terça-feira, 29 de janeiro de 2008

DANDO UMA FORÇA PARA AMIGA (Samuel Rangel)


Tudo começou há uns três anos, quando um amigo meu mudou-se para a Nova Zelândia e levou um CD recheado de gravações MP3. Hoje sua esposa tem uma loja de vinhos por lá, e o CD com minhas gravações em boteco faz o som ambiente da loja.

Depois veio Arthur, que levou também minha coleção para Angola, e hoje anda remetendo a cópia do Blues da Rosinha e a música do Homem Perfeito para as rádios da áfrica que fala português.

Então Nanda teve a idéia de passar um texto meu para o inglês e registrar em Nova York, onde quem sabe, algum diretor louco resolva colocar a peça no palco.

Mas hoje foi mais engraçado.

A minha amiga Priscyla, que está fazendo um curso de Inglês na Inglaterra, desesperada com um trabalho, resolveu me pedir socorro.

Amanhã eu estréio um vídeo de uma história quase minha na Inglaterra. Quase me sinto um cosmopolita.

Como gosto de brindar meus amigos e leitores com histórias verdadeiras, nossa conversa no MSN está transcrita logo abaixo, sem revisão e sem censura.


________________________

Priscyla diz (13:36):
Oi... vc. estah aih ?
Samuel Rangel diz (13:36):
Oi
Samuel Rangel diz (13:36):
Estou sim
Samuel Rangel diz (13:36):
Manda
Samuel Rangel diz (13:36):
cosmopolita
Priscyla diz (13:36):
Ufa ! Preciso de um Help, e você. foi a única pessoa que pensei ... rs
Samuel Rangel diz (13:37):
manda
Priscyla diz (13:37):
Vc. sabe que estou na Inglaterra estudando inglês, neh /
Samuel Rangel diz (13:37):
se estiver nos meus 1 e 75 de altura,eu faço
Samuel Rangel diz (13:37):
rsss
Samuel Rangel diz (13:37):
sei sim
Priscyla diz (13:37):
Então ... precisamos fazer um video para o youtube com os alunos da turma ... em Ingles !
Priscyla diz (13:37):
Eu não tenho a mínima idéia de uma historia ... !!!
Samuel Rangel diz (13:37):
sei
Priscyla diz (13:38):
precisamos fazer um store-bord para amanha ! rs
Samuel Rangel diz (13:38):
Me escreve quem são os alunos
Samuel Rangel diz (13:38):
me diz se você quer humor ou romance
Samuel Rangel diz (13:38):
e eu faço
Priscyla diz (13:38):
Bom... meus colegas são todos árabes ! hehehe
Samuel Rangel diz (13:38):
me passa um resumo do que vocês querem fazer constar
Samuel Rangel diz (13:38):
Certo
Samuel Rangel diz (13:38):
De onde?
Priscyla diz (13:39):
Qualquer coisa que seja engracada e que tenha pouco dialogos ...
Samuel Rangel diz (13:39):
Quantas noites é o curso. Eu poderia fazer uma comparação com 1001 noites
Samuel Rangel diz (13:39):
rssss
Samuel Rangel diz (13:39):
Você vai ser a Cheirajade
Samuel Rangel diz (13:39):

Priscyla diz (13:39):
São 3 homens e 2 garotas na minha sala (contando comigo). E a outra guria eh bem bonita ! rs
Priscyla diz (13:40):
mas pode ser um vídeo com menos pessoas. não precisa todos participarem ...
Samuel Rangel diz (13:40):
Quantas noites?
Priscyla diz (13:40):
soh para escrever e produzir que precisa ... rs
Samuel Rangel diz (13:40):
quanto tempo dura o curso?
Priscyla diz (13:40):
hehehehe ...
Priscyla diz (13:40):
eu vou embora na sexta ...
Samuel Rangel diz (13:40):
quantos dias durou o curso mulher?
Samuel Rangel diz (13:41):
?
Samuel Rangel diz (13:41):
?
Priscyla diz (13:41):
não eh nada complicado ... nada de super produção ! Eh coisa que preciso para amanha ...
Samuel Rangel diz (13:41):
Quer que eu desenhe a pergunta?
Samuel Rangel diz (13:41):
rsssss
Priscyla diz (13:41):
O curso não tem duração ...
Samuel Rangel diz (13:41):
quanto tempo você passou aí
Priscyla diz (13:41):
eu vou fazer por 4 semanas ...
Samuel Rangel diz (13:41):
quatro semanas?
Priscyla diz (13:41):
Isso ...
Samuel Rangel diz (13:41):
28 e oito noite?
Priscyla diz (13:41):
Mas tenho colegas que estao aqui a anos... rs
Samuel Rangel diz (13:42):
Jamile e minhas noites?
Samuel Rangel diz (13:42):
Que tal o título?
Priscyla diz (13:42):
ai, ai, ai..
Samuel Rangel diz (13:42):
Nome do povo
Priscyla diz (13:42):
Tudo ótimo ... eu vou traduzir tudo para o Inglês mesmo !
Samuel Rangel diz (13:42):
?
Samuel Rangel diz (13:42):
Jamile and my nights
Samuel Rangel diz (13:43):
rssss
Priscyla diz (13:43):
hahahaha
Samuel Rangel diz (13:43):
Fala o nome do povo
Samuel Rangel diz (13:43):
Eu preciso saber
Samuel Rangel diz (13:43):
se puder manda fotos de você todos juntos
Samuel Rangel diz (13:44):
kd?
Samuel Rangel diz (13:44):
kd?
Samuel Rangel diz (13:45):
Ok.
Priscyla diz (13:45):
Ok...
Sera, Hassan, Mohamedd e Zaick.
Priscyla diz (13:45):
Vc. tem Orkut... nao tem ? No meu tem fotos com essa galera. Aqui eu nao tenho !
Samuel Rangel diz (13:45):
Vai escrevendo então algumas histórias engraçadas de vocês, o motivo do curso, por que resolveram fazer
Samuel Rangel diz (13:45):
Tenho sim
Priscyla diz (13:45):
Sera (pronincia Sara)
Priscyla diz (13:47):
Todo mundo aqui fala ingles mal pra caralho ! (desculpe o palavrao). A gente se comunica mais por mimica que por palavra !
Nao deu tempo de ter historia engracadas para contar ...
Priscyla diz (13:49):
Tem fotos da galera na pasta Exeter e outras praias !
Que apesar daqui ter muitas praias por perto .... ta muiiiito frio ! Soh os doidos aqui para ir visitar algumas em pleno inverno !
Priscyla diz (13:50):
A Cidade daqui eh tipo cidade do interior... tem uma catedral enorme e muito bonita !
Ahhh ... a cidade tambem eh conhecida por ter queimado a ultima bruxa !
Da para misturar estoria de bruxa com arabes ? kakakaka !
Samuel Rangel diz (13:50):
A Cheirajade é muda e vai contar histórias para surdos
Samuel Rangel diz (13:50):

Samuel Rangel diz (13:50):
acabei de arrumar a comédia
Samuel Rangel diz (13:50):
uma contadora de histórias muda e uma porção de surdos ouvindo
Samuel Rangel diz (13:50):
vou ganhar um oscar
Samuel Rangel diz (13:50):

Priscyla diz (13:51):
Ei... eu soh tenho alguns minutos para fazer o video ... nao vai prolongar muito esta historia heeeeimmm ! hahahaha
Samuel Rangel diz (13:52):
Quanto tempo
Samuel Rangel diz (13:52):
?
Priscyla diz (13:53):
sei lah... quanto tempo tem um video no orkut ? 5 minutos ?
Samuel Rangel diz (13:53):
ok
Samuel Rangel diz (13:53):
Nome da cidade?
Samuel Rangel diz (13:54):
pode ter até dez
Samuel Rangel diz (13:54):
Então tá
Priscyla diz (13:54):
Exeter
Samuel Rangel diz (13:54):
Estou com a história pronta
Priscyla diz (13:54):
Quanto menos ... melhor ! rs...
Priscyla diz (13:54):
Diga ai ... Ai, ai, ai !
Samuel Rangel diz (13:54):
Era uma vez uma contadora de histórias que se chamava Jamile
Priscyla diz (13:54):
Pense ... vc. estah escrevendo um roteiro internacional ! hahahaha
Samuel Rangel diz (13:55):
Um dia ela foi convidada para ir contar histórias no Reino de Exeter
Samuel Rangel diz (13:56):
Quando ela chegou no Reino de Exeter, uma bruxa malvada e que tinha gonorréia ficou com ciúmes de Jamile, pois ela iria contar história para o rei de Exeter dormir
Samuel Rangel diz (13:56):
Então ela fez um bruxaria para que Jamile perdesse a voz
Samuel Rangel diz (13:56):
E aconteceu
Samuel Rangel diz (13:56):
Como ela era uma bruxa atrapalhada, ela acabou errando e todas as outras pessoas de Exeter ficaram surdas
Samuel Rangel diz (13:56):
Então ninguém sabia que Jamile tinha ficado muda
Priscyla diz (13:57):
Ihhhh... como sera gonorreia em Ingles ! hahahaha ...
Samuel Rangel diz (13:57):
E Jamile então percebeu aquilo e foi na igreja
Samuel Rangel diz (13:57):
Lá ela fez um pedido para resolver o problema
Samuel Rangel diz (13:57):
e então ela foi abençoada com o dom de contar histórias com as mãos
Samuel Rangel diz (13:58):
E todo o povo de exeter passou a admirar ainda mais jamile
Samuel Rangel diz (13:58):
Na última noite, Jamile contou a história da bruxa.
Samuel Rangel diz (13:58):
Então o Rei entendeu e mandou queimar a bruxa
Samuel Rangel diz (13:58):
Quando a bruxa foi queimada
Samuel Rangel diz (13:59):
Todos voltaram a escutar e a voz de Jamile voltou ainda mais doce e suave
Samuel Rangel diz (13:59):
Daí o rei comeu jamile e tiveram sextuplos
Samuel Rangel diz (13:59):

