem assim, em algum tempo, os católicos rezarão para que os seus filhos não queiram jamais ser coroinhas. Escândalos de pedofilia envolvendo padres estão explodindo na imprensa. Mas acho que Deus não tem nada a ver com estes falsos padres.
E dá para acreditar na imprensa? A Record é conhecida rival da Igreja Católica. Seria mais ou menos como perguntar ao árabe se posso confiar naquele judeu.
E pedi a Deus que me iluminasse.
Devo investir então na educação de meu filho. Mas nem aí encontrei descanso. Se o coloco em um colégio público, faço-o conviver com alunos que quebram o braço de suas professoras, além de sentenciá-lo à absoluta falta de oportunidade em uma faculdade. Se o coloco em colégio privado, tenho quase garantido o seu bom ensino, e com certeza ele chegará à faculdade.
Mas neste momento, o desespero aparece. Ele entrará em uma faculdade, e lá haverá de ter seu primeiro grande choque. Outrora um moleque, agora um universitário. E na faculdade ouvirá mais tempo os professores e os colegas do que seu pai. É o momento da ruptura da relação que um dia foi regada a leite. Ele escolherá suas próprias bebidas, escolherá seus programas de televisão, suas companhias nas idas para a praia, e muito provavelmente as companhias em suas festas.
O horror agora é inevitável.
Quando falo de festa, e sem querer dizer que não tenha feito minhas bobagens também, pensei nestas festas que duram trinta horas, com gente pulando sem parar e ingerindo comprimidos alucinógenos que elevam a temperatura do corpo a mais de quarenta graus. Então acho que não devo permitir ao meu filho que vá a lugares onde a água custa mais caro que uma cerveja. Mas também não o que achando a cerveja barata. Mas será que ainda poderei permitir ou não permitir algo?
Na televisão os pais de um menino de dezessete anos que faleceu em uma festa dessas, choram a sua perda. E eu não posso perder tempo, para não perder esse jogo cruel e sacana.
Mais uma vez penso Meu Deus!
Só que agora, sabendo ter ele me iluminado durante minhas tentativas de decisões e soluções, começo a perceber que ser pai neste país, e alcançar a glória de ver seu filho crescer, depende de milagres, que contrariem as perspectivas e as estatísticas.
Sei que não é só aqui, mas o brasileiro, com seu humor solto e sua irreverência, fez convite ao caos.
O caos está aí, e já passou de nossa porta. Com ele trouxe o silêncio, e o silêncio nos é um simpático conhecido. O silêncio e o caos então, sentados em nossa sala, nos observam, esperando a hora de nos mostrar a realidade. Quanto ao caos, não consegui fazer nada por enquanto, mas em relação ao silêncio, eu rompi nestas linhas.
E com o silêncio rompido, convido você leitor, a ajudar-me a tirar o caos de nossa sala. Preciso de uma ou duas palavras suas, e elas custam bem menos que um pacote de leite.
PRECISO DE UM MILAGRE. PRECISO QUE VOCÊ SE MANIFESTE COMENTANDO ESSE TEXTO.
Todos os comentários serão mantidos.
Peço que você mande este texto para o maior número de pessoas que puder. Esse pode ser o milagre que tanto esperamos.
Vamos conferir o resultado daqui algum tempo.
Quando olhei o pacote de leite longa vida, percebi que se a vida é longa não é graças ao leite. Estranhamente, a revolta que senti foi como se eu houvesse sido traído. Alguém que entra na minha casa, jurando que me faria bem, e ao meu filho também, revela-se como um veneno torpe, embalado ao som do tilintar de moedas imorais.
Imaginei que, enquanto eu servia o leitinho, ele poderia me perguntar o que é Soda Cáustica. É com freqüência que nossas crianças nos fazem perguntas constrangedoras. Percebi que se tal coisa acontecesse, meu filho poderia achar que eu, seu pai, que tanto lhe faço juras de amor, poderia estar servindo veneno ao próprio filho. Com certeza, apesar de toda a sua inteligência, isso estremeceria nosso sólido relacionamento de pai e filho. Parei ali, encostado na pia da cozinha, imaginando o que serviria para o meu tão amado descendente.
Sem solução, pensei em oferecer um frango. Mas como não tenho certeza alguma da procedência da água que colocam ilegalmente no Frango congelado, para que os jucás brasileiros paguem mais pelo menos, imaginei que não seria saudável.
Como meu filho estava envolvido com a programação da televisão, deixei de lado a idéia da alimentação. Mas como pai brasileiro não pode olhar para lado nenhum, percebi que a programação de domingo é uma espécie de droga, que definha o cérebro humano, debilidade essa que só é percebida na época das eleições.
E agora, tiro ele da frente da televisão e dou o leite? Mas eu tenho o dever de afastá-lo das drogas. O que farei? Surgiu-me a idéia de convida meu filho para dar umas voltas de carro, mas lembrei-me que o meu carro está falhando, pois um combustível adulterado estragou os bicos da injeção eletrônica. Ficar com o carro parado durante a noite, com a criminalidade crescente, seria no mínimo uma irresponsabilidade.
Olhando para ele, eu seguia tentando achar uma solução para o impasse. Eu, nacionalidade? Brasileiro. Pai por vocação, sentindo-me um trouxa por excelência. Mas como sou brasileiro e não desisto nunca tentei pensar em uma solução.
E católico que sou pedi a Deus a sua Luz.
Lembrei-me que ando em falta com Deus, pois há muito não tenho levado meu filho à igreja. Será que eu teria direito de pedir Luz?
Mas ao pensar em igreja, olhando para o meu filho, percebi que nem isso mais é seguro. Se as coisas continuarem assim, em algum tempo, os católicos rezarão para que os seus filhos não queiram jamais ser coroinhas. Escândalos de pedofilia envolvendo padres estão explodindo na imprensa. Mas acho que Deus não tem nada a ver com estes falsos padres.
E dá para acreditar na imprensa? A Record é conhecida rival da Igreja Católica. Seria mais ou menos como perguntar ao árabe se posso confiar naquele judeu.
E pedi a Deus que me iluminasse.
Devo investir então na educação de meu filho. Mas nem aí encontrei descanso. Se o coloco em um colégio público, faço-o conviver com alunos que quebram o braço de suas professoras, além de sentenciá-lo à absoluta falta de oportunidade em uma faculdade. Se o coloco em colégio privado, tenho quase garantido o seu bom ensino, e com certeza ele chegará à faculdade.
Mas neste momento, o desespero aparece. Ele entrará em uma faculdade, e lá haverá de ter seu primeiro grande choque. Outrora um moleque, agora um universitário. E na faculdade ouvirá mais tempo os professores e os colegas do que seu pai. É o momento da ruptura da relação que um dia foi regada a leite. Ele escolherá suas próprias bebidas, escolherá seus programas de televisão, suas companhias nas idas para a praia, e muito provavelmente as companhias em suas festas.
O horror agora é inevitável.
Quando falo de festa, e sem querer dizer que não tenha feito minhas bobagens também, pensei nestas festas que duram trinta horas, com gente pulando sem parar e ingerindo comprimidos alucinógenos que elevam a temperatura do corpo a mais de quarenta graus. Então acho que não devo permitir ao meu filho que vá a lugares onde a água custa mais caro que uma cerveja. Mas também não o que achando a cerveja barata. Mas será que ainda poderei permitir ou não permitir algo?
Na televisão os pais de um menino de dezessete anos que faleceu em uma festa dessas, choram a sua perda. E eu não posso perder tempo, para não perder esse jogo cruel e sacana.
Mais uma vez penso Meu Deus!
Só que agora, sabendo ter ele me iluminado durante minhas tentativas de decisões e soluções, começo a perceber que ser pai neste país, e alcançar a glória de ver seu filho crescer, depende de milagres, que contrariem as perspectivas e as estatísticas.
Sei que não é só aqui, mas o brasileiro, com seu humor solto e sua irreverência, fez convite ao caos.
O caos está aí, e já passou de nossa porta. Com ele trouxe o silêncio, e o silêncio nos é um simpático conhecido. O silêncio e o caos então, sentados em nossa sala, nos observam, esperando a hora de nos mostrar a realidade. Quanto ao caos, não consegui fazer nada por enquanto, mas em relação ao silêncio, eu rompi nestas linhas.
