terça-feira, 4 de agosto de 2009

BRIGA DE “EX” NO SENADO, E CERVEJA A R$25 (MAS COM DIREITO A PIPOQUINHA).


Pedro Simon, e é certo que deve ser “ex-alguma coisa”, subiu à tribuna do Senado para tentar fazer ex-presidente da casa, o ex-presidente da República José Sarney. Em seu socorro, surge o já ex-presidente do Senado Renan Calheiros(que deixou o cargo não foi por falta de esforço e de vontade de segurar a cadeira), invocando a moral que já não tem, em virtude da pensão que pagava de forma obscura a uma namorada, ex-capa de uma revista masculina.

Mas Pedro Simon, correndo o risco de ser “excomungado pelo papa do PMDB”, seguiu em sua ríspida crítica, usando inclusive de um registro histórico comprometedor contra Calheiros, que apoiava o ex-presidente Collor, porém, roeu a corda quando a “nau collorida” foi a pique,
Com olhar de ex-marido que flagra o porteiro com a mão em decote alheio, o ex-presidente Collor se insurgiu em defesa do ex-presidente Sarney, apoiando o ex-presidente do Senado Calheiros, expelindo fogo e explodindo em ira.
Depois da explosiva explanação do ex-presidente Collor, o ex-candidato Cristóvão Buarque manifestou-se externando seu apoio ao Senador Pedro Simão. Da mesma forma, favorável à renúncia do ex-presidente Sarney (para que se torne ex-presidente do Senado), é o ex-marido de Marta Suplicy, Eduardo Suplicy. Também o ex-candidato paranaense Flávio Arns é a favor da renúncia.
Interessante também neste bloco, é o apoio do Senador Jarbas Vasconcelos, que também tem uma ex-namorada que já posou para uma revista masculina.
Parece mesmo que o povo brasileiro gosta é de “ex” e de revista masculina.
Falando em revista masculina, do jeito que as coisas andam, falta pouco para que o Senado vire uma daquelas boates com cerveja em lata vendida a R$ 25,00, mas se pedir um baldinho com seis, tem direito a uma pipoquinha e um show de quinze em quinze minutos. Resta saber se Lula vai frequentar essa casa também, pois amigo do gerente ele é.

Dentre os poucos pilares que seguram o Senado, está Cristóvão Buarque, e também Pedro Simon.
Aliás, depois de tantos “ex”, encontrei um ex para o discurso de Pedro Simon.
ESPLÊNDIDO!
Não é com “x”, mas é verdade.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

DIA DO AMIGO E O MAR DA TRANQUILIDADE


A caixa de entrada do email hoje lotou rapidamente, e as mensagens traziam consigo lembranças de amigos do mundo real e do mundo virtual. Enquanto isso, e eu que andava longe dos meus amigos para tentar responder suas mensagens eletrônicas, ouço que a comemoração do Dia do Amigo se dá nesta data exatamente em função da chegada do homem à Lua. Segundo alguma matéria que ouvi em não sei qual emissora, a definição da data era uma alusão ao passo que a humanidade dava na busca de outras formas de vida, como se precisássemos saber que não estamos sozinhos.


Francamente! Lógico que não estamos sozinhos. A prova disso é simples. Experimente tropeçar em plena Rua XV de Novembro para ver se não reencontra uma porção de gente que adoraria tirar um sarro do seu “cata cavaco”. Ou pior, é só você sentir que algo incômodo está em seu nariz, para estar cercado de gente que fica olhando para sua cara e amarra sua mão impossibilitando que você tire o “tatu xarope” que tanto lhe incomoda.


Na verdade, não estamos sozinhos nem quando gostaríamos de estar. Do sofá que desmancha no meio da sala no domingo, é muito provável que se ouça a campainha tocar anunciando a visita daquele primo que se enrola durante três horas, até sair o café, para pedir algum dinheiro emprestado.


E se a mulher mais bela do mundo resolve nos alongar um sorriso estonteante e cativante, é lógico que não estamos sozinhos, pois a patroa percebe o flerte antes mesmo de você conseguir respirar.


Se você resolveu adiar aquele relatório, ou mesmo deixar para amanhã a conclusão daquele projeto, é só contar até três para você perceber que não está sozinho, e bem embaixo do focinho de seu chefe você está prestes a não ficar sozinho na fila de alguma entrevista de emprego.

Não estamos sozinhos.

E o tal Dia do Amigo combina com a data mais imprópria de tudo isso.

Enquanto dois sacanas pisavam na lua, um terceiro ficou sim sozinho em uma espaçonave há uma distância monstruosa de tudo e de todos. No meio do caminho, para que alguém levasse os louros de conquistar a Lua, um amigão ficava de fora da façanha, mais ou menos como se estivesse na porta do motel com a Cicarelli e ela resolvesse desistir de entrar.

Dia do amigo com dois caras sozinhos na Lua? É de se pensar o que seria dessa amizade dos dois se fossem deixados por lá durante um ano. Depois da primeira semana já estariam se pegando no pau como se estivessem num Big Brother. E se um deles ao descer da espaçonave esquecesse a chave da viatura do lado de dentro? Já imaginou onde ia ficar a amizade? Em vez do conhecido “Houston, temos um problema”, a frase mais conhecida da NASA seria: “Houston, eu vou matar esse cara!”

E onde pousou a nave? No Mar da Tranquilidade.

Pois aqui vai outra. Quem tem amigo não conhece a tranquilidade. Se você decidir ficar na sexta repousando tranquilo em casa, logo um amigo, que pode até ser esse que escreve, liga pra você para te aporrinhar a vida para sair e pegar aquela noitada no boteco.


Se teu time perdeu no “domingão”, torça para encontrar um inimigo, pois se encontrar um amigo que torce para o outro time, Meu Deus, você terá que aguentar uma semana inteira com os sarros mais inoportunos que uma ser vivente pode experimentar.


Mas tudo isso faz parte, pois a vida sem amigo seria tão insossa quanto uma canja de hospital do SUS. Se teu time ganhou no domingo, é você que vai se divertir às custas de um amigo durante a semana inteirinha, e mais um pouco se o time dele estiver na zona do rebaixamento.
Se te falta aquele cinquentão na carteira, é você que liga para sair na sexta.


E se você está com preguiça de passar café no domingo, é você que tira algum coitado do sofá.
Mas de tudo, até porque não quero ficar tomando muito tempo de nenhum amigo meu com este texto, resta uma certeza absoluta.


A data escolhida para o Dia do Amigo é um verdadeiro absurdo.


Enquanto o homem saía da terra, na busca de encontrar mais alguém no universo para saber que não estamos sozinhos, uma porção de amigos desses astronautas quase suicidas ficaram apavorados por aqui para saber se eles conseguiriam voltar.


Exatamente isso.


As vezes vamos procurar amigos tão longe, quando na realidade eles estão tão perto, que acabamos não notando sua presença. Você por acaso já percebeu quantas vezes já mandou email para o seu amigo do escritório que trabalha na mesa ao lado? Levanta duma vez e vai lá contar uma piada para ele. Larga mão de pentelhar os outros com piadinha em “ppt”.

A todos os meus amigos, e aos amigos dos amigos, ou mesmo os amigos que nem conheço, mas são amigos de alguém, um abraço fraterno, pois amigo é coisa rara, e como tal, deve ser valorizado aqui e agora.

Ir a Lua para buscar um amigo? Só para quem quer um mar de tranquilidade.

Mas isso é coisa de gente que vive no mundo da Lua.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

OS PIZZAIOLOS – Stand Up Comedy com Luiz Inácio Lula da Silva



Estive pensando, e pode acreditar que apesar da loucura do dia a dia, as vezes ainda consigo fazer isso. Na qualidade, ou falta dela, de dono de bar, sempre tive a intenção de levar ao público frequentador boas atrações. E como tenho forte ligação com o teatro de comédia, meu sonho sempre foi trazer para o palco da Cervejaria um show de Stand Up Comedy. Quem sabe um dia eu ainda consiga trazer alguém do gabarito de Rafinha Bastos, ou mesmo, o hilário Marco Luque. Mas isso é coisa para se pensar quando exista algum dinheiro em caixa, que cá entre nós, e o resto da internet também, é cosia rara, exceto nas gavetas mágicas de Brasília.


Tenho que, na melhor forma de herói Brasileiro, sem poderes e sobrevivente da “Gripe do porco” (tem gente dizendo que essa girpe nem é tão ruim, se for considerado o número de argentinos que ela já matou – mas isso é muito sarcasmo), que encontrar algo dentro das possibilidades do meu bar, como por exemplo, algum tupiniquim como eu, daqueles que tem cinco ou seis empregos para pagar o imposto de renda. Quem sabe um advogado, escritor, corretor de imóveis e consultor sentimental, ou coisa que o valha, que possa cobrar um cachê pequeno, ou mesmo se apresentar pelo couvert artístico.


E nessa odisséia, quem sabe eu tenha encontrado uma solução interessante. Um cara engraçado, ou palhaço mesmo, que tenha alguma outra ocupação rentável?

Já sei! Encontrei o cara ideal!

Luiz Inácio Lula da Silva.

Vou convidar o vosso presidente (e não adianta querer chamar de meu também, pois embora anarquista, eu não votei nessa anarquia). Exatamente isso. Imagino o neon que ainda nem consegui comprar, piscando frenético na frente do meu bar anunciando: “Esta Noite Show com Luiz Inácio e convidados”. Os convidados poderiam ser alguns ministros, deputados, senadores, presidente de CPI, de Conselho de Ética, ou outro palhaço qualquer que faça parte da crônica tragicômica da política da Terra de Vera Cruz. Mas considerando que nessa terra quem carrega a cruz é nossa clientela, creio que a comédia poderia descer amarga, feito pizza de giló.


De qualquer forma, fica aí o convite para o senhor presidente. Já que se tem demonstrado um comediante em meio à tragédia, embora seu humor seja de gosto discutível, quando passar por Curitiba novamente, se a gripe do porco não levar vosso espírito para o raio que o parta, dá uma passadinha em nosso bar.


Se por um lado administrar o país não é seu forte, sei que manda bem nos goles. Ao menos é o que dizem na imprensa. Essa mesma imprensa que tem divulgado o seu alto índice de popularidade. Aliás, para o sucesso de um bom comediante, a popularidade é tudo.


Ao menos venha beber conosco para saber o que nossa clientela pensa dessa sua figura. Mas venha sem seguranças. Assim como sem seguranças estão os trabalhadores, as vtítimas de balas perdidas e mais uma porção de vítimas ao abandono de Brasília. E se espirrar daqui meia hora, Saúde! Não que alguém lhe deseje isto, mas é para o senhor lembrar que a saúde pública não é comédia.


IMPORTANTE. É de se pedir desculpas a Rafinha Bastos e Marco Luque, lembrando que não desejamos em momento algum, comparar vosso trabalho honesto com o de nosso presidente.
Você agora pode seguir as publicações de Samuel Rangel também no wordpress
www.samuelrangel.wordpress.com

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A PASSEATA DE UM HOMEM SÓ




Passos rápidos pela calçada quebrada levam o homem em seu protesto silencioso. A roupa de pouco glamour o identifica como um entre milhões, daqueles que não conseguem encontrar tempo para ler um jornal. Nas costas uma pequena mochila revela que ele vai para uma espécie de viagem. Não uma viagem de turismo, mas uma ausência de um dia inteiro no trabalho. Tênis simples comprado em uma estante de algum mercado popular, moletom de promoção e jaqueta chinesa, são adereços inglórios de quem não tem tempo para vestir qualquer luxo.