Samuel Rangel diz (13:59):
Que tal
Samuel Rangel diz (13:59):
?
Samuel Rangel diz (13:59):
?
Samuel Rangel diz (13:59):
?
Priscyla diz (14:00):
hahaha... soh esta ultima parte que terei que abolir das filmagens !
Samuel Rangel diz (14:00):
pode ser
Samuel Rangel diz (14:00):
mas seria mais realista
Samuel Rangel diz (14:00):

Samuel Rangel diz (14:00):
Gostou da história?
Priscyla diz (14:01):
haha.. meus coleguinhas arabes iam adorar ! kakaka...
Jah a "Jamile" nao ia gostar muito !
Samuel Rangel diz (14:01):
Então tá
Samuel Rangel diz (14:01):
Os personagens
Samuel Rangel diz (14:01):
Um será o rei
Samuel Rangel diz (14:01):
outro será o mensageiro
Samuel Rangel diz (14:02):
e o outro faz papel de árvore
Samuel Rangel diz (14:02):
Das meninas
Samuel Rangel diz (14:02):
uma faz a jamile
Priscyla diz (14:02):
Olha ... tah bem melhor que os scripts que tentamos escrever !
MAs na verdade, tem muita mudanca de ambiente !!! Igreja, Queirmar Bruxa, etc...
Seria melhor poder filmar tudo num lugar soh...
Samuel Rangel diz (14:02):
outra faz a bruxa
Priscyla diz (14:02):
Eu faco a Arvore !!!
Priscyla diz (14:02):
ou a bruxa !
Priscyla diz (14:02):
hahahaha
Samuel Rangel diz (14:02):
e a terceira faz papel de maçã na árvore
Samuel Rangel diz (14:02):
Nada
Samuel Rangel diz (14:02):
Faz tudo com narração
Samuel Rangel diz (14:03):
Só aparece o personagem e uma narração no fundo
Samuel Rangel diz (14:03):
Contando exatamente a hstória
Priscyla diz (14:03):
tem muito texto ... vou simplificar isso ! hahahaha
Samuel Rangel diz (14:03):
Pode mesclar imagens com foto da igreja, da fogueira e tal
Priscyla diz (14:04):
Ei, ei... nem sei montar um video direito ... muito menos mesclando foto ! hehehe!
MAs gostei da historia de ficar mudo ! To traduzindo para a galera aqui ...
Priscyla diz (14:04):
eles nao gostaram muito da historia ...
mas gostaram da Bruxa e da parte do mudo tambem ! rs
Samuel Rangel diz (14:06):
Então vamos fazer a adaptação
Priscyla diz (14:06):
estamos estudando aqui ... alguma ideia ?
O pessoal esta pensando em tudo ocorrer na sala de aula ...
Samuel Rangel diz (14:06):
Que parte que eles não gostaram
Samuel Rangel diz (14:07):
Pode ser
Priscyla diz (14:07):
e a prof ficar muda... ! e os alunos surdos !
Samuel Rangel diz (14:07):
Então faz a Jamile ser a professora
Samuel Rangel diz (14:07):
e os alunos são o rei e o povo
Samuel Rangel diz (14:07):
certo?
Samuel Rangel diz (14:07):
isso
Priscyla diz (14:07):
ok.... + ou - por ai que estamos adaptando !
Samuel Rangel diz (14:07):
certo
Samuel Rangel diz (14:07):
e a bruxa é quem?
Priscyla diz (14:08):
Soh precisamos de um motivo para a bruxa fazer a feiticirara com a prof ! Ou nao vai ter + bruxa ???
Samuel Rangel diz (14:08):
Tem que ter a bruxa
Samuel Rangel diz (14:08):
A bruxa é uma ex-aluna
Samuel Rangel diz (14:08):

Samuel Rangel diz (14:08):
que não aprendeu direito
Samuel Rangel diz (14:08):
que tal?
Priscyla diz (14:09):
Hahaha... dai a minha prof me da zero pelo video ! hahahaha
Samuel Rangel diz (14:09):
nada
Samuel Rangel diz (14:09):
tudo feito com muito humor
Samuel Rangel diz (14:09):
da certo
Priscyla diz (14:10):
Nao... olha soh, a ultima bruxa foi queimada aki. ok ?
Entao conforme a conjuncao da Lua com o Sol e o planeta Plutao (que nem eh mais planeta), ela resurge das trevas e resolve se vingar da cidade ...
Samuel Rangel diz (14:11):
isso
Samuel Rangel diz (14:11):
bem legal
Samuel Rangel diz (14:11):
exatamente
Samuel Rangel diz (14:11):
E pega no pé de vocês
Samuel Rangel diz (14:11):

Priscyla diz (14:11):
dai ela joga um feitico que todas as pessoas que falam ingles na cidade vao perder a fala...
Samuel Rangel diz (14:11):
isso
Samuel Rangel diz (14:12):
e vão ficar mudas também
Priscyla diz (14:12):
ou melhor ... desaprende a falar !
Samuel Rangel diz (14:12):
então a professora ensina por mímica
Priscyla diz (14:12):
Dai eu e meus colegas que mal falamos o ingles, temos que ajudar a professora e demais professores a falar ingles novamente ! rs
Samuel Rangel diz (14:12):
isso
Samuel Rangel diz (14:12):
pode ser
Priscyla diz (14:12):
imagine a gente ensinando ingles a nossos professores !!! hehehehe
Samuel Rangel diz (14:12):
boa
Priscyla diz (14:13):
mas e agora... preciso de um final ! rs...
Samuel Rangel diz (14:13):
E para insirir a comédia, a pessoa que fizer a professora fala só
Samuel Rangel diz (14:13):
BUROAS E P[FA \P [MCEIC JOSA PAIJFRI \APEF A[F \CJMKCRI5ZH [\
Samuel Rangel diz (14:13):
que tal?
Samuel Rangel diz (14:13):

Priscyla diz (14:13):
rs
Samuel Rangel diz (14:13):
ok
Samuel Rangel diz (14:13):
então vou te dizer uma coisa
Samuel Rangel diz (14:14):
posso publicar essa conversa no blogue?
Samuel Rangel diz (14:14):
rsssss
Priscyla diz (14:14):
mas isso ta parecendo o vocabulario da Nasly... que eh do Ira...
Priscyla diz (14:14):
Claro ...
Samuel Rangel diz (14:14):
então fechou
Priscyla diz (14:14):
mas me ajuda num final ... please ????
Samuel Rangel diz (14:14):
Ok.
Samuel Rangel diz (14:15):
Descobriram que plutão não era planeta e então a bruxa sumiu
Samuel Rangel diz (14:15):

Priscyla diz (14:15):
hahahaha... Boa ! gostei dessa !
Samuel Rangel diz (14:16):
ok
Samuel Rangel diz (14:16):
Quando voltar paga uma cerveja e está tudo bem
Samuel Rangel diz (14:16):
ok?
Priscyla diz (14:17):
Eh... mas se vc. for indicado para o Oscar por melhor roteiro eu vou cobrar uma caixa ...
Se lembre que estou em UK, depois dos filmes americanos, os ingleses tem boas chances sempre ! Eh a sua oportunidade ! hehehehe....
Samuel Rangel diz (14:17):
rssss
Samuel Rangel diz (14:17):
Ok.
Samuel Rangel diz (14:17):
Estou publicando já
Samuel Rangel diz (14:18):
http://anjosboemios.blogspot.com/
Priscyla diz (14:18):
se o video ficar pronto, eu passo para vc. tambem ! rs
Samuel Rangel diz (14:18):
ok
Samuel Rangel diz (14:18):
fechado
Samuel Rangel diz (14:18):
quero rir muito

ROMANELLI, REQUIÃO E O REI DE ESPANHA (Samuel Rangel)

Você foi à praia?