E com o silêncio rompido, convido você leitor, a ajudar-me a tirar o caos de nossa sala. Preciso de uma ou duas palavras suas, e elas custam bem menos que um pacote de leite.
PRECISO DE UM MILAGRE. PRECISO QUE VOCÊ SE MANIFESTE COMENTANDO ESSE TEXTO.
Todos os comentários serão mantidos.
Peço que você mande este texto para o maior número de pessoas que puder. Esse pode ser o milagre que tanto esperamos.
Vamos conferir o resultado daqui algum tempo.
FILOSOFIA CURTA E GROSSA V (Samuel Rangel)
Quanto mais penso nos outros, mais eu tenho vontade de dizer “você pra mim é problema teu”.
FILOSOFIA CURTA E GROSSA IV(Samuel Rangel)
Nos dias de hoje, se o pai servir um leite quente para o seu filho, vai ter que comparecer ao Conselho Tutelar.
FILOSOFIA CURTA E GROSSA III (Samuel Rangel)
Aos quarenta anos o homem tem mais tempo para pensar, pois suas ereções duram menos.
FILOSOFIA CURTA E GROSSA II (Samuel Rangel)
Quando pintei a cara para descollorir o país, eu nem sabia o que estava fazendo.
A ABI nunca me pagou um cachê pelo desempenho em cima do carro de som, e em compensação, trabalhei dez anos para a OAB para só então perceber que ela não está nem aí para o advogado.
Minha tragédia então se resume no fato de ser um advogado que lê jornal.
A ABI nunca me pagou um cachê pelo desempenho em cima do carro de som, e em compensação, trabalhei dez anos para a OAB para só então perceber que ela não está nem aí para o advogado.
Minha tragédia então se resume no fato de ser um advogado que lê jornal.
FILOSOFIA CURTA E GROSSA (Samuel Rangel)
Eu nunca vou me decepcionar com a imprensa brasileira. Ela escreve para mim todos os dias.
sábado, 3 de novembro de 2007
UM SONHO LINDO COM O BOPE (Samuel Rangel)
BOPE
Recebi de uma amiga um e-mail com o endereço www.resistindo.com.br. Fui conferir o material e qual não foi a minha surpresa. Achei fantástico.
Em uma dos belos textos, uma arte traz a foto do Capitão Nascimento de terno, e divaga ...
IMAGINA SÓ ...
“Se o Capitão Nascimento fosse Político ...
Nas CPIs, os depoimentos seriam todos utilizando o “saco da verdade”.
..........
O Capitão ia ter que ir à Brasília toda semana, mas ele ia “armado cumpádi, e roupa preta”.
.........
Quando os deputados pedissem a palavra “pela ordem” por 10 minutos, ele responderia “Vossa Excelência é um fanfarrão, Sr. 06 O. Senhor tem dez SEGUNDOS com a palavra”.
Ele ia acabar com a disputa para a presidência da câmara ou ao senado simplesmente dizendo a um dos candidatos “Vossa Excelência é o novo xerife, Sr. 08”.
....
Ele viraria pro Renan e falaria: “ Tira esse terno preto porque você não é Senador, você é MOLEQUE!
.....”
Bem! O Endereço esta aí, e acho que vale a pena conferir.
Mas só para colaborar com o tema, acordei poeta e fiz algumas rimas.
.
UM SONHO LINDO COM O BOPE (Samuel Rangel)
Hoje tive um sonho lindo.
Sonhei que vi o BOPE subindo.
Não era o morro do Alemão
Era o palácio da Nação.
E vi muita gente correndo
Renan da cadeira descendo.
Foi a maior confusão
O BOPE deixando corpo no chão.
O equilíbrio político desse país.
Depende do silêncio de uma meretriz
Cada um que tape o nariz
Cheira mal, mas não fui eu que fiz
Mas agora o Capitão Nascimento
Vai botar ordem com seu regimento
Invadindo o nosso parlamento
E acabando com o movimento
Imagina só que o papo sério
O Bope pegando o Marcos Valério
Uma cena que jamais se viu
Metendo o saco no Clodovil
No Senado a tropa é demais
Atira e não para mais
Mas não mata os fogueteiros
Atira mesmo é no Renan Calheiros.
E a nação terá novos ares
E saudades dos militares
Mas o sonho chegou ao fim
E o Brasil continua assim
A verdade é mesmo dolorida
Para quem no Brasil leva a vida.
Mas vou confessar um segredo
Tenho saudade do General Figueiredo
Recebi de uma amiga um e-mail com o endereço www.resistindo.com.br. Fui conferir o material e qual não foi a minha surpresa. Achei fantástico.
Em uma dos belos textos, uma arte traz a foto do Capitão Nascimento de terno, e divaga ...
IMAGINA SÓ ...
“Se o Capitão Nascimento fosse Político ...
Nas CPIs, os depoimentos seriam todos utilizando o “saco da verdade”.
..........
O Capitão ia ter que ir à Brasília toda semana, mas ele ia “armado cumpádi, e roupa preta”.
.........
Quando os deputados pedissem a palavra “pela ordem” por 10 minutos, ele responderia “Vossa Excelência é um fanfarrão, Sr. 06 O. Senhor tem dez SEGUNDOS com a palavra”.
Ele ia acabar com a disputa para a presidência da câmara ou ao senado simplesmente dizendo a um dos candidatos “Vossa Excelência é o novo xerife, Sr. 08”.
....
Ele viraria pro Renan e falaria: “ Tira esse terno preto porque você não é Senador, você é MOLEQUE!
.....”
Bem! O Endereço esta aí, e acho que vale a pena conferir.
Mas só para colaborar com o tema, acordei poeta e fiz algumas rimas.
.
UM SONHO LINDO COM O BOPE (Samuel Rangel)
Hoje tive um sonho lindo.
Sonhei que vi o BOPE subindo.
Não era o morro do Alemão
Era o palácio da Nação.
E vi muita gente correndo
Renan da cadeira descendo.
Foi a maior confusão
O BOPE deixando corpo no chão.
O equilíbrio político desse país.
Depende do silêncio de uma meretriz
Cada um que tape o nariz
Cheira mal, mas não fui eu que fiz
Mas agora o Capitão Nascimento
Vai botar ordem com seu regimento
Invadindo o nosso parlamento
E acabando com o movimento
Imagina só que o papo sério
O Bope pegando o Marcos Valério
Uma cena que jamais se viu
Metendo o saco no Clodovil
No Senado a tropa é demais
Atira e não para mais
Mas não mata os fogueteiros
Atira mesmo é no Renan Calheiros.
E a nação terá novos ares
E saudades dos militares
Mas o sonho chegou ao fim
E o Brasil continua assim
A verdade é mesmo dolorida
Para quem no Brasil leva a vida.
Mas vou confessar um segredo
Tenho saudade do General Figueiredo
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
PUTA QUE O PARIU (Samuel Rangel)
Ok.
Eu jamais pensei que daria esse título a um texto.
Mas não é um texto.
Se eu te contasse que um cidadão, chamado José Leonel Rocha Lima, que tem uma indústria de suplemento alimentar fornecido para Creches e Asilos na Baixada Fluminense, Duque de Caxias – Rio de Janeiro, estaria misturando ração de cachorro no que era servido para as crianças e velhos, você acreditaria?
http://www.mundorecord.com.br/record.jsp
Puta que o Pariu mil vezes.
Mas esse país é assim mesmo.
E todo mundo quieto.
Agora todo mundo fica sabendo que estão misturando soda cáustica no leite há quatro anos.
E eu preparando o toddynho do meu filho com tanto carinho.
Mil vezes puta que o pariu.
Lula!!!
Já que você gosta de futebol, simula uma contusão e pede pra sair.
Perdoa-me pelo palavrão, mas não existe outra coisa que se possa dizer neste momento.
Eu jamais pensei que daria esse título a um texto.
Mas não é um texto.
Se eu te contasse que um cidadão, chamado José Leonel Rocha Lima, que tem uma indústria de suplemento alimentar fornecido para Creches e Asilos na Baixada Fluminense, Duque de Caxias – Rio de Janeiro, estaria misturando ração de cachorro no que era servido para as crianças e velhos, você acreditaria?
http://www.mundorecord.com.br/record.jsp
Puta que o Pariu mil vezes.