Sua primeira parada é no ponto de ônibus. Uma parada longa que refaz o fôlego perdido. No ponto durante toda a espera, nenhum discurso. Fragmentos de palavra quebram um silêncio maior que afronta a madrugada, temperado pelo ruído que não se pode entender dos fones de ouvido de alguns estudantes. A métrica entre os ruídos denuncia que o que eles ouvem é música.

Lotado o ônibus encosta barulhento e envolto no cheiro de diesel. As rodas espirram o barro que suja os sapatos afoitos pelo embarque, mas ninguém reclama, pois o simples fato de poder ir, já é uma glória.

Segurando-se pelas ferragens frias do ônibus alguns dormem em pé, outros sentados fitam a amargura no olhar do homem de mochila. Comentários que não se podem ouvir por inteiro não se permitem entender. E o homem prossegue em seu silêncio.

Ele desembarca em uma das praças do centro da cidade, exatamente quando o sol mostra seu primeiro fio de ouro. Nenhum silêncio, mas ninguém fala algo que se pudesse esperar. Nova espera na calçada arrumada, em meio a canteiros requebrados pelos esbarrões da pressa. Todos parecem ter muita pressa.

Outro ônibus mesma história, mesmo silêncio. Dessa vez ele desembarca nos portões da fábrica que já soa a sirene como convite. As pernas se agitam em conduzir o homem para seu trabalho. Pelas catracas ele passa com destreza, e enquanto sua imagem se perde no terreno que separa a fábrica das telas que a cercam, ele olho sorrindo para a portaria. Seus olhos vibram com a entrada, mas antes que sua comemoração continue, ele se sente observado, e contem o sorriso que deixou escapar, voltando a cabeça e os olhos para a porta do galpão que irá devorar seu dia.

Uma passeata de um homem só.

Durante o seu caminho, protestava em silêncio contra os imorais do Congresso. Em silêncio, manifestava seu descontentamento contra o descaso da justiça para o justo. Sem qualquer palavra, ele se insurgia contra a falta de segurança pública que ceifa cabeças jovens enquanto a justiça é cega.

Esse povo brasileiro protesta assim. Em milhões de passeatas de um homem só.

Eles não se reúnem pela revolta, pela desgraça, ou pelo interesse público. Ter com os outros brasileiros, é exclusividade do futebol, do carnaval, das festas em geral. Para essas coisas da política, que cada um faça sua parte parece ser a regra.

Mas o que fariam esses brasileiros se eles tivessem tempo de ler um jornal?

Saberiam que enquanto seu holerite é um fôlego que chega ao final do mês, imorais de terno e gravata, de fala mansa e rebuscada, falam de bilhões de reais com uma naturalidade inacreditável.

E se esgrimam em acusações, confessando que todo telhado é de vidro, revelando que esses milhões sumiram em portarias secretas, atos clandestinos, acertos ocultos, e todas as outras formas criativas que os corruptos encontraram para saquear as riquezas deste país.

Neste país, onde um imbecil imoral, numa espécie de versão maligna de um filme de Jeca Tatu, resolve construir um castelo e denunciar ele mesmo sua intenção de fazer voltar a idade das trevas, dos senhores feudais.

A isto, surge a reação vassala de uma horda de vagabundos, que num jogo de xadrez macabro, absolvem sua excrescência na reunião da corte de um suposto “Conselho de Ética”.

Conselho de Ética composto por políticos?

Como se isso fosse possível entre políticos.

Se encontrar um político com alguma ética seria uma alegria, o que se haveria de dizer se encontrássemos material humano para formar um conselho?

Enquanto isso cada brasileiro segue sua passeata de um homem só, protestando com seu trabalho durante oito meses por ano.

Sim. Apenas oito meses, pois quatro meses por ano, esses brasileiros trabalham para manter essa horda, para que se construam castelos, para que alguma estatal invista “meios milhões” de Reais em alguma sacanagem como a Fundação José Sarney.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

DE POUCAS PALAVRAS

TELEVISÃO

Acostumado a fazer pesadas críticas à programação da Globo, em função da péssima qualidade cultural, e quase nenhum conteúdo artísticos, sempre encontrei nas minisséries ilhas de qualidade dentro da programação.

Porém, em relação a minissérie que estreou ontem, “Som e Fúria”, registro aqui o meu elogio pela qualidade de texto, interpretação dos atores e também pela fotografia.

Quem sabe esse elogio venha não só da altíssima qualidade do que assisti, mas também de minha proximidade com as coisas do teatro, onde vivi momentos tristes e hilários muito semelhantes aos retratados no capítulo de ontem, denotando extrema realidade dentro de uma obra classificada como ficção.

Quem sabe justamente esta realidade, não encontrada na dramaturgia de novelas paupérrimas em enredo e interpretação, seja exatamente o impulso desse elogio, impulso esse que espero poder manter após o desfecho do último capítulo.

PRÊMIO NOBEL

Então, para surpresa de todos, ou apenas minha mesmo, Lula é indicado para o Prêmio Nobel da Paz. O que mais parecia ser uma piada, na realidade veio em forma de notícia, e ao que se vê, não há um esperança de ser boato ou mesmo uma brincadeira. Ao receber ontem o Prêmio Houphouët-Boigny oferecido pela Unesco, a possibilidade vira fato.

Pesquisando o tema, encontrei que Lula foi premiado por seu trabalho em favor da “Paz, Justiça Social e do Combate a Fome”.

Não me oponho à sua imagem pacificadora, pois diante do silêncio em casos como Mensalão, manteve a paz com Marcos Valério. Em relação a casos como o escândalo que chacoalha o Congresso atualmente, mantêm a paz com seus aliados na base do governo.

Porém, é de se perguntar como há de se premiar sua “busca à Justiça Social”?

Que Justiça?

E por outro lado, não considero essas ”mile bolsas” doadas em troca de popularidade e por conseqüência votos (como ficou muito bem demonstrado nas últimas eleições), como combate a fome.

Diante da riqueza deste país, não há dúvida que o simples controle da corrupção, bastaria a garantir a todo e qualquer brasileiro a alimentação digna.

Não queiram os gestores do caos comparar um político corrupto, forjado no mais torto modelo político deste país, com uma Madre Tereza ou mesmo um Nelson Mandela.


IMPRENSA VOLÚVEL, OPINIÃO PÚBLICA VOLÁTIL.

Primeiro o caso do ex-deputado. Antes ocupava as páginas policiais, fomentando de tal forma a opinião pública, que gerou profunda revolta. Pouco depois, uma matéria de quase página inteira, bem distante do caderno policial, relata de seus hábitos religiosos, de suas cicatrizes, não deixando de publicar a foto do menino machucado e em franca reflexão sobre sua vida e o valor de sua presença entre nós.

Segundo o caso do Morro do Boi. Antes o monstro sucumbia diante do reconhecimento da vítima sobrevivente. Agora, vítima de erros sucessivos da polícia, salvo milagrosamente por uma confissão espontânea de um suicida em potencial. Assim, com ou sem intenção, está a se expor ao ridículo o depoimento da própria vítima, invertendo o papel mais uma vez.

Terceiro o funeral de Michael Jackson. Antes um pedófilo excêntrico, que balança seu filho além da sacada em exibicionismo absurdo. Antes, uma mãe que liga para a casa do falecido para saber se ele guardava algum dinheiro em casa. Agora um ícone que deverá ser idolatrado por longo tempo, enquanto seus discos empoeirados se esgotam na correria do comércio.

De tudo, resta a compaixão para com a filha de Michael Jackson, que emocionada no funeral show, tenta revelar a sua visão do ser humano Michael, pois nem ela, nem qualquer outra criança tem qualquer culpa do que o pai de Michael Jackson fez dele ou com ele. Nem mesmo ela tem culpa sobre o que a mídia, e o mundo milionário da música, fez de Michael Jackson ou com ele.


FUTEBOL

No mundo dos “Ronaldos”, enquanto Cristiano Ronaldo movimento mais dinheiro do que Lula no combate à fome, enquanto Ronaldo fenômeno engorda com a polêmica da maior torcida do Brasil, e Ronaldinho anda meio sumido, os times paranaenses comem as migalhas que as arbitragens lhes permitem.

Convivendo com a proximidade da Zona do Rebaixamento, a certeza de que o futebol paranaense não vai muito longe novamente este ano se renova.


CONGRESSO

***** O leitor não vai ter acesso a esse conteúdo, pois ele é clandestino*****


MEMÓRIA CELULAR

Falando de ciência, alguns renomados pesquisadores, alegam que o corpo tem condições de armazenar informações de forma descentralizada, fazendo de cada célula, um pequeno depósito de informações.

Se assim é, e sem qualquer pretensão científica, proponho uma pesquisa, para saber se dentre as células com aptidão mnemônica, estariam o óvulo e o espermatozóide. E assim proponho em causa própria também.

Pesquisando a vida de meu trisavô Franklin Rangel, descobri que ele, com extremo rigor, ainda na direção da Colônia do Assungui, opunha-se à extrema valorização da mão de obra de alguns imigrantes subsidiados pelo Governo Imperial, em detrimento dos que aqui já estavam antes de sua chegada.

De certa forma, seria de algum alento perceber que essa minha luta pela valorização da cultura paranaense, teria origem além da razão, pois se trata de uma batalha inglória e exaustiva, mas da qual não pretendo me furtar.

domingo, 5 de julho de 2009

Uma suposta Ervilha, um suposto velório e Michael Jackson


Num universo paralelo, entre Gotan City e Neverland ...

Os organizadores do mega super power plus funeral do mega star super power pop Michael Jackson, reuniram-se para decidir os detalhes do velório. Após cerca de dez horas de reunião, um deles levantou uma séria questão.

- Ok. Tudo certo, porém, os colegas não consideraram um problema. Levando em conta a verdadeira fanatismos em relação ao defunto, é muito sério o risco de que algum fanático, pertencente a alguma seita estranha, levado pela emoção, possa desenvolver um plano para roubar o corpo do ídolo. Nesses tempos de Internet, se a luva do ídolo pode valer mais de um Milhão de dólares, quanto valeria o corpo dele?

A sala ficou em silêncio, e todos calados passaram a avaliar a questão.

O Cenógrafo do evento sugeriu que o corpo fosse exposto em uma redoma de vidro, ou de cristal, porém, o diretor do evento entendeu que aquilo ficaria muito Disney, e poderia ser feita alguma associação ao clássico Branca de Neve.

O Iluminador, disse que a solução poderia estar na iluminação, utilizando um boneco de cera no lugar do falecido.

Todos perceberam que algum problema poderia surgir com a família, e abortaram o plano.

O sonoplasta disse que poderia manter a música num volume tão alto que atordoaria os presentes a ponto deles não conseguirem identificar o corpo, mas a idéia foi repudiada em função de um vizinho do ginásio que sempre chama a polícia em grandes shows.

A reunião se arrastou por horas, até que o zelador que juntava os copinhos de café no chão da sala, pediu a palavra.

Cansados e sem reação, os organizadores levantaram os olhos e deram de cara com o zelador meio bêbado, agarrado a uma garrafa de Jack Daniel’s.

- Gente! Vocês estão indo pelo caminho errado. Se vocês parassem para tomar uma cerveja, perceberiam que a solução a simples. Com o tanto de cirurgias que Michael Jackson fez, vocês podem colocar qualquer coisa no caixão que passa por ele. Além disso, pelo tempo que ele ficou sem se expor, ninguém vai duvidar de que qualquer coisa pode ser o corpo de Michael Jackson. Larga mão de ficar aí se matando de pensar, e joga logo uma ervilha no caixão. Garanto que ninguém vai notar.

O psicólogo contratado para prospectar a reação das pessoas no velório, balançou a cabeça e apoiou a idéia do faxineiro. Todos ficaram estupefatos, mas como não havia outra solução e o velório teria que começar, assim fizeram. Uma ervilha dentro de um caixão e mandaram para o ginásio.

