Depois que tive a graça de um filho, aprendi que o bom mesmo é ser pai.
E na alegria estonteante de ser pai, não raras vezes me flagrei sorrindo mais largo, perdendo a noção.
Foi a paternidade que me tirou dos limites do bom senso e trouxe-me ao universo do bem sentir.
Ainda que aos olhos dos outros, o pai a milanesa que rola na areia com o filho seja um palhaço, as gargalhadas do filhos feliz o conduzem a uma dimensão paralela. A dimensão do amor verdadeiro, gratuito e natural. Ainda que aos ouvidos dos outros, a voz do pai que agrada ao seu filho perca um pouco de seu poder e autoridade, o portal que se atravessa ao fazer isso nos revela que a dimensão da paternidade transcende a própria vida.
E por mais que outrora eu tivesse algum preconceito ao ver um homem beijar outro homem, descobri que o pai, ao beijar o filho, deposita no destino mensagens eternas de carinho, e o futuro abrirá caixas de lembranças que levarão ao meu filho, mensagens de hoje, atuais em um longínquo amanhã, quando as intempéries da vida açoitarem a alma do filho amado.
E ser pai é um desafio. Um desafio aos próprios limites da alma. Carrega um medo que se pode confessar como homem, e uma sensação indescritível. Carrega o sal do tempero com os açúcares dos dias. Traz-nos a alegria de envelhecer ao ver que o menino cresce.
E ser pai é muito mais do que ter um filho. O "ter" vem em certidões pequenas, em cores cinzas, ao passo que o "SER" vem em diplomas que carregam alguns tons indescritíveis. E o Diploma de pai não se compra. Só a vida entrega.
Por isso, esperando que um dia eu mereça esse diploma, hoje quero outorgar o Diploma de Pai a todos aqueles que fizeram do seu filho uma parte indispensável ao mundo.
Em especial ao meu pai, por tudo e tanto que palavras não bastariam, mas apenas reconhecendo que é perdendo o chão que se ganha um pouco dos Céus, e por isso, é ao amar um filho que descobrimos o quanto podemos amar e ser amados.
Obrigado meu Pai
SAMUEL RANGEL
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