Na casa amarela, naquele bairro de polacos
Fiz lembranças de um abacateiro.
Sobre o canil derrubava as frutas
Que em meio a açúcar eu devorava
Casa humilde sem chão de tacos
Guardada apenas por perdigueiros
Calçada simples feita por minha mãe
Que dirigia por vezes a camionete de meu avô
Certa feita meu irmão mais velho
Na perversidade da sua infância
Derrubou um colibri que beijava as flores
No muro de plantas que vizinhava ao Foche
Era tudo maior do que o real
Ou eu era menor do que sou hoje
No velho sótão nunca entrei
Por que lá enlouquecera Adelaide
No porão, descoberto sem paredes
Vi os filhotes de Maitê em choro
Lembro-me do branco e preto de seu pelo
Lembro-me da bola de pano que brincava
Não há mais a casa amarela
Nem mesmo meu avô João tem mais vida
Lembranças fortes de minha infância
Que nem comento com minha avó Yolanda
Foi o tempo e veio o grisalho
Que hoje tomam os meus cabelos
Ficaram as cores registradas
Daquela casa que contava a história
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