Por mais incrível que pareça, as pessoas passavam pela ervilha e tinham surtos de choro e grito. Alguns chegavam a se jogar no chão, outros desmaiavam verdadeiramente. O diretor do evento de pronto chamou o psicólogo, e passou a elogiá-lo, propondo-se a dividir os milhões de lucro que teria com o evento.

O psicólogo por sua vez, mandou chamar o faxineiro e o contratou para trabalhar em sua casa, e todos ficaram ali, olhando em silêncio aquela multidão chorar em volta da ervilha.

Passadas algumas horas do sucesso, a família de Michael Jackson chegou ao velório. O pai de Michael passou pelo caixão e nem se deu conta, pois acenava para as câmeras de televisão e anunciava o lançamento de sua gravadora.

Os irmãos de Michael passaram sem notar qualquer problema, pois nem olharam para o caixão. Todos eles estavam mais preocupados com os próprios familiares, temendo que algum deles retirasse algo do caixão como herança.

Quando a mãe de Michael chegou o silêncio tomou conta do Ginásio. Ela se aproximou do caixão, curvou-se, deu um beijo na ervilha, e prontamente levantou os olhos na direção da organização do evento.

Todos da organização se desesperaram. A mãe de Jackson havia descoberto a farsa. Uma correria se instalou no camarote. Som de garrafas quebrando, vasilhas de pipoca para o alto, gente vestido a roupa pelas metades. Realmente a coisa havia complicado.

O organizador, puxando o psicólogo pela orelha e com a mão nos fundilhos do faxineiro, correu para a sala da administração do ginásio. Pelo rádio da organização, homens de preto gritavam: Ela está subindo! Ela está subindo, e pelo jeito está furiosa.

Os três sentaram-se à administração. O diretor estava tenso, porém, o psicólogo muito tranqüilo acendeu um charuto e sentou-se cruzando as pernas. Por força do hábito, o zelador tirava pó da prateleira bebendo seu Jack Daniel’s. O diretor não se conteve e gritou: - Ok. Eu vou me ferrar com essa farsa, mas vocês estão ferrados também. Eu juro que vou acabar com a vida de vocês, nem que para isso eu tenha que passar o resto da vida na cadeia. Como é que vocês pretendiam enganar a mãe de Michael Jackson com uma ervilha?

O psicólogo e o zelador permaneceram em silêncio, até que a porta se abriu abruptamente e a imagem da mãe de Michael começou a disparar todos os tipos de impropérios que são sucesso no Brooklin Enquanto o diretor ameaçava uma desculpa, psicólogo e zelador olhavam a estatua de Michael Jordan na estante. A mãe então mais contida, após parar os palavrões, começou a falar:

- O que é isso? Vocês devem estar de brincadeira “Móder Foquer”. Vocês resolvem fazer uma piada dessas no velório do maior ídolo da terra? “Sãlifabitien”. Como é que vocês tiveram uma idéia dessas? “Quicesmaiés” Eu vou processar vocês.

Enquanto o diretor começava a tentar inventar uma desculpa, ela deixou escapar:

O velório da maior estrela do mundo, e vocês são incapazes de fazer uma maquiagem decente no Michael? Custava alguma coisa perto disso tudo que foi feito? Uma maquiagem? Olha lá ... veja como ele está verde!

.....

Moral da história? Independentemente do talento de Michael Jackson ou de quantas crianças “Nunca” foram molestadas na “Terra do Nunca”, quando a mídia quer que você idolatre uma ervilha, a ervilha vira uma estrela.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O CASO DO MORRO DO BOI, ESTARDALHAÇOS, E OS VELHOS TRUQUES QUASE PERFEITOS




O lamentável e público caso do Morro do Boi, que ceifou a vida do jovem e promissor Osíres Del Corso, deixando ainda graves sequelas para a sua namorada Monik Pergorari Lima, não parece ter sido encerrado. Muitas outras vítimas e sequelas serão deixadas por essa tragédia humana, emergida do mais absurdo vácuo da alma de algum ser que deveríamos poder chamar de semelhante.
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Após uma investigação difícil, feita por uma polícia carente, em meio a uma cobrança voraz da imprensa e da opinião pública que ela move, o caso parecia ter sua solução clara com a prisão e identificação do acusado Juarez Ferreira Pinto.
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O reconhecimento de Juarez pela vítima sobrevivente, e aqui, por mais desnecessário que pareça, frisamos que as vítimas do referido caso, são e sempre serão apenas Osíres e sua namorada, parecia dar o desfecho necessário para todos aqueles que perseguiam a justiça, ávidos de uma reposta para a barbaria.
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Porém, cinco meses após a data em que ocorreu a bestialidade, e quatro meses após a prisão do acusado reconhecido por Monik, surpreendentemente surge um outro homicida, Paulo Delci Unfried, que desta vez, em teoria espontaneamente, confessa a autoria dessa monstruosidade.
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Como vivemos num país de absurdos, tropeços e episódios de idiotia coletiva, não é difícil que ocorram erros em processos judiciais. Tantos já figuram no rol de vergonhas de nossa Justiça, que seria tolice, com a experiência de quinze anos perante o Egrégio Tribunal do Júri, de pronto afastar a possibilidade de um erro na investigação que levasse um inocente ao cárcere.
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Mas o que chama a atenção, é que a mesma imprensa que cobrou resultados nas investigações, nesta última terça-feria, faz estampar a manchete do caso a palavra inocente, para sentenciar em nome da opinião pública a absolvição moral de Juarez. E isso antes mesmo de ouvir a VÍTIMA (em letras maiúsculas pela necessidade de advertir) que reconheceu o seu algoz. E de pronto o caso volta a ocupar as edições nacionais dos telejornais, desta vez não mais como o caso do Morro do Boi, onde Osíres e sua namorada são as verdadeiras vítimas, mas o novo caso do Morro do Boi, onde Juarez, aquele mesmo reconhecido como homicida, ladrão e maníaco sexual, seria uma suposta “vítima” de um erro das autoridades relacionadas à justiça.
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E com a mesma força que a imprensa sentenciou o monstro, agora o transforma no cordeiro inofensivo e injustiçado, como se sentenciasse agora a vítima sobrevivente, ao vexame do erro, do acusar injusto, e de fazer um cordeiro inocente permanecer quatro meses sob os horrores do cárcere.
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Em entrevista coletiva, alguns advogados já se pronunciam manifestando seu otimismo em relação ao pedido de liberdade, e alguns familiares chegam a falar em indenizações, tudo isso deixando bem claro o quanto é tênue a linha do justo e o quanto é frágil a justiça que essa linha sustenta. Mas as declarações são veementes, como devem ser os advogados que atuam em plenário de Júri, pois até mesmo a arma utilizada no crime foi reconhecida no exame de balística. E são tão veementes as argumentações e as notícias, que quase emudecem a voz da vítima sobrevivente.
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Do que aí está, um quadro que encaminha para a incerteza carrega uma multidão pela mão, fazendo e desfazendo a opinião pública, dizendo e desdizendo a justiça e o direito, repudiando e enaltecendo ora acusado, ora vítima, apagando as luzes do justo e nos levando à insegurança.
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Em virtude dos anos que já passei em plenário, da convivência como advogado que tive com centenas de casos de homicídio, com o Tribunal do Júri, e com as decisões que ele profere através de seus Jurados, na quase absoluta maioria preocupados com a justa decisão, receio que o ocorrido possa trazer grandes prejuízos à Justiça como busca maior dos operadores do Direito, e como elemento legitimador de nossa atuação.
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Primeiramente, porque ainda que o réu confesso que surge surpreendentemente nesta fase do processo tenha feito a aludida confissão, há de se lembrar que a confissão não é suficiente para condenar qualquer pessoa quando outras provas colidam com essa declaração.
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Segundo, porque a confissão feita fora do processo (compreende-se o Inquérito Policial), ao largo da ampla defesa e do contraditório, não se presta como prova jurisdicionalizada, e logo, não tem o força probatória para sustentar uma condenação, sem que seja ratificada integralmente em juízo, bem como corroborada pelos demais elementos probatórios contidos nos Autos.
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Terceiro, que a experiência forense que divido com uma multidão de operadores do direito, mostra-nos claramente que a confissão prestada na fase inquisitorial (no Inquérito Policial), na maioria das vezes não é ratificada em juízo, muitas vezes, sob os argumentos de réus que alegam ter confessado em função de tortura física ou psicológica.
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Quarto, em função de que seria uma excrescência levar dois réus a julgamento por uma fato cometido por uma só pessoa. Tal atitude seria tão absurda, e tornaria a acusação tão frágil, que por certo levaria a absolvição dos dois acusados, igualmente, tanto o inocente quanto o culpado.
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Destas considerações, resta-nos apenas uma advertência a fazer. O surgimento deste segundo acusado, reflete numa grande probabilidade de após o julgamento pelo júri (se prevalecer a competência do crime doloso contra a vida), ao final do caso, serem os dois acusados absolvidos.
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Assim, após os estardalhaços do Caso do Morro do Boi, e dos velhos truques, os acusados seriam absolvidos, tornando-se vítimas de uma acusação supostamente falsa.
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Por outro lado, e tão frágeis quanto no momento em que eram atingidos pelos projéteis disparados pela besta, as vítimas estariam sendo condenadas à injustiça, condenadas a não ver a justa reposta para o mal que lhes fizeram. A vítima que reconheceu o primeiro acusado então estaria sendo sentenciada por ter levado ao cárcere um inocente.
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A inversão de valores não nos surpreende mais, porém, a injustiça na qual ela resulta, pode refletir em uma atrocidade tão ou pior a aquela que deu origem ao caso.
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Conveniente citar um caso aqui de nossa Capital, onde a defesa do acusado, para tentar livrar-lhe da condenação, acusou a então vítima de prostituição e tráfico, desdenhando do fato de se tratar tal vítima de uma menina de apenas 11 anos.
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O estardalhaço deve ser contido, os velhos truques devem ser observados, reconhecidos, detectados e responsabilizados, inclusive em relação a todo e qualquer partícipe ou coautor destas manobras, para que o processo seja levado a julgamento com a cautela e responsabilidade que a Justiça requer.
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Em meio a esses rumores e tumultos processuais, não parece ser coerente conceder a liberdade a Juarez, sem que antes se esgote os meios de avaliação do que há de prova no processo, bem como, da validade dessas provas, e da certeza de que elas serão materializadas e resguardadas em conteúdo até o final julgamento.
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E levando-se em conta que, é público que Paulo teria tentado “suicídio” momentos antes de prestar o seu depoimento, onde teoricamente confessa a prática da atrocidade, ainda no sentido da advertência, a morte acidental, incidental, ou mesmo por causas naturais do cidadão que confessa o crime, ainda antes de sua denúncia e responsabilização criminal, teria o condão de por fim ao processo? Seria considerado satisfatório o resultado da investigação e da atuação jurisdicional?
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Ao que parece, para a família das verdadeiras vítima não.
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Em Honra a Memória de Osíres Del Corso. Um jovem que num mundo de egocentrismos violentos, perdeu a vida defendendo a sua namorada, dando pleno e belo exemplo do cavalheirismo além dos tempos.

terça-feira, 23 de junho de 2009

JORNALISTAS, COM OU SEM DIPLOMA?

Quem sabe por olhar com orgulho para o pedaço de pergaminho na minha parede, com a estampa da Universidade Federal do Paraná, e por lembrar do quanto foi difícil para mim alcançar o palco do Teatro Guaíra na formatura do Curso de Direito, sou solidário aos Jornalistas nesta batalha contra uma decisão “queirolesca” de nosso desastrado e desavisado presidente da república.