E você provavelmente seja um dos tantos trouxas que pagou o pedágio.

Então somos uma multidão de imbecis, que de um lado, continua sustentando essas merdas de empreiteiras, e de outro, sente-se impotente vendo essa sucessão de políticos safados que prometem, não cumprem, além de nos torturar com seus shows escabrosos de sacanagem e falta de ética.

Já não bastava o sentimento que amarga a boca vazia dos paranaenses, que se calam diante do absurdo, o comediante sem graça Luiz Cláudio Romanelli, nos ministra um curso básico de sacanagem.

Pois bem. Meu caro Luiz Cláudio. Não pretendo me submeter a essas suas aulas, pois muito provavelmente eu acabaria me iniciando nas coisas da política, e temo que meu pai teria vergonha de tal opção em minha vida.

Teria sim vergonha em função de absurdos como V.Exa., pessoas absoluta e definitivamente incompetentes no exercício de um mandato, que descobrem meios de aparecer na mídia de encenar uma comunhão com seus eleitores. Ao menos, em homenagem aos seus, poupe-se de agir como um moleque. Imagino que aqueles que realmente gostam da sua pessoa, não gostariam de testemunhar o circo armado por V.Exa.

Se realmente quer protestar contra algo, proteste contra a crise moral deste país.

Se realmente é seu desejo comungar com o povo, convido-o a abrir mão de seu razoável salário, de seu belo carro oficial, para viajar de ônibus.

Se realmente é seu desejo defender algo, que não seja apenas a sua carreira política.

Nós, os trouxas que não aceleram o carro com medo de que a cancela baixe sobre nosso humilde veículo, assim agimos por saber o preço das coisas (pois não usamos carros oficiais), e principalmente por que preço das coisas vem aumentando muito se comparado com as perspectivas que nos são dadas atualmente no Paraná.

Quando V.Exa. perder o hábito de “furar o pedágio”, pular catracas e finalmente resolver agir como um brasileiro paranaense digno e trabalhador, quem sabe ao subir em um ônibus com o bilhete no bolso, possa ler um jornal e tomar ciência de que as ações das empresas do PR caíram em média 15% desde o início do ano, e que o caso de uma delas acumula uma perda acumulada foi de 51% (ações lançadas a 15 reais, fecharam ontem o pregão a 7 reais e 40 centavos – entre 2007 e 2008).

Por que estas coisas acontecem?

Como sou um paranaense normal, não tenho muito que investir além de meu trabalho e algumas palavras, mas se tivesse não me sentiria confortável em investir o caro dinheiro em um estado onde a representação política daqueles que estão no poder, insiste em negar vigência às leis, desrespeita-las ou mesmo simplesmente manipula-las de acordo com uma vontade política (e não se entenda aqui a vontade do povo não, mas sim a vontade dos políticos).

Traçando um paralelo que venha a realizar esse desconforto, seria mais ou menos o caso da desapropriação de terras para a construção do Porto do Mercosul. Naquele caso um grupo de empresário se dedica há muito tempo tentando realizar a construção do referido porto, mas sempre encontrando barreira nas autoridades públicas paranaenses. E essas barreiras afastaram muitos que participavam deste grupo. Não seria difícil perceber que o principal obstáculo estaria ligado às questões ambientais, sob os argumentos de impacto ambiental e todas aquelas argumentações.

Então esse grupo de empresários ficou lá, com seu papel na mão, esperando a hora de contar com alguma boa vontade do governo para realizar seu projeto particular prevê um investimento de US$ 318 milhões, aguardando as licenças ambientais do Ibama , Não é preciso relembrar que a região precisa dar alternativa de trabalho para os seus jovens afastando-o da criminalidade crescente em Pontal do Paraná e região.

Cumpridas todas as formalidades, realizado o estudo de impacto ambiental, quando surge a viabilidade do referido porto, o governo resolve então desapropriar as terras e encampar o referido projeto. Palmas para o governo. Exatamente assim que andam as coisas no Paraná. E fica fácil entender por que o estado de Santa Catarina tem o interesse de perpetuar o governo atual deste estado.

Enquanto assim for, o que faríamos nós, os eleitores não ouvidos, os contribuintes traídos e os outorgantes lesados?

Poderíamos apenas usar a frase eternizada no filme Tropa de Elite (confesso que o tapa na cara realmente me causa algum encanto).

Pede pra sair!

Mas na loucura em que o curso de formação da tropa acontece nas terças pela manhã, tenho certeza de que eles resistirão até o final do mandato.

Então, e em homenagem ao professor da tropa Hugo Chavez, eu devolveria a este texto alguma nobreza real, com uma frase da realeza.

Caro Luiz Cláudio Romanelli. Por que não te calas?

Ps.: Se realmente esse argumento de que não cumprir o combinado anula o ato, o que se diria do atual governo? Se não existissem pedágios, Romanelli poderia agir de forma mais correta.

RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE NA INTERNET – AUTOS 01/2008 (Samuel Rangel)

Quem fez parir Mateus que ajude a embalar!

A pequena alteração do ditado popular deve-se ao simples fato de que, por mais que a tecnologia avance, espero que cada vez mais ela se afaste da idéia de um homem parir. Que Deus nos ajude a não chegar nem perto deste dia, até por que restaria a dúvida de por onde sairia a criança. Melhor deixar a imaginação de lado e ir logo ao assunto.

Não bastasse o surto epidemiológico de vírus cuja paternidade ingrata é desconhecida pela internet, como aquele que manda recadinhos em nosso orkut do tipo: “Veja os Bichinhos mais Animados”; “Olhe o vídeo que fiz para você”, “Encontrei um outro orkut com sua fotos. Me aceita nele”, e mais uma infinidade de bobagens que inventam só para descobrir a sua senha no banco, existem órfãos que freqüentam o fórum da internet com paternidade duvidosa.

O que mais me entristece em relação a estes órfãos, é que são criaturas abençoadas. Falo daqueles belos e-mails que recebemos sem saber quem é o autor. Muitos deles nos brindam com largos sorrisos e nos propiciam momentos de boa descontração nestes dias loucos que vivemos.Então, buscando brindar a autoria destas maravilhas eletrônicas, podemos contar com a internet.

Certo?

Errado!

Absolutamente errado, pois sempre tem alguém que além de ocultar o verdadeiro autor do e-mail, atribui a autoria da obra a outro.

E o pior são aqueles infelizes sem criatividade nenhuma, que copiam a obra do outro e colocam o próprio nome. A estes dedico meus sentimentos de pena, e também comunico que tenho uma prima veterinária que pode receitar um “Gardenal animal”.

Mas sem mais delongas, vamos aos fatos.

Recebi hoje um texto que fala dos palavrões como forma única de expressar determinados sentimentos. E ó lógico que tentando descobrir quem era o proprietário do texto, fui procurar no google.

Pronto. Esta feita a salada. Sirva-se a mesa com o churrasco de fígado frio e a maionese azeda.

No campo de Busca digitei a expressão “Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário”, e descobri que se trata de uma anomalia genética. No pólo paterno, de pronto descobri que o texto é de Luis Veríssimo (imagino que seja um novo nome cabalístico do segundo), ou de Luis Fernando Veríssimo, ou de Millor Fernandes, ou de uma legião maltrapilha de blogueiros como eu.

Ok. Para ajudar no processo, já informo que o texto não é meu.

Pela qualidade, de pronto suspeito daqueles dois férteis escritores: Luis Fernando Veríssimo e Millor Fernandes, porém não quero interferir no processo de verificação do mérito, apesar de saber que a pensão decorrente desta paternidade é bem interessante: é o reconhecimento.

Imagino que o Luisinho e o Millô estejam meio ocupados demais para responder esse humilde blogue, mas seria de grande valia para auxiliar no processo de “desputarização da Internet” (aliás, uma das maravilhas do neologismo – Imagina a manchete na Gazeta do Povo – Assembléia passa por processo de “desputarização” – Chega a causar arrepios de alegria).

Porém, neste primeiro momento, gostaria apenas de sugerir alguns procedimentos básicos:

1) Se tem autor, não retire o nome;
2) Se você não sabe o nome, não invente um;
3) Se você não sabe inventar nome, não coloque o seu;
4) Se colocar seu nome, e se não lhe basta saber que é feio, saiba que é crime;
5) Mas se ainda assim você gosta de assumir o que é dos outros como seu, tem um amigo meu pagando seis pensões alimentícias todo mês. Você quer assumir?

Como uma vez disse uma amiga minha: “Para me comer tem vinte, mas para pagar um jantarzinho não aparece um desgraçado”.

