terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ROMANELLI, REQUIÃO E O REI DE ESPANHA (Samuel Rangel)

Você foi à praia?

E você provavelmente seja um dos tantos trouxas que pagou o pedágio.

Então somos uma multidão de imbecis, que de um lado, continua sustentando essas merdas de empreiteiras, e de outro, sente-se impotente vendo essa sucessão de políticos safados que prometem, não cumprem, além de nos torturar com seus shows escabrosos de sacanagem e falta de ética.

Já não bastava o sentimento que amarga a boca vazia dos paranaenses, que se calam diante do absurdo, o comediante sem graça Luiz Cláudio Romanelli, nos ministra um curso básico de sacanagem.

Pois bem. Meu caro Luiz Cláudio. Não pretendo me submeter a essas suas aulas, pois muito provavelmente eu acabaria me iniciando nas coisas da política, e temo que meu pai teria vergonha de tal opção em minha vida.

Teria sim vergonha em função de absurdos como V.Exa., pessoas absoluta e definitivamente incompetentes no exercício de um mandato, que descobrem meios de aparecer na mídia de encenar uma comunhão com seus eleitores. Ao menos, em homenagem aos seus, poupe-se de agir como um moleque. Imagino que aqueles que realmente gostam da sua pessoa, não gostariam de testemunhar o circo armado por V.Exa.

Se realmente quer protestar contra algo, proteste contra a crise moral deste país.

Se realmente é seu desejo comungar com o povo, convido-o a abrir mão de seu razoável salário, de seu belo carro oficial, para viajar de ônibus.

Se realmente é seu desejo defender algo, que não seja apenas a sua carreira política.

Nós, os trouxas que não aceleram o carro com medo de que a cancela baixe sobre nosso humilde veículo, assim agimos por saber o preço das coisas (pois não usamos carros oficiais), e principalmente por que preço das coisas vem aumentando muito se comparado com as perspectivas que nos são dadas atualmente no Paraná.

Quando V.Exa. perder o hábito de “furar o pedágio”, pular catracas e finalmente resolver agir como um brasileiro paranaense digno e trabalhador, quem sabe ao subir em um ônibus com o bilhete no bolso, possa ler um jornal e tomar ciência de que as ações das empresas do PR caíram em média 15% desde o início do ano, e que o caso de uma delas acumula uma perda acumulada foi de 51% (ações lançadas a 15 reais, fecharam ontem o pregão a 7 reais e 40 centavos – entre 2007 e 2008).

Por que estas coisas acontecem?

Como sou um paranaense normal, não tenho muito que investir além de meu trabalho e algumas palavras, mas se tivesse não me sentiria confortável em investir o caro dinheiro em um estado onde a representação política daqueles que estão no poder, insiste em negar vigência às leis, desrespeita-las ou mesmo simplesmente manipula-las de acordo com uma vontade política (e não se entenda aqui a vontade do povo não, mas sim a vontade dos políticos).

Traçando um paralelo que venha a realizar esse desconforto, seria mais ou menos o caso da desapropriação de terras para a construção do Porto do Mercosul. Naquele caso um grupo de empresário se dedica há muito tempo tentando realizar a construção do referido porto, mas sempre encontrando barreira nas autoridades públicas paranaenses. E essas barreiras afastaram muitos que participavam deste grupo. Não seria difícil perceber que o principal obstáculo estaria ligado às questões ambientais, sob os argumentos de impacto ambiental e todas aquelas argumentações.

Então esse grupo de empresários ficou lá, com seu papel na mão, esperando a hora de contar com alguma boa vontade do governo para realizar seu projeto particular prevê um investimento de US$ 318 milhões, aguardando as licenças ambientais do Ibama , Não é preciso relembrar que a região precisa dar alternativa de trabalho para os seus jovens afastando-o da criminalidade crescente em Pontal do Paraná e região.

Cumpridas todas as formalidades, realizado o estudo de impacto ambiental, quando surge a viabilidade do referido porto, o governo resolve então desapropriar as terras e encampar o referido projeto. Palmas para o governo. Exatamente assim que andam as coisas no Paraná. E fica fácil entender por que o estado de Santa Catarina tem o interesse de perpetuar o governo atual deste estado.

Enquanto assim for, o que faríamos nós, os eleitores não ouvidos, os contribuintes traídos e os outorgantes lesados?

Poderíamos apenas usar a frase eternizada no filme Tropa de Elite (confesso que o tapa na cara realmente me causa algum encanto).

Pede pra sair!

Mas na loucura em que o curso de formação da tropa acontece nas terças pela manhã, tenho certeza de que eles resistirão até o final do mandato.

Então, e em homenagem ao professor da tropa Hugo Chavez, eu devolveria a este texto alguma nobreza real, com uma frase da realeza.

Caro Luiz Cláudio Romanelli. Por que não te calas?

Ps.: Se realmente esse argumento de que não cumprir o combinado anula o ato, o que se diria do atual governo? Se não existissem pedágios, Romanelli poderia agir de forma mais correta.

Nenhum comentário: