domingo, 19 de agosto de 2007

FOSCO - por Samuel Rangel

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A verdade para mim foi como um tapa


E estalado em meu rosto na triste manhã do outono.


Esperanças secas caíram pelo chão


E o vento brincava com aqueles meus sonhos




Noutro dia veio a realidade calada


E fitando meus olhos úmidos tinha o ar da complacência


Mas como o homem de cabelos brancos


Foi honesta e cumpriu seu triste desiderato




O inverno não trazia o vento frio pela mão


Nem o céu era tão cinza quanto o tom de minha alma


Mas o silêncio era gélido e opaco


Como o chão sem brilho da casa de meu avô.




Ao final do inverno vi flores chegando


E algumas frutas queriam saltar do pé de araçá


Com o doce azedo do vermelho em minha boca


Senti que o mundo tende a apartar.




Homem e mulher ou pai e filho


Irmão de irmã ou mesmo seus primos


Amigos e companheiros, colegas e sócios


Como meu avô viúvo terão seu chão fosco




Como meu inverno terão seu fim


Como meu outono também será assim


Como folhas e esperanças


As tábuas lisas e foscas se estendem sem qualquer brilho

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