Processo de paternidade na internet instaurado. Chego a imaginar o pequeno texto correndo pelos corredores da inernet, arbindo os pequenos bracinhos e perguntando a todos: Papai? Papai? Papai?

(“Para se ter uma imaginação fértil, devemos antes nos permitir pensar muita merda.” – Ok. Essa frase é minha e acabei de inventar)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

ISRAEL KAMAKAWIWO’OLE – UMA HOMENAGEM À SIMPLICIDADE (Samuel Rangel)








Quando assisti ao filme “Encontro Marcado”, estrelado por Anthony Hopkins, Claire Forlani e Brad Pitt, não pude deixar de perceber a música ao final do filme. Tratava-se de uma versão muito sutil e simples que unia as músicas "Over the Rainbow” e “What a Wonderful World", interpretada simplesmente ao som de um violão havaiano.

Na época até tentei reproduzir aquela versão pela sua beleza singular, porém, como esbarrei em meu inglês sórdido, acabei deixando de lado aquela música. Passados alguns anos, lembro-me de ter alugado novamente o filme pura e simplesmente pela música (independentemente da qualidade daquele roteiro e da belíssima atuação do elenco), o que em se tratando de músicos não é nada que possa causar espanto.

E assim o tempo foi passando, até que, neste final de semana, finalmente resolvi achar a música na internet, e buscar trabalhos semelhantes do cantor daquela versão.

Gravei algumas músicas e fui até o Espaço A do Ítalo, onde saboreamos uma bela picanha (valeu comparsa), ao som das músicas havaianas de Israel Kamakawiwo’ole.

Ao retornar para casa, resolvi aprofundar a pesquisa. Descobri então que trata-se de Israel Kamakawiwo'ole (nome artistico de Israel Ka'ano'i Kamakawiwo'ole) nascido em 20 de Maio de 1959, na cidade de Honolulu, . Sempre foi famoso não só pela música mas pelas letras que exprimiam o amor pela sua cultura e raízes (Israel era descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos). Também nunca ocultou a sua posição a favor da independência do Havai e de defesa dos direitos dos havaianos. Um de seus álbuns mais famosos foi "Facing the Future", de 1993, trabalho que o lançou para a fama mundial, continha o tema "Over the Rainbow e What a Wonderful World" ( a versão a que me refiro) onde mistura esses dois clássicos da música dos E.U.A.: a primeira do filme "O Mágico de Oz", e a segunda eternizada na voz rouca de Louis Armstrong, onde apenas se ouve a sua voz suave acompanhada pelo seu ukelele A música rapidamente se tornou um êxito mundial e que lhe rendeu vários prémios.

Ele criou um estilo contemporâneo da música tradicional Havaiana ao gravar o clássico essa versão.
Hoje, prosseguindo na pesquisa, descobri que ao longo da sua carreira musical, Iz debateu-se com muitos problemas de saúde relacionados com o seu peso excessivo chegando a pesar 343 kg, para um corpo com 1,88m. Em Honolulu no dia 26 de Junho de 1997, Israel que usava também o nome "Braddah IZ”, faleceu aos 38 anos devido a problemas respiratórios causados pela obesidade mórbida.

Em todos os cantos do Havai, ainda se escuta a música dele.

O interessante é que pelas coincidências do destino, na sala de minha casa a televisão estava ligada no canal TNT, e percebi que estava sendo exibido o filme “Como se fosse a primeira vez” (Sinopse: O simpático Henry Roth (Sandler) é um veterinário que mora do Havaí e que adora a companhia de mulheres solteiras em passeio à ilha. Entretanto, ele deixa sua vida de playboy de lado quando acaba por se apaixonar por Lucy (Barrymore), que sofre de uma estranha doença: a moça esquece tudo o que acontece com ela ao final do dia. Graças a essa simples premissa, Lucy não reconhece Henry dia após dia como a mesma pessoa, então, o rapaz tem que fazer de tudo para que ela se apaixone por ele, todos os dias!), outro belíssimo roteiro que vale a pena assistir, e note-se que na foto da capa do filme, Sandler segura exatamente um Ukelele (pequeno violão típico havaiano).

Enquanto trabalhava na minha pesquisa, podia ouvir esse ou aquele diálogo do filme, bem como, apreciar sua trilha sonora. Qual não foi a surpresa quando já no final do filme ouvi o simpático ukelele e a voz de Israel cantando exatamente a versão que eu pesquisava.

Coincidência a parte, inclusive pelo fato de respeitar demais tão bela versão, reputo esta uma das mais belas releituras dos referidos clássicos, muito mais pela simplicidade despretensiosa, marcada pela sensibilidade ímpar deste cantor.

Há poucos dias, escrevi sobre o processo criativo, e agora me deparo com meus próprios argumentos. Ainda que não tem ele composto esses dois clássicos, a versão que ele compôs, revela o quanto o local onde a arte é criada interfere no resultado final.

A versão que Israel nos deixa é uma verdadeira herança, capaz de nos questionar a tendência inútil e nociva de complicar a arte. Tanto quanto em relacionamentos, a simplicidade traça a arte em linhas claras e encantadores.

Por outro lado, ao assistir este vídeo, é impossível não perceber todo o carinho que foi dedicado a Israel, dando clara mostra de que ainda que a arte tem seu custo emocional, ela ainda vale muito a pena.

Vale a pena ouvir.

http://www.youtube.com/watch?v=PL-uL2M3xvM&eurl=

Outros vídeos:
BAIXAR
A MÚSICA DOS FILMES ECONTRO MARCADO/COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ
OUTROS TRABALHOS DE ISRAEL QUE VOCÊ PRECISA CONHECER MELHOR

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A COLOMBINA E O MENDIGO (Samuel Rangel)


Antes de Nanda retornar para Nova York para concluir o seu curso de teatro e cinema, fez-me a gentileza de deixar comigo um pequeno álbum. Neste álbum havia algumas fotos de suas atuações nas diversas peças em que já trabalhou. Porém, havia um série de fotos de uma peça onde ela interpretou o papel de uma Colombina, numa adaptação moderna da Comédia Delarte.

E no dia 05 levei-a ao aeroporto com um nó na garganta, pois existem pessoas que realmente nos fazem falta antes mesmo de partir. Pelo portão do embarque vi Nanda desaparecer silenciosa.

Eu, meu filho e minha cunhada voltamos para casa em silêncio, como uma sensação de falta, que só desapareceu quando falei com ela em São Paulo pelo telefone. Com uma vontade enorme de dizer não vá, cumpri os deveres de companheiro e a incentivei na conclusão do seu curso. Então ela embarcou de São Paulo para Nova York.

Após uma noite viajando, no domingo conseguimos nos falar pelo messenger, e a saudade era enorme. Continuei no meu papel, animado-a a concluir a sua etapa, mas a vontade era de pedir para que ela voltasse correndo.

Então passamos a utilizar o messenger como forma de aliviar a saudade. E de certa forma funcionou, apesar de que a presença é insubstituível. O messenger passou a ficar direto on line, até que mesmo durante o sono. Acho que é a primeira vez que ouço falar em dormir junto pelo messenger.

Enquanto ela estava assistindo suas aulas, eu ficava olhando as fotos da Colombina. E a cada vez que abria aquele álbum a admiração pelo trabalho de Nanda era ainda maior. Um certo dia, levando em conta que Nanda gosta muito de bolero, resolvi compor uma canção. Pensei então na história de um mendigo que se apaixona por uma foto de cartaz.

Ao final da canção, percebi que a história possuía mais energia do que possa comportar uma simples música, e resolvi escrever uma pequena história. Ao colocar o ponto final da história percebi que o tema tinha uma aptidão teatral incomum.

Ao mostrar para Nanda o texto, decidimos ainda pelo messenger, em realizar este projeto. Foi assim que nasceu a peça A COLOMBINA E O MENDIGO, cujo texto esta registrado junto a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (ordem da Nanda – rssss).

Quanto a Nanda?

Concluiu o curso de dois anos e volta em fevereiro para iniciarmos os ensaios.

Quanto a Peça?

Está aí em cima um cartaz que vocês poderão acompanhar.

Ontem tivemos uma reunião com um dos Diretores e Produtores mais talentosos deste país, e estamos aguardando sua confirmação para anunciar seu nome.

Neste cartaz, conforme o projeto for se encaminhando, os nomes do elenco, direção produção e demais participantes, serão colocados, até que, um dia em breve, haverá uma data. Nesta data eu gostaria de compartilhar com todos a magia desta história.


Por enquanto, só me resta agradecer à minha musa.

Difícil de lembrar, impossível esquecer.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

2008?

Pode até parecer tarde, mas nem por isso deixa de ser sincero.

Sobre 2008?

Desejo a você tudo de bom, em dobro, com uma porção extra, mais um bônus e vários brindes. Que a vida esteja em promoção para você em 2008.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O PROCESSO DA CRIAÇÃO (Samuel Rangel)



Tenho passado por um momento de uma inspiração ímpar, onde músicas e letras parecem ficar em fila esperando a hora de ir para a pauta. Textos novos para teatro vão surgindo de forma intensa. Até o nanquim que andava abandonado voltou a riscar o papel. Lógico que o fato de estar inspirado não significa que tudo isso que ando fazendo tenha toda a qualidade do mundo, mas sem dúvida carrega um conteúdo artístico capaz de emprestar sentido aos sentimentos que lhe dão causa.

Lembrei-me então que a minha amiga e psicóloga Juliana Portilho, está realizando um estudo sobre o processo de criação artística, e acho que de certa forma este texto poderá lhe ser útil de alguma maneira (nem que seja para descobrir que preciso de tratamento).

Outro fato que me fez decidir por levar este texto a termo, foi o encontro ontem com Reinaldo Godinho no Beto Batata onde compareci por convite de Ítalo para comemorar o aniversário de sua filha.

Reinaldo é o músico que toca aos domingos a tarde. Ao final de seu show, ofereceu-nos sua coleção de discos, quatro ao todo, com doze composições em cada um. Com sua gentileza e sensibilidade de sempre, o Ítalo comprou todos e começamos então a analisar a arte deste talentoso músico curitibano. Inclusive fiz o convite para que Reinaldo Godinho venha a atuar em uma das peças que vão para o palco neste ano.
Pensando ali, em tanta arte, tão gratuita, lembrei-me de ter escrito a frase “Artistas são mineiros de sentimentos, solitários desbravadores, que se embrenham pelas minas da alma em busca de pepitas de vida. Quando as encontram, voltam à superfície para mostrar ao mundo o que encontraram.”
Abstraindo-se agora de qualquer pretensão artística ou poética, esse texto tem única e exclusivamente a intenção de relatar como tenho percebido em mim todo esse processo de criação artística (ainda que considere pretensão chamar o que faço de arte).
Ainda que a música e as demais artes envolvam muito a técnica, falo aqui mais da parte que não envolve a técnica, ao exemplo dos versos de português equivocado do repentista, ou mesmo do músico que aprendeu a tocar violão sozinho com uma afinação desconhecida (muito comum na viola caipira). Ainda assim, o resultado e a sua manifestação sempre serão considerados por mim como arte.
Percebi que a criação se divide em alguns momentos, os quais denominei e organizei da seguinte forma.
INSPIRAÇÃO – Fator exógeno que motiva o autor, despertando nele o sentimento com aptidão artística.

OBJETO DA INSPIRAÇÃO

Quem sabe a parte mais democrática da arte seja exatamente o que motiva a inspiração. Pode ser uma pessoa, um objeto, um fato, um sentimento, ou até mesmo a falta dele.

Para trazer o conceito clássico, quando a inspiração surge de uma mulher, temos a musa, mas é interessante saber que a inspiração pode vir de um filho, de um amigo, ou mesmo de uma pessoa que nem conhecemos.

Quantas não foram as músicas inspiradas no mar, no amor e em tantos outros substantivos materiais ou abstratos?

Importante saber apenas que o alvo da inspiração é observado pelo autor, de forma tal que ele necessita externar o sentimento que a inspiração lhe provoca.

OPORTUNIDADE

A oportunidade é o momento em que o autor observa o objeto da inspiração por um novo prisma, um novo enfoque, ou degusta a observação de uma forma diferente da de costume, destacando um determinado detalhe ou qualidade do objeto que inove o conceito em relação ao objeto da inspiração.

Esta oportunidade possui fatores exógenos, que decorrem de uma série de elementos de espaço, tempo e situação, que tornam o objeto inspirador digno de se tornar arte, despertando assim o desejo de realização de uma forma de expressão artística como fruto natural da observação profunda.
por um novo prisma, destacando um determinado detalhe ou qualidade de objeto que inove o conceito em relaçultado de seu esfor
SENTIMENTO COM APTIDÃO ARTÍSTICA

E é lógico que dentre a vasta possibilidade de sentimentos humanamente conhecidos, existem aqueles que possuem alguma aptidão artística, e tantos outros não. Sentir-se atrasado para a audiência não tem normalmente uma aptidão artística, mas o carinho, o amor, a solidão, ou mesmo a saudade, são os sentimento que encabeçam a lista de sentimentos com essa espécie de aptidão.

Para definir melhor, possui aptidão artística aquele sentimento que por sua natureza e intensidade, não é suficiente o “apenas sentir”. Ele precisa provocar uma forma de necessidade de externá-lo de alguma forma.

NECESSIDADE DE INOVAÇÃO ARTÍSTICA DO SENTIMENTO

Existindo o objeto, surgida a oportunidade de observação e presente o sentimento com aptidão artística, é necessário que surja o desejo de expressar-se de forma diferente em relação ao objeto da inspiração.

Seria algo como julgar insuficientes as formas já existentes para descrever um conceito satisfatório sobre o objeto, criando assim uma espécie de revolução artística, onde se busque o novo como complemento do já existente.


MOMENTO – Condições de espaço e tempo favoráveis à dedicação do artista, permitindo a ele que se dedique à inspiração.

LUGAR

Como um samba de breque (aquele onde A fala se acopla com graça à música) é composto com freqüência na mesa de um bar, não é de se esperar que se componha uma canção de amor numa Festa Rave. O lugar deve funcionar como uma espécie de escritório, laboratório ou atelier do artista, tendo um mínimo de condições favoráveis ao emocional que será exposto no momento da reação artística.

Não existe lugar mais adequando para a composição de um reague que a areia do mar. Não existe um lugar mais próprio para se falar de amor, que o próprio quarto do artista.

O lugar então tem todo o poder de interferir na arte. Isso quem sabe explique gênios como Dorival Caymme (Dorival Caymmi nasceu em Salvador, BA, em 30 de Abril de 1914 ), ou mesmo Jorge Amado (Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge Amado de Faria nasceu no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia). Dorival Caymmi dedicou-se muito às coisas do mar, enquanto no pantanal, com genialidade não menos grandiosa, Almir Sater bordava sua arte com as coisas do pantaneiro.

Por justiça teríamos que analisar o local onde surgiram pessoas como Vinícius de Morais, Osvaldo Montenegro, Chico Buarque e tantos outros gênios, mas com certeza não conseguiríamos aqui elencar esta constelação brasileira.

Tanto quanto o lugar, as pessoas que dividem esse espaço com o artista, passam a ter grande importância no processo de criação. Dificilmente alguém que não tenha uma experiência com o sentimento dentro de seu próprio meio, haverá de compor algo sobre esse sentimento específico, limitando-se no máximo a expressar a falta que este sentimento causa.

Mais ainda do que espaço, as pessoas que dividem o momento da criação, podem funcionar de forma bastante positiva no momento da catalisação. Pode se considerar o exemplo da mãe que elogia o seu filho em seus primeiros acordes no piano, pois de certa forma estará catalisando a arte. Já o pai que se senta silencioso no sofá para ouvir a execução da música, compõem o lugar propício para o surgimento da arte, revelando que a arte existe para ser observada.

TEMPO

Quando Chaplin disse que “A persistência é o caminho do êxito “, ele estava a alertar que a realização depende do tempo. É lógico que em alguns casos surge a arte em forma instantânea, mas ela é fruto de uma soma de fatores que interagiram durante algum tempo, para brotar com aparência instantânea.

Normalmente, a arte leva tempo para surgir. O artista então precisa de tempo de dedicação para colecionar os elementos necessários para catalisar o processo criativo.

Os minutos, as horas, ou mesmo os dias que o artista pensa no amor perdido a exemplo, dão o tempo necessário para que seja dedicada a atenção devida ao sentimento objeto, de forma que ele seja catalisado, sofra a reação e seja finalmente externado em forma de arte.

Para ilustrar esse momento, teríamos a imagem de Jorge Amado, deitado à rede, olhando para o nada. Na realidade esse é o tempo de intelectualizar a arte. Pensar no sentimento até encontrar a melhor forma, a melhor expressão, o melhor conceito do sentimento carregado da poesia de que necessita para ser aquilatado pelo observador da arte.


CATALISAÇÃO – Processo de sensibilização onde o autor se permite uma maior degustação do sentimento, permitindo que seus sentimentos e seus conhecimentos incorporem como propulsão ao sentimento objeto da criação.

SENTIMENTOS PARALELOS

Supondo que o autor venha a se dedicar a uma canção ou texto de amor, é comum que outros sentimentos como saudade venha a catalisar essa arte. Os sentimentos então são coletados e passam a formar a arte bruta.

Essa arte bruta é a massa a ser trabalhada. Uma espécie de limites para a obra. Dentro destes limites os sentimentos serão agrupados e passarão a interagir entre si, ao exemplo do medo de perder o amor de que se fala, ou a saudade da pessoa amada que está longe.