Independentemente de qualquer outra coisa, não se pode jogar anos de estudo no lixo, desdizendo o valor de um diploma universitário conquistado através do esforço desses profissionais. Da mesma forma, o que se haveria de dizer aos alunos dos vários cursos de jornalismo que estão para se formar? O senhor presidente pretende devolver o capital investido até aqui, os anos de estudo, e tudo omais que eles estarão perdendo?

Nesse país desregulado, campeão mundial de agências reguladoras, é de se supor que a criação de um curso superior não é o tombo de uma laranja no jardim da casa da vovó. É de se supor então todo um processo onde sejam avaliados e ponderados todos os elementos que cingem à necessidade de regulamentação de uma profissão e da exigência de um curso superior para o seu exercício.

Mas como nosso presidente nunca teve grandes relações com o estudo, somos brindados com uma excrecência dessas, provavelmente rabiscada em algum papel de padaria, ao menos no aspecto moral, transformando profissionais com curso de nível superior, a uma versão moderna de um auxiliar de escritório, e na outra ponta, podendo transformar qualquer um, que tenha um bom editor de texto, com uma boa verificação ortográfica e gramatical, num “jornalista”, ou num “jornaleiro”.

Não se pode deixar aqui, de registar uma certa preocupação com o nível imposto por alguns praticantes do “jornaleirismo”, que mais do que vender jornal, vendem uma informação, cujo teor pode ser verdadeiro ou não, bem como, aqueles que teriam o dever de informar, e acabam escondendo seu furo nas mais profundas gavetas, ao lado do cartão da conta bancária que a matéria não publicada rendeu.

Quanto vale o silêncio ou o estardalhaço nos meses que antecedem as eleições? A pergunta faz sentido inclusive neste momento onde a imprensa divulga um escândalo que envolve as eleições para a prefeitura de Curitiba. Mas ética e honestidade profissional não se aprende na faculdade. Ou se aprende isso de berço, ou jamais se terá.

E se por um lado o rabisco tem o poder de destruir a classe jornalista, tem por outro, nesse mundo de egocentrismo patológico, a capacidade de abrir um perigoso precedente desastroso, onde quem sabe em um futuro próximo, eu perca o carinho e o respeito pelo pergaminho na parede, e acabe me obrigando a embrulhar alguma salame com meu Diploma de Direito.

E o que mais me causa espanto, seja exatamente o “excesso de organização” em algumas outras áreas, onde muito mais que a formação universitária, o profissionalismo vem de aptidões e do talento pessoal. Quall faculdade de Artes Cênicas fez Paulo Autran?

É certo também, ao menos para mim, que a formação profissional virou um mercado generoso para uma série de empresários, alguns deles que não passaram do segundo grau. E quem sabe eu diga isso embalado na nostalgia de minhas lembranças do colégio, onde eu era constantemente informado que para alcançar um lugar melhor no meio profissional, eu deveria concluir a oitava série, cursar o científico, passar pela barreira do vestibular e cursar uma faculdade cujo diploma seria respeitado.

Hoje percebo que um diploma não é tão respeitado assim.

E o rio de meus argumentos desemboca nesse modismo de cursos e mais cursos “obrigatórios” aos graduados em toda espécie de curso superior. Não tenho dúvida que realmente existem profissionais que se dedicam ao desenvolvimento de princípios e conceitos fundamentais para a sua profissão, dentre os quais, boa parte destes estudiosos dedica-se ao magistério em cursos de graduação.

Apenas tenho alguma suspeita envolta em minha própria teoria da conspiração, que nessa “feira do ensino”, alguma bancas parecem esconder os melhores frutos embaixo da prateleira, obrigando o estudante a consumir migalhas, sobras, e uma série de sujeiras para que, de tempos em tempos, lhe seja servida alguma quantia de saber útil.

Enquanto uma série de eternos acadêmicos discute o sexo dos anjos, que não fazem sexo, nosso país continuam engatinhando em uma série de carências, pois uma multidão de pessoas em idade super produtiva, fica se torturando com malabares conceituais, impossibilitados de se dedicar integralmente à profissão, esgotando-se com estudos que pouco lhes servirão no exercício profissional.

É lógico que existem cursos realmente valorosos e de profunda contribuição para a profissão, porém, basta que se atente para os “muquifos e botecos educateiros” que se multiplicam nas edículas do mercado, angariando uma fila triste elonga, de pessoas desesperadas por um lugar ao sol.

Assim, manifesto minha solidariedade para com os Jornalistas, manifesto meu repúdio contra os “mercadores do sol”, esses mesmos que sonegam a informação nos cursos de graduação, para viciar estudantes e mantê-los além dos limites da idade, do bom senso e da capacidade sentados em bancos teoricamente universitários.

Com ou sem diploma? Responde cada um quando e como puder, e naturalmente, se tiver algum tempo para falar consigo entre um curso e outro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

YORKSHIRE X CERVEJA. MAIS UM CAPÍTULO DA GUERRA DOS SEXOS


HOMENS E MULHERES ABANDONANDO AS TRINCHEIRAS
Após algum tempo de paz entre eles e elas, ressurge o tema para que alguma discussão invada uma mesa de bar, ou atropele uma noite na cama. Quem é mais inteligente? O homem ou a mulher?
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E justamente isso as vésperas da reapresentação da peça Analice em Busca do Homem Perfeito, que ocorre nesse final de semana.
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De forma alguma pretendo criar polêmica, embora ela ande enfronhada em minhas calças desde meu despertar para as maravilhosas diferenças entre homens e mulheres, porém, obrigo-me a comentar os resultados de uma recente pesquisa que deu conta de que as mulheres são mais inteligentes que os homens.
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A bem da verdade, sou um machista confesso, mas não daqueles chauvinistas, que acreditam ainda que os homens são superiores as mulheres. A vida teve o bom senso de desenhar para essa cabeça limitada, que realmente as mulheres são superiores aos homens, e isso, tenho dito a cada vez que subo no palco. Já há algum tempo tenho publicado essa minha opinião, mas das diferenças entre homens e mulheres, fiz minhas piadas como forma de abordar o assunto de forma alegre e descomprometida. Exatamente por isso, ao contrário do que propõem a tal pesquisa, esse texto não tem qualquer conteúdo científico, pois apesar de minhas décadas de experiência, não somo um número que estatisticamente pudesse angariar alguma credibilidade.
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Quem sabe, ao publicar esse texto, eu mesmo esteja assinando minha sentença e acabe ficando dez anos sem sexo, em virtude de algum eventual desagrado do público feminino, mas para quem ficou mais tempo em abstinência das coisas do corpo antes de minha adolescência, não posso me furtar a coragem e a obrigação de abordar mais uma vez o tema com alguma ironia e humor.
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A pesquisa chegou ao resultado de que as mulheres superam os homens em nove, dentre doze tipos de inteligência propostos por Howard Gardner, e isso, em que pese incomodar a maioria dos homens, não me propicia qualquer desconforto. Tanto é verdade, que tenho certeza que não fosse o caderno de minha ex-mulher, que cursou direito comigo, e me auxiliou demais nos estudos, eu jamais teria abandonado os corredores da UFPR. Lembro-me com clareza e louvo a capacidade que ela tinha de entender um emaranhado de princípios, preceitos, conceitos, teses e antíteses, artigos e uma montoeira de coisas que se prestaram tão somente a buscar a média sete.
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Porém, o que me chama a atenção e me empurra ladeira abaixo para escrever este texto, mesmo sabendo da abstinência que se aproxima perigosamente, fazendo-me olhar para a própria mão com ares apaixonados, é o resultado e em quais tipos de inteligência a mulher realmente supera os homens em média em 3 %.
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E acredito que o próprio paradigma onde a pesquisa foi realizada, possa ter contaminado o resultado final do trabalho. Como dados para fundamentação do resultado, foram avaliadas mais de 137 mil notas, de mais de 22 mil alunos da Unisuam. E esse questionamento me parece aceitável ao passo em que lembro que enquanto minha ex-mulher copiava caprichosa a matéria que o professor passava em sala de aula, esse que agora tem a ousadia de escrever, tomava largas doses de cerveja na Lanchonete do seu João. E não foram poucas vezes que alguns professores e professoras nos acompanhavam.
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Acho que considerando que as mulheres atingem a maturidade mais cedo, e os homens as vezes nunca a atingem, parece-me um tanto questionável usar do ambiente universitário como paradigma para uma pesquisa dessa monta.
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Sem querer aqui propor uma revolução, e já temendo algumas represálias, seria interessante levar essa pesquisa para outros âmbitos, e quem sabe, chegando ao extremo de pesquisar a inteligência de homens e mulheres até em seus relacionamentos amorosos, se é que existe alguma inteligência no amor. Amor é amor e pronto final, apesar de nunca alguém ter conseguido explicar ele fora do universo estritamente emocional.
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Mas voltando a pesquisa, o homem sobressaiu-se apenas em inteligência lógica, cinestésica e espacial, ao passo que a mulher o superou em pictórica, musical, naturalista, e, acredite, social, existencial, emocional, interpessoal, intrapessoal e linguística.
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Falando primeiramente de homens, se fôssemos tão lógicos, não nos amontoaríamos de frente a televisão para ver vinte e dois caras correndo atrás de uma bola. Se tivéssemos noção de espaço, não colocaríamos o pé nas costas da companheira enquanto dormíamos. E se realmente fôssemos tão bons e habilidades manuais, nossa relação com a tampa da patente seria diferente, mas isso é assunto para depois.
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Em relação às mulheres?
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Para preservar a tela do computador da nossa leitora, volto a registrar minha opinião de que a mulher é superior ao homem, mas francamente, discordo totalmente das aptidões que na pesquisa foram sugeridas.
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Não quero usar de meus limitados conhecimentos empíricos nessa área como verdade absoluta, mas devo propô-los como forma de confrontar o resultado da pesquisa.
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Por acaso alguém já testemunhou uma crise de uma mulher, que aos prantos balbucia um rosário de palavras rápidas intercaladas por alguns palavrões? Quem sabe a prova de que o homem seja menos inteligente justamente na hora em que ele preocupado com a sua mulher pergunta: O que você tem amor? E como resposta vem o clássico “Eu não sei”. Nesse momento é de perguntar onde fica a habilidade intrapessoal e linguística da mulher.
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Sem contar que a habilidade interpessoal deveria ser algo em relação ao outro, a compreensão e relação com o outro. Acreditaria eu que essa aptidão permitiria à mulher uma maior capacidade de aceitação do outro. Mas realmente, se a mulher tem aceitação e compreensão, ela tem com o outro, pois com o marido ...
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Exemplo clássico dessa associação, ao ler sobre essa tal aptidão naturalista, pode estar exemplificada na diferença entre a relação da mulher com seu Yorkshire e com seu Marido. O animal, cuja existência reputo a algum período de férias do Divino (não sei para que serve tal animal), pode mijar e cagar pela casa inteira, ao passo que, três pequenas gotas de xixi na tampa do banheiro, deixadas pelo marido descuidado, e que segundo a pesquisa teria maior habilidade manual, podem significar três meses sem sexo, e de brinde, uma cachoeira de xingamentos que demonstram claramente a aptidão linguística da mulher.
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E quando o assunto circunda o aspecto da aptidão social, não exitaria eu em apontar uma enormidade de dissensos nesta pequisa. Para tanto, e nisso não são só mulheres, ousaria eu relembrar do quanto se valoriza a roupa da moda para ir ao jantar com um casal amigo, ou mesmo a dificuldade de aceitar o carro velho como meio de transporte até o jantar, que normalmente se passa em meio a conversas de futebol entre os homens, e com as mulheres reparando nos vestidos das concorrentes sentadas nas outras mesas. Lógico que não é regra, porém, gostaria que você mulher que lê este texto agora, pudesse soltar um sorriso, desarmar os argumentos, e apenas lembrar se a narrativa não lhe causa alguma lembrança.
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Seja como for, ainda que aquela pesquisa tenha conteúdo científico, e esse texto seja apenas uma proposta de reflexão, salpicada de alguma ironia, emergida de uma vivência idiossincrática, quer me parecer que ainda que tivesse absoluta coerência o resultado, se o pesquisador que chegou ao resultado tivesse sido casado, ele jamais publicaria esse material.
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Brincadeiras de lado, vejo homens e mulheres, que abandonavam a superada e infame guerra dos sexos, encontrarem no tema um motivo para voltar as trincheiras.
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Não me parece ser razoável reavivar a litigância entre seres que dependem um dos outros para constituir uma espécie, ao passo que, também não acho que rótulos e conceitos herméticos se prestem a algum resultado positivo.
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E nesse contexto, sem ciência alguma, ouso dizer que na coleção de anos que vivi, encontrei mulheres cuja inteligência me fez dobrar os joelhos. Também encontrei inteligências semelhantes em homens. E por que não dizer que não são raros gênios com uma opção homossexual. Também acho que seria interessante considerar o quanto nos surpreendemos as vezes com nossas próprias aptidões.
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O conceitualismo, que tanto me amargou os tempos do curso de direito, tão bem sustentado por Savigni, a quem em justo combate surgiu Ihering, busca a menor unidade de conhecimento acerca do todo, e com a devida vênia, creio que para o crescimento humano, seria interessante buscar a cada vez mais, o maior conhecimento acerca de cada um, incluindo a si e ao outro.
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Nessa diversidade de homens e mulheres, cada qual com sua inteligência e vivência única, quer me parecer que o respeito ao registro único da personalidade e intelecto de cada um deve ser respeitado.