Mas esse país é assim mesmo.
E todo mundo quieto.
Agora todo mundo fica sabendo que estão misturando soda cáustica no leite há quatro anos.
E eu preparando o toddynho do meu filho com tanto carinho.
Mil vezes puta que o pariu.
Lula!!!
Já que você gosta de futebol, simula uma contusão e pede pra sair.
Perdoa-me pelo palavrão, mas não existe outra coisa que se possa dizer neste momento.
RESPOSTA A SÉRGIO CABRAL FILHO (Samuel Rangel)
Prezado Senhor Sérgio Cabral Filho.
Li a respeito de seu posicionamento sobre o aborto, e particularmente achei interessante alguém que tem filho até no nome ser a favor do aborto.
Eu, em virtude de ser um caipira católico, daqueles que não gosta de fazer mal para os outros, não evolui ao seu ponto, e por isso ainda acho bizarra a idéia de matar uma criatura humana que ainda não nasceu.
Mas a sua idéia de usar o aborto para combater o crime até que é interessante no campo da retórica.
Imagina só ...
Desenvolveríamos pesquisas de genoma.
Chegaaríamos ao ponto de poder perceber pelo DNA se a pessoa, ainda em feto, viria delinqüir ou não em sua vida adulta.
Descobrimos que o cara vai ser assaltante?
Pornto. Senteça dada. Aborto.
Descobrimos que o cara vai ser assassino?
Rápido como Talião. Aborto.
Descobrimos que o cara vai ser estuprador?
Sem palavras e sem perdão. Aborto.
E por aí iria ...
Estelionatário? Aborto.
Traficante? Aborto.
Mas ocorreu-me uma dúvida.
O único problema é que, se todos esses perfis se misturassem.
Estaríamos diante de um assaltante, assassino, estuprador, que ainda seja estelionatário e traficante.
Será que o exame descobriria?
Se descobrisse, detectaríamos um político ainda no ventre da mãe.
E daí?
Aborto também senhor Sérgio Cabral sem filho?
Li a respeito de seu posicionamento sobre o aborto, e particularmente achei interessante alguém que tem filho até no nome ser a favor do aborto.
Eu, em virtude de ser um caipira católico, daqueles que não gosta de fazer mal para os outros, não evolui ao seu ponto, e por isso ainda acho bizarra a idéia de matar uma criatura humana que ainda não nasceu.
Mas a sua idéia de usar o aborto para combater o crime até que é interessante no campo da retórica.
Imagina só ...
Desenvolveríamos pesquisas de genoma.
Chegaaríamos ao ponto de poder perceber pelo DNA se a pessoa, ainda em feto, viria delinqüir ou não em sua vida adulta.
Descobrimos que o cara vai ser assaltante?
Pornto. Senteça dada. Aborto.
Descobrimos que o cara vai ser assassino?
Rápido como Talião. Aborto.
Descobrimos que o cara vai ser estuprador?
Sem palavras e sem perdão. Aborto.
E por aí iria ...
Estelionatário? Aborto.
Traficante? Aborto.
Mas ocorreu-me uma dúvida.
O único problema é que, se todos esses perfis se misturassem.
Estaríamos diante de um assaltante, assassino, estuprador, que ainda seja estelionatário e traficante.
Será que o exame descobriria?
Se descobrisse, detectaríamos um político ainda no ventre da mãe.
E daí?
Aborto também senhor Sérgio Cabral sem filho?
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
A GLÓRIA DE JUCA ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA (Samuel Rangel)
Juca era um ator de uma pequena companhia de teatro mambembe, viajava pelas cidadezinhas do interior apresentado suas peças. E nem bem desembarcava em uma cidade, já estava de partida. Por isso Juca não tinha muita sorte nas coisas do amor. Seus relacionamentos eram resumidos aos poucos encontros com essa ou aquela moça do público, que encantada pela arte, caía em suas graças. E foi assim que um dia Juca chegou à cidade de São João da Prata.
Dessa vez a companhia ganhava as glórias de um palco, o da Sociedade Cultural Desportiva e Recreativa Pratense, e pela primeira vez naquela turnê, iria apresentar a sua peça em uma temporada de cinco dias. Todos da companhia ficaram encantados, e se reuniram para ensaiar a peça uma última vez antes da estréia em São João da Prata. Queriam fazer um belo espetáculo para os pratenses.
No dia da estréia, todos ocuparam o palco com muito capricho. Quando Juca entrou, concentrou-se tanto em seu desempenho que nem pode notar Morena, sentada na terceira fila de cadeiras. Morena era uma belíssima moça, que ganhara esse apelido pelos seus longos e cacheados cabelos. Era realmente uma mestiça capaz de levar ao mundo a beleza da mulher brasileira.
Ao final da peça Juca percebeu Morena, e eles trocaram olhares. Juca ficou ali estático diante de tanta beleza, mas Morena veio até o palco e pediu um autógrafo a Juca. Juca jamais tinha dado um autógrafo em toda a sua carreira. Morena saiu do salão do clube andando lentamente. A cada dois ou três passos, Morena olhava para trás, e antes que passasse pela porta que levava à rua, sorriu suavemente para Juca. Juca ficou encantado com tanta beleza e um suspiro colocou para fora todo o seu juízo. Juca então era vítima de uma paixão a primeira vista.
No Hotel, enquanto os atores da companhia comentavam o sucesso da peça, Juca ficou ali sonhando com a morena que lhe havia tirado o fôlego. Ele pensava em uma forma de reencontrar Morena. Ele tinha ao menos que falar com ela mais uma vez. Juca não dormiu naquela noite.
No segundo dia de apresentação Juca entrou no palco olhando para a terceira fileira. Procurando por Morena, mas ela não estava lá. Em sua encenação Juca se concentrou muito, até que percebeu sua linda morena bem ao centro, na primeira fila, quase debruçada no palco. Juca interpretou a peça quase que somente para ela. Os únicos momentos em que seus olhos se desviaram dela foram naqueles em que a cena exigia. Sempre que seus olhos eram livres, eles mergulhavam nos olhos da encantadora mulher.
Após a peça, Juca se adiantou em ir falar com a mulher. Mas o diretor da companhia reuniu os atores para analisar a apresentação. Juca não teve tempo de ficar muito com Morena, mas ao menos já sabia o seu nome. Na reunião o diretor elogiou o desempenho de Juca, e deu-lhe a autorização para improvisar em suas cenas.
Mais uma noite que Juca se revirou entre as cobertas, e lá estava ele novamente no palco. Morena assistia à peça pela terceira vez, e na primeira fila novamente. Na cena em que seu personagem fala de sentimentos, Juca usou de todo o seu talento para declarar-se à Morena. Ela ficou lisonjeada. Ao final da peça ele tentou falar com ela mais uma vez, mas ela pediu desculpas e saiu correndo, enrubescida pela declaração de Juca.
Durante a noite, Juca não dormiu novamente. E na quarta apresentação tinha a expressão do cansaço e da ansiedade. Cansado por sonhar acordado, e ansioso pela visão de sua Morena. Quando entrou ao palco, foi logo olhando para a cadeira da primeira fila. Não a viu. Procurou pelo salão inteiro e não a encontrou. Juca fez uma péssima apresentação naquele dia. Sua inspiração não estava lá. Sua musa havia o deixado. Ao final, um bilhete entregue por uma desconhecida trazia o recado.
Querido Juca
Queria muito ir te ver, mas tive que ficar cuidando de minha irmã. Perdoa-me que amanhã vou te ver com todo certeza.
Um beijo para você.
Ass. Morena.
E Juca voltou ao hotel com aquele papel na mão. Por algumas vezes chegou a levar o papel ao rosto para sentir o suave perfume das mãos de Morena. E Juca dormiu agarrado ao bilhete.
Era a última apresentação, e a companhia estava eufórica com o sucesso. O diretor chamou Juca antes da apresentação e lhe perguntou o que havia acontecido no dia anterior. Após algumas palavras evasivas de Juca, o Diretor falou a Juca: Esta é a última apresentação aqui. Eu quero que você brinque com o público, e na cena do Baile, você pode até convidar alguém do público para dançar. Juca ouviu aquelas palavras como se fossem a voz de um anjo.