Quando os limites são definidos a massa artística, ou a arte bruta, está pronta para ser trabalhada.

OUTRAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS

Funcionam muito bem como catalisadores da arte, outras manifestações artísticas paralelas. O escritor que ouve alguma música enquanto escreve, ou o compositor que observa a fotografia da pessoa para quem compõem a música.

Quando o sentimento recebe o auxílio dos sentidos (visão, audição, ou mesmo o tato), temos o momento em a arte está pronta para iniciar a reação artística.

REAÇÃO ARTÍSTICA – Processo onde o autor faz o sentimento submeter-se a um processo de condensação e depuração, aglutinando-o de forma a romper o silêncio artístico.


CONCENTRAÇÃO

Dentro dos limites propostos, cria-se então um paradigma artístico, onde o autor passará a se concentrar. O sentimento original será colocado no centro do paradigma, e passará a interagir com todos os demais elementos presentes.

O autor neste momento concentra-se de tal forma no sentimento original que passa a experimenta-lo com os demais elementos, criando interações que resultam em conceitos que integrarão a arte.

ABSTRAÇÃO RACIONAL

Para permitir o surgimento da arte, o autor então se propõem a uma abstração racional, e criando um campo emocional absoluto, onde o sentimento original e os conceitos surgidos, possuem a liberdade de crescer sem os limites da razão.

Não seria de todo errado dizer que é o momento da loucura da reação. O autor diz o que sente e libera seus conceitos independentemente das críticas ou contrariedades que ele possa receber da razão.

Grande parte deste momento, faz-se com a exposição absoluta ao sentimento. Se o autor sofre, ele degusta do sofrimento. Se ele ama, ama incondicionalmente. Se ele sente medo, alimenta do medo que sente expondo-se ao risco e permitindo sentir o sofrimento do acontecimento.

POTENCIALIZAÇÃO

Com certeza este é o momento de maior custo emocional para o surgimento da arte.

É o momento em que, nesta loucura permitida e na degustação excessiva do sentimento original, há uma exposição da alma do autor a todo o potencial deste sentimento, independentemente de quão nocivo seja ele ao próprio autor.

É como desnudar a alma e permitir que o sentimento atinja a ela com toda sua força, de maneira descontrolada, sem encontrar barreiras ou resistência.

É com certeza a sublimação máxima do sentimento.

Como se fosse o sentimento colocado em um reator, e sendo impulsionado por todos os elementos reagentes, este passasse a rodar cada vez mais rápido.

Ao mesmo tempo em que cresce o sentimento na medida que ele é realimento em si próprio e pelos demais elementos reagentes, este reator artístico ( comprime mais e mais o resultado da massa artística,agindo como se fosse em uma força centrípeta, chegando ao nível de concentração tal que ele explode como a manifestação artística natural.

Pode se comparar esse momento com a experiência onde enchemos ao máximo nossos pulmões e seguramos a respiração até não suportar mais. Quando ocorrer a expiração, ela não virá tranqüila como as tantas outras normais que ocorrem durante o dia. Ela ocorrerá de forma contundente, explosiva e descontrolada.

O custo emocional da arte, que ocorre em grande parte neste momento, decorre da necessidade do autor de se expor ao máximo em sua sensibilidade, quando então, seus sentimentos são expostos de tal forma, que são impactados por todo o tipo de elementos, sejam eles nocivos ou não.

Abrindo a alma desta forma, o autor se entrega de tal forma que não pode evitar que sentimentos nocivos, que lhe causam sofrimento, venham a se instalar em seu pensamento.

É comum a fadiga emocional depois deste momento.

Relacionando o custo emocional da arte com a experiência antes mencionada de encher os pulmões, o custo emocional da arte pode ser comparado com o crescente desconforto que a experiência de ficar sem respirar nos causa. Exatamente por isso, não é difícil encontrar artistas que em função desse sentimento, acabam transcendendo os limites da sanidade psicológica.

Para tentar sintetizar essa informação, uma experiência capaz de demonstrar essa fase, é o sentimento realimentado como no exemplo da saudade. Quando sentimos saudades, basta que nos dediquemos a outra tarefa para diminuir a sensação. Por outro lado, se ao sentirmos saudade paramos tudo o que estamos fazendo, e nos dedicamos exclusivamente a pensar na pessoa distante, o sentimento é realimentado de forma tal que em determinado momento, cria-se uma situação de instabilidade emocional.

O artista precisa permitir-se degustar o sentimento até quase ele não mais ser suportável, lembrando que o quase nem sempre é bem definido.

EXPERIMENTAÇÃO

Experimentação é a forma de expressão que o autor testa na arte após a reação. Ele tem a arte abstrata pronta, necessitando encontrar uma forma de dar-lhe corpo. Exemplo interessante é aquela possibilidade em que o autor escolhe a pintura como forma de expressão artística, e quando ela está pronta, percebe que o quadro inspira uma música, que por sua vez inspira um texto e que ao final acaba virando o roteiro de uma peça teatral.

Mas normalmente a experimentação se dá em um único campo, como o exemplo da escolha dos acordes que vão compor a melodia da música, ou os tons de tinta que melhor se adaptem ao quadro, ou mesmo as melhores palavras em relação ao título que vai se escrever.

EXPIRAÇÃO – Resultado da reação que surge como forma de arte natural.

Como resultado desta explosão, surge então a “expiração” da manifestação artística natural. A obra como ela é, sem uma forma exata, e sem conceitos pré-definidos.

Seria a primeira vez que o músico canta os versos que compôs, ou o momento em que o escritor coloca o ponto final. Poderíamos ainda explicar como o momento em que o pintor afastasse do quadro para apreciar pela primeira vez o resultado de seu esforço.

“Expiração Instantânea” é quando a arte acontece de uma só vez, mas pode ela decorrer ao longo de um tempo, como normalmente ocorrem com manifestações artísticas que demandam de muito tempo para a sua conclusão.

EDIÇÃO – Momento em que se faz o acabamento da arte.

Este é o momento onde pode ser empregada a técnica e a razão na arte.

Após a conclusão da música, o compositor poderá adequar este ou aquele acorde, que melhor soe no momento da execução. Poderá ainda cortar ou acrescentar partes, dando maior ou menor intensidade à obra.

Como o autor da peça teatral que percebe que o resultado final beira o perigoso campo melodramático, poderá ele restringir essa dramaticidade ao melhor conteúdo artístico.

Neste momento poderíamos então dizer que antes da edição, tínhamos a arquitetura artística, e a partir da edição, temos a engenharia artística, com toda a técnica que permite sustentar o resultado final como arte.

EXIBIÇÃO

Considerada pronta a obra, surge então o momento de exibir o resultado.

A outra grande parcela do custo emocional da arte encontra-se aqui, pois é comum o artista esperar uma determinada reação à sua obra. Quando a reação não é a esperada, é comum o artista voltar ao processo de criação com ainda mais afinco, não sendo impossível que ele entre em um processo depressivo diante da frustração do resultado de seu trabalho.

NOTÍCIA - Falecimento do Ator Luiz Carlos Tourinho


O ator Luiz Carlos Tourinho, de 43 anos, morreu por volta das 7h desta segunda-feira (21), no Hospital de Clínicas de Niterói, Rio de Janeiro. Tourinho deu entrada na emergência com uma parada cardiorrespiratória e os médicos não conseguiram ressuscitá-lo. A causa da morte foi um aneurisma cerebral, que ele tratava desde 2005, quando foi internado pelo mesmo problema.


Atualmente, o ator fazia o personagem Nezinho, na novela "Desejo proibido", da TV Globo. O corpo deve ser enterrado às 17h no Cemitério Parque da Colina, em Niterói.Luiz Carlos Tourinho nasceu em Niterói, em 16 de maio de 1964. Formado pelo Tablado, Tourinho iniciou sua carreira de ator ainda na adolescência. No teatro, participou dos espetáculos "Miss Banana", de Wolff Maia; "Os sete brotinhos", de Flávio Marinho; "Band-age", de Miguel Paiva e Zé Rodrix e "Coração brasileiro", de Flávio Marinho.


Sua primeira aparição na televisão foi na minissérie "O cometa", da Rede Bandeirantes, em 1989. Ficou conhecido nacionalmente em 1999, com o Edilberto, o desastrado assistente de Uálber Cañedo (Diogo Vilela), na novela "Suave veneno" (TV Globo), que deu a ele o prêmio de ator-revelação, por voto popular, em eleição do Jornal Extra.


O sucesso lhe rendeu o papel do porteiro Athaíde no humorístico "Sai de Baixo" (2000).De 2004 a 2007, ele encarnou o garçom Franco no humorístico "Sob nova direção", ao lado de Ingrid Guimarães, Heloísa Perissé e Luís Miranda.Na TV, ainda participou da novela "Kubanacan" (2003) e fez participaçoes em programas como "Sítio do Picapau Amarelo" (2005), a novelinha "Caça-Talentos" (1996), com Angélica, além da "Escolinha do Professor Raimundo" (1990), com Chico Anysio.


