segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A MALDIÇÃO MALDITA DO ISQUEIRO AMALDIÇOADO - por Samuel Rangel

Para relaxar
21 de Maio de 2006
Ontem, eu que ando fumando feito pai na hora do parto, em um jantar entre amigos, repentinamente dei por falta de meu isqueiro. Agoniado pelo vício e pela sensação de perda, a vontade de fumar aumentou, e um daqueles seres humanos iluminados, solidário com meu sofrimento, ofereceu-me um BIC, muito parecidinho com aquele que me abandonara. Acendi alegre meu infortúnio e voltei a conversa. Já no próximo cigarro, dei por falta novamente do isqueiro, e já era o segundo. Mas para provar que a humanidade tem solução, apareceu-me outro doador e acalmou minha ansiedade dando-me um terceiro isqueiro. Fumei feliz e esperançoso do mundo. Segue o baile gaiteiro, até que aquela maldita vontade de fumar surgisse intrépida e cruel. Puta que Pariu, cadê a porra do isqueiro, que era o terceiro. Me senti muito amado e especial quando a terceira pessoa me deu o quarto isqueiro, até que ele também sumisse. Pensei estar em um encontro de jovens quando ganhei da quarta pessoa o quinto isqueiro, e ao ganhar o sexto, percebi que havia algo errado em minha noite. Vou-me embora, e no caminho de casa fui tomado por sensações de perseguição. Parecia que alguém ia me abordar e roubar o isqueiro que não mais tinha. Tudo isso, em meio aquela vontade de fumar. Para que você mulher tenha noção do tamanho, é como se fosse aquela vontade de comer chocolate no sétimo dia da dieta. Dormi com vontade de chorar. Cadê me isqueiro?Hoje pela manhã, recomposto pelo sono, tomei meu banho e fui vestir minhas roupas. Ao colocar o sobretudo, percebi que ele pendia para um dos lados. Andei mancando até a metade do dia, mas quando o sobretudo engatou na alavanca de pisca do meu carro (que quebrou é lógico), ouvi um barulho que não era de couro. Apalpando o meu amado casaco para saber se ao menos ele se havia preservado, percebi um volume estranho na barra. Tentando descobrir o que era aquele corpo estranho localizei um pequenino orifício no bolso. Investigando mais a fundo, tal qual o parto de sêxtuplos, começaram a nascer isqueiros de todas as cores e marcas. Coma alegria da mãe contemplei sobre a mesa meus lindos "isqueirinhos", e dei por conta de que quando as coisas somem, é por que existem buracos em nossos bolsos. Pode então abandonar aquelas idéias espiritualistas de uma dimensão paralela onde seus isqueiros ficaram saltitando de mãos dadas. Concentre-se em si. É nos seus bolsos que as coisas acontecem. Sugestão. Apenas fio e linha podem nos tirar de uma grande angústia.Um abraço a todos.Observação.: Se você é um dos que me deu isqueiro ontem a noite, pode vir buscar.

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