Juca entrou em cena e viu Morena na primeira fila novamente. Ali interpretou a paixão de seu personagem e a sua ao mesmo tempo, sem conflitos, em perfeita harmonia de ator e personagem. Misturou fantasias e realidades de forma tão incrível, que o público veio às lágrimas. Quando chegou a cena do baile, Juca foi até Morena e convidou-a a dançar. Morena nem titubeou. Era como se os dois estivessem a sós em um salão de baile. E Juca declarou para Morena sua paixão enquanto dançava. Ao final da música, Juca beijou caprichosamente a boca de Morena, e se demorou a recobrar. O público levantou-se e bateu palmas. Juca então nem acreditava no que estava acontecendo.
Ao final da peça, o público subiu ao palco, e enquanto alguns abraçavam Juca, outros afastavam Morena. Desesperado Juca viu sua paixão sumindo em meio ao público eufórico, mas sem que pudesse fazer nada, seu diretor o arrastou para a coxia e comemorando lhe deu os parabéns dizendo: Juca meu amigo. Com sua atuação conseguimos um contrato de um mês na Capital. Ensaios pagos, patrocinadores e tudo o mais que a companhia merece. Meus parabéns. As coisas já estão no ônibus e estamos de partida. O assessor do prefeito vai conosco. Estamos de partida.
E Juca foi arrastado para dentro de um luxuoso ônibus, onde foi aplaudido pelo elenco. Juca olhava pela janela e viu sua Morena acenando com lágrimas nos olhos.
Juca então desceu e disse a Morena que voltaria em breve. Apenas cumpriria o contrato na capital e juntaria algum dinheiro para retornar para São João da Prata. Morena entregou-lhe em um papel de pão uma declaração de amor e seu endereço. Beijaram-se apaixonadamente e Juca partiu para o sucesso.
Trocaram cartas todos os dias.
Em Curitiba Juca cumpriu o contrato, e em suas interpretações imaginava Morena no público. Assim conseguiu atuar tão bem, que ao final da temporada de um mês, chegou um convite para apresentar a peça em Salvador, durante um ano inteiro.
Porém, Juca então olhou para o seu diretor, comunicou-o que estava se desligando da companhia e indo para São João da Prata, ter com sua Morena. Seu diretor ficou estático não acreditando no que estava ouvindo, pois Juca havia realizado o sonho de qualquer ator. O diretor só entendeu que Juca precisava realizar o seu sonho de homem mais do que de ator. Tudo ficou claro quando ele deu-lhe as costas e saiu sorrindo e falando: Vou ver Morena. Vou ver Morena. Vou ver minha Morena.
E foi tão rápido quanto era forte sua ansiedade. Juca embarcou chegou antes da carta, e por isso não havia ninguém esperando quando desceu na rodoviária de São João da Prata.
Juca entendeu. E foi para o hotel se hospedar. Não chegou a desfazer as malas. Simplesmente escolheu sua melhor calça, a sua melhor camisa, tomou seu banho demorado, colocou seu perfume da Natura e foi para o endereço onde se correspondia com Morena.
Lá chegando, era um salão de beleza. Quando entrou, viu Morena fazendo as unhas de uma senhora. O silêncio tomou conta do local, e foi interrompido quando as meninas que trabalhavam no salão começaram a gritar e bater palmas. Morena saiu correndo e pulou sobre Juca, beijando-o com toda a paixão e saudade.
Antes que pudessem se separar, a dona do salão dispensou Morena do trabalho. Sorridentes e agora juntos, saíram os dois de mãos dadas andando pelo pequeno calçadão de São João da Prata. Sentaram-se no primeiro bar aberto, e ali ficaram a namorar. Juca disse da proposta de ir para Salvador, e perguntou a Morena se ela poderia ir junto. A resposta foi sim. Era como se o destino tivesse roubado a batina de um padre e feito os dois casados naquele momento.
Então Juca se deleitava com realidade. E todos ali no bar conheciam a história, paparicando o casal, e dando a Júlio as glórias de um ator consagrado. Pessoas que jamais tinha visto mandavam servir cervejas ao casal para comemorar as bodas com o destino. Beijos, abraços e carinhos. Sorrisos largos e encantados. Juca estava feliz em toda a plenitude de seu sonho.
De olhos fechados enquanto beijava Morena, ouviu uma voz grossa e forte chamando por Morena. Juca ficou atordoado com aquilo. Quando conseguiu abrir os olhos, viu um enorme cidadão, forte como um touro, botas e chapéu de peão, e um olhar de sangria. Juca não entendeu.
O homem veio até Morena e a puxou pelo braço, levando-a até o outro lado da Rua. Todos no bar ficaram em silêncio. Juca achou que seu dever de homem, era defender sua mulher. E quando se dirigia para o outro lado da rua, foi interrompido pelo dono do bar. Ele disse a Juca que não deveria se meter, pois aquele era o Bigorna, um capataz de uma grande fazenda conhecido pela sua força, com um vasto currículo de vítimas que se meteram com ele. Juca desceu o pouco de saliva que tinha na boca pela garganta, e sem respirar, viu quando Bigorna o olhou.
A paixão lhe tirou o Juízo. Atravessou a rua e interrompeu a discussão. Bigorna fechou os punhos e o olhou. Morena então chorando disse a ela que não interferisse. Juca insistiu, mas Morena mandou que Juca voltasse ao bar. Juca, consciente de que havia cumprido o seu papel, voltou ao bar e encostou-se no balcão para não dar as costas ao Bigorna.
O dono do bar que atendia ao balcão veio até Juca e aconselhou-o a ficar quieto, pois Bigorna era noivo de Morena. Juca não entendeu, e o dono do bar explicou melhor. Embora Morena não o quisesse mais, Bigorna é quem decidia o futuro de Morena, e como ele tinha uma vastidão de proezas que envolviam sangue e ossos quebrados, ninguém tinha coragem de interferir. Além da força dos braços de Bigorna, ele tinha a loucura da paixão pela moça, e por ela faria qualquer coisa, inclusive, mantê-la consigo independentemente da vontade dela. E ali ficou o dono do bar contando histórias de Bigorna, que mais pareciam histórias de terror.
Depois de algum tempo, Morena atravessou a rua chorando. Quando Juca vai até ela e lhe pergunta o que aconteceu, Morena lhe diz que Bigorna foi para a casa buscar um revólver para matar os dois. Juca então consegue imaginar a foto do casal caído ao chão, envolto em sangue, estampada na primeira página do Correio da Prata. Juca fica desesperado, e o choro de Morena aumentou seu desespero.
Mas quando a corda começa a arrebentar, você não se preocupa com quem está para baixo de você. E o choro de Morena começa a sumir diante do desespero de Juca. Ele precisava salvar a sua vida. Sim, ele precisava salvar sua própria vida. Ele não tinha culpa de Morena ter lhe ocultado a história com Bigorna.
Quando o desespero de Juca veio para a sua boca, ele perguntou ao dono do bar onde morava o tal Bigorna. Ao saber o local, Juca saiu correndo a toda. Ele tinha a intenção de falar com Bigorna. Por mais forte que fosse a surra que levaria, era bem melhor do que levar tiros.
Por isso suas pernas correram mais do que nunca. Mas para o seu desespero, não encontrou Bigorna. Vendo um cidadão que lavava o carro na rua, perguntou com olhos furiosos onde poderia encontrar Bigorna. O cidadão disse que não sabia. E ele insistiu, mas não adiantou. Voltou ao bar para pedir melhores informações, mas quando chegou, foi aplaudido de pé.
O dono do bar pediu a palavra e começou a elogiar a atitude de Juca.
“Gente. Eu vi tudo, e quero mais uma salva de palmas para esse homem de verdade. Por mais que eu tenha falado o quanto Bigorna era perigoso, Juca saiu no encalço dele colocando-o para correr. Finalmente alguém acabou com o Bigorna. A partir de hoje ninguém mais vai ficar em silêncio. E vamos chamar a polícia para esclarecer todas as mortes das mãos de bigorna. Ele não vai mais fazer isso.”