No cinema, o filme "For All, o Trampolim da Vitória" rendeu a ele prêmios nos Festivais de Recife e Miami. O ator também participou de "Quem matou Pixote?" e dos infantis "Tainá", "Xuxa e os Duendes 2" e "Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida."


Nossos sentimentos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

ARTISTAS (Samuel Rangel)

Artistas são mineiros de sentimentos, solitários desbravadores, , que se embrenham pelas minas da alma em busca de pepitas de vida. Quando as encontram, voltam a superfície para mostrar ao mundo o que encontraram.

sábado, 12 de janeiro de 2008

A GRANDE PESCARIA (Samuel Rangel)

Na terça-feira a noite recebi um convite de um grande amigo, e por gostar muito das coisas do mar, aceitei feliz a proposta. Tratava-se de um convite para embarcar em uma traineira (barco de pesca) de cem pés (cerca de trinta e três metros), para ir pescar em alto mar. Um pescaria fascinante, com linha 180, carretilhas gigantescas e peixes que com facilidade passam dos cem quilogramas.

Julgando-me um contemplado de loteria, viajamos e embarcamos no referido barco. Acima do nível d’água, a embarcação possui três andares herméticos e mais um aberto. E ainda acima do mirante do quarto andar, há uma enorme escadaria que leva até o mastro do guindaste, que se ergue cerca de 15 metros acima do nível do mar.

Quando chegamos lá, nosso amigo e proprietário do barco, recebia muito bem, já com a clássica Skol gelada, e com belas alcatras na churrasqueira. Com a primeira latinha na mão e um pedacinho de alcatra na outra, fui convidado a conhecer o barco, enquanto uma tripulação extremamente simpática e atenciosa providenciava o embarque de nossas bagagens e violões.

Pediram que eu mostrasse a diferença do som da viola para o violão, o que fiz com enorme alegria. De pronto eu já me imaginava cantando na imensidão azul iluminado apenas pelas luzes de proa do barco. E como sempre otimista, eu percebi que estava embarcando para uma grande pescaria.

Após algumas canções na viola, os marinheiros começam a resolver os últimos preparativos para a viagem. Como sempre gostei de aprender sobre tudo um pouco (quem sabe por não poder saber tudo sobre uma só coisa), ofereci-me para auxiliar os marinheiros nestes preparativos. Eles se riram, mas como havia tocado uma violinha, eu havia recebido um passaporte que me dava acesso aos primeiros aprendizados sobre navegação profissional. E como da navegação amadora eu e meu amigo Ronaldo já sabemos um bom tanto, achei que era uma boa oportunidade para estreitar minhas relações com o mar.

Olhando a popa do navio, percebia-se que parte da hélice estava para fora da linha d’água. A forma de resolver isso é que achei interessante. Uma mangueira de dez centímetros de diâmetro foi levada do atracadouro para o porão do navio. Imaginei que iam inundar parte do porão. Mas quando a mangueira foi acionada descobri que iriam encher uma pequena parte do porão d navio com gelo. Só a título de curiosidade, é interessante saber que o gelo é despejado ali a nada mais nada menos que cento e cinqüenta km horários. Um ruído ensurdecedor (lembrado carros de fórmula um) e o porão começa a receber o gelo.

Após dez toneladas de gelo a máquina é desligada, pois, a hélice voltou inteira para a água. No porão um clima de inverno curitibano, enquanto lá em cima no convés, o calor do litoral de Santa Catarina ofende nossas axilas.

Brinquei então com o marinheiro: E que horas vai chegar essa cerveja toda?

Antes que ele pudesse me responder, dois barris de chope são deslizados por corda até o porão. Jogamos os barris sobre o gelo e depois os enterramos sob uma camada de cinqüenta centímetros de gelo. Só depois é que começou a chegar a cerveja.

Mas muita lata de cerveja não é bom sinal em uma embarcação. Para cada duas caixas de lata que desciam ao porão, um novo convidado ia chegando para o embarque.

Voltei ao convés e vi a embarcação receber as dez toneladas de combustível (não sei por que não falam em litros), e comecei a perceber que junto comigo naquela loteria havia muitos outros ganhadores. Pessoas de todos os cantos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul chegavam eufóricas para a primeira experiência em mar aberto.

Quando contei quarenta embarques, sabendo que o barco possui 18 camas de marinheiro, imaginei que cada pessoa dorme no máximo oito horas por dia. Como a pesca em mar azul não diferencia entre dia e noite, imaginei que no revezamento não faltariam lugares para repousar o cansaço do pescador aqui.

Todos os preparativos prontos, o barco dribla seu tamanho em belas manobras e sai pelo rio em direção ao mar. Como sou realmente vidrado em navegação, procurei o mirante aberto do quarto andar para ver aquele monstro de 150 metros cúbicos de madeira singrar o mar.

Cruzamos um navio cargueiro gigantesco, que desta vez, não teve sequer a honra de chacoalhar nossa embarcação com sua marola. Em outras oportunidades, quando estamos de lancha passamos por experiências bem diferentes.

Mas dessa vês estou embarcado um gigante dos mares.

Lá, do quarto andar, eu pude perceber a aproximação da barra. Ainda que sabendo tratar-se de um gigante, lembrando de Davi e Golias eu me sentei confortavelmente ao lado da coluna do toldo. E ali, segurei com firmeza ao perceber o tamanho das ondas que subiam nervosas na barra.

E não houve tempo para dúvida. Quando a primeira de três ondas levantou a proa do barco, já havia gente se atirando ao chão. E a proa mergulhou na segunda onda, que na reação lançou o barco ainda mais para cima. Naquele momento percebi que meu contato com o mar seria realmente molhado.

O barco mergulhou a proa na terceira onda e levantou uma coluna de água que nos cobriu no quarto andar. Então percebi que alguns substituíam a cara de animação que exibiam quando o barco estava parado, por perguntas e mais perguntas. Imaginando não ser eu o cara ideal para responde-las satisfatoriamente, eles foram descendo.

Passada a agitação da barra, o mar não se revelava muito simpático, mas ainda assim extremamente convidativo à navegação. Dali, vi o por do sol, imaginando a minha patroa que está em Nova York passando um frio e tanto. E o mar me chamou a saudade. Com ela troquei alguns torpedinhos por celular, que alternavam entre declarações de amor a ela e ao mar.

A noite caiu, mas ainda assim pude perceber que a direção que havíamos adotado era bem diferente daquela do plano inicial. Perguntando ao comandante qual a razão do desvio, ele sorri e apenas apontou o convés. Logo ali, no começo da navegação, já havia ao menos vinte caras debruçados na balaustrada do convés devolvendo ao mar aquilo que haviam comido em terra.

Decepcionado, mas sabendo que estava ali por um brinde de amigos, aceitei a situação, e vi o barco se aproximar de uma ilha. Lá o comandante abrigou a nau do lado sudoeste da ilha, protegendo os enjoados dos balanços que o vento nordeste vinha nos proporcionando.

Baixado o ferro a embarcação ainda balançava bastante, mas ao subir no mirante do mastro principal, não vi mais nenhum mareado no convés. Desci, busquei as minhas cervejinhas e voltei para o mirante. Ali, quinze metros acima do nível do mar, eu puder ver chegarem as lulas e um cardume enorme de peixes voadores.

Começaram então a pescaria das iscas. Enquanto a tripulação do navio puxava uma lula atrás da outra, eu ficava observando dali de cima os peixes voadores alçarem do mar de levantarem-se cerca de cinco ou sei metros de altura. Muitos deles se chocavam inclusive contra a embarcação. Não vou contar que um deles pulou para dentro do barco por que todos achariam que é mentira, apesar de ser verdade. Como pescadores e advogados andam com a credibilidade em baixa, deixo o registro no texto para as conclusões de cada um.

Só um pouquinho que acabou a luz aqui em casa.

Opa! Voltou! Que bom!

Voltando ao texto, tomei ali as minhas cervejinhas até que o sono aparecesse. Desci da escadaria e fui para as cabines do primeiro piso. Quando entrei na casaria, aquilo mais parecia o mapa do inferno.

Aqueles mareados que não estavam no convés deveriam ter ficado por lá mesmo. Mas não. Eles resolveram ir deitar-se nas cabines. E das doze camas do primeiro andar, não havia nenhuma desocupada. Pelo contrário, a situação era crítica, pois para alguns mareados o enjôo não havia passado, e a situação do chão era bem escorregadia.