terça-feira, 5 de maio de 2009

AMIGOS. ESSAS CRIATURAS INSÓLITAS EM NOSSAS VIDAS

Um certo dia, enquanto batíamos um Miojo na casa da vovó, ela de forma desavisada e irresponsável, resolve nos passar alguns conselhos sobre a vida. Desde aquele clássico de não tomar leite depois de comer manga, ou evitar o café antes de subir na árvore. E dentre os conselhos ela nos adverte para não falar com estranhos, e buscar sempre fazer amigos.
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Por si só aí já se encontra a mais absurda incongruência. Como posso eu fazer amigos se não posso falar com estranhos? Quem sabe a intenção de minha vozinha de me manter solteiro para jamais abandonar o seu rol patrimonial e de ingerência, fosse premeditada a ponto de saber que se não falasse com estranhas, eu seria virgem até hoje.
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Após décadas em que nunca foram praticados esses conselhos, percebo que na realidade tratava-se tão somente do mal uso das palavras. Quando ela dizia para não falar com estranhos, provavelmente ela estava a me dizer que eu não deveria flertar com uma mulher com três seis ou com mais de quatro membros.
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Acredito que a advertência seria mais coerente se ela se limitasse a um simples “cuidado meu neto”. Então eu poderia entender que cuidado é algo bastante interessante para nortear uma realação com um estranho, com um amigo ou mesmo com uma mulher com três seios.
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Mas o que me chama mais a atenção é exatamente em relação aos amigos, pois estranhos não te decepcionam, eles apenas de surpreendem. Mulheres de três seios não existem, e se qualquer mulher tiver mais que quatro membros, não se pode chamar de mulher. E disto tudo o próprio instinto de sobrevivência humana nos mantem afastado. Então o grande problema no pequeno cercado deste texto, se resume aos amigos.
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Creio ter escrito algo há algum tempo sobre o tema, mas como minha vida anda bastante atribulada para contornar problemas que alguns amigos me criaram, não tive tempo de procurar o dito texto.
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Hoje, como sou eu quem coloca o Miojo na mesa para meu filho, tenho alguns outros conselhos que creio que serão úteis para a vida dele, até porque, o garotinho que me leva o fôlego reclamou comigo que tem poucos amigos na escola, e ao contrário, gostaria de ser como eu, rodeado de amigos em todos os meios que frequenta. Naquele momento percebi que no pequeno entendimento do pequeno preocupado, todas as pessoas que me cumprimentam sorridentes ele julga serem meus amigos.
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Pobre rapazinho, mas é hora de ensinar, apesar da lição descer goela abaixo um tanto amargo e com o ruído de um gato de ré miando esôfago a dentro. Deus me livre pensar na hora que esse gato vai sair.
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Para alguns existem amigos que o são até um primeiro envolvimento financeiro, e lá se vai o nosso suado dinheiro na mão do cidadão que até ontem tomava cerveja com a gente. Mas na realidade esses nunca foram amigos.
Existem amigos que só o são quando temos alguma bebida e uma carne no fogo, mas na realidade não passam de colegas, e dentre os colegas, podemos ter os ruins e os bons, pois jamais passaram de colegas.
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Existem amigos que desaparecem, pois a vida os leva em outros barcos para mares distantes, porém, estes nunca deixaram de ser os amigos. É o exemplo do amigo que casa com a mulher ciumenta, ou daquele que resolveu fazer um curso na Espanha. Os caminhos de uma amigo nem sempre serão os mesmos que os nossos.
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Mas existem os amigos sacanas. Aqueles malditos que passam meses executando um plano mirabolante para sacanear você no dia do seu aniversário.
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Eu mesmo creio que me encaixe no plano de “Amigo Sacana”, pois quando fui levado pela inspetora para a direção da vida, tive que assinar o fichário por ter cometido algumas maldades com as pessoas que gostamos.
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Lembro-me do dia em que tocando em um bar, encontrei uma foto de uma bela moça no chão, e logo pedi para uma amiga escrever um bilhete com uma declaração de amor para um companheiro de banda. E lá foi ela escrevendo com letras redondinhas palavras quentes, e ao final, colocou o telefone do meu irmão e assinou com o nome da minha sobrinha.
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Acontece que meu irmão também tocava na mesma banda, e com quatro anos de casado, tinha uma filha de apenas dois anos, que por coincidência era o nome que assinava a declaração.
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Ao final da noite, meu amigo veio me mostrar orgulhoso a declaração de amor, perguntando-me se achava que ele deveria ligar para ela. No dia seguinte insisti que ligasse, e depois de chamar pela menina, meu irmão disfarçando a voz, falou toda a espécie de barbárie para ele, pois a filha dele jamais tinha pisado em um bar. Meu amigo desligou o telefone em silêncio, desolado, e olhando para mim disse que havia sido chingado pelo pai da moça, e que ele lhe havia dito que ela nunca havia ido num bar (o que era verdade até então, mas meu amigo não sabia).
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Confortei o amigo e disse a ele que deveria ligar novamente e falar a verdade para o pai da garota, e se possível, fazer com que o pai ciumento retirasse todas as ofensas que fez. Incentivando Guto (OPS, escapou o nome dele, mas como sou um amigo sacana não vou apagar), ele ligou, e com uma cara de galo de briga falou um monte de verdades para o pai da garota (meu irmão), leu o bilhete e informou-o de que tinha a foto da garota. Nesse momento meu irmão não segurou a gargalhada, e meu amigo acabou entendo a brincadeira, até porque meus olhos lacrimejavam contidamente.
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Passamos algum tempo sem se falar, e o caminho dele foi outro, mais ainda hoje, apesar da sacanagem, somos bons amigos e guardamos boas lembranças para rir em qualquer boteco onde resolvamos tomar nossa nostalgia.
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Então saiba que nem sempre quem te sacaneia é teu inimigo, e nem sempre que tem só sorrisos para você é seu amigo. A vida é mesmo assim, tão incerta e misteriosa quanto a gente, mas vez por outra vamos cruzar com algum feto expelido por uma meretriz que haverá não de nos sacanear, mas de praticar atitudes que nem mesmo nossos inimigos seriam capazes, pois amigos não traem. Isso é uma triste exclusividade das pessoas que confiamos.
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E já que o assunto é amigo, esse vídeo abaixo mostra um grupo de policiais fazendo uma surpresa para o xerife. Isso sim é sacanagem, mas você não pode falar nada, pois tenho certeza que vou encontrar teu nome assinado no fichário da vida. Aliás, tem algo melhor que fazer uma brincadeira bem sacana para um amigo? Claro que existe, mas isso eu não escrevo nesse blogue.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

PRÊMIO OSÍRIS DEL CORSO

Caros Amigos e Leitores

Estou enviando essa mensagem por enteder que realmente se trata de uma homenagem merecida ao nosso amigo Osíris Del Corso.Tendo em vista a forma trágica com que Osíris nos deixou, essa é uma oportunidade de dar espaço para que o espírito alegre e positivo de Osíris continue a iluminar seus amigos e todas as pessoas que estão a sua volta.Basta uma pequena atitude para se dar o grande e devido valor a este rapaz.


Um abraço a todos
Samuel Rangel

" PRÊMIO OSÍRIS DEL CORSO - EMBAIXADOR DA PAZ


Concurso a nível nacional de artigos acadêmicos e redações.O objetivo do prêmio é criar um amplo debate na sociedade sobre casos de violência - física e mental - e estimular a participação mais incisiva da sociedade civil em ações que promovam a paz, a segurança e a compreensão entre os povos. O prêmio também é uma homenagem ao jovem Osíris Del Corso.O tema escolhido procura incitar aos participantes uma reflexão sobre os caminhos que levam a Paz, através da Justiça, da Filantropia e da condução de Políticas Públicas. Sendo assim, o tema para artigos será "Justiça e paz: Por uma sociedade mais humana", e o tema para redações "Paz, Por que não? "....."

Saiba como participar:


terça-feira, 7 de abril de 2009

A PRESSA É INIMIGA DE QUEM QUER ATRASAR SUA VIDA


A segunda começou complicada. Para completar o freezer do bar, tivemos que ir buscar a cerveja quase em São Paulo. E ainda ficamos limitados ao estoque da distribuidora. Com a cerveja que tinha, volto ao bar, reponho o freezer, saio correndo e vou para a minha casa vestir o terno para a audiência da tarde.
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Advogar e ser dono de bar no mesmo dia é um tanto complicado, e isso me causava uma certa preocupação, pois as seis horas da tarde chegariam os primeiro clientes da reserva da Festa no Canteiro de Obras.
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Com o terno cansado sentei-me na sala de audiência às 13 horas para a audiência que só começaria meia hora depois. Então me dei conta de que a minha presença apressada naquela sala, não adiantaria a chegada dos demais. Mas que tolice Samuel Rangel.
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Entre um cigarro e outro fumado em metades pela pressa inútil, eu via as testemunhas chegando, e quando contei 8 delas, percebi que seria uma audiência de cerca de quatro horas. Isso quer dizer que eu teria uma hora para fazer as compras restantes no mercado, buscar a cestinha da fritadeira no Ítalo, limpar o chão do bar, montar a frente, tirar o terno e tudo o mais que eu havia programado para a noite.
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E eu e o juiz ficamos ali esperando por algumas autoridades imprescindíveis para a audiência, até que depois de meia hora de atraso a audiência começou. A oitiva da primeira testemunha durou uma hora, o que me fez ver nuvens negras no horizonte, mas que logo se dissiparam com a entrada das outras seis testemunhas, que foram ouvidas rapidamente, não levando mais que quinze minutos cada uma. Havia uma esperança ainda de que a audiência acabasse cedo o suficiente.
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Mas a entrada da última testemunha acabou com qualquer esperança. Já na primeira pergunta feita pelo juiz, a testemunha começou a gaguejar patologicamente. Com os olhos quase enchendo de lágrimas, eu via a testemunha a disparar um milhão de “qui qui qui qui”, “po po po po” e “té té te té tés” Com a pressa que me empurrava a alma, comecei a ajudar a testemunha com as minhas perguntas diretas. Perguntei à testemunha onde ela estava, e ela respondeu: no po, no po no po ... Não aguentando a situação, eu reforcei a pergunta: No ponto de ônibus? E a testemunha respondeu: nã nã nã não. O Juiz olhou com ares de reprovação. No Posto de Saúde? Nã nã nã não? No Posto de Gasolina? Ao perguntar isso o juiz me interrompe e diz: “Doutor. O senhor está colocando palavras na boca da testemunha.”
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Pensei comigo que era tudo o que eu queria fazer, mas não podia, pois a testemunha mal sequer administrava os cacos de palavras que já tinha em sua boca. E assim foi até que a inquirição acabou logo após as cinco horas da tarde. Ao sair da sala da audiência, percebo que a testemunha gaguejante está conversando normalmente com outras pessoas. Com vontade de dar-lhe um sopapo no meio da ideia, perguntei se ele não era gago. Então ele me responde que só fica gago quando está nervoso. É pra acabar, pensei eu, mas não era.
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Com a pressa que me fazia rolar o barranco, entrei no carro e lembrei que a mesma pressa tinha me impedido de abastecer o carro, que já fazia acender a luz da reserva. E lá se iam mais dez preciosos minutos.
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Cheguei ao mercado faltando meia hora para abrir o bar, e logo fui fazendo as compras mais rápidas que já havia feito, chego ao caixa, que julgo ser o caos da humanidade. Eu até gostaria de perguntar aos senhores proprietários de supermercados por que diabos eles constroem esses mega mercados com um “zilhão” de caixas e colocam só dois para funcionar. Valha-me Deus!
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Mas a culpa desse calvário não é só dos mercados, pois sempre tem um Rubinho na fila, que atrasa a corrida de todo mundo. Não é difícil achar um Massa também que dispara com o carrinho na frente para ultrapassar você na chegada do caixa. E eu me pergunto? Se isso é a fórmula 1 dos mortais, onde está a direção de prova?
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E foi assim que ontem encostei o carrinho, com a pressa que me cutucava o rim, no caixa 14, um dos 3 que funcionava naquele momento. Percebi a semelhança entre o senhor de idade na minha frente, e o rapaz que estava no caixa 13. Quando eles começaram a falar, percebi que cada um com seu carrinho, guardava lugar na fila de um caixa, e ao descobrir qual seria o mais rápido, ele mudaria o carrinho mais lotado e sortido do mundo.
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É lógico que o rapaz mudou para a minha fila. Olhei para ele como quem olha para o cunhado, e pensei alto: Que filha de uma puta. O rapaz ouviu, e quando olhou para mim, eu já imaginava que seria um dos primeiros a enfrentar uma briga em uma fila de mercado. Mas não tive medo. Eu levaria vantagem. Eu havia comprado bebidas, enquanto ele comprou fraldas, gelatinas e caixas de suco. Se cada um durante a briga só pudesse o que estava no seu carrinho, eu ganharia na base da garrafada mesmo. Minhas garrafadas seriam bem mais convincentes que as fraldadas do rapaz. Exatamente por isso, e quem sabe por estar com um semblante de uma espécie de Capitão Nascimento, o rapaz desistiu do confronto, e saiu da fila levando o seu carrinho de fraldas e gelatinas.
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Passei as compras sem olhar o preço, e fui assaltado sem arma pela caixa sorridente.
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Corri para o bar e dou de cara com uma fila me esperando. Meu sócio me xinga dizendo que eu não deveria ter me preocupado em ir para a casa vestir um terno. O primeiro dos clientes já estava na fila. O garçom sentado fumava. A garçonete segurando uma espumadeira apenas me olhava.
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Entramos, montamos o bar, e tivemos uma noite maravilhosa, mas é lógico que o público não teve preça de ir embora. Quando os ponteiros do relógio acusam as quatro da manhã, a segunda-feira que já era terça acabou em uma mesa com oito pessoas, e eu contando essa história.
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A preça realmente é inimiga de quem quer atrasar sua vida, mas não precisa ter preça de ir embora do bar, pois sempre no final de noite, um pequeno grupo de boêmios rodeia uma mesa onde tropeços viram piadas, onde o asar vira sucesso, e onde a preça vem calma e serena sentar-se ao nosso lado para desejar a todos um boa noite sorridente e aconchegante.

terça-feira, 31 de março de 2009

ME CONTARAM - UROLOGISTA REPRESENTADA NO CRM (Caso verídico, ou não...)

O cidadão entra no consultório da Urologista com um ar de desconforto, e após balbuciar algumas palavras inaudíveis, finalmente falou:
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A senhora jura que não vai rir?! - perguntou o paciente.
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- Claro que não rirei! - respondeu exaltada a médica, e ainda acrescentou: - Sou uma profissional da saúde. Existe um código de ética em questão! Em mais de 20 anos de
profissão nunca ri de nenhum paciente!
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Tudo bem, então, disse o paciente. E deixou cair as calças, revelando o menor órgão sexual masculino que ela havia visto na vida. Considerados o comprimento e o diâmetro, não seria maior do que uma bateria AAA.
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Incapaz de manter o controle, a médica começou a dar risadinhas. Elas foram crescendo, e a médica percebeu que ou soltava a gargalhada, ou iria molhar as calças. Então a mais sonora gargalhada explodiu dentro do consultório. Ela perdeu o fôlego, bateu nas coxas com as mãos abertas e teve que curvar a coluna para não cair. Quando já estava sentada no chão não conseguia mais segurar o ataque de riso.
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Poucos minutos depois ela conseguiu recuperar a compostura, e logo foi dizendo:
- Sinto muitíssimo, disse ela. Não sei o que aconteceu comigo. Dou minha palavra de honra de médica e de dama que isso nunca mais acontecerá. Agora diga-me, qual é o problema?
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Está inchado! - respondeu o cara.
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Dizem que a médica chegou a desmaiar, após perder o fôlego de tanto rir.
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Também informaram que ela sofreu uma representação no Conselho Regional de Medicina, porém, foi absolvida por uma excelente defesa de seu advogado. Quando o conselho já estava pronto para excluir a médica, no meio do julgamento o advogado pediu para o homem que a representou baixar as calças e mostrar a razão o "objeto" da representação. Ao abaixar as calças, a absolvição era inevitável.
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Também foi comentado muito tempo depois que o julgamento foi suspenso por 4 horas, e após a recuperação dos conselheiros, eles simplesmente arquivaram a representação.

segunda-feira, 30 de março de 2009

PARABÉNS CURITIBA, DO TRÂNSITO ATÉ AS VILAS

Fotos cedidas pela fotógrafa Juliana Ribas


Ah Curitiba! Esta minha cidade, minha maternidade e companheira das crônicas que vivi em minha vida, desde aquelas mais cotidianas até as mais inacreditáveis. E Curitiba não escapa de críticas justas e injustas, pois feita de homens e mulheres pintados em desvirtudes, ela é o coletivo do ser humano.
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Não foram poucas as homenagens feitas à Curitiba pela passagem de seus trezentos e dezesseis anos. Homenagens em textos, imagens e sons que refletem um pouco dessa metrópole meio provinciana, desse paradoxo de concreto e vida.
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Na imperfeição de seu trânsito, descobri que não é verdade que o trânsito de Curitiba seja ruim. Percebendo com um pouco mais de complacência e atenção esse trânsito, o que se perceber é que a má ideia foi a campanha publicitária de alguma marca de cereais, do tipo: “Compre Sucrilhos Barbante e ganhe uma carteira de motorista.” O que falta então é uma legislação própria de trânsito, onde poderíamos organizar da seguinte forma: Nas vias rápidas, quem comprou carteira em Santa Catarina anda pela pista da Esquerda, quem ganhou a carteira de motorista na caixa de cereais pela direita, e pela pista do meio, o pessoal que realmente fez teste no Detran.
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Mas em uma abordagem mais séria sobre o tema, é interessante ver o curitibano reclamar do trânsito desta cidade, quando na verdade, existem famílias com mais de um carro por pessoa. Exatamente isso, essa mania de curitibano ter carro até para o cachorro, é que dificulta o trânsito. Quem sabe isso tem relação com o modo fechado do curitibano. Para não ter que falar com o seu filho ou com sua esposa, o curitibano prefere dar um carro para cada um e pronto.
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Mas esse jeito fechado do curitibano também não é sem razão. O que acontece na realidade, é que o curitibano realmente leva a sério demais as lições de sua infância. Quando a titia falava (sem olhar nos nossos olhos) “não fale com estranhos”, o curitibano levava isso para o resto da vida. E cá entre nós, hoje em dia temos filhos estranhos, mulheres estranhas, as mulheres por sua vez tem maridos estranhos. Então não falemos com estranhos e pronto.
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Mas em falar em gente estranha, dessa festa esquisita, ninguém é mais estrando que o curitibano mesmo. Até hoje eu tento entender as bermudas longas dos “vileiros”, os rituais de acasalamento nas boates da classe média, os pratos irrisórios que são vendidos por valores exorbitantes nos restaurantes da alta sociedade. Ou mesmo o público que não sabe bem ao certo em que momento bater palmas nos espetáculos públicos. Esse Curitibano tão europeu que muitas vezes coloca para fora sua pouca autoestima de terceiro mundo.
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Curitiba quem sabe seja esse estranho ponto do universo onde diferenças convivam harmonicamente. A Ferrari encostada no posto de gasolina ao lado do Corcel caindo aos pedaços ( Eles vivem harmonicamente porque não se falam. Lógico!) O mármore do fórum ao lado da poeira do estacionamento. O parque Barigui, de linhagem europeia, sendo cortado pelo rio de mesmo nome, onde cada peixe é um sobrevivente do reator de uma usina nuclear. E para sacramentar as diferenças, ainda surge um jacaré comedor de cachorrinhos provocativos.
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Curitiba é mesmo assim. Tão criticada pelos curitibanos, que ironicamente, são exatamente aqueles que temperam a cidade com suas imperfeições e problemas. Mas embora Curitiba seja esse alvo da piada Tingui, Curitiba merece, ao menos de minha parte, uma combativa defesa.
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Foi aqui, onde já não se tem mais tanto pinhão, que tive a oportunidade de aprender a tocar cavaquinho, do rodapé de meus quatorze anos, com o mestre e gênio Janguito do Rosário. Foi aqui, na piscina do Clube 3 Marias, que tive a oportunidade de pegar uma piscina nos finais de semana com o gênio fantástico de Paulo Leminski. E porque não dizer que esta cidade é que me deu a possibilidade de conviver com a fotógrada Juliana Ribas, que me oferece as imagens para este texto.
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Em Curitiba tive a oportunidade de dividir o palco do Bar Sarinha com Ivo Rodrigues, aquele gênio de voz inigualável da Banda Blindagem. No palco do Guairinha tive a honra de ajudar na produção da peça de Dig Dutra, que retornava do Rio para o Festival de Teatro. Em Curitiba tive a oportunidade de conhecer redutos de boemia que até hoje dançam em minha memória. Nos teatros de Curitiba é que tive a oportunidade de expor Curitiba e rir muito com os curitibanos, ao flutuar as asas dos Anjos Boêmios.
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E embora eu me permita criticar essa cidade e as pessoas que a dividem comigo, devo tudo isso a Curitiba. Devo a Curitiba a oportunidade de ser exatamente o que sou hoje. Um Curitibano antipático as vezes, e outras vezes o morador do bigorrilho sorridente. O advogado que frequenta o fórum de terno e gravata, e o jardineiro da própria casa que desfila de bermudas furadas no jardim de sábado. Em Curitiba posso ser apenas o autor desse texto, um rosto distante e virtual, ou mesmo aquele que fica preso no engarrafamento, desapercebido e incógnito, um anônimo que pensa em como homenagear essa cidade.
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Seja como for, minha forma de homenagear é agradecer. Apenas agradecer por tudo o que Curitiba me permitiu ser: “Um Curitibano”.

sexta-feira, 27 de março de 2009

PUDIM, O RIN TIN TIN TUPINIQUIM ... E BOM DIA PRA MIM.


Com certeza você já acordou com uma ligação de alguma operadora de celular oferecendo um plano de merda. E não tenho a menor dúvida, que você já teve um suave despertar, com a campainha de sua casa sendo insistentemente tocada por um pedinte. Também não é de se duvidar que você já tenha recebido um bom dia da vida com uma má notícia, daquela tia gorda que fala assim: Advinha quem morreu!
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Essa história de ser despertado pelo inusitado, e de olhar para uma cama carente dizendo até logo para você, não é novidade nem para mim e nem para você. Somos cercados por uma trupe de espiões sacanas, que esperam a gente ter a oportunidade de dormir até mais tarde para criar um evento e interromper nosso sono.
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Mas sinceramente, hoje foi inacreditável. Para não citar o nome do amigo, vou chamá-lo apenas de “Pudim”, numa honrosa menção ao ilustre personagem que tem roubado a cena na peça de Analice em Busca do Homem Perfeito.
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Hoje, 27 de março de 2009, quando o relógio marcava 6:30 da manhã, justamente neste dia que eu havia escolhido para dormir até as nove, a campainha começou a tocar insistentemente, irritantemente, incansavelmente, incessantemente, ininterruptamente, impertinentemente, inoportunamente, in ... Ok. Eu sei que você cansou, e já ficou irritado com tanta insistência, porém, ao menos fui feliz em descrever o quanto essa campainha foi tocada.
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Ao afastar a cortina da sala, dou de cara com Pudim (e não adianta insistir para saber o nome do bebum), cantando para toda a vizinhança a trilha bandida do filme Tropa de Elite. Ao seu lado, um cachorro companheiro, que na realidade, tem a obrigação de mostrar para o bêbado onde ele mora.
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Preocupado com a situação, saí com os olhos remelentos e com o cabelo em pé, do tipo estou dormindo, e perguntei o que estava acontecendo. Pudim então me pede um cigarro, e volta a cantar a sua trilha sonora. Cigarro na boca, e um pé engatilhado para lhe acertar a bunda, cinco minutos depois, e cerca de dez recusas ao convite de tomar uma cerveja como café da manhã (francamente, eu gosto de cerveja, mas gosto mais de mim, mas para ele seria uma espécie de copo de leite de boa noite), Pudim sai cambaleante pela rua, conduzido pelo seu racional cachorro Negão.
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Entro e olho para a cama que abandonei, já imaginando como faria para voltar a sonhar com a deusa que eu estava quase pegando, mas quando dobro os joelhos para alcançar o justo descanso, ouço assovios e alguns gritos pela janela. Ao atinar do que se tratava, percebo que Pudim resolveu pular o muro do vizinho para me fazer uma serenata vespertina, e a letra da música era: Vamos tomar uma cerveja? Não aguenta? Vez por outra ele ainda me chamava pelo aumentativo do extremo inferior do aparelho digestivo que é controlado por um esfincter.
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Nos braços do sono que eu sonhava em ter, não percebi de pronto, mas logo lembrei que meu vizinho tem um daqueles cães bombados, com corpo de búfalo e cabeça de sogra, orelhas cortadas e rabo pitoco, dentes de onça e paciência de professor ginasial. Ao me tocar disso, fui correndo para o muro, e vejo Pudim de quatro rosnando para o animal. Inacreditável, mas o animal mais perigoso da região (depois daquela vizinha de língua solta), não havia atacado o bêbado.
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O coração não boca já avisa que estou prestes a ver Pudim virar ração de cachorro, do tipo carne moída com pedacinhos de álcool. Eu então me vejo com as pernas moles, e já começando a querer pular o muro para salvar o Pudim. Como eu estava com sono, e não sem bom senso, gritei para Pudim que fosse saindo lentamente, sem dar as costas para o cão. Eu já imaginava como é que aquele pudim de cachaça iria pular o muro sem dar as costas para o cão. Não havia o que fazer. Eu estou prestes a presenciar um banquete canino com um amigo de muito tempo servido na bandeja. Os minutos foram passando, e o Pit Bull ali, armado, pronto para atacar Pudim.
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Quando eu já pensava em telefonar para o vizinho, e pedir para ele prender o cão, perguntei-me silenciosamente o que eu diria sobre a criatura que estava lá meio em pé, meio cambaleante, no meio do seu jardim.
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Neste momento, lembrando uma mistura do seriado da Lassie com o Rin Tin Tin, o cão Negão pula por sobre o muro e parte contra o Pit Bull, começando o que seria a luta mais injusta de todos os tempos. O meu coração que já estava acelerado inscreve-se para compor a banda do Olodum, e visto metade do tênis para sair correndo pela rua, tentando salvar o Negão, Pudim, e minha moral que já estava comprometida pelo show matutino do meu amigo.
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Neste momento, ao chegar ao portão do vizinho, o vejo saindo de casa com uma machado na mão erguido sobre a cabeça. Percebendo que ele estava pronto para rachar a mamona de Pudim, eu gritei que ele era meu amigo e que estava tudo bem. Nesta hora o vizinho me olha com a única cara que podia. Sobre sua cabeça um balão invisível me fez poder ver o que ele pensava, mas não posso escrever aqui.
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O vizinho irritado separa a briga dos cães, e Pudim sai com o Negão ferido carregando-o nos braços. Quando olho para Pudim ele me convida para tomar uma cerveja e comemorar a vitória de Negão na briga com o Pit Bull. Olhei para Negão e não o vi com nenhuma intenção de comemorar, até porque não havia vitória nenhuma.
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Então resolvi bancar o bom Samaritano. Recolhi Pudim no meu carro, com Negão ao colo, e levei ambos até a casa onde moram. Depois de perguntar ao Negão uma ou duas vezes sobre o endereço, pois Pudim só sabia falar em cerveja, cheguei a frente do referido habitáculo. Quando o tiro de dentro do automóvel, com o pedaço de cão na mão, a cunhada do cidadão me olha e diz.
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Você hein Samuel ... Bebendo até essa hora? E o pior é que leva “Pudim” para o mal caminho.
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Ao retornar para a casa, meu vizinho da frente pergunta se aquilo era hora de chegar em casa. A vizinhança toda acordada com a canção de Pudim e meus berros para interromper a luta dos cães, olha para mim com ar de reprovação, pois todos sabem que tenho um bar, e de pronto, associaram o ocorrido à minha história. Justamente no dia em que eu havia ido dormir cedo como um bom rapaz.
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Por isso gostaria de agradecer publicamente ao Pudim, por me dar a oportunidade de escrever este texto. A merda é que sei que meus vizinhos não vão ler.
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Desejo melhoras ao Negão, para que da próxima vez, morda forte mesmo o seu dono, para que ele não venha tocar a porra da minha campainha as 6:30 da manhã para pedir cigarro e tomar cerveja. Francamente. E digo mais Pudim. Se o Pit Bull me pedir seu telefone, e falo o número e o endereço. E espero que você vire bonzo da próxima vez.
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Agora que não consigo mais dormir, Bom Dia pra você também!