Então Juca percebeu que ninguém havia entendido usa intenção. Eles acharam que Juca correu atrás de Bigorna para pega-lo e nem perceberam que sua intenção era diminuir o seu prejuízo a não mais que alguns socos na cara.
E então o povo pratense voltou a aplaudir. Juca tinha virado um herói. Mas Juca não havia entendido o engano. Foi quando reconheceu dentre os presentes o rapaz que lavava o carro. Ele levantou-se e começou a falar:
Eu via cara do Bigorna. Quando eu tava lavando o carro e falei que o Juca estava procurando por ele, o Bigorna pegou o rumo da fazenda e não voltou mais.
Dentre todos que estavam ali, não havia ninguém mais feliz que Morena. Agora Morena estava livre, pronta para amar Juca em toda sua existência. Seu amado era um herói em São João da Prata já no primeiro dia de sua chegada. E Juca de certa forma se embriagou com a sua glória, ainda que ela fosse uma farsa. Com mais goles de cerveja, passou a contar histórias de peripécias onde sempre colocava um gigante para correr. Contava epopéias de surras em malfeitores, e lições de cinta em machões de cozinha.
Mas o bar foi esvaziando. As histórias foram se cansando. E Juca está ali, na cidade de Bigorna, vivendo de falsas glórias conquistadas nas costas dele. O Anjo da guarda, fazendo as vezes do juízo, sussurrou uma pergunta no ouvido de Juca. ATÉ QUANDO ESSA FARSA VAI DURAR?
A garganta de Juca secou novamente, e ele percebeu que aquela peça só tinha final feliz até o primeiro ato. No final, a tragédia grega seria a maior probabilidade. Então Juca pediu licença a Morena e disse que precisava ir ao hotel, pois queria tomar um banho e trocar de roupa.
Juca foi ao hotel, pegou as malas e levou-as até a rodoviária. Lá ele comprou uma passagem para Curitiba em um ônibus que partiria as 23:45 h. Para esconder seu plano, deu cinco cruzeiros para que um menino cuidasse de sua bagagem até a meia-noite e voltou para o bar. Ao menos, no bar ele ainda tinha alguns novos amigos, e se necessário fosse, poderia se esconder atrás de alguém se Bigorna retornasse para cumprir as juras de morte.
Sentou-se no bar e continuou ali com Morena. Tinha no rosto a expressão de um herói, mas no peito os sentimentos de um covarde. Assim se passaram mais duas horas. Quando eram onze e quinze da noite, Juca disse a Morena que estava cansado e iria dormir. Foi com Morena até a entrada do hotel. Morena esperava um convite para subir que não aconteceu. Juca disse que precisava descansar, e que a veria na manhã seguinte.
Morena deu-lhe as costas e saiu feliz com a proposta de vê-lo no outro dia. Quando Morena dobrou a esquina, faltavam menos de cinco minutos para o embarque. E Juca venceu quadra a quadra o caminho da rodoviária. Quando lá chegou, o ônibus estava manobrando para sair. Desesperado Juca mostrou o bilhete de passagem, e a porta se abriu. Juca colocou o pé direito no estribo, olhou para a rodoviária de São João da Prata sabendo que nunca mais voltaria para lá.
Juca esqueceu Morena.
Dizem que Juca anda apresentando suas peças por aí, e não mais se apaixonou por ninguém.
Morena? Morena esta casada com Bigorna e mora ainda em São João da Prata, mas hoje parece que é ela que manda em casa.
Tudo isso não aconteceu, mas se aconteceu foi bem parecido e não igual.
Dessa vez a companhia ganhava as glórias de um palco, o da Sociedade Cultural Desportiva e Recreativa Pratense, e pela primeira vez naquela turnê, iria apresentar a sua peça em uma temporada de cinco dias. Todos da companhia ficaram encantados, e se reuniram para ensaiar a peça uma última vez antes da estréia em São João da Prata. Queriam fazer um belo espetáculo para os pratenses.
No dia da estréia, todos ocuparam o palco com muito capricho. Quando Juca entrou, concentrou-se tanto em seu desempenho que nem pode notar Morena, sentada na terceira fila de cadeiras. Morena era uma belíssima moça, que ganhara esse apelido pelos seus longos e cacheados cabelos. Era realmente uma mestiça capaz de levar ao mundo a beleza da mulher brasileira.
Ao final da peça Juca percebeu Morena, e eles trocaram olhares. Juca ficou ali estático diante de tanta beleza, mas Morena veio até o palco e pediu um autógrafo a Juca. Juca jamais tinha dado um autógrafo em toda a sua carreira. Morena saiu do salão do clube andando lentamente. A cada dois ou três passos, Morena olhava para trás, e antes que passasse pela porta que levava à rua, sorriu suavemente para Juca. Juca ficou encantado com tanta beleza e um suspiro colocou para fora todo o seu juízo. Juca então era vítima de uma paixão a primeira vista.
No Hotel, enquanto os atores da companhia comentavam o sucesso da peça, Juca ficou ali sonhando com a morena que lhe havia tirado o fôlego. Ele pensava em uma forma de reencontrar Morena. Ele tinha ao menos que falar com ela mais uma vez. Juca não dormiu naquela noite.
No segundo dia de apresentação Juca entrou no palco olhando para a terceira fileira. Procurando por Morena, mas ela não estava lá. Em sua encenação Juca se concentrou muito, até que percebeu sua linda morena bem ao centro, na primeira fila, quase debruçada no palco. Juca interpretou a peça quase que somente para ela. Os únicos momentos em que seus olhos se desviaram dela foram naqueles em que a cena exigia. Sempre que seus olhos eram livres, eles mergulhavam nos olhos da encantadora mulher.
Após a peça, Juca se adiantou em ir falar com a mulher. Mas o diretor da companhia reuniu os atores para analisar a apresentação. Juca não teve tempo de ficar muito com Morena, mas ao menos já sabia o seu nome. Na reunião o diretor elogiou o desempenho de Juca, e deu-lhe a autorização para improvisar em suas cenas.
Mais uma noite que Juca se revirou entre as cobertas, e lá estava ele novamente no palco. Morena assistia à peça pela terceira vez, e na primeira fila novamente. Na cena em que seu personagem fala de sentimentos, Juca usou de todo o seu talento para declarar-se à Morena. Ela ficou lisonjeada. Ao final da peça ele tentou falar com ela mais uma vez, mas ela pediu desculpas e saiu correndo, enrubescida pela declaração de Juca.
Durante a noite, Juca não dormiu novamente. E na quarta apresentação tinha a expressão do cansaço e da ansiedade. Cansado por sonhar acordado, e ansioso pela visão de sua Morena. Quando entrou ao palco, foi logo olhando para a cadeira da primeira fila. Não a viu. Procurou pelo salão inteiro e não a encontrou. Juca fez uma péssima apresentação naquele dia. Sua inspiração não estava lá. Sua musa havia o deixado. Ao final, um bilhete entregue por uma desconhecida trazia o recado.
Querido Juca
Queria muito ir te ver, mas tive que ficar cuidando de minha irmã. Perdoa-me que amanhã vou te ver com todo certeza.
Um beijo para você.
Ass. Morena.
E Juca voltou ao hotel com aquele papel na mão. Por algumas vezes chegou a levar o papel ao rosto para sentir o suave perfume das mãos de Morena. E Juca dormiu agarrado ao bilhete.
Era a última apresentação, e a companhia estava eufórica com o sucesso. O diretor chamou Juca antes da apresentação e lhe perguntou o que havia acontecido no dia anterior. Após algumas palavras evasivas de Juca, o Diretor falou a Juca: Esta é a última apresentação aqui. Eu quero que você brinque com o público, e na cena do Baile, você pode até convidar alguém do público para dançar. Juca ouviu aquelas palavras como se fossem a voz de um anjo.
Juca entrou em cena e viu Morena na primeira fila novamente. Ali interpretou a paixão de seu personagem e a sua ao mesmo tempo, sem conflitos, em perfeita harmonia de ator e personagem. Misturou fantasias e realidades de forma tão incrível, que o público veio às lágrimas. Quando chegou a cena do baile, Juca foi até Morena e convidou-a a dançar. Morena nem titubeou. Era como se os dois estivessem a sós em um salão de baile. E Juca declarou para Morena sua paixão enquanto dançava. Ao final da música, Juca beijou caprichosamente a boca de Morena, e se demorou a recobrar. O público levantou-se e bateu palmas. Juca então nem acreditava no que estava acontecendo.
Ao final da peça, o público subiu ao palco, e enquanto alguns abraçavam Juca, outros afastavam Morena. Desesperado Juca viu sua paixão sumindo em meio ao público eufórico, mas sem que pudesse fazer nada, seu diretor o arrastou para a coxia e comemorando lhe deu os parabéns dizendo: Juca meu amigo. Com sua atuação conseguimos um contrato de um mês na Capital. Ensaios pagos, patrocinadores e tudo o mais que a companhia merece. Meus parabéns. As coisas já estão no ônibus e estamos de partida. O assessor do prefeito vai conosco. Estamos de partida.
E Juca foi arrastado para dentro de um luxuoso ônibus, onde foi aplaudido pelo elenco. Juca olhava pela janela e viu sua Morena acenando com lágrimas nos olhos.
Juca então desceu e disse a Morena que voltaria em breve. Apenas cumpriria o contrato na capital e juntaria algum dinheiro para retornar para São João da Prata. Morena entregou-lhe em um papel de pão uma declaração de amor e seu endereço. Beijaram-se apaixonadamente e Juca partiu para o sucesso.
Trocaram cartas todos os dias.
Em Curitiba Juca cumpriu o contrato, e em suas interpretações imaginava Morena no público. Assim conseguiu atuar tão bem, que ao final da temporada de um mês, chegou um convite para apresentar a peça em Salvador, durante um ano inteiro.
Porém, Juca então olhou para o seu diretor, comunicou-o que estava se desligando da companhia e indo para São João da Prata, ter com sua Morena. Seu diretor ficou estático não acreditando no que estava ouvindo, pois Juca havia realizado o sonho de qualquer ator. O diretor só entendeu que Juca precisava realizar o seu sonho de homem mais do que de ator. Tudo ficou claro quando ele deu-lhe as costas e saiu sorrindo e falando: Vou ver Morena. Vou ver Morena. Vou ver minha Morena.
E foi tão rápido quanto era forte sua ansiedade. Juca embarcou chegou antes da carta, e por isso não havia ninguém esperando quando desceu na rodoviária de São João da Prata.
Juca entendeu. E foi para o hotel se hospedar. Não chegou a desfazer as malas. Simplesmente escolheu sua melhor calça, a sua melhor camisa, tomou seu banho demorado, colocou seu perfume da Natura e foi para o endereço onde se correspondia com Morena.
Lá chegando, era um salão de beleza. Quando entrou, viu Morena fazendo as unhas de uma senhora. O silêncio tomou conta do local, e foi interrompido quando as meninas que trabalhavam no salão começaram a gritar e bater palmas. Morena saiu correndo e pulou sobre Juca, beijando-o com toda a paixão e saudade.
Antes que pudessem se separar, a dona do salão dispensou Morena do trabalho. Sorridentes e agora juntos, saíram os dois de mãos dadas andando pelo pequeno calçadão de São João da Prata. Sentaram-se no primeiro bar aberto, e ali ficaram a namorar. Juca disse da proposta de ir para Salvador, e perguntou a Morena se ela poderia ir junto. A resposta foi sim. Era como se o destino tivesse roubado a batina de um padre e feito os dois casados naquele momento.
Então Juca se deleitava com realidade. E todos ali no bar conheciam a história, paparicando o casal, e dando a Júlio as glórias de um ator consagrado. Pessoas que jamais tinha visto mandavam servir cervejas ao casal para comemorar as bodas com o destino. Beijos, abraços e carinhos. Sorrisos largos e encantados. Juca estava feliz em toda a plenitude de seu sonho.
De olhos fechados enquanto beijava Morena, ouviu uma voz grossa e forte chamando por Morena. Juca ficou atordoado com aquilo. Quando conseguiu abrir os olhos, viu um enorme cidadão, forte como um touro, botas e chapéu de peão, e um olhar de sangria. Juca não entendeu.
O homem veio até Morena e a puxou pelo braço, levando-a até o outro lado da Rua. Todos no bar ficaram em silêncio. Juca achou que seu dever de homem, era defender sua mulher. E quando se dirigia para o outro lado da rua, foi interrompido pelo dono do bar. Ele disse a Juca que não deveria se meter, pois aquele era o Bigorna, um capataz de uma grande fazenda conhecido pela sua força, com um vasto currículo de vítimas que se meteram com ele. Juca desceu o pouco de saliva que tinha na boca pela garganta, e sem respirar, viu quando Bigorna o olhou.
A paixão lhe tirou o Juízo. Atravessou a rua e interrompeu a discussão. Bigorna fechou os punhos e o olhou. Morena então chorando disse a ela que não interferisse. Juca insistiu, mas Morena mandou que Juca voltasse ao bar. Juca, consciente de que havia cumprido o seu papel, voltou ao bar e encostou-se no balcão para não dar as costas ao Bigorna.
O dono do bar que atendia ao balcão veio até Juca e aconselhou-o a ficar quieto, pois Bigorna era noivo de Morena. Juca não entendeu, e o dono do bar explicou melhor. Embora Morena não o quisesse mais, Bigorna é quem decidia o futuro de Morena, e como ele tinha uma vastidão de proezas que envolviam sangue e ossos quebrados, ninguém tinha coragem de interferir. Além da força dos braços de Bigorna, ele tinha a loucura da paixão pela moça, e por ela faria qualquer coisa, inclusive, mantê-la consigo independentemente da vontade dela. E ali ficou o dono do bar contando histórias de Bigorna, que mais pareciam histórias de terror.
Depois de algum tempo, Morena atravessou a rua chorando. Quando Juca vai até ela e lhe pergunta o que aconteceu, Morena lhe diz que Bigorna foi para a casa buscar um revólver para matar os dois. Juca então consegue imaginar a foto do casal caído ao chão, envolto em sangue, estampada na primeira página do Correio da Prata. Juca fica desesperado, e o choro de Morena aumentou seu desespero.
Mas quando a corda começa a arrebentar, você não se preocupa com quem está para baixo de você. E o choro de Morena começa a sumir diante do desespero de Juca. Ele precisava salvar a sua vida. Sim, ele precisava salvar sua própria vida. Ele não tinha culpa de Morena ter lhe ocultado a história com Bigorna.
Quando o desespero de Juca veio para a sua boca, ele perguntou ao dono do bar onde morava o tal Bigorna. Ao saber o local, Juca saiu correndo a toda. Ele tinha a intenção de falar com Bigorna. Por mais forte que fosse a surra que levaria, era bem melhor do que levar tiros.
Por isso suas pernas correram mais do que nunca. Mas para o seu desespero, não encontrou Bigorna. Vendo um cidadão que lavava o carro na rua, perguntou com olhos furiosos onde poderia encontrar Bigorna. O cidadão disse que não sabia. E ele insistiu, mas não adiantou. Voltou ao bar para pedir melhores informações, mas quando chegou, foi aplaudido de pé.
O dono do bar pediu a palavra e começou a elogiar a atitude de Juca.
“Gente. Eu vi tudo, e quero mais uma salva de palmas para esse homem de verdade. Por mais que eu tenha falado o quanto Bigorna era perigoso, Juca saiu no encalço dele colocando-o para correr. Finalmente alguém acabou com o Bigorna. A partir de hoje ninguém mais vai ficar em silêncio. E vamos chamar a polícia para esclarecer todas as mortes das mãos de bigorna. Ele não vai mais fazer isso.”
Então Juca percebeu que ninguém havia entendido usa intenção. Eles acharam que Juca correu atrás de Bigorna para pega-lo e nem perceberam que sua intenção era diminuir o seu prejuízo a não mais que alguns socos na cara.
E então o povo pratense voltou a aplaudir. Juca tinha virado um herói. Mas Juca não havia entendido o engano. Foi quando reconheceu dentre os presentes o rapaz que lavava o carro. Ele levantou-se e começou a falar:
Eu via cara do Bigorna. Quando eu tava lavando o carro e falei que o Juca estava procurando por ele, o Bigorna pegou o rumo da fazenda e não voltou mais.
Dentre todos que estavam ali, não havia ninguém mais feliz que Morena. Agora Morena estava livre, pronta para amar Juca em toda sua existência. Seu amado era um herói em São João da Prata já no primeiro dia de sua chegada. E Juca de certa forma se embriagou com a sua glória, ainda que ela fosse uma farsa. Com mais goles de cerveja, passou a contar histórias de peripécias onde sempre colocava um gigante para correr. Contava epopéias de surras em malfeitores, e lições de cinta em machões de cozinha.
Mas o bar foi esvaziando. As histórias foram se cansando. E Juca está ali, na cidade de Bigorna, vivendo de falsas glórias conquistadas nas costas dele. O Anjo da guarda, fazendo as vezes do juízo, sussurrou uma pergunta no ouvido de Juca. ATÉ QUANDO ESSA FARSA VAI DURAR?
A garganta de Juca secou novamente, e ele percebeu que aquela peça só tinha final feliz até o primeiro ato. No final, a tragédia grega seria a maior probabilidade. Então Juca pediu licença a Morena e disse que precisava ir ao hotel, pois queria tomar um banho e trocar de roupa.
Juca foi ao hotel, pegou as malas e levou-as até a rodoviária. Lá ele comprou uma passagem para Curitiba em um ônibus que partiria as 23:45 h. Para esconder seu plano, deu cinco cruzeiros para que um menino cuidasse de sua bagagem até a meia-noite e voltou para o bar. Ao menos, no bar ele ainda tinha alguns novos amigos, e se necessário fosse, poderia se esconder atrás de alguém se Bigorna retornasse para cumprir as juras de morte.
Sentou-se no bar e continuou ali com Morena. Tinha no rosto a expressão de um herói, mas no peito os sentimentos de um covarde. Assim se passaram mais duas horas. Quando eram onze e quinze da noite, Juca disse a Morena que estava cansado e iria dormir. Foi com Morena até a entrada do hotel. Morena esperava um convite para subir que não aconteceu. Juca disse que precisava descansar, e que a veria na manhã seguinte.
Morena deu-lhe as costas e saiu feliz com a proposta de vê-lo no outro dia. Quando Morena dobrou a esquina, faltavam menos de cinco minutos para o embarque. E Juca venceu quadra a quadra o caminho da rodoviária. Quando lá chegou, o ônibus estava manobrando para sair. Desesperado Juca mostrou o bilhete de passagem, e a porta se abriu. Juca colocou o pé direito no estribo, olhou para a rodoviária de São João da Prata sabendo que nunca mais voltaria para lá.
Juca esqueceu Morena.
Dizem que Juca anda apresentando suas peças por aí, e não mais se apaixonou por ninguém.
Morena? Morena esta casada com Bigorna e mora ainda em São João da Prata, mas hoje parece que é ela que manda em casa.
Tudo isso não aconteceu, mas se aconteceu foi bem parecido e não igual.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
TEORIA DO RIDÍCULO (Samuel Rangel)
TEORIA DO RIDÍCULO (Samuel Rangel)
Ontem cheguei à minha casa cedo, liguei a televisão e sintonizei na RPC. Eu queria conferir o resultado de um trabalho que fiz com o Diogo Portugal há uma semana. Tratava-se de uma paródia em cena do filme Tropa de Elite, onde dois policiais velhinhos desembarcavam de um bólido da marca Volkswagem ainda mais velho para “enfrentar o crime”.
Eu?
Bom ...
É ....
Veja bem ....
Ok. Não precisa me bater. Eu conto. Na cena eu interpretava um Traficante que dava o “arrêgo” para os policiais.
E qual o problema disso?
Pois bem. Não é lá muito educativo interpretar um traficante, e mais ainda quando o figurino é uma bermuda 1976, com uma regata boa de mexer cimento, acompanhadas de uma meia de nylon na cabeça. Ma isso não é tudo. Observe então o óculos de pagodeiro na cara.
Realmente é algo que marcou minha carreira. Mas poderia ser pior. Imagina se aquilo fosse gravado em uma externa, com um frio do cão, e bem no meio do morro mesmo. Imaginou?
E não é que foi.
Quando vi o resultado de quatro horas de gravação dispostos em uma cena de dois minutos, comecei a rir sozinho, ao mesmo tempo em que eu rezava para ter acabado a luz no resta da cidade de Curitiba.
Eu torci, torci, torci e torci mesmo para a audiência ser a menor possível.
Não adiantou minha torcida.
As mensagens começaram a chegar ao telefone. Tentei então me refugiar na internet. Se eu ocupar o meu cabeção agora sem meia, quem sabe eu possa relaxar.
Bobagem. O MSN começou a piscar enlouquecido. Os amigos tentavam dar algum apoio. Os amigões já faziam mais: Cara. Tu tava ridículo!
Nessa hora lembrei de um texto que escrevi: Dias cinzas, publicado neste blogue aqui no mês de agosto.
Quero então usar aquele trecho, onde eu dizia:
“Já que o dia quer te fazer de palhaço, ocupe o picadeiro com dignidade. Seja o melhor palhaço do mundo, e faça os outros rirem pela tua enorme capacidade de digerir sua própria tragédia, e transformá-la em uma alegria surpreendente.”
Reféns de nossas vaidades, cultivamos uma espécie de pavor ao ridículo, e exatamente por causa deste pavor às vezes deixamos de viver tantas e tantas coisas.
Mas é hora de contabilizar. Eu que sou um xucro nas artes do monetário, resolvo então fazer cálculos do custo e benefício.
Embora meus critérios possam sempre ser questionados, quero dizer que valeu a pena.
Foi muito bom ver o meu amigo Diogo Portugal dando autógrafos para as crianças que o cercavam no local da gravação. Temos um talento curitibano reconhecido, e o que é melhor, pelos próprios curitibanos. Isso é incrível.
Então percebi que, realmente, se tivesse sucumbido aos ditames deste pavor, eu não teria subido ao palco, pela primeira vez, com meus tenros e longínquos doze anos, acompanhado de meu violão recondicionado. E se tivesse agido assim, teria deixado de fazer muitas das minhas amizades que tiram sarro da minha cara até hoje.
Se tivesse ouvido os conselhos desse pavor, não teria atuado na peça Bar Doce Lar, onde tive a honra de rir e fazer rir com mais de vinte e quatro mil pessoas que compartilharam comigo aqueles momentos de palco.
Analisando o tema, ouso invocar a minha velha, mas infalível, teoria do ridículo.
Não podemos deixar de viver com medo de que a vida brinque conosco.
E cá entre nós, o homem não é e nunca será um ser tão bonitinho assim.
Acordamos nos espreguiçando de forma ridícula. Levantamo-nos com um cabelo ridículo, e quando chegamos ao espelho ... Francamente. O que é isso meu senhor? Seria melhor então não acordar?
Mas tudo bem. Seguimos nossa vida tentando dar as costas ao ridículo. E vamos nós filosofar na cerâmica do nosso reservado. E isso não é ridículo? Seria melhor não ter levado tão a sério aquela costela de sábado.
Mas seguimos nossa vida negando esse ridículo que nos assombra.
Aceitamos o convite da bela garota para ir ao teatro ver aquela mercadoria de peça do amigo dela que se acha comediante.
Sentamo-nos e observamos.
Então a gente espera o povo bater palmas para bater junto. Desta forma não nos destacaremos. E o ridículo esta afastado, exceto em nosso lábios que se mordem esperando o momento exato de aplaudir.
Mas para que tanta austeridade com este ser ridículo que somos?
Aqueles que são ridículos levantem a mão agora. Eu sei que é ridículo você levantar a mão no seu serviço, mas trate isso como a versão humanística da teoria da libertação do ridículo.
Nós, da espécie Homo Sapiens, somos definitivamente ridículos.
E para encerrar o assunto e provar que assim somos, conduzo o tema ao auge da alegria, da realização e do prazer.
Sim. O momento mágico em que você com a pessoa amada chegou lá.
Pare com essa história de dizer que viu estrelas que isso é ridículo.
Pois bem. Até neste momento somos ridículos.
Não?