Coloquei as mãos na cabeça e pensei. Passar a noite no convés tocando violão enquanto os caras vomitam, não é exatamente a minha idéia para este momento. Eu e Ronaldo então lembramo-nos das cabines do segundo andar, e fomos para lá sorrateiramente.

Quando entramos na cabine do imediato, dois beliches vazios se apresentaram como conforto para a noite inteira.

Sabendo que naquela noite não pescaria nada, sentindo o balanço do colo do mar, peguei no sono rapidamente. Lembro-me de uma vaga interrupção quando alguém comunicava o Ronaldo que não poderia se deitar naquela cama. Ronaldo se levantou imediatamente, e eu, fechei os olhos com mais força. Como tenho um sono pesado, teriam que me carregar dali ainda que eu estivesse acordado.

A luz da cabine se apagou e eu voltei ao sono.

Quando eram cinco horas da manhã, eu acordei disposto, pois havia sentido o barco navegar durante a noite. Com certeza, aquele balanço era de um belo pesqueiro.

Desci animado para o convés. Ronaldo olhou para mim rindo enquanto preparava a linha de mão (180). Então eu fui até a cozinha do barco e pedi um café para o cozinheiro. Tomei ali o café que me despertou. Quando vi a cena ao redor não era mais o mapa do inferno. Era na realidade o catálogo de endereços do inferno.

Na balaustrada pareciam um monte de árabes reverenciando sabe lá o que. E havia tanta gente passando mal que não havia lugar para descer a linha quase.

Sim. Lugar até havia. Mas como alguns mareados não sabe que não se deve vomitar contra o vento (um veto de cerca de 10 nós), conforme o lugar que você estivesse no convés você poderia levar um pão com mortadela na orelha.

Ali então percebi que a pescaria não seria fácil, principalmente por que, quando o sol nasceu, aproximadamente as cinco e meia, pode-se ver que o mar estava bastante revoltado. Os mareados não tinham a menor chance de melhorar.

Afoito pelo peixe dos sonhos, fui me posicionando na balaustrada há uma distância segura de um moleque fantasmagórico. Um outro senhor ao lado dele, parecia em melhores condições, mas na realidade só era mais controlado mesmo.

E ali, olhando para o mar que levantava ondas da altura de dois metros que se chocavam contra a murada do barco, desci cem metros de linha juntamente com Ronaldo. Um olhava o mar, outro cuidava da linha e um terceiro que não era nem eu nem ele (acho que era nosso anjo da guarda), cuidava dos jatos que vinham de dentro dos mareados.

Quando a linha começou a puxar forte, o comandante do barco faz soar a sirene do navio. Estávamos de partida. Como havia muita gente passando mal, ele teria que voltar cerca de trinta milhas em direção a oeste para tentar se abrigar em alguma ilha, até que os mareados melhorassem.

Como não é nada inteligente desafiar o comandante da embarcação, recolhemos os cem metros de linha. Com as pernas doendo pela ginástica de tentar se equilibrar no convés, e ao mesmo tempo se esquivar da dos mareados e seus lançamentos, agora nós tínhamos ainda os braços cansados de puxar aquela linha com uma chumbada para mar revolto em profundidade de oitenta metros.

Com a linha na carretilha, eu Ronaldo fomos para o quarto andar, onde não ficavam os mareados. Lá, livre dos ataques “pós gastronômicos”, o Ronaldo me contou que não havia dormido. Então sob o sol, estendeu u colchão e resolveu repousar.

Mas uma vez estava aquele belo barco navegando valente aquele mar revolto, e então pude voltar a pensar na vida, na patroa, no filhão, e até mesmo no blogue onde ando escrevendo pouco.

Passei com certa alegria o divisor de águas (que divide o mar azul do verde mar), pois sabia que por ali em algum lugar haveria uma enseada para poder devolver a vida aos marujos de primeira viagem.

Paramos então perto de Florianópolis, numa ilha que fica em frente ao Costão do Santinho. Ali, abrigados, os seres pálidos que assombravam o convés com seus poderosos jatos mareados, começaram a voltar à vida. Foram ganhando cor, começaram a falar, e depois alguns até sorriram. A maior parte continuava com a postura de saco de batatas estendidos nas cabines.

Depois de uma lavagem completa no convés, acendemos a churrasqueira e começamos a farra.

Mais ou menos seis latas depois, um pão com lingüiça, um quarto de alcatra e mais ou menos 250 gramas de maionese, o comandante resolveu voltar ao pesqueiro para uma segunda tentativa.

Animado fui correndo preparar a linha, mas enquanto preparava, notei que o vento nordeste tinha perdido a força. Como sempre me foi dito pelo bom companheiro de mar, o Max, “quando o nordeste sopra, quem responde é o sul”.

Pronto.

Então estávamos nós rumando ao mar aberto novamente, porém, desta vez a previsão é de que entraria um sul daqueles. Lembrei dos mareados e do que haviam comido no almoço. Calma lá gente. Pão com mortadela ainda vai lá, mas alcatra com maionese não vai dar não.

Preparei minha estratégia. Colei na balaustrada desde o momento da partida e enrolei algumas linhas que me dariam ao menos dois metros de segurança contra os mareados. Eu e Ronaldo assumimos a posição para defender nosso pedaço de pescaria.

Navegamos com certa tranqüilidade até o local, mas alguns já havia morrido pela segunda vez na viagem. Como eu passaria somente mais uma noite em alto mar, havia decidido que n ao iria mais dormir. Daqui não saio e daqui ninguém me tira.

Animados descemos a linha com o barco ainda a deriva.

Repentinamente, o vento parou. E a bandeira do Brasil do mastro principal apontou para o norte. As ondas começaram a encaracolar e mostrar seus carneirinhos contra o vento. Volumes de água passavam da altura da murada do barco. Então não teve outra forma.

Eu e Ronaldo havíamos ficado com o lado do barco maré contra, e a linha corria perigosamente sob o casco. Tínhamos que buscar uma solução rápida. Fomos para bombordo e lá demos de cara com duas filas. Uma de pessoas que se amontoavam para tentar um peixe, e a outra, bem maior, de caras que passavam mal e botavam para fora tudo que era maior que eles.

Eu e Ronaldo então ficamos ali na espera.

Chegávamos para um que vomitava e perguntávamos se aquilo era o café da manhã ou o almoço. Perguntávamos isso para saber quanto tempo ainda teríamos que esperar para tentar a sorte de um peixe. Depois de muitos hugos, joaquins, alceus e paulos, conseguimos um pedacinho para pescar.

Repentinamente a linha vai com vontade ao fundo, e lá vinham os primeiro prêmios.

Quando tínhamos no convés dois dourados e um cação, o apito do bar soa novamente. A marinha havia avisado que a coisa iria piorar bastante. O vento que já estava a cerca de 18 nós, dobraria de velocidade na próxima meia hora, e depois disso, com precisão de tempestade.

Pronto.

Lá estávamos nós com os braços trabalhando para se recolher as linhas. Eu e Ronaldo já não sorríamos mais, pois era muita sacanagem.

Na viagem de volta, entre ondas que cruzavam o convés arrastando tudo e todos, algumas dezenas de meia emborcadas e muita emoção, quando estávamos a cerca de meia hora do porto, o vento diminuiu.

Um dos mareados chegou a gritar: Vamos voltar então!

Sentindo um ódio corroer meu coraçãozinho pescador de ilusões, ainda pude ouvir o comandante comunicar que assariam na brasa os nosso dois dourados e nosso cação.

Um multidão de mareados começa a aplaudir.

Tive vontade de me jogar na água, mas o Ronaldo me segurou.

Quando aportamos, enquanto o povo comia nossos peixinhos, eu resolvi tomar banho e preparar as coisas para a volta para Curitiba.

Ainda no carro eu e Ronaldo voltamos a rir, e preparamos alguns conselhos.

1) Se você sofre de enjôo no mar, procure ficar em terra;
2) Se você não ouviu o primeiro conselho, antes de botar o mundo para fora, procure ver a direção do vento;
3) Se você não consegue saber a direção do vento, tente observar se o que sai da tua boca acaba indo parar na tua sobrancelha. Procure então a extremidade oposta do barco, pois você está contra o vento;
4) Se você não conseguiu fazer isso, se jogue no mar;
5) Se você não consegue se jogar no mar, avise que nós fazemos isso para você;
6) Se tudo isso não der certo, ao menos respeite a noção de dentro e fora, e procure manter as cabines do barco secas;
7) Se você mareou uma vez, provavelmente venha a fazer isso com bastante freqüência.
8) Se você mareia, não vai pegar um dourado de mar nunca, a menos que seja na peixaria.

Pois bem. Peço desculpas aos companheiros de viagem, mas foi uma forma espirituosa de falar do tema.

E agora, depois deste relato, vou me deitar um pouco que desde que desembarquei, a cerca de 14 horas, o mundo ainda não parou de balançar. Mas vai melhorar!