quinta-feira, 19 de março de 2009

JUCA, AS PASSAGENS E O TROCO


Dia cinza, sem sabor, e de sapatos velhos com a barra desfeita da calça jeans arrastando no chão, Juca desfila rápido seu pânico pelo centro da cidade, na inútil tentativa de resolver os problemas típicos de um brasileiro, acumulados pela existência de pouco glamour e quase nenhuma dignidade. Contas, empréstimos em banco, e lá se vai Juca recebendo uma porção de sim e outra não.
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Ao pedir o empréstimo no Banestado, ouviu um sim: Sim, o senhor está com restrições cadastrais, e não podemos lhe conceder o empréstimo solicitado. Na imobiliária ouviu outro outro sim: Sim, você deverá desocupar o imóvel em dez dias, pois o proprietário pediu o imóvel. Mas para provar que a vida não é só feita de “sim”, ouviu não também: não tenho dinheiro para te emprestar, não posso te ajudar, e por último, não quero mais ficar contigo.
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Assim, após ouvir de sua namorada, quase noiva, que não gostaria de levar a vida do lado de alguém que não tinha estabilidade financeira e nenhuma perspectiva, Juca resolveu esticar as pernas em seu apartamento, e desistir daquele dia. De nada adianta nadar contra a correnteza, principalmente quando a correnteza está prestes a desembocar em uma cascata enorme. Ao fechar os olhos Juca até podia ver e sentir aquelas pedras pontudas no fundo da cachoeira imaginária.
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Triste, de cabeça baixa como jamais havia olhado para o chão, Juca desceu do elevador, dessa vez sem agradecer à ascensorista, e como se estivesse nu, foi para seu quase antigo apartamento (por uma questão de dez ou onze dias) carregando a vergonha do mundo, como se fosse filho de algum ditador campeão de bilheteria em algum crime contra a humanidade. Ao andar lento e pesado de vexames pelo corredor, sem erguer os olhos, foi com passos programados até a porta de seu cafofo, e para seu desespero, ali no chão, um monte de correspondências com envelopes conhecidos. Avisos de cartório, cartas de cobrança, comunicados de atraso e um envelope do tipo carnê.
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Juca percebeu que estava na beira da cascata, ouvindo o turbilhão voraz, e que o tombo seria bem dolorido desta vez, mas com a alma honesta, e cheio de vontade de pagar, bem mais que aqueles que deviam para ele, Juca abaixou-se com dignidade e como guerreiro Mongol , ferido ergueu os envelopes. Com a coragem de quem olha nos olhos de seu algoz , passou os envelopes um a um, e por não conhecer aqueles carnês, deixou-os por último, pois conta nova não pode ter prioridade sobre conta antiga.
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Após olhar todos os envelopes, recebendo-os como tapas na sua vergonha, viu que os carnês não eram contas. Foleando-os pode ver uma porção de destinos, Inglaterra, França, Itália, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, e um inacreditável destino final para o Tahiti na paradisíaca Polinésia Francesa. Quando Juca olhou o timbre da VASP, percebeu que eram duas passagens para uma maravilhosa volta ao mundo, um sonho de infância frustrado pela péssima situação financeira de Juca.
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Então Juca lembrou que Ediwancley, um amigo seu, frequentador antigo do Bar do Boto, havia lhe dito que havia indicado Juca para um concurso de passagens. Como Ediwancley tinha uma porção de milhas acumuladas, resolveu indicar Juca para o concurso. Bendito Ediwancley, que até então não passava de um chato de bar.
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Junto com as passagens, uma carta de uma agência de turismo solicitando a presença do beneficiário para confirmar as passagens e as datas de embarque. O contratempo é que Juca deveria estar presente naquela data, as 19:00 horas sob pena de perder o direito ao embarque dos sonhos.
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Juca deu pulos no sofá e dançou com um vaso de flor. Fez batucada com a garrafa térmica e beijou a foto de Ivete Sangalo convidando-a para uma viagem em torno do mundo. Como não podia controlar seus impulsos, ligou para a ex-namorada e disse que não queria mais também, pois iria fazer uma viagem pelo mundo. Ligou para o chefe e mandou-o relaxar o esfincter.
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Do homem que chegou vendo a beira da cascata, a um sonho voador em poucos minutos, Juca desceu correndo as escadas do prédio, dançando com os degraus e cantando para os cantos dos patamares. Seu celular virou uma espécie de microfone do sucesso, e ele se sentia uma mistura de Fábio Junior com Antônio Banderas. E como o celular lhe provocava, resolveu ligar para o gerente do banco e perguntou se queria fazer uma viagem. Quando o gerente disse que sim, riu alto pelas escadarias, e disse: Sim, você tem restrição cadastral no meu conceito.
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Ainda rindo por ter ido à forra, ligou para a imobiliária e disse que poderia entregar o apartamento no dia seguinte, porém, mediante um acordo. A imobiliária perguntou qual. E ele respondeu que entregaria o imóvel mobiliado inclusive, mas sob a condição do proprietário enfiá-lo reto a dentro. E enquanto a moça da imobiliária esbravejava, novamente Juca riu alto.
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Chegou à agência de turismo bonito, cheiroso e sorridente, e ainda na exata hora marcada. Sentou-se à frente da gerente, e identificou-se como Senhor Juca, aquele das passagens. Na realidade ele após uma vida carregada, estava realmente sentido-se o tal do Senhor Juca, quem sabe a primeira vez em toda a sua vida.
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A gerente o recebeu de forma atenciosa. Pediu seus documentos para o preenchimento das passagens, e enquanto isso falava ao telefone, informando da celebridade que estava presente ali. Após quinze minutos de espera, a secretária lhe oferece um café. Ao erguer os olhos acima do generoso decote, Juca encontra uma belíssima morena de olhos verdes, cabelos pouco abaixo do ombro, e um sorriso mágico.
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Ao lembrar de sua condição de sol-tei-ro, Juca não exitou, e convidou-a para lhe acompanhar na agradável viagem. A secretária sorriu, o que parecia ser um aceno com a possibilidade de um gostoso sim. Juca, o solteiro das passagens, viajaria acompanhado de uma bela morena de olhos verdes. Ela combinaria com o resto da decoração natural do Tahiti.
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E na agência todos pareciam estar comemorando a glória de Juca, tão merecedor, e tão humilde, que tinha o direito e a legitimidade para ganhar o prêmio. Uma vida dolorida, de requebrar as juntas e os molejos, capaz de desconjuntar a mais sólida espinha, fazia de Juca o exato vencedor, aquele que não só ganha, mas aquele que também sempre mereceu ganhar.
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Enquanto isso, a sorridente gerente ia e voltava, sempre deixando Juca hipnotizado pela secretária escultural. Quando voltava, telefonava para empresas, hotéis e a direção do grupo, inclusive da VASP. Juca percebeu que o que estava ouvindo antes, e que pensava ser o turbilhão da cachoeira, na realidade era o agradável som da turbina de uma avião que o levaria para ouvir os sussurros do mar dos sonhos.
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Passada mais de uma hora ali, após uma estranha ausência de dez minutos, a gerente volta, e meio gaguejando informa que estava encontrando alguns problemas. Juca foi respondendo a ela as perguntas que surgiam, e depois de cerca de meia hora de absoluta enrolação, o telefone toca. A gerente diz sim senhor, não senhor, entendi e eu providenciarei.
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Olhando para Juca a gerente diz: Lamento Senhor Juca, mas houve um mal entendido e o Senhor não é o beneficiário dessa promoção.
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Juca então se revolta e pergunta como não. Recobrando a compostura de alguém que faria uma viagem que só magnatas fazem, acalmou-se e disse que tudo seria resolvido ali, pois ele era o ganhador sim, relatando como encontrou as passagens em seu apartamento.
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Ela pergunta novamente:
O senhor mora no centro?
Ele responde que sim.
Na Rua Fabiano Bonaroski?
Ele responde positivamente.
No Edifício Marco Puppo?
Ele acena com a cabeça.
No décimo quarto andar?
Sim novamente.
No apartamento 1401?
Juca, sentindo um abacaxi verde voltando de ré pela sua garganta, responde que não. Na realidade ele mora no 1402.
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Ela então responde que lamenta, mas houve um pequeno equivoco na entrega das passagens.
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Juca é tomado de um ódio que explode em palavrões. Depois de cinquenta sonoros “Puta que Paris”, cerca de duas dúzias de denominações variadas para o órgão genital masculino, uma dúzia de femininos, seis lazarentos e três desgraçados, ele se vê segurando o colarinho branco da gerente.
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Seguranças começam a despencar das paredes, e aparece uma câmera focando na cara de Juca. Quando Juca está prestes a finalizar a gerente, percebe-se que ela está rindo e chamando uma tal de “Produção”.
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Quando Juca engole um pouco de oxigênio, percebe uma multidão rindo, enquanto a gerente tira a peruca loira identificando-se como a apresentadora Sílvia Silva Santos, do Programa “Chegou a Sua Hora” da rede Tupiniquim de Televisão Digital.
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Os amigos de Juca começam a aparecer saindo de trás dos biombos, e não demora muito para a gerente falar como se estivesse declamando em um comercial de creme dental:
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- Parabéns senhor Juca! O Senhor participou da pegadinha de Primeiro de Abril, do programa “Chegou a Sua Hora”, no quadro “Eu Armei Para o Meu Melhor Amigo”.
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Dentre os amigos, Ediwancley se aproxima com os olhos molhados de tanto rir, e ainda sem fôlego, ri e curva-se apertando a barriga, contorcendo-se em descontrole, tudo isso sem tirar a mão do ombro de Juca. A apresentadora do programa então informa Juca de que Ediwancley foi o amigo cúmplice da brincadeira, ao que, todos respondem com uma calorosa salva de palmas, acompanhada de um coro tímido de Edi, Edi, Edi. Parece que Ediwancley havia feito alguns amigos durante a preparação do trote.
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Enquanto olhava a situação, o eco dos palavrões ditos por Juca momentos antes, lhe impede de falar qualquer coisa para seu amigão. E ele tenta decidir se dará o grande soco com a mão direita ou a esquerda, no nariz, no queixo ou no olho. Também resta a ele uma dúvida, sobre o que deveria fazer com a tal da Sílvia Silva Santos, tendo até a vontade de enfiar-lhe a mão dentro das calças e saber se ela também usava peruca nas partes pudendas.
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E no meio daquela balbúrdia, Juca viu-se com um avental xadrez e com uma lancheira do Cascão, mijando-se nas calças. A lembrança da maior vergonha de sua vida, com a trilha sonora dos cruéis amiguinhos rindo, havia lhe surgido real em sua memória. Tentando pensar em alguma coisa boa, Juca lembrou-se apenas de suas três reprovações no vestibular, e do dia que um indecente bateu o carro na traseira de seu fusca. Juca ainda tentava buscar uma memória boa, mas é interrompido pelo celular, que ao ser atendido, trás a Juca a voz gritada de seu ex-chefe: Você está demitido! Também não demora para o telefone tocar novamente, e dessa vez era a ex-namorada de Juca. Ele não a atendeu. Mas logo depois o identificador da chamada escrevia na tela do seu celular: Imobiliária.
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Juca então percebeu que o programa era transmitido ao vivo. Seu sangue esfriou e ele percebeu que estava sendo assistido pelo Brasil inteiro em uma espécie de concurso “O Otário do Ano”.
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Juca engoliu a raiva, e com a frieza do Bandido da Luz Vermelha, com a simpatia de Hugo Cháves, e ainda a agilidade mental de Rafinha Bastos, perguntou então se poderia falar alguma coisa no programa. A sorridente Sílvia Silva disse que claro que sim.
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Juca pegou o microfone, foi até a câmera e começou a falar:
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- Excelente a brincadeira. Uma pena que eu não tenha sabido brincar, pois ao pensar ser o ganhador destas passagens, eu vendi tudo que tinha por uma bagatela, perdi meu emprego e minha namorada, e fiquei sem ter onde morar. Também não vou deixar de contar que tudo isso que fiz agravou de forma definitiva o meu caos financeiro, e vendo agora que sou motivo de gargalhadas no Brasil inteiro, sinto já os primeiros sintomas de uma depressão profunda que vai me levar a cortar os pulsos, isso se eu conseguir algum dinheiro emprestado para comprar a navalha. Queria agradecer a esse filho de uma puta do Ediwancley, esse meu amigão, por ter me aprontado essa. Mas não é só, vendo aqui essa corja de amigos vagabundos, eu agradeço por não terem me advertido dessa armação. E à Rede Tupiniquim de Televisão, eu agradeço por ter acabado com minha vida para alcançar um recorde de audiência, e ofereço a transmissão ao vivo de meu suicídio em troca da compra do caixão, um terreno em algum cemitério da periferia, e uma lápide em mármore escrito em Arial 72 dourado “Vão tudo tomar no meio do seu cú seu bando de filhos de uma puta”.
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Um silêncio surge no cenário, e a apresentadora chama os comerciais.
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Entrou um intervalo comercial de quase uma hora, que repetia exaustivamente a propaganda de uma espécie de processador de frutas, uma câmera digital barata, e um grill com o nome de um lutador. Enquanto isso, os espectadores do programa ficaram aguardando o retorno do programa, mas após o intervalo que repetia "Ligue Já" e uma oferta para "Os primeiros dez telefonemas", o programa foi encerrado do estúdio, e a transmissão do local nunca mais retornou. .
Segundo comentários, Juca procurou um advogado e propôs uma ação de indenização moral e material contra a Rede Tupiniquim.
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Então o caso despertou o interesse de toda a imprensa, exceto da Rede Tupiniquim de Televisão Digital. As demais fizeram uma cobertura que deu destaque em todos os telejornais.
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Buscando informações sobre o assunto, alguns repórteres chegaram até Ediwancley. A ação não chegou a ser julgada, mas segundo informações do assessor de Juca, o próprio Ediwancley, ele deixou de falar sobre o caso há cerca de seis meses, quando saiu de viagem para a Inglaterra.
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Indagado sobre a possibilidade de entrevistar Juca sobre o caso, Ediwancley então disse ser impossível atualmente, pois Juca está de férias no Tahiti, e só retornará em seis meses, quando anunciará a compra da Rede Tupiniquim de Televisão Digital, que passará a se chamar Rede Juca de Televisão.
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Após a entrevista, quando o microfone estava desligado, Ediwancley confirmou que Juca estava acompanhado no Tahiti, porém não poderia divulgar o nome da mulher por questões de segurança. Quando lhe foi perguntado se poderia dar alguma pista dessa mulher misteriosa, Ediwancley só informou tratar-se de uma jovem morena de olhos verdes, e que sua aparência combina com a decoração natural da Polinésia Francesa.
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Informantes dizem que Ediwancley recebe um salário mínimo para trabalhar como assessor de Juca, como forma de cumprir um acordo judicial também.
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Quanto a apresentadora do programa “Chegou a Sua Hora” dizem que ela casou com o motorista da linha CIC Boqueirão, mas seu relacionamento atualmente está passando por dificuldades, pois a família está com problema de alcoolismo.
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A ex-namorada de Juca é professora de uma escola da periferia, mas está de licença segurança atualmente. Ela casou com um jogador de futebol com os dois joelhos estragados, e atualmente sem contrato, mas com uma proposta de um time da terceira divisão do Espírito Santo.
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Quanto ao programa, nunca mais voltou ao ar depois da venda do último daqueles processadores de fruta.
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Quanto ao processador, hoje mudou o nome para Juca Juicer, que é anunciado junto com a Juca Cam e com Juca Grill.
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Se fosse verdade, restaria a certeza de que audiência não é tudo, exceto quando ela é parte de um procedimento judicial. E também não seria tolice dizer que devemos tomar cuidado com o que fazemos com nossos amigos.
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Mas tudo isso não passa de um sonho bem humorado de alguém que não tem tempo para dormir.