Primeiramente, vamos a vocalização. Será que algum ser iluminado poderia me dizer o que significa aquele bando de combinações de vogais que largamos quando estamos quase lá: “A”, “U”, “OU”, “IÉ”. Isso para os homens, pois as mulheres ainda usam o “AI” e o “UI”. As únicas combinações de vogais que não combinam com esse momento são “I” e “Ei”.
Se a mulher falar isso, fuja companheiro.
Mas existe algo mais ridículo que isto.
Não acredita?
Quando chegar ao auge do clímax entre homem e mulher, olhe bem para os seus dedos dos pés.
Já olhou?
Os dedos se abrem, se contorcem de forma incrível, parece querer subir em uma árvore.
Opa. Foi mal.
Desculpa aí. Parece que as mulheres não vão mais poder fingir o orgasmo.
Mas cá entre nós. Esse lance de fingir orgasmos é ridículo mesmo.
Da próxima vez que tiver dúvida companheiro, olhe bem para os pés dela. Só evite que ela perceba que você esta observando. E se puder, evite rir também. Seria ridículo você rir em uma hora dessas.
Mas nós poderíamos ser ainda mais ridículos.
Nós poderíamos estar agarrados à cadeira da Presidência do Senado.
Ou nós poderíamos ser Juízes amigos de narcotraficantes.
Nós poderíamos ser tão ridículos que seríamos capazes de misturar soda cáustica ao leite que o povo toma.
Mas nós poderíamos ser infinitamente ridículos, sendo presidentes deste país e dizendo que não sabíamos de nada.
Pensando bem...
Até que a gravação ficou melhor do que poderia ser.
Ontem cheguei à minha casa cedo, liguei a televisão e sintonizei na RPC. Eu queria conferir o resultado de um trabalho que fiz com o Diogo Portugal há uma semana. Tratava-se de uma paródia em cena do filme Tropa de Elite, onde dois policiais velhinhos desembarcavam de um bólido da marca Volkswagem ainda mais velho para “enfrentar o crime”.
Eu?
Bom ...
É ....
Veja bem ....
Ok. Não precisa me bater. Eu conto. Na cena eu interpretava um Traficante que dava o “arrêgo” para os policiais.
E qual o problema disso?
Pois bem. Não é lá muito educativo interpretar um traficante, e mais ainda quando o figurino é uma bermuda 1976, com uma regata boa de mexer cimento, acompanhadas de uma meia de nylon na cabeça. Ma isso não é tudo. Observe então o óculos de pagodeiro na cara.
Realmente é algo que marcou minha carreira. Mas poderia ser pior. Imagina se aquilo fosse gravado em uma externa, com um frio do cão, e bem no meio do morro mesmo. Imaginou?
E não é que foi.
Quando vi o resultado de quatro horas de gravação dispostos em uma cena de dois minutos, comecei a rir sozinho, ao mesmo tempo em que eu rezava para ter acabado a luz no resta da cidade de Curitiba.
Eu torci, torci, torci e torci mesmo para a audiência ser a menor possível.
Não adiantou minha torcida.
As mensagens começaram a chegar ao telefone. Tentei então me refugiar na internet. Se eu ocupar o meu cabeção agora sem meia, quem sabe eu possa relaxar.
Bobagem. O MSN começou a piscar enlouquecido. Os amigos tentavam dar algum apoio. Os amigões já faziam mais: Cara. Tu tava ridículo!
Nessa hora lembrei de um texto que escrevi: Dias cinzas, publicado neste blogue aqui no mês de agosto.
Quero então usar aquele trecho, onde eu dizia:
“Já que o dia quer te fazer de palhaço, ocupe o picadeiro com dignidade. Seja o melhor palhaço do mundo, e faça os outros rirem pela tua enorme capacidade de digerir sua própria tragédia, e transformá-la em uma alegria surpreendente.”
Reféns de nossas vaidades, cultivamos uma espécie de pavor ao ridículo, e exatamente por causa deste pavor às vezes deixamos de viver tantas e tantas coisas.
Mas é hora de contabilizar. Eu que sou um xucro nas artes do monetário, resolvo então fazer cálculos do custo e benefício.
Embora meus critérios possam sempre ser questionados, quero dizer que valeu a pena.
Foi muito bom ver o meu amigo Diogo Portugal dando autógrafos para as crianças que o cercavam no local da gravação. Temos um talento curitibano reconhecido, e o que é melhor, pelos próprios curitibanos. Isso é incrível.
Então percebi que, realmente, se tivesse sucumbido aos ditames deste pavor, eu não teria subido ao palco, pela primeira vez, com meus tenros e longínquos doze anos, acompanhado de meu violão recondicionado. E se tivesse agido assim, teria deixado de fazer muitas das minhas amizades que tiram sarro da minha cara até hoje.
Se tivesse ouvido os conselhos desse pavor, não teria atuado na peça Bar Doce Lar, onde tive a honra de rir e fazer rir com mais de vinte e quatro mil pessoas que compartilharam comigo aqueles momentos de palco.
Analisando o tema, ouso invocar a minha velha, mas infalível, teoria do ridículo.
Não podemos deixar de viver com medo de que a vida brinque conosco.
E cá entre nós, o homem não é e nunca será um ser tão bonitinho assim.
Acordamos nos espreguiçando de forma ridícula. Levantamo-nos com um cabelo ridículo, e quando chegamos ao espelho ... Francamente. O que é isso meu senhor? Seria melhor então não acordar?
Mas tudo bem. Seguimos nossa vida tentando dar as costas ao ridículo. E vamos nós filosofar na cerâmica do nosso reservado. E isso não é ridículo? Seria melhor não ter levado tão a sério aquela costela de sábado.
Mas seguimos nossa vida negando esse ridículo que nos assombra.
Aceitamos o convite da bela garota para ir ao teatro ver aquela mercadoria de peça do amigo dela que se acha comediante.
Sentamo-nos e observamos.
Então a gente espera o povo bater palmas para bater junto. Desta forma não nos destacaremos. E o ridículo esta afastado, exceto em nosso lábios que se mordem esperando o momento exato de aplaudir.
Mas para que tanta austeridade com este ser ridículo que somos?
Aqueles que são ridículos levantem a mão agora. Eu sei que é ridículo você levantar a mão no seu serviço, mas trate isso como a versão humanística da teoria da libertação do ridículo.
Nós, da espécie Homo Sapiens, somos definitivamente ridículos.
E para encerrar o assunto e provar que assim somos, conduzo o tema ao auge da alegria, da realização e do prazer.
Sim. O momento mágico em que você com a pessoa amada chegou lá.
Pare com essa história de dizer que viu estrelas que isso é ridículo.
Pois bem. Até neste momento somos ridículos.
Não?
Primeiramente, vamos a vocalização. Será que algum ser iluminado poderia me dizer o que significa aquele bando de combinações de vogais que largamos quando estamos quase lá: “A”, “U”, “OU”, “IÉ”. Isso para os homens, pois as mulheres ainda usam o “AI” e o “UI”. As únicas combinações de vogais que não combinam com esse momento são “I” e “Ei”.
Se a mulher falar isso, fuja companheiro.
Mas existe algo mais ridículo que isto.
Não acredita?
Quando chegar ao auge do clímax entre homem e mulher, olhe bem para os seus dedos dos pés.
Já olhou?
Os dedos se abrem, se contorcem de forma incrível, parece querer subir em uma árvore.
Opa. Foi mal.
Desculpa aí. Parece que as mulheres não vão mais poder fingir o orgasmo.
Mas cá entre nós. Esse lance de fingir orgasmos é ridículo mesmo.
Da próxima vez que tiver dúvida companheiro, olhe bem para os pés dela. Só evite que ela perceba que você esta observando. E se puder, evite rir também. Seria ridículo você rir em uma hora dessas.
Mas nós poderíamos ser ainda mais ridículos.
Nós poderíamos estar agarrados à cadeira da Presidência do Senado.
Ou nós poderíamos ser Juízes amigos de narcotraficantes.
Nós poderíamos ser tão ridículos que seríamos capazes de misturar soda cáustica ao leite que o povo toma.
Mas nós poderíamos ser infinitamente ridículos, sendo presidentes deste país e dizendo que não sabíamos de nada.
Pensando bem...
Até que a gravação ficou melhor do que poderia